Too Close For Comfort. escrita por hipstelsens


Capítulo 1
Its getting late


Notas iniciais do capítulo

yo-ho, piratas!



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Flashback on

O cheiro agridoce invadia a cozinha. Ela dançava ao som de sua canção preferida, enquanto os estalos da fritura na frigideira eram abafados pela música, se misturando com a melodia. Suas mãos agitavam uma colher de silicone remexendo os bifes, esperando-os dourarem por completo. 
Então, sem aviso prévio, o som ficou inaudível e uma batida no batente da porta da cozinha se estalou pelo ambiente. Ela se virou entusiasmada, sabendo quem era. Mas o sorriso formado se afrouxou quando avistou que a pessoa não era a que ela esperava. 
- Thomas? – perguntou, surpresa. O amigo abaixou o olhar e entrou no cômodo, sentando-se em uma cadeira. – Tudo bem? – perguntou, com uma pontada de preocupação vendo a reação do amigo.
- Tudo – ele soltou, com uma voz não muito firme. Suspirou e a garota sentou ao seu lado, esperando alguma reação. – Eu sei que você esperava que Pedro viesse, mas eu precisava vir antes. – Ele suspirou. Ela não disse nada; apenas esperou com uma grande quantidade de curiosidade. – Koba e eu, especialmente Koba, estamos meio complicados nessa situação. Mas eu preciso te contar. Eu não aguento te ver assim... – ele disse, suspirando no final. As palavras saíam como fardo de sua boca, como se despejá-las para fora fosse algo extremamente doloroso. 
- Tudo bem, Thomas. – Ela se meteu. – Está tudo bem. Pode falar. – Então ela se levantou e desligou as bocas do fogão. Quando voltou a se sentar, o amigo grudou seu olhar no dela, entrelaçando seus dedos nos da amiga. 
- Eu estou preocupado com sua reação sobre isso. Mas eu vou fazê-lo. Koba está com Pedro, eles podem chegar a qualquer momento. – Ele sorriu fraco e ela começou a ficar alerta. Simplesmente esperou. – Bom. – Ele deu seu último suspiro e contou o que tanto o atrapalhava. – Pedro tem outra, quero dizer, outra mulher, Mariana. Ele está te traindo. – Ao terminar de falar, ele apertou as mãos da amiga, demonstrando que estava ali para qualquer coisa. 
Quando as palavras bateram nos ouvidos da morena, seu coração encolheu, seu pulmão sufocou, seus dedos perderam a força, seu cérebro parou de mandar sinais para o corpo e lágrimas escorriam de seus olhos. Ela não tinha compreendido as palavras. Uma hora ele era tudo, e na outra ele era nada. 
E foi como filme, nesse momento, Thomas a pegou nos braços e a porta da sala bateu. Ela não conteve suas ações, seu cérebro não era mais seu. Ela soluçava. Os olhos embaçados pelas lágrimas manchavam a camisa do amigo que a segurava. 
- Thomas? – Ela ouviu outro amigo em seu apartamento. Então ela sabia que precisava se recompor. Afinal, seu namorado não gostava o suficiente dela, então ela não precisava sofrer por isso. EKoba ficaria muito preocupado vendo-a chorar assim. Ela se afastou de Thomas, limpando suas lágrimas em um guardanapo. – Thomas? – ele perguntou de novo, entrando na cozinha. – Aí estão vocês. – Ele sorriu, mas viu Mariana de costas, as mesmas se mexiam para cima e para baixo em um movimento lento, ele a conhecia tão bem que jurava que ela estava chorando. Seu coração se apertou vendo-a assim. Pedro não era homem o bastante para ela. Era incrível como uma amizade de anos podia refletir nisso. 
- Nana? – ele perguntou, chegando perto. 
