Samantha Roberts - O Infiltrado escrita por Duda Chase


Capítulo 8
Tenho mesmo que salva-la?


Notas iniciais do capítulo

Descuuulpem pela demora. E q fui viajar e tb to sem tempo. Tomara q gostem



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Parecia tudo certo até aí, não? Parecia. Começa aí o pior verão de minha vida inteira.

Descemos para o mundo mortal novamente. Não sei explicar, mas depois de você estar no Olimpo, até uma cidade como Nova Iorque fica... chocha. Pomos nossas mochilas nos ombros e nos preparamos para o maior desafio de toda a missão: achar um táxi que pare para a gente.

Eu estava ansiosa, preocupada e muito molhada. Demoramos vinte minutos para conseguir um táxi. Repetimos nossa formação. Nick pediu para o taxista que nos levasse ao Aeroporto Internacional John F. Kennedy, para que enfim poderemos voar para a Grécia. Não sei é por causa do TDAH, mas eu já não suportava ficar sentada no carro por horas, imagine uma viagem de quatorze horas. O que me restou para me distrair foi rodar meu anel no dedo. Tirei o anel de meu dedo. Nicholas 04 07 2011 Eu te amo, ele mandou escrever na parte interior do anel. Ler isto de novo já foi o suficiente para me fazer sorrir.

Entramos no JFK Access Road e logo a taxista nos deixou no aeroporto. Pegamos nossas mochilas e fomos lá para dentro. Iriamos fazer o Check-In, quando avistamos a ruiva artificial mais detestável de todas.

– Ah, não pode ser ela. Pensei que já tínhamos nos livrado dela. – Grasnei.

– Quem? – Nick perguntou.

– Kimberly Diamond! – Queen gritou. – Essa garota me persegue até aqui?

– O quê? – Jenny e eu falamos ao mesmo tempo.

Kimberly nos viu a trouxe aquelas enormes malas rosa até nós. Ela nos olhou de cima abaixo com desdém e deu uma secada em Nick. Já posso gritar Sofía agora?

– Meninas, não vão me apresentar sua amiga? – Nick perguntou.

– Ela não é nossa amiga! – As três gritaram juntas.

– Fala sério, vocês tinham que ser unidas mesmo. As três babacas! – Ela riu sozinha.

É agora que eu grito Sofía! Não iria matar aquela mortal idiota mesmo, só por diversão. Mas Jenny segurou meu braço.

– Gente, - Queen disse. – Lhes apresento a maior desgraça de Seattle, que dei graças quando ela se mudou.

– Ora, ora. Queen Boulevard, quanto tempo. – Cruzou os braços. - Como vai sua mãe querida?

– Cale a boca, infeliz! – Queen mandou. - Vai viajar para onde? Papai te colocou em outro internato porque não consegue mais ver sua cara, de novo?

– Para sua informação, eu e meu pai estamos nos dando muito bem agora. Vou para nossa casa de veraneio, na Espanha! E vocês vão para onde com essas mochilas?

– Grécia. – Jenny estava se segurando para não sair do sério.

– Credo, ela está falida. Lá só tem coisa pra velho também. Só uma nerdizinha como Samantha iria querer ir para lá.

– Já chega! – Nick estourou. – Quem você pensa que é para ficar falando assim de minhas amigas e da Sam? Nem conheço e já te odeio! Odeio gente mesquinha. Odeio gente que se acha melhor que as outras por causa de dinheiro. Odeio patricinhas. Odeio implicantes. O que você ganha com isso? Que coisa idiota. Vamos, garotas. Temos que fazer o check-in agora ou vamos perder o próximo voo. Temos pouco tempo e não vamos perder para ela.

Nunca o vi tão estressado. Ele brigou com a Kim Impossible, ai que orgulho! Estávamos na fila do Check-In quando se ouviu um estrondo. Olhei para trás e vi que uma parede foi derrubada e pessoas começaram a brigar. Nós quatro nos entreolhamos. Não, isso não era um assalto. Não era um atentado terrorista. Quem dera se fosse. Era trabalho para nós.

