Até As Nerds Sabem Lutar! escrita por Lise Muniz


Capítulo 3
Capítulo 3 - Passo pelo corredor da morte


Notas iniciais do capítulo

Formatei o texto porque recebi um review de uma pessoa(obrigada Dedos De Mel). Espero que esteja melhor.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/180431/chapter/3

Uma das coisas que eu mais odeio nesse mundo? PRIMEIRO DIA DE AULA! Principalmente se for, em um novo colégio, no meio do ano.

Acordei 06h30min da manhã, para ir à escola. A primeira semana de aulas era só experimental para os alunos novos como eu, ou seja, não era
para valer. Tomei um banho e vesti uma saia xadrez, uma gravata
vermelha(odeio vermelho!Mas há uma regra no colégio que alguma
peça da nossa roupa tem que ser vermelha!AF!) e uma camisa social.
Calcei meu tênis all-star, minhas meias 3/4 e penteei meus cabelos,
prendendo-os em duas tranças que caíam sobre os meus ombros. Pus
meus óculos (porque eu tenho um pequeno problema com letras muito
pequenas), peguei minha mochila e segui o delicioso cheiro de
panquecas que vinha do andar de baixo. Meu pai era um cozinheiro de
mão cheia! Comi meu café da manhã vorazmente, como se tivesse
passado anos sem comer! Subi para escovar os dentes, quando ouço a
buzina do ônibus da escola. Desci as escadas correndo, peguei minha
mochila e corri para fora em direção ao ônibus. Meu pai me seguiu
e disse:

– Boa aula, filha! Qualquer coisa me liga! Não esqueça o que eu lhe
falei!

Veio-me um aperto no coração. Voltei e corri para os braços de meu pai. De alguma forma, senti que eu não o veria por um bom tempo. Meu pai
ficou surpreso e não entendeu muito que acontecia, mas retribuiu o
abraço.

– Pai, o senhor sabe que eu te amo, não sabe? – eu disse olhando
para seus olhos castanhos – Não importa o que aconteça, saiba
que eu sempre estarei aqui com o senhor!

– Sua mãe me disse o mesmo antes de... Você sabe! – ele murmurou

– Mesmo?

– Lana... Você está-me escon...

Ele não teve tempo de terminar a pergunta, pois o motorista buzinou
novamente e eu corri para dentro. Antes de entrar, porém, me virei
para meu pai, ele me olhava fixamente preocupado e pensativo.
Mandei-lhe um beijo e acenei dando adeus. Quando entrei no ônibus,
lembrei-me da promessa que havia feito na noite anterior. Fiquei
procurando um lugar vago, pois quase todos estavam ocupados. Conforme
caminhava pelo ônibus, observava os rostos do pessoal que estava
sentado. Duas pessoas em especial, chamaram a minha atenção. A
primeira era uma menina morena, de jaqueta de couro, calça jeans e
botas enlameadas que estavam em cima do encosto de um dos bancos. Ela
parecia ter mais ou menos a minha idade. Ao seu lado, havia um garoto
que usava uma touca rastafári, uma camisa verde onde estava escrito:
“EU

A NATUREZA”,
um jeans desbotado e um par de tênis verdes que combinavam com a
camisa. Ele tinha uma rala barba ruiva. Encostado no seu banco havia
um par de muletas. A menina morena(não sei porque), botou o pé na
minha frente, fazendo-me tropeçar. Por sorte não caí. Todos
olharam para mim e para a garota. Envergonhada, baixei o rosto e
fiz cara feia para a garota, que me mostrou a língua. Andei mais um
pouco e achei um lugar vago, ao lado de uma garota ruiva que digitava
algo em seu laptop. Ela vestia uma blusa vermelha por cima de uma
social branca (cujas mangas estavam dobradas), uma saia preta,
meia-calça preta e sapatos sociais também pretos. No rosto dela,
havia a mesma expressão de preocupação que eu vi o Sr. Tennyson
fazer ao ver algo (que eu não sabia o que era), no computador do meu
pai. Ela olhou para mim, deu-me um tímido sorriso e um “Bom Dia!”

– Eu poderia... – disse eu apontando para o lugar vago

– É claro! – disse ela

Sentei-me ao seu lado e lhe dei “Bom dia!”. Ela fechou o laptop.

– Você é nova no colégio, não é?

– Sou sim!Na escola e na cidade! – eu respondi

– Sendo assim... Bem vinda a Bellwood! – ela disse animada

– Obrigada... Ahn... Acho que não sei seu nome!

– Ah é! Meu nome é Gwendolyn Tennyson. Mas pode me chamar de Gwen.

– Prazer, meu nome é Lana Johnson!Espera você... É a neta do Max Tennyson, não é?

– Sim, mas como...

– Meu pai e eu o conhecemos. Ele e meu pai são velhos amigos!

