Mike me levou até um casarão branco. Era impressionante! Tudo era exatamente como a minha mãe havia descrito para mim quando eu era pequena! Entramos no casarão e Mike chamou por Quíron. Segundos depois, um senhor apareceu em uma cadeira de rodas.

    - Ah! Qual é! Eu sei que você é um centauro! – eu disse

O senhor olhou para mim, confuso. Olhou para Mike e Mike encolheu os ombros. O senhor se levantou da cadeira e se transformou em um centauro.

    - Qual é o seu nome? – ele me perguntou

    - Meu nome é Lana. E o senhor deve ser o famoso Quíron, não é mesmo? Minha mãe falou muito de você!

    - Sua mãe? Qual era o nome dela?

    - Rosellie Shane Johnson, por quê?

    - Ah sim! Eu conheci a sua mãe. Ela era helena! Lembro-me bem dela! Você é igualzinha a ela! Na última vez que a vi, ela estava grávida de você! Faz sentido você ter ouvido sobre mim! Como está ela?

Eu abaixei a cabeça, hesitante antes de contar. Lembrar da minha mãe, geralmente me fazia chorar. Mas eu não podia chorar na frente de duas criaturas mitológicas maneiras.

    - Minha mãe... Morreu quando eu tinha cinco anos. Meu tio a matou. – eu disse triste

Respirei fundo para não chorar. Eu tinha que ser forte!

    - Eu sinto muito! Eu não sabia. – Quíron disse

    - Tudo bem! Já faz bastante tempo! – eu disse meio triste

    - Eu continuo sem entender nada! Quem é essa tal de Rosellie? Como é que você sabe de tanto sobre a gente, se não é uma meio-sangue nem uma criatura mitológica? – Mike perguntou

Eu já havia esquecido que o Mike estava ali. Quíron abriu a boca para responder, mas eu o interrompi.

    - Pode deixar que eu explico! – eu disse a Quíron, e virando-me para o Mike, falei – Eu sei que você não vai acreditar, mas minha mãe era alienígena. Ela servia Apolo em um planeta Greco-romano chamado Hélade. Por isso ela tinha poderes, e por genética eu os herdei dela. Ela veio para o acampamento meio-sangue uma vez, e me contou tudo sobre vocês. Por isso eu tanto insisti com vocês que eu não era uma meio-sangue!

    - Ah! Agora eu entendi! – Mike disse – Então o que faremos com ela, Quíron?

    - Vamos deixar que ela decida! Lana, você quer ficar aqui até o resto da semana, ou quer que eu peça ao Argos que ele te leve para casa? – Quíron me perguntou

    - Bom... Eu quero muito ficar aqui, mas... Eu estou tendo aula essa semana e...

    - Mas, a primeira semana é experimental! Não tem importância você faltar! Passe o resto das férias de verão conosco, por favor! – Mike implorou – A Clarisse vai querer me matar! Por favor, fica!

      - Ah é! Eu havia esquecido! Acho que eu posso ficar! Se
o Quíron deixar.

    - Tudo bem! Mas você terá que ficar aqui na Casa Grande, tudo bem? – Quíron disse

    - Sem problemas!

    - Acho que seria legal se a gente a apresentasse aos campistas, não é? – Mike perguntou

    - Faremos isso na hora do jantar. Daqui a exatas 3 horas. Enquanto isso, por que você não apresenta o acampamento a ela? – Quíron disse

Mike estava tão feliz! Acho que ele achou alguém para proteger ele dos ataques de fúria da Clarisse: Eu. Eu ainda não acredito que a Clarisse tem namorado. Isso é tecnicamente impossível! Quem se apaixonaria por uma louca, que só sabe fazer uma coisa na vida? Bater nos outros! Bom, existe louco para tudo nesse mundo, não é?

Mike me mostrou todo o acampamento. Havia uma arena (onde eu encontrei um cão infernal, chamado Srª O’Leary), uma parede de escalada que jorrava lava, um campo de morangos (quando passei por lá, chega deu água na boca), uma quadra de basquete (onde vários garotos loirinhos jogavam), um pavilhão (que não tinha teto e o Mike disse que era o refeitório), e por fim, vários chalés de mármore e ouro (alguns estavam em construção), que formavam um desenho de um ômega (Ω). A garota loira, que estava debaixo da árvore quando eu cheguei, parecia comandar a construção. Ela segurava um projeto com as duas mãos, e quando me viu, me olhou como se dissesse: “eu te conheço de algum lugar!”. Eu sabia que conhecia aquela garota, mas eu não conseguia lembrar de que lugar. Ela fechou o projeto e caminhou até onde eu e o Mike estava.

