Back To December escrita por Carol_Bertozzi


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!
Enjoy!



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Prólogo
"Não tenho dormido ultimamente. Fico acordada relembrando de como fui embora, quando seu aniversário passou, e eu não liguei. Eu penso no verão, todas as horas bonitas - eu assistia você rindo do lado do passageiro, e eu percebi que amava você no outono. Depois veio o frio. Com os dias escuros, quando o medo se arrastou na minha mente. Você me deu todo o seu amor e tudo o que eu lhe dei foi um Adeus."
 (Back to December - Taylor Swift)

Capitulo único
Era começo do ano quando entrei na escola mais requisitada de Londres. Eu era só uma brasileira de 17 anos, recém-chegada na Inglaterra. Me mudei para morar com meu pai, que residia na terra da rainha há sete anos, desde quando ele e minha mãe se separam.

A escola era enorme, bem diferente do meu antigo colégio no Brasil. Eu me sentia a estranha em meio aos olhares reprovadores dos alunos. Passei pelo corredor encolhida de tanta vergonha. Terminou a primeira aula e eu me direcionei novamente pelos corredores para guardar meus livros em meu armário. Eu me sentia como um pássaro de asas cortadas, um peixe em uma superfície de madeira. O jeito como boa parte das garotas me olhava era desesperador. Quanto tempo eu levaria para me acostumar com esse novo mundo onde eu me via completamente sozinha?
Saí disparada pelo corredor em direção à cantina da escola. Eu andava rápido quando um garoto cruzou o meu caminho sem que eu percebesse. Bati com força contra seu peito.

– Ah, desculpa. Foi sem querer. - eu disse, sem jeito. Nem mesmo levantei o rosto para conferir quem era, até ouvir sua voz suave ecoar nos meus ouvidos.

– Não foi nada. - tive de inclinar a cabeça para conferir quem era o dono de tal voz. Ele era o menino mais bonito que eu já havia visto em toda a minha vida. A pele branca de giz com bochechas levemente coradas, orbes profundos e azuis, a boca perfeitamente tracejada, cabelo bagunçado. A perfeição de sua face era esplendorosa. Seu corpo era magro na medida certa, adequado a um garoto de 17 anos - Prazer, sou Dougie Poynter. - ele disse, erguendo a mão e deixando à mostra um sorriso doce, como eu nunca havia visto em lugar nenhum.

– Isabella Castellamare. -eu apertei sua mão e abri também um sorriso.

– Aluna nova? - ele perguntou.

– É. Acabei de me mudar para Londres. Sou brasileira e vim para cá para morar com meu pai. –respondi, enquanto já caminhávamos pelo corredor conversando.

– Hmmm... entendo. Bom, eu me mudei para Londres há dois anos por causa da banda.

– Banda? - eu perguntei, incrédula.

– É. Eu toco em uma banda chamada McFly. Sou baixista. Mas ainda tem o Tom, o Harry e o Danny.

Continuamos conversando por alguns minutos até que os amigos de Dougie chegassem.

– Hey Dougie, onde você estava? - perguntou um loirinho de covinha.

– Aqui. - Dougie respondeu.

– Ei, quem é a gata? - Perguntou um garoto de cabelos escuros e sardas, que se sentou ao meu lado, olhando fixamente em meus olhos. Percebi que Dougie revirou os olhos.

– É a Bella. - Dougie respondeu - Bella, esse abusado do seu lado é o Danny, esse aqui o Tom e esse, o Harry. - ele apontava enquanto pronunciava seus devidos nomes.

– Prazer em conhecê-los. - eu disse - Acho melhor eu ir. Minha aula já vai começar. - Falei sem graça, enquanto me levantava da mesa onde eu e Dougie havíamos sentados antes dos garotos chegarem.

– Qual é sua próxima aula? -Dougie perguntou.

– Biologia. - respondi.

– Então vamos ficar juntos. - ele disse, e eu sorri fraco.

– Eu vou indo então... - eu disse.

– Calma, vou com você. - ele disse, se levantando também.

– Hã... então, tchau meninos! Foi um prazer conhecê-los. - eu disse, me despedindo de Tom, Harry e Danny.

