"Às vezes, a revelação divina significa simplesmente adaptar seu cérebro para escutar o que o seu coração já sabe." (Dan Brown)

– Gwen, eu acho que a vida foi feita para aproveitar, sabe? Curtir tudo porque tudo aquilo pode acabar em um minuto... Ou menos... - Dizia meu irmão, Joseph. Desde que eu era pequena ele sempre falava isso. Eu acho que ele já sabia o que poderia acontecer comigo.

Eu acordei de manhã com um barulho muito estranho, algo realmente diferente. Eu logo imaginei que fosse lá fora, olho pela janela. Nada. Volto para a minha cama. Sento. Olho fixamente para a caixa. Ela está tremendo; se movendo, como se quisesse se abrir. Eu ouço uma voz.

– Socorro!

Eu logo imagino que pode ser alguém lá fora, olho de novo. Nada.

– Socoooorro! - A voz insistia.

Eu olho para a caixa, e descubro de onde vem a voz. Sento na cama, e ponho-a no meu colo.

– Tem alguém aí? - Eu pergunto.

– Sim, sim! Por favor me ajude, você precisa me ajudar! Tem algo ou alguém atrás de mim, e eu receio que não seja algo muito amigável. Está escuro aqui, eu não enxergo nada!

– Como eu posso ajudar?

– Bom, primeiro você precisa saber meu nome. Eu sou Andrus, o domo mágico de Midrifia.

– Quem, o quê, da onde?!

– Agora não há tempo para explicar. Ande! Entre aqui!

A caixa se mexe mais um pouco, mas nada. Não abre.

– Não dá! Ainda está fechada! - Eu grito, nem acredito que estou falando com uma caixa, ou alguém dentro dela.

– Oh Poder, e agora? Hum, já sei! Você precisa alimentar a criatura que me persegue!

– E como eu faço isso?

– Vá até a loja de comida grotesca e compre uma fruta, uma... Uma... Manjan! Isso, uma Manjan!

– Mas o que...

– Não há tempo para explicações nem apresentações, querida. Só faça isso e volte o mais rápido possível, antes que essa fera encontre com você aímesmo.

Depois, por mais que eu perguntasse, a voz não respondia. Eu já tinha a orientação, só faltava eu responder. Eu fui até a loja de comida grotesca mais próxima e pedi ao vendedor (que por sinal, era uma criatura mais grotesca ainda, talvez um ogro ou algo parecido) a tal Manjan que a criaturinha que eu a menos sabia o nome pedira. Ele me deu um saco com alguma coisa se movendo e quando eu iria perguntar ele me respondeu "Sim, isso é uma fruta.", com aquela voz super grotesca.

