Snape e Trelawney: o Início escrita por The B Sakakibara


Capítulo 2
O Jantar




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Snape nem notara o ocorrido, pois estava olhando muito interessado para Potter. Foi acordado para a vida quando Minerva adentrou o Salão com um bando de meninos de rostos assustados. A seleção iria começar.

**********

Muito sem jeito, Sibila resolveu encarar o homem ao seu lado. Nunca em sua vida estivera tão perto do professor de Poções, nem, obviamente, pode notar como ele era diferente naquele seu jeito escuro e fechado. Ele não mudara tanto desde o dia que a bisbilhotava, ainda possuía aqueles cabelos lisos que lhe escondiam parte do rosto e, embora não fosse tão jovem, ainda era... “encantador”.

Sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha quando pensou no adjetivo que caracterizasse o homem ao seu lado. Olhou para o prato vazio e colocou as mãos na testa. Mordeu o lábio e, mesmo insegura, decidiu que queria sim ouvir a voz daquele homem:

- Mas um ano, não é? Digo, que se inicia...

**********

Atento aos novos estudantes, tentando de imediato avaliar os que poderiam ir pra sua casa, Snape foi tomado de assombro pelo som daquelas palavras ao seu lado. Nunca jamais se lembrava de ter ficado tão próximo daquela ‘senhora’ que ensinava adivinhação, “Coisa inútil”, pensou. Ele olhou-a de supetão, assustado por ela ter lhe dirigido um comentário.

Sentada com as mãos debaixo da mesa, a postura muito reta na cadeira, Sibila sorria levemente enquanto aguardava ansiosa a resposta. Porém os cabelos espetados e os grossos óculos lhe davam uma aparência de louca. “É isso que os adivinhos devem ser”. Snape limitou-se, sem esboçar sorriso nenhum, a mover o mínino possível a cabeça para concordar, e pode notar que ela parecia um pouco frustrada que ele não abrisse a boca para responder. Voltou a dirigir a sua atenção pra seleção.

Foi quando notou dois Lufas-Lufas com os rostos muitos próximos e se lembrou dela. Tomado de sobressalto, imperceptível por todos, se sentiu inseguro, fraco e, pela primeira vez em anos, com medo de nem ele sabe o quê. Talvez por isso não tenha notado o olhar de interesse que a mulher ao lado lhe dava.

**********

Primeiro Sibila se sentiu frustrada por não ter conseguido arrancar palavras de Snape, porém, por incrível que pareça, ficou encantada com o jeito sombrio do professor. Mesmo retraída e com vergonha, passou a lhe lançar rápidos olhares durante o restante do jantar. Queria conversar, mas não sabia o que dizer, e mesmo que soubesse sentia vergonha só de se imaginar conversando com ele. O coração batia acelerado, e por mais de uma vez começou a se dizer que com certeza Snape sabia como tratar uma mulher...

“Mas que diabos, Sibila! Não estou te reconhecendo!” pensou consigo mesma. “Parece que você está encantada demais com esse...”, mas voltou a olhar com interesse pro homem ao lado. Ele parecia, mesmo debaixo daquela frieza toda, um homem com medo, com medo de algo que ela ainda não sabia o que era mas ele sem dúvida precisava de proteção, precisava de sua proteção.

Nunca, nem em sua adolescência, ela jamais desejou proteger alguém, muito menos um homem. O que estava acontecendo com ela? Naquele momento, envolvida por sonhos e calorosos sentimentos reconfortantes, ela não fazia idéia da resposta. E mesmo mais tarde, recolhida em seus aposentos, só conseguia pensar naquele homem, e notou que algo inédito estava acontecendo: estava se apaixonando, e logo pelo homem que anos atrás a espionava. Porque ele a espionava? Ah, Claro. Ele não queria demonstrar, mas ele a amava desde então. E com esse pensamento fantasioso adormeceu embalada por um sonho: Severo Snape.

**********

Não se lembrava de um banquete tão terrível como aquele. Pelo menos para ele era terrível, pois distraído como estava, não notara a animação de todos os outros presentes. Apenas um observador atento perceberia que de todas as pessoas que estavam no Salão Principal naquele momento apenas duas não conversavam: as duas da ponta direita da mesa dos professores, Snape e Trelawney.

Severo fingia-se interessado: olhava tudo e todos ao redor.

Porém estava com a mente focada no passado, embora lutasse pra tirá-la de lá. Até ouviu as duas primeiras palavras ditas por Dumbledore, mas logo se perdeu nas próprias lembranças. Não podia olhar para Potter, lembrava-se dela. E por mais que quisesse não olhar acabava olhando. Mas porque um mestre em Oclumência como ele não estava conseguindo controlar a própria mente? A resposta era “sentimentos”, o ponto fraco de bruxos e trouxas.

Mal tocara a comida, e nem percebera quando apareceu a sobremesa. Quando todos os presentes estavam pela metade desta, Severo notou que a mulher ao lado olhava-o atentamente. “E essa agora?”, pensou consigo mesmo. O pior e que ela nem disfarçava, mas por sorte ninguém notou, entretidos que estavam em suas conversas. Não, alguém notara, tinha alguém os observando! Tomado de choque, rapidamente controlado (porque não era assim com relação à Lílian?), Snape notou que aquela amiga pateta de Potter, da Corvinal... Luna Lovegood, isso, era esse o nome dela, sim..., notou que era a única a observá-los, ele e Trelawney.

Snape a encarou com seu semblante sombrio, porém ela resistia. E para a sua própria surpresa, pela primeira vez desde que virara professor, Severo começou a ficar receoso com o olhar de um aluno. Foi um alívio quando ela sorriu e se virou para comer pudim. Passou o restante do tempo olhando-a disfarçadamente, pensando no ocorrido, até que Dumbledore despachou todos para as respectivas casas escolares e, a caminho de sua masmorra, ficou intrigado como esse pequeno episódio o deixou feliz: pela primeira vez no dia ficara um tempo considerável sem pensar em Lílian ou na sua vida quando adolescente.

Podia-se dizer que ele estava um pouco mais feliz e aliviado quando se deitou. Nem foi necessário grande esforço pra limpar a mente. Dormiu. Mas ao acordar no dia seguinte pensou em Lílian, e a insegurança voltou a se apossar dele.

Decididamente este não era o Snape de sempre, e isso o assustou.


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