A aula passou tão rápida que nem pude perceber. Em certo momento, enquanto o professor explicava a matéria do dia, pus minha mão sobre o caderno e Dougie - que estava sentado ao meu lado - colocou a dele sobre a minha. Envergonhada, tirei rápido minha mão dali e a encolhi próxima à barriga. Seus olhos de perfeição extrema insistiam em ir de encontro aos meus, enquanto eu sempre fugia disso. Minha timidez era assustadora de tão grande.

– Será que você não queria ir ao cinema hoje à noite? - ele perguntou, enquanto saíamos da sala.

– Hã... eu marquei de jantar com meu pai. – menti - Quem sabe outro dia.

– Ok.

– Tchau. - eu disse, e continuei andando.

– Tchau. - ele disse, decepcionado.

Ainda não sabia por que, mas de algum modo eu fugia de Dougie. Acho que era medo de me apaixonar e me machucar depois. Eu sabia que ele era interessante demais para mim, e que para que eu me apaixonasse por ele era uma questão de tempo. Mas para ele talvez eu fosse apenas um passatempo, como outras garotas já devem ter sido, então era melhor não me apaixonar, não me aproximar demais. Seríamos apenas bons amigos.

Em dois meses, eu e Dougie éramos como amigos de infância. Um dia ensaio da banda - banda qual não era conhecida, mas não ia demorar muito para que eles ganhassem o mundo, pois tinham um talento esplêndido -, no outro, cinema. E assim prosseguíamos, pubs, restaurantes, parques de diversão, entre outros... Era mais divertido do que pensei que seria estar com ele.

Na primavera, que vinha acompanhada de dias ensolarados e menos frios do que no inverno, corremos pelos parques londrinos iluminados pela luz do sol. Era como uma brincadeira de pique-pega. Era divertido e um tanto engraçado para nós. Depois caíamos sobre a grama, cansados, um ao lado do outro.
Confesso que de vez em quando surgia um clima romântico, mas sempre aparecia alguém ou algo para cortar. O que era ótimo, já que eu não queria ceder às insistências de Dougie. Tínhamos uma amizade tão bonita, não queria estragar tudo e acabar saindo ferida disso.

O verão destruiu por completo a clima gélido das manhãs londrinas. Vivíamos um algo que parecia um romance, mas nada existia entre nós, além de amizade, claro.

– Para onde nós vamos? - ele perguntou enquanto eu tomava o controle do carro por um dia.

– Hoje o controle é meu. - eu disse, sorrindo. Rimos muito durante o percurso. Por um momento parei para observar Dougie, enquanto ele ria no banco do carona. O sorriso dele era tão radiante. Era como o sol iluminando o céu em uma tarde de verão.

Em alguns minutos, estávamos onde eu queria chegar.

– London Eye?! – Exclamou, enquanto saía do carro - Mas você disse que tinha medo de altura.

– Acho que hoje é o dia de enfrentar esse medo. - fui andando em direção à roda-gigante - Você não vem? Dizem que a vista de lá é linda. - eu disse, virando-me para Dougie, que permanecia encostado ao carro. Ele logo me acompanhou. Olhei para cima e percebi o céu estrelado da linda noite de verão. Entramos em uma cabine. Mas o movimento naquela noite era fraco, então pudemos optar por estarmos a sós em uma das cabines.

O brilho intenso da lua era perfeito. Noite de lua cheia, nada mais bonito que isso. Enquanto a roda girava e nossa cabine subia, assistíamos o espetáculo lá fora. Estávamos no alto quando senti a mão de Dougie ir ao encontro da minha.

– Dougie, eu... - minha voz soou trêmula.

– Você vai cometer o ato de dispensar uma noite tão bonita, era para ser uma noite especial, não acha?! - ele disse, se aproximando mais de mim. Eu já estava ofegante. Tremia desesperadamente dos pés a cabeça.

– Mas eu... - ele me interrompeu mais uma vez.

– Eu sei que você não quer nenhum tipo de envolvimento, nada mais que amizade. Você já me disse isso milhões de vezes. Mas esquece disso, só por hoje. - ele afagou meu rosto com uma das mãos e eu não resisti ao seu rosto tão próximo do meu, e sua boca tão próxima da minha. Ele me deu um beijo longo e intenso. Calmo demais perante as nossas respirações irregulares. Meu corpo se arrepiou por inteiro enquanto sentia sua mão se entrelaçar em meu cabelo e seu braço apertar minha cintura junto ao seu corpo. Por fim, sua boca percorria parte de minha face e, quando baixei a cabeça, ele beijou minha testa.