    - Oi Mike! – ela disse – Nova meio-sangue? Tem muitos aparecendo agora, depois do acordo do Percy, não é?

    - É! Mas ela não é bem... – Mike começou e eu o interrompi

    - Meu nome é Lana Johnson. Tenho quase certeza que te conheço de algum lugar. – eu disse lhe estendendo a mão

Ela demorou um tempinho até apertá-la e disse:

    - Quatro palavras para você. Garota. Esquisita. Colégio. Alfabetização

Vasculhei um pouco a minha mente e me lembrei. Na alfabetização, havia uma garota loirinha que tinha hiperatividade, déficit de atenção e dislexia. Eu era a sua única amiga, por que as outras garotas da escola nos achavam esquisitas. Ora, não éramos nós que nos maquiávamos e íamos para a escola parecendo umas palhaças! Eu a ajudava nas tarefas, por que, como ela tinha déficit de atenção, ela não prestava atenção no que a professora falava e ficava desenhando umas casas maneirinhas no estilo Greco-romano. Depois do final daquele ano, eu não a vi mais. Ela simplesmente sumiu! Cheguei a ouvir alguns alunos do colégio dizendo que ela havia fugido se casa, mas achei que ela não seria capaz disso. E pelo que eu me lembrava o nome dela era...

    - Annabeth? Annabeth Chase? Uau! Você cresceu! Eu ainda lembro-me de você com sete anos! Nunca imaginei que você pudesse ser uma meio-sangue! 

    - Digo o mesmo a você! Mas olha para a gente agora! Temos 16 anos! – ela disse

 - Bom... Mas eu não sou uma meio-sangue. Nem um monstro. Muito menos uma criatura mitológica. Eu apenas herdei uns poderes maneiros da minha mãe e salvei a Clarisse. Aí o Mike cismou que eu era uma meio-sangue e me trouxe para cá. O que é isso na sua mão? – eu perguntei

    - Ah! É o projeto dos novos chalés. Minha mãe deixou que eu projetasse os chalés e o Olimpo.

    - O que houve com o Olimpo? E você é filha de que deusa?

    - Sou filha de Atena. E quanto ao Olimpo... É
uma longa história.

Vimos alguns campistas indo em direção ao refeitório e Mike disse que estava na hora do jantar. Fomos juntos até o refeitório e Quíron me chamou para que eu sentasse em sua mesa. É muito estranho sentar entre um centauro e o deus do vinho. É uma mistura do cheiro de uvas com o odor de um cavalo. É esquisito! Alguns campistas murmuravam algo entre si, como: “quem é aquela garota?” ou “por que aquela loirinha está sentada na mesa do Quíron?”

Na hora das oferendas aos deuses, ofereci parte da minha comida a Apolo. Afinal, ele era o meu deus preferido! Depois que todos comeram e estavam satisfeitos, o Sr D (como os campistas chamavam a Dioniso), se levantou e disse:

    - Como podem ver, temos uma nova campista que não é uma meio-sangue. Mas vai ficar com a gente pelo resto desse verão (uma semana para ser correto). O nome dela é Laura Jackson. – Quíron o corrigiu e ele disse – Digo Lana Johnson. Bem vida ao acampamento, etecétera e tal, eu vou dormir e vocês podem cantar aí a musiquinha de vocês. Adiós!

Dioniso se levantou e foi embora. Os campistas cochicharam coisas entre si e depois se sentaram em volta da fogueira e começaram a cantar.
Impressionantemente, eu sabia todas as canções! Minha mãe as cantava para mim, quando eu era pequena e não conseguia dormir!

Depois de eu cantar com os campistas e eles me olharem com uma cara de: “quem é essa doida?”, eu fui para a Casa Grande com Quíron e ele me deu um quarto. Lembrei que meu pai devia ter dado um ataque quando não me viu em casa e resolvi ligar para ele. Claro que tive que pedir para Quíron antes. Celulares não eram permitidos no acampamento e eu não queria ver a cara de: “volta para casa, por favor!” do meu pai. Eu disse que estava tudo bem e que eu estava bem. Disse a ele que eu iria passar apenas uma semana por causa das aulas e ele disse que tudo bem, mas eu podia sentir a tristeza na sua voz. Ele me queria emcasa com ele. Ah! Mas uma semana longe dos filhos não faz mal a ninguém, não é?