- Eu contei a ela – Thomas falou entre os movimentos do amigo. Então a morena se virou com os olhos um pouco vermelhos. 
- Oi. – Ela sorriu. – Como vai, Koba? – perguntou com a voz fraca. 
- Não finja que está tudo bem – ele falou, a repreendendo. 
- Mas está. – Ela sorriu fraco novamente. 
- Nana? – E então seu mundo caiu. Ele estava lá, olhando para ela. Olhando suas lágrimas. Ela dirigiu seu olhar para a porta e a expressão dele era de tristeza e arrependimento. Mas como ele poderia estar arrependido, se ele estava com outra? 
- Hey, Pedro. – Ela sorriu pra ele. "Como você pode ser tão burra, Mariana?", ela se perguntou. "Ele te traiu e você sorri pra ele? Sua idiota!", ela falava com sua consciência, enquanto ainda encarava o namorado. 
- Podemos conversar? – ele perguntou e ela sacudiu a cabeça, aceitando. 
- Vamos embora, Thomas – Koba falou e agarrou o braço do amigo, saindo do cômodo. Contra vontade ele foi, e a cozinha voltou a ficar silenciosa. Assim era aquele apartamento, somente com os dois, mas o clima era totalmente outro. Não tenso. Mariana sorriu novamente, tentando manter suas lágrimas dentro de si, enquanto sentou na cadeira que estava antes. 
- Nana – ele chamou. – Me desculpe – foram suas primeiras palavras. Ele a olhava, mas sabia que ela não se intrometeria. Ele a conhecia tão bem... Suspirou e voltou a seu foco. – Eu sei que não adianta muito falar isso, mas quero que você saiba. Eu não fiz por mal – ele continuou e a cabeça da morena virou uma massa de bolo, totalmente misturada sem saber como separar cada coisa da outra. Seus olhos abriam e fechavam tentando compreender as palavras do moreno a sua frente. Suspirou e esperou. – Sei que você deve estar sofrendo, mas eu peço que não termine comigo. Eu te amo tanto, Mariana – ele voltou a explicar e ela suspirou, abaixando os olhos. Ela não queria suas desculpas. Ela se culpava, afinal, não era boa pra ele. Em todos os sentidos. 
- Eu não tenho como não terminar nossa relação, Pedro – ela falou, seus olhos encontrando os dele; com dificuldade, ela continuou. – Afinal, se você me... – ela travou. – Você... – ela não conseguiu falar a palavra. – Quero dizer que eu não sou boa o suficiente – ela pulou a palavra e terminou seu pensamento. – Então é melhor... 
- Não, Nana. Não – disse Pedro, indo até ela e abaixando-se em sua frente, juntando seus dedos nos dela. Ela não impediu. Amava-o tanto que resistir a ele era pior que não comer brigadeiro. Se bem que ela ficaria sem comer brigadeiro se ele pedisse, mas não mais. As lágrimas dela não paravam de escorrer em seu rosto. - Nana. Você não pode esquecer isso? – ele perguntou, tornando suas palavras um pouco mais afiadas. Ela arregalou os olhos e o olhou seriamente. 
- Claro! – ela disse, sarcasticamente. Então se levantou e afastou-se dele. – Afinal, o que é uma noite com outra, não é? Dá pra perceber que não foi a primeira vez – ela disse, se alterando um pouco. O que era dificílimo. Ela confiava nele, e nunca sentiu necessidade de ser louca ou doentia com seu ciúme, o que afinal, ela não era. Mas agora ele tinha pegado em seu ponto fraco, aliás. Como esquecer? 
- Não – ele disse mais alto. - Por favor... – ele pediu e ela bufou novamente. 
- Pedro – ela chamou e sorriu. – Vamos terminar aqui. – Então saiu da cozinha e foi para a sala, se sentando no sofá. E voltou a chorar. 
Pedro sentou ao seu lado e encaixou-a em seu ombro. Ela não impediu e sem som algum eles ficaram ali. Ela arruinava a camisa do rapaz enquanto ele a consolava. 