A volta para casa foi dramática. Dougie dirigia e eu permanecia calada. Eu sentia como se algo estivesse muito errado ali. Como se eu tivesse errado. Chegamos à minha casa e, assim que paramos, Dougie esticou-se para beijar minha boca, mas eu o impedi, colocando meu dedo indicador em seus lábios.

– Preciso pensar. - eu disse, e saí do carro.

Depois de passar a noite inteira pensando, tomei uma decisão. Esperei que a manhã de domingo se iniciasse para ir até a casa de Dougie.

– Isabella?! - ele disse surpreso quando abriu a porta.

– Será que você ainda me quer? - eu disse, e ele me puxou para um beijo tão intenso quanto o da noite anterior. Sem desgrudar nossos lábios, ele empurrou a porta e deitou comigo no sofá da sala.

– Ei, vão procurar um quarto. - Danny interrompeu o clima quente e romântico em que estávamos. Ele estava parado próximo ao sofá com uma tigela na mão.

– É. Esse é o problema de morar em uma casa com mais três garotos. - Dougie murmurou - Vem Bella, vamos lá pra cima. - ele me puxou pelo braço, subindo as escadas até chegarmos ao seu quarto.

– Então esse o Mágico Mundo de Poynter. - eu disse irônica assim que adentrei o quarto. As paredes cobertas de pôsteres, o chão coberto de roupa suja, a cama desarrumada e o baixo no canto do quarto.

– É. Esse é o meu quarto. - ele se sentou na cama e eu me aproximei dele. Entrei no espaço que ele havia deixado entre suas pernas. Permaneci de pé enquanto ele segurava minha cintura.

– E quando você vai me trazer para dormir aqui?

– Quando você quiser. - ele disse, sorrindo.

– Era melhor ter dito: "quando seu pai permitir".

Passamos o resto do dia juntos. A certo ponto era bom tê-lo como namorado.

Dias depois, tive de passar uma semana no Brasil. Visitar a minha mãe. Olhei no calendário e notei que eu havia esquecido algo. O aniversário de Dougie passou e eu não liguei para parabenizá-lo. Também, quem liga para isso?

Voltei para Londres. Dougie parecia magoado por eu não ter se quer ligado para ele no seu aniversário. Que idiota.

O verão se foi e o outono se iniciara, e junto com ele veio a certeza, Dougie me amava de verdade. Percebi isso quando ele pôs em minha mão um anel de compromisso, um anel de namoro, propriamente dizendo. Mas o pior de tudo foi perceber que eu também o amava, eu o amava mais do que deveria. O medo ainda se alastrava dentro de mim. Eu tinha medo de sentir dor e de fazê-lo sentir dor.

– Por que você está chorando, meu amor? - ele disse, ao ver pela primeira vez lágrimas escorrerem de meus olhos.

– Eu tô com medo. - eu disse em meio ao choro, e ele me pegou em seus braços, prendendo-me a seu corpo.

– Medo de quê? - ele perguntou.

– Medo de sofrer como a minha mãe sofreu quando meu pai a deixou.

– Calma, tá tudo bem. Eu tô aqui com você e não vou te deixar nunca. - Ele me acolheu em seus braços, fazendo com que eu me sentisse mais segura.

Logo chegou o inverno. Dias frios e escuros. O medo do dano que a relação que eu vivia com Dougie causaria se arrastou em minha mente. Eu sabia que, quanto mais alto você sobe, mais brusca é a queda. Então, talvez fosse melhor terminar com isso de vez, seria melhor para os dois.

– Eu acho melhor nós darmos um tempo, Dougie. - eu disse, enquanto conversávamos sobre o assunto.

– Dar um tempo? - ele perguntou, incrédulo - O que eu fiz? Olha, se eu fiz algo de... - eu o interrompi.

– Não Dougie, não é isso. O problema não é você, sou eu. Eu me sinto presa com isso tudo, sem a mínima liberdade.

– Bom, se você achar que eu estou te prendendo muito, tudo bem, eu vou mu...

– Não, Dougie, você não entende? Eu não quero mais. - naquela noite eu vi sua face perfeita se contorcer em uma expressão de dor – Adeus, Dougie. - eu disse, e atravessei a porta de sua casa.