Voltei correndo pra casa, peguei a caixa e disse:
– Aqui está! Por onde eu passo?
– Este é o problema,... Já sei! Enfie pela fechadura!
– MAS COMO? É GRANDE DEMAIS!
– Só o faça, por favor!
Não sei se por força ou por mágica, mas não é que a fruta entrou mesmo na fechadura? Eu ouvi uns barulhinhos até que a caixa começou a mexer muito, e a caixa se abriu. Estava tudo escuro, tudo preto, como se houvesse um tecido tapando o interior da caixa, mas tinha um papelzinho escrito: "Querida, para entrar no nosso mundo, coloque-se de pé sobre a caixa aberta, logo diga as palavras a seguir: Abdose Neuridolose Ondoloso Mitocondo Rubinar Adrogerar.Mas lembre-se de dizê-las com os olhos fechados!"
Eu o fiz, e de repente me vejo caindo em um buraco, e pego no sono. Só me lembro de acordar em um campo bem verde e com um sol muito forte, levanto e bato a cabeça em algo. Levanto e vejo que o alvo da minha batida foi uma placa enorme escrito: "Geraun Midrifia". Viro de costas e vejo uma criaturinha que era tão baixinha que batia no meu joelho. Uma criaturinha verde com orelhas enormes e um chapéu que mais parecia uma cartola de mágico. Usava um smoking pequenininho, muito fofo.
–Olá, eu sou Andrus. Seu protetor mágico.
– Protetor mágico? Espera aí, dá pra você me explicar?
– Olha, Gwen: você deve estar se perguntando como a Caixa Mágica foi parar lá na sua casinha. Escuta, existem coisas sobrenaturais, que certas criaturas, como os humanos, podem não acreditar. Você tem um grande poder, Gwen. Um poder sobrenatural, que nada e nem ninguém pode saber a dimensão dele.
– Tipo... Dominar o mundo? Ou voar? Ou LER A MENTE DAS PESSOAS?
– Não! Eu digo um poder... como... magia.
– Então eu sou uma fe-feiticeira?
– É! E eu sou o seu Protetor Mágico, aquele que te protege dentro do Mundo Mágico. E também te ensina, por isso eu sou formado em Mágicologia.
– Não seria MÁGICA?
– Não, querida. Eu não sou aqueles mágicos de meia tigela que dizem ter "segredos" e tiram coelhos das cartolas. Eu faço jorrar uma enchente de coelhos pelo seu ouvido, entendeu?
– Nossa...
– É. E já já você será melhor que eu, e também poderá se formar e decidir que mundo decidirá: o dos humanos e criaturas normais, ou o da magia e o ladofeliz de ser sobrenatural.
– Ah, lá vem aquele negócio de decidir.
– É, minha filha. Tudo na vida é questão de escolhas.
– Agora comece a me explicar.
– Você passará um tempo, aqui, na Midrifia, aprendendo comigo e com os seus professores sobre a verdadeira magia, e não aquela "magia negra" que todos falam.
– E os meus pais?
– O Conselho Mágico irá falar com eles, e eles com certeza acharão melhor você aprender a usar seus poderes, do que ter que lutar com um monstro sem nem saber usá-los.
– Do que você está falando?
– Ao final do aprendizado, terá que lutar para saber se já está pronta, e se perder, perde os seus poderes. Está claro?
– Mas eu...
– Ótimo, agora vamos arrumar suas coisas, você ainda tem muita coisa a preparar para amanhã.
– O que vai acontecer amanhã?
– Você terá seu primeiro dia de aula.
– Mas e o Austin, e o Nathan? E a minha família?!
– Aqui o tempo passa trinta vezes mais rápido que lá em cima. Ou seja, antes que eles notem sua ausência, você estará de volta, ou...
– Ou o quê?
– Bom... Você terá que ficar aqui até conseguir ganhar seus poderes para decidir como usá-los. Até lá, eles ficarão guardados em um pote mágico, que fica no Reino da Rainha. A Rainha daqui se chama Luzia, e você lhe deve reverência. E se você perder os seus poderes, a Rainha irá julgá-la. Se ela te julgar uma de nós, você têm sua segunda chance para ter seus poderes, se não, você terá que passar anos presa em um buraco negro.
– Tá, mas, como eu vou aprender a usar meus poderes, se eu nem posso usá-los até me... "formar"?
– Bom, você poderá usar uma amostra de seus poderes, que já serão o bastante. Mas quando pegá-los no fim do aprendizado, verá que é muito maior do que imagina. Agora vamos preparar as coisas.
– Preparar o quê, se todas as minhas coisas estão lá em cima, no MEU mundo?
– Primeiro: agora seu mundo é esse, até você acabar com o aprendizado. Segundo: você não precisa daquelas coisas, só precisa das coisas para a escola. Você estudará em Gemenos e somente usará os livros, o material didático e o uniforme, que eu já tenho tudo em casa.
De repente, Andrus estalou os dedos e nós fomos parar na casa dele. Era uma casinha até que bonitinha, para o que eu imaginava (um barraco, ou algo assim). Então eu vi algo como uma TV, e perguntei:
– Nossa, Andrus, você é moderno!
– Ah, isso? É onde eu vejo você, tenho te observado todos esses anos.
– Quer dizer que você nunca ensinou outra pessoa?
– Não, cada feiticeiro tem seu próprio Protetor, exclusivo.
– Então você foi criado para ME ajudar, e somente para isso? Que vida monótona! E depois que eu aprender, o que acontece com você?
– Eu... - Ele estava coçando a nuca, como se preparasse uma resposta imediata. - Eu vou... Vou para o Castelo da Rainha, ajudá-la. Vou ser "promovido", não é assim que vocês dizem?
Ele me levou até os meus aposentos. Havia uma cama, um armário e uma penteadeira, todos brancos, empoeirados. Ele falou:
– Deixe-me dar um jeito nesse lugar. - Deu um estalo, e tudo ficou limpinho, como se tivesse vindo da fábrica! - Descanse bastante, você tem pouco tempo até amanhã, e o fuso horário pode te atrapalhar.
Eu deitei e caí em um sono profundo, imaginando como seria deixar os meus amigos, família e todas as minhas coisas por outro mundo que eu nem sabia se devia confiar, se eram criaturas do bem ou criaturas obscuras.