Acordei com uma luz penetrante. Abri os olhos e como já esperava, Fredd tinha aberto as cortinas. O IPOD já tinha desligado, ou seja, já tinham passado todas as minhas 360 músicas. Uau, aonde quer que estivéssemos, era bem longe do colégio. Olhei para o meu lado, e quem estava dormindo era ele. Usava uma camiseta azul-marinho, bermuda cáqui larga e mocassins marrons surrados. Eu amava o jeito dele de se vestir. Lembrei novamente do sonho idiota.

- Aonde estamos? - perguntei ao nada, e obtive a resposta.

- Chegamos ao Acampamento de Midrifia. Acordem seus companheiros e comecem a aventura! - gritou o Professor Drifus de lá da frente do ônibus, ele era nosso acompanhante na viagem.

Olha, vou te contar, foi um custo acordar o Fredd. Ele não acordava de jeito nenhum! Diferente do Austin, se você jogasse uma pena pela janela da sua casa, ele ouvia da dele. Austin. Tinha esquecido de contar sobre o acampamento, mas com certeza Andrus faria-o por mim.

Fredd acordou com os pensamentos transparentes. Aparentemente ele teve um sonho igualmente ruim (sem a caixa, por favor).

- Bom dia, Bela Adormecida! - brinquei com o cabelo dele.

Ele parecia um tanto atordoado, não sabendo aonde estava, e eu fiz questão de explicar-lhe. Antes que pudesse contar do sonho, Drifus entregou um papel amarelo a cada um, contendo vários nomes, incluindo os nossos nos respectivos papéis, e no meu tinha o número 11 perto da margem superior.

- O quê é isso? - perguntei, fazendo o professor bufar.

- Vou repetir - disse, apesar de eu não ter escutado nada sobre aquilo. - Nesses papéis estão escritos o número dos seus alojamentos e com quem vão partilhá-lo.

Número 1 Breke, Gina; 2 Paolus, Anne; 3 Gulliver, Samantha... Ótimo, só as patricinhas insuportáveis! Droga. Pelo menos tinha a Bridget Stone, uma das meninas que às vezes (raramente) eu conversava.

Logo estávamos todos reunidos lá embaixo, em um grande estacionamento que antecedia o Grande Pátio (segundo a placa): a entrada do Acampamento. Estava um tumulto de gritos, urros e afins entre nerds, jogadores de futebol, patricinhas e até gente normal e todas as bagagens, até que Drifus saiu de dentro do ônibus com uma expressão confusa, esperando saber por onde começar. Entregou-nos mais dois papéis.

- Um é o mapa do acampamento inteiro. Se perdê-lo, use o do amigo. Se perder o amigo... grite. E o outro é o papel dos horários, contendo desde o café da manhã até o toque de recolher, e espero que cumpra-o. Quando ouvirem o sino, estará na hora das refeições. - Então ele fez sinal para uma garoto gordo, não muito mais velhos do que nós, e este começou a falar o que era permitido e o que era proibido no Acampamento de Midrifia. Ouvi claramente ele dizer:

- É extremamente proibido algum campista dormir em qualquer alojamento diferente do seu. E não pensem que somos burros, temos seus nomes e alojamentos anotados.

- E se eu quebrar as regras? Sou petrificado? - perguntou um atleta engraçadinho.

- Não. É expulso. Agora estão liberados para fazer suas atividades - completou, abrindo o portão para o Grande Pátio.

Fredd tinha saído de perto de mim logo que saímos do ônibus, e agora veio até mim com um sorriso esperançoso.

- Gwen - resmungou, segurando minhas mãos. - Eu vou jogar basquete com os meninos. Dizem que a quadra daqui é imensa. Depois sou todo seu, tá? Pode assistir o jogo se quiser.

Assenti um pouco magoada, e fui assistir.

Fredd era definitivamente bom em esportes, mas especialmente no basquete ele se destacava. Fiquei assistindo da pequena arquibancada desde escolherem os grupos até acabar o jogo. Fredd estava no grupo sem-camisa e devo admitir que sentia um calor incrível a cada movimento que ele fazia. O time dele ganhou de lavada: 20 à 6. Na arquibancada havia eu e mais dez pessoas, no máximo. Ao final do jogo, eles foram se limpar com umas toalhas no vestiário, e dali a pouco Fredd saiu e encostou na porta.

- Gwen, pega o meu desodorante que está na minha mochila, por favor? - pediu apontando para o outro lado da quadra.

- Claro. - respondi, levantando de minha cadeira e indo até a mochila preta e azul. Primeiro passo: bolso maior. Haviam escova e pasta dental, pente, espelho (não acreditei que meu namorado tinha um espelho pra viagem, que gay), salgadinhos, um monte de barrinhas saudáveis, chinelo, tinha até vela! Além de pétalas de rosas e todas as possíveis porcarias, mas não havia nenhum desodorante. Segundo passo: bolso menor. Fiquei abismada com três coisas. Chiclete, óculos-escuros, IPOD, biscoito, relógio-de-pulso, até aí tudo bem. Enfiei a mão no fundo e tive que arfar muito para conseguir respirar quando achei... uma caixa de anabolizantes, um pacotinho de preservativos e como se não bastasse, uma garrafa de vinho.