Quando cheguei ao meu quarto vi as rosas que ele havia me dado mortas dentro do pequeno vaso. Eu deixei que elas morressem. Talvez eu tivesse feito a maior burrada de minha vida quando eu disse Adeus a Dougie, mas isso somente o tempo iria dizer.

Nove meses depois

A banda na qual Dougie tocava explodiu. Estavam fazendo milhões de shows. A essa altura, eu quase nunca o via. Depois de tudo que aconteceu viramos amigos, apenas bons amigos. Mas o pior de tudo é que o tempo passou e o arrependimento pelo que fiz se alastrou dentro de mim. Eu não conseguia mais tirá-lo de minha cabeça. Toda hora eu voltava para dezembro, quando eu tinha todo seu amor e tudo que lhe dei em troca foi um "Adeus".

Só me restavam as lembranças que eu tinha das nossas tardes de primavera correndo pelos parques de Londres, de quando eu o assisti rindo no banco do carona, de quando eu percebi que eu o amava no outono e na primeira vez que ele me viu chorar naquela noite de setembro.

Queria poder ter percebido o que tinha quando ele era meu, queria poder voltar a dezembro e corrigir meus erros, queria que ele me amasse de novo, e eu juro que eu o amaria do jeito certo.

Ouvi baterem na porta e fui atender.

– Dougie?! - eu disse, surpresa.

– Oi Bella. - ele disse sorridente, mas fui capaz de enxergar certa dor em seus olhos. -Acho que ainda somos amigos, não é?

– É. Entra. - eu disse, e ele entrou. - Já não nos vemos faz tempo, não é?

– É. Acho que a banda me deixou meio ocupado.

– Entendo. - eu disse - Você não quer ir lá pro quarto? Porque daqui a pouco meu pai vai chegar e tomar conta do sofá e da TV.

– Claro. - ele respondeu e subiu.

– Estou feliz por você ter arranjado tempo para me ver, acho que não deve ser fácil conseguir alguns minutos de folga. - eu disse, depois que ele sentou em minha cama - Como estão as coisas? E os garotos? Não os vejo há um bom tempo. - eu já não os via desde o fim do ensino médio.

Conversa fiada, sobre coisas bobas. Foi assim cerca de 30 minutos, mas logo ele se cansou daquela situação que parecia desconfortável para ele. E eu sabia o porquê. Ele ainda tinha guardado em sua mente aquela noite do dezembro passado.

– Dougie... - eu disse antes que ele abrisse a porta do quarto, e ele virou-se para mim - Desculpa.

– Eu já te perdoei. - ele respondeu seco.

– Volta pra mim, por favor. - eu disse. Senti uma lágrima escorrer de meus olhos.

– Eu te amei desesperadamente, e tudo o que você me deu foi um "Adeus". - uma lágrima também escorreu de seus olhos.

– Eu tô aqui, agora, engolindo todo meu orgulho na sua frente para te pedir desculpas pelo o que fiz aquela noite, mas, por favor, por tudo que é mais sagrado, volta pra mim. - Eu supliquei de frente para ele, completamente entregue às lágrimas - A liberdade que eu tanto desejei agora não passa de saudades de você. Eu queria poder voltar para dezembro e mudar de ideia. Porque eu tinha tudo que eu precisava nas mãos e eu não dei valor. Eu ainda te amo. - assim que terminei de falar, ele olhou dentro de meus olhos e saiu.

Fui até a grande janela de meu quarto e o vi sair de minha casa. Talvez ele nunca mais voltasse. Talvez aquela fosse a última vez que eu o via. Mas eu tinha certeza de uma coisa: em meio à amargura de seus olhos, ele ainda deixava transparecer que me amava.

"There is not always a second chance"

FIM



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Notas finais do capítulo

Bom, a primeira fic do McFly que eu posto, dessa vez uma songfic,inspirada em uma música que eu amo chamada Back to December da Taylor Swift. Essa fic também está no site do McFly Addction, então não achem que é plagio se a encontrarem por lé, ok?
Espero que gostem, eu adoro essa fic, confesso que é uma das minhas prediletas entre as quais eu já escrevi.
Mereço reviews?
Obrigada por ler, beijos!