Flashback off.

“Ainda me lembro daquele beijo
O teu abraço apertado
O teu corpo junto ao meu
As nossas fotos
Minhas memórias
Mesmo depois de tanto tempo
Não sei o que aconteceu”


Mariana varria a sala enquanto a música tocava. Ela sabia toda a historia daquela música, o trabalho para lançarem e a confusão que teve com os meninos. Ela sorriu ao lembrar, tentando não prestar atenção à letra. Era uma de suas favoritas, da banda de seus melhores amigos. Mas ela a odiava também pelo conteúdo que a trazia. Quando a voz de Pedro entrou na música, algumas gotas de água invadiram seus olhos, mas não as deixou cair. Lembrou de noites depois de noites quando Pedro Gabriel e Thomas tentavam convencê-la a sair e aproveitar. 
Quanto tempo ela ficou sem beber, mesmo? Bufou com isso e riu em seguida. Pedro Gabriel. Era estranho, mas depois de Pedro, era como se ele fosse seu amor. Ela nunca contou para ninguém, afinal, eles eram sua família, seus amigos e seus irmãos, e se contasse para um, todos saberiam: incluindo Pedro. E tudo que ela não queria era criar confusão com ele. 
Mariana terminou o serviço na sala e encostou a vassoura na lavanderia. Voltou para a cozinha e colocou uma lasanha, para o almoço, no microondas. 
Era dois de março, exatamente um ano que Pedro não fazia mais parte da vida dela, bom, não como costumava ser, pois eles ainda conversavam; se viam e tudo mais. Ele continuava como ela o conheceu – mulherengo e jovial. Sorriu ao lembrar-se dele: seu sorriso suave e natural, os lábios, as mãos... Fechou os olhos parando de pensar assim. Quando Pedro Gabriel invadiu seus pensamentos, o telefone da sala soou. Ela se assustou, mas foi atender ao aparelho. 
- Alô? – perguntou, sem olhar o identificador de chamada. 
- Hey, Withcloff! – uma voz divertida falou. – Estamos indo aí almoçar, é bom que tenha um bom rango! – Era Pedro Gabriel. Ela gargalhou e concordou com a cabeça. 
- Oops – disse baixo, rindo da própria idiotice. – Podem vir. Vou fazer mais comida – ela continuou sorrindo, mesmo ainda sabendo que ele não veria. 
- Certo – Pedro Gabriel continuou e depois de algumas risadas desligaram. Mariana entrou na cozinha e abriu o freezer novamente. Tirou todas as lasanhas que tinha – eram quatro. Precisava fazer compras novamente. Eles acabam com o estoque de comida congelada dela. Ela até cozinhava, mas ultimamente sentia tanta preguiça... O bom é que teria uma bandeja para cada menino, conhecendo do jeito que ela conhecia, uma bandeja ainda seria pouco. Então tirou mais duas caixas de pizzas do freezer, só por precaução, e quando eles chegassem perguntaria se aceitariam pizza a mais. Ela ria só de pensar que tinha tanta comida, sendo que morava sozinha. O bom é que ela se prevenia, já que tinha quatro "filhos", brincava. 
Depois de uma lasanha já pronta, ela colocou no forno, para não esfriar. Esperava os amigos chegarem, enquanto cuidava da comida e colocava os pratos na mesa. Abriu a geladeira, sorte que ela tinha alguma coisa para beber. Eles eram um pouco rígidos. Gargalhou disso também. 
Quando os garotos finalmente chegaram foram direto para a cozinha. 
- Estou com fome! – Thomas reclamou e sentou em seu lugar. Era tão automático que eles já haviam estipulado lugares para si mesmos. Ela riu. 
- Acalmem as lombrigas; só falta uma – ela falou, esperando o microondas apitar. – Tenho lasanhas. – Ela sorriu e os quatro assoviaram. Sorriu pra eles e tirou, as que tinham no forno. Eles não atacaram. Ela pelo menos tinha dado alguma educação para seus "filhos". 
- Hey, pequenos – ela chamou, se posicionando na frente da geladeira a abrindo. – Eu não tenho muitas cervejas. – Ela tirou uma garrafa para cada garoto e uma garrafinha de água de limão para si. – Então superem. Eu preciso fazer compras – ela acrescentou. 
- Não tem problema – Pedro Gabriel disse, dando de ombros. Thomas nem respondeu, assim como Pedro. 
- E eu sou homem de cerveja? – Koba perguntou e todos riram. – Tudo bem, não quero resposta – ele disse, fazendo careta. O microondas apitou e enquanto conversavam Mariana colocava a ultima bandeja na mesa. 
- Eu tenho pizzas, caso as lasanhas sejam poucas – ela acrescentou, começando a cortas os pedaços. – Quem vai ser o primeiro? – perguntou e os quatro levantaram as mãos. Ela gargalhou. - Okay, Thomas. – Ela pediu e o menino estendeu o prato pra ela, junto com a língua para os amigos. 
- Não é justo! – Pedro Gabriel reclamou. 
- Eu, hein, gente – ela bradou. – Tem pra todo mundo. E é só por que ele está do meu lado – ela acrescentou e ele continuou a mostrar a língua para os amigos. – Para, Thomas! – ela pediu e ele voltou sua língua pra dentro. Todos riram. 
- Pedro Gabriel – ela pediu e ele estendeu o prato, feito criança. 
- Posso pegar queijo, Nana? – Pedro perguntou e ela acenou. 
- Na geladeira – ela avisou e ele assentiu. 
- Koba, me dá o prato do Pedro? – ela pediu e ele bufou. 
- Ah, qual é! – ele falou como criança. – Ele nem na mesa tá! - E então Koba estendeu seu próprio prato. Ela gargalhou e Pedro e ele começaram uma briga idiota. Mariana bufou e colocou outro pedaço no prato de Koba. Pedro voltou com o pote de queijo e entendeu seu prato para a ex-namorada. Ela sorriu e colocou um pedaço no mesmo. E depois de se servir sentou na cadeira. 
- Acho que nunca vou querer engravidar – disse pra si mesma, mas Thomas, Pedro Gabriel e Koba pararam de comer, a encarando. – O quê? – ela perguntou. Pedro não fez nada, nenhuma ação, nenhum olhar, nada. 
- Você... Não quer ser mãe? – Pedro Gabriel perguntou, espantado. Ela estranhou, será que ele queria ser pai? Justo Pedro Gabriel? 
- Bom, cuidar de vocês me dá trabalho, imagina um bebê chorão – ela falou e Pedro gargalhou. Todos olharam para ele com a testa franzida, menos Mariana. Eles já tinham tido conversas desse gênero. Ela queria ser mãe, claro que queria. Mas era cansativo. Se seus quatro melhores amigos, homens feitos, precisavam de alguém, imagine um bebê que só chora e mama? 
- Que foi? – Pedro perguntou. – Eu concordo com a Nana – ele falou e a olhando mandou uma piscadela. Ela gargalhou e mandou um beijo no ar. "O que estou fazendo?", ela se perguntou. "O que ele está fazendo?", voltou a perguntar. "Bom, nós ainda somos amigos, não preciso me preocupar", e terminando seus pensamentos voltar a comer. 


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Notas finais do capítulo

se vocês gostarem, logo logo tem mais, se não gostarem, vai ter mais do mesmo jeito, xx



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