– Hm... No que seu pai trabalha Lana?

– Ele é encanador! Por quê?

– Nada não! Só fiquei curiosa! Bom, chegamos!

Nós pegamos nossas mochilas e entramos na escola, parando em frente aos armários.

– Já sabe qual será o seu armário? – Gwen me perguntou

– Hm... Acho que é o nº13.

– Que coincidência! O meu é o 12. Trouxe seu cadeado?

– Claro! – eu disse tirando o cadeado da mochila – Depois que
roubaram minhas coisas uma vez, eu não saio sem um!

Gwen ficou rindo e dizendo que eu era exagerada, enquanto eu colocava as coisas no armário e o trancava. Ficaram em minha mão, apenas meu estojo, meu caderno e o livro de literatura.

– Literatura também? – Gwen me perguntou – Outra coincidência –
ela disse tirando seu livro do armário – A nossa sala é ali! A
número 6. Eu vou beber água. Vai na frente, eu já estou indo! E
dica: não passe por aquele corredor se não quiser problemas.

– OK!

Caminhei tranquilamente até a sala. Porém, digamos assim... Eu não gosto de obedecer a ninguém do colégio (a não ser o diretor, mas isso não
vem ao caso). E também, sou uma pessoa muito curiosa e teimosa.
Então... Eu entrei no corredor. Pouco antes, porém, eu vi um garoto
desavisado, entrando no corredor. De todos os lados vieram vários
garotos e garotas enormes que lhe deram vários tapas, socos e
pontapés. O garoto saiu do corredor todo roxo e machucado. Ele
chorava como um bebê. Eu podia ser tudo, mas uma coisa eu sabia que
eu não era. Eu não era medrosa, pelo contrário, eu era muito
corajosa. Passei pelo corredor correndo com os livros acima da cabeça
e das costas. Quem eu consegui ver saindo dos esconderijos, eu
defendi os golpes. Quando cheguei ao fim do corredor, vitoriosa, a
menina morena que eu havia visto no ônibus (e que tinha me feito
tropeçar), pulou na minha frente. Levei um susto tão grande, que
derrubei meus livros todos no chão.

– Vem cá! Você está ficando doida? – eu disse gritando – Perdeu
a noção do perigo?

– E você vai fazer o quê comigo?Magrela! – ela disse

– Me encontre na quadra de football depois da aula, e você saberá do que eu sou capaz! E vá sozinha! A menos que você tenha medo de
perder, é claro!

– Grrrrrrr! – ela grunhiu – Te encontro depois das aulas, magrela!
Você vai levar uma surra que jamais esquecerá na vida!

– Clarisse! – chamou o garoto de muletas – Vamos! Nós vamos nos
atrasar!

– Já estou indo! – e virando-se para mim, disse – Você é uma
menina morta!

Infelizmente, Clarisse era da minha turma de literatura. A aula foi sobre haicais. Para quem não sabe, haicai é um tipo de poema japonês com 3 linhas, sendo que a 1º e a última tem cinco sílabas e a do meio sete. A prof.ª mandou que cada um fizesse um haicai e lhe entregasse para que ela lesse em voz alta. O meu ficou assim:

Doce música,

Suave, bela como

Plumas a voar.

O da Gwen ficou assim:

Cinco sílabas.

E agora mais sete.

E cinco. Que tal?

E o da Clarisse ficou assim:

Belo sabiá,

Seu cocô no meu capô

Só trouxe fedor.

E com esse alegre e notável haicai, ela obviamente ganhou um F, além
de um castigo na hora do recreio por estar com os pés em cima da
mesa. Eu ganhei um A+ e a Gwen um C, além de aplausos e algumas
risadas.


A próxima aula era de história e o professor escreveu em grego no
quadro:

Ελληνική δημοκρατία

Um aluno curioso, perguntou ao professor o que estava escrito e ele
respondeu que não sabia. Quando eu olhei para o quadro e vi que o
que estava escrito, lembrei que minha mãe havia me ensinado grego
antigo e falei:

– Ellenike Democratia.

– O-o quê? – o professor disse

– O que está escrito no quadro. Está em grego antigo. Significa
Democracia Grega.

– C-como sabe?

- Ahn... Google Tradutor!

Percebi a cara de confuso que o amigo aleijado de Clarisse fazia e bom... o
professor também percebeu.

- O que foi Mike? – o professor perguntou

– N-nada não professor, eu só... Estou com a cabeça cheia!

Na hora do recreio, Mike, o amigo aleijado da Clarisse, começou a se
aproximar de mim e acabamos nos tornando amigos. Ele era muito
diferente de Clarisse, não só no físico, mas também no mental.
Mike era legal. Clarisse era idiota. O final das aulas estava
chegando e eu estava me preparando.




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam?