O Mundo Da Caixa Mágica escrita por Rafaella Livio


Capítulo 6
Fredd Wade




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"A felicidade de um amigo deleita-nos. Enriquece-nos. Não nos tira nada. Caso a amizade sofra com isso, é porque não existe." (Jean Cocteau)


Depois daquela aula legal e chata do Professor Papai Noel, o Fredd me puxou e me levou até o pátio pra gente conversar, mesmo eu dizendo que aquele era o meu primeiro dia e não podia faltar em nenhuma aula, ao que ele me respondeu que a segunda aula era de matéria normal, de uma professora humana que sempre se atrasava nos primeiros dias, porque ela não tinha se acostumado com aquele 'troca-troca' de mundos, e ainda disse que se ela chegasse, nós a veríamos porque ela passa por um pedaço do pátio, mas como nós estávamos atrás de uma árvore, ela não nos veria, e ele disse que conhecia muitos atalhos que nos levariam à sala antes dela.

– Como é que você sabe de tudo isso, sendo que você também é marinheiro de primeira viagem, que nem eu?

– Na verdade, eu já tenho uma longa viagem por aqui.

– Como assim?

– Eu sou filho da Morgana.

– Quem?

– Morgana Wade. A diretora de um colégio no nosso mundo, no mundo dos humanos.

– Hum.

– Ela, além de diretora e mãe, é feiticeira.

– Que demais! Mas o que isso tem a ver com você estar aqui? Achei que só os feiticeiros viessem pra cá, e não os 'semi-feiticeiros'.

– Pois é o que eu estou tentando explicar! - Me senti cortada depois dessa. - Eu sempre vim à este mundo, desde pequeno, porém só comecei a estudar aqui este ano, e como minha mãe é amiga da Diretora Kilomera, eu conheço esse colégio como a palma da minha mão.

– E não tem nenhum amigo por aqui?

– Eu... me identifiquei com você. - Ele me fitou com aqueles olhos castanhos, e então me lembrei de Austin. Oh, pobre Austin. Ficar alguns anos sem vê-lo seria uma grande tortura. Para ele, não para mim! E eu não sou orgulhosa, só digo a verdade!

Eu desviei o olhar, e então ele olhou por entre os galhos da árvore e me olhou com uma expressão assustada. Eu então olhei também, crente de que era só a professora que estaria indo à sala, mas na verdade era o faxineiro (aparentemente faxineiro, com um uniforme caracterizado de um faxineiro), com um regador, vindo em direção à árvore. Foi chegando mais perto, mais perto, até que eu senti uns respingos e alguém puxando a minha manga. Olhei bem e percebi que Fredd estava me puxando e estávamos correndo em direção à uma outra porta, com um comprido corredor, enquanto ainda ouvia os gritos e 'eis' do faxineiro-sem-noção.

Ele me levou para uma das portas do corredor e parou em frente à ela.

– O que foi? - Perguntei, sem entender nada.

– Entra aí e se seca.

Só quando entrei percebi que tratava-se de um banheiro feminino, com um 'secador-de-mãos' bem grande e alto. Me enfiei debaixo dele e fiquei toda esticada, porém seca. Saí de lá acabada, e pedi a ajuda dele para me ajudar a arrumar o meu cabelo. Ele tirou uma escova da mochila, e começou a penteá-los com carinho, mecha por mecha. E quando acabou, ele tirou também da mochila um espelho e me mostrou. Eu estava realmente bem. Bonita, talvez não, pois não me considero bonita, sou baixinha, com cabelos ruivos escorridos e olhos verdes escuros, mas todos acham as loiras e as morenas mais bonitas.

Minhas sardas então ficaram mais aparentes, quando ele tirou a minha franja do meu rosto. Ele deu um sorriso, assim como Austin fazia. Eu então peguei a mão dele, tirei, e abaixei a cabeça.

– O que foi? Saudades de casa?

Eu, em lágrimas, fiz um gesto positivo com a cabeça e ele encostou a minha cabeça no peito dele.

Depois de sairmos andando assim, eu percebi que diferente do Austin, o Fredd não deixava transparecer os sentimentos, mas não é nem por isso que ele era menos ou mais especial.


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