As figuras pareciam pumas, panteras, sei lá. A única diferença era que elas possuíam asas e uma cabeça enorme de águia. Grifos. Enormes, barulhentos e fortes Grifos. Em cima daquela pelagem preta, havia um pontinho. Um adolescente estava montado no Grifo. Armado com armadura, espada e adagas. Semideuses. Semideuses traidores. Semideuses do exercito de Sócrates. Semideuses que eu estava com vontade de socar o nariz. Nossa, que agressiva. É nisso que dar ser filha da deusa da guerra.

Gritei Sofía e aguardei que eles fizessem um ataque. Fiz uma contagem. Seis Grifos ao total, todos com semideuses montados. Olhei para trás e todos estavam armados – Nick com seu tridente, Jenny com seu arco e flecha e Queen com seu chicote elétrico e espada ainda embainhada.

– Vamos sair dessa fila! – Gritei no meio daquela algazarra. – Eles podem ferir as pessoas! Não sabemos o que os mortais estão vendo, mas não parece nada muito bom.

Corremos em direção as pestes.

– Desçam daí, covardes! – Queen os desafio. – Vocês não vão conseguir nada com Sócrates, idiotas!

Um dos semideuses riu. Ele guiou seu Grifo até a Queen para ataca-la. Me posicionei para salva-la ou ajudar, mas ela era boa demais. Ela se abaixou quando o Grifo passou por cima dela tentando acerta-la com suas garras e virou seu corpo para se posicionar para uma de suas chicotadas. Ela jogou o chicote para trás e o lançou em direção ao Grifo, que se enrolou na perna da peste e depois descarregou uma carga elétrica. O Grifo caiu no chão e derrubou o semideus, depois se desintegrou em cinzas.

– Atacar! – Um dos semideuses gritou.

– Espere! – Gritou o outro. Os dois se olharam e tiveram uma conversa silenciosa. – Vou distraí-los um pouquinho.

Nesse mesmo segundo eu desviei de um semideus que estava me atacando, montado no seu Grifo, e dei com a minha espada na sua nuca, fazendo com que ele desmaiasse.

Um dos semideuses foi com seu Grifo para a fila do Check-In. Corri para lá também.

– Vamos ver o que você faz pela sua amiga. – Ele falou.

Amiga? Olhei institivamente para Jenny, que acabara de acertar a coxa de um semideus, certamente para não mata-lo. Que outra amiga? Queen... err... meio que tenho essa. Mas ela não estava na fila do Check-In.

Acordei de mais um de meus transes de raciocínio quando uma menina gritou. O Grifo a agarrou com suas garras e a ergueu do chão. Sim, era a patricinha mais detestável. Cinco segundos até que ele suma com ela. Tenho mesmo que salva-la? Argh, eles acharam mesmo que eu era amiga dela? Em choque agora. Dois segundos e ele já desapareceria de minha vista.

Bufei de frustação.

– Gente! Pegaram a Kimberly! – Gritei. – Plano 12. Separar! Jenny, você vem comigo.

Ela atirou mais uma flecha no semideus com quem lutava e correu atrás de mim.

Os seguimos até o saguão principal. Éramos duas loucas correndo e gritando uma com a outra. O Grifo quebrou o telhado e foi para fora. Fiquei olhando para cima que nem vi a mala da senhora. Se eu quase dei um mortal e tive um tombo épico? Sim. Se a Jenny riu da minha cara? Com certeza.

– Se concentra! – Eu mandei. Olhei para o buraco no teto e vi para onde eles foram: para a pista dos aviões. – Como vamos chegar lá?

Ela pensou um pouco.
– Não sei. Podemos tentar na sala de embarque e ver se conseguimos passar pelos guardas. Lógico que vamos ser procuradas pela justiça, de novo. Esquece. Eu manipulo a névoa. Vamos para os portões, antes que ele a tire da cidade!

Assenti e tomei ar para uma nova corrida. Disparamos para a área de embarque. Ah, dessa vez olhei para o chão para não tropeçar. Quando chegamos lá vimos muitas famílias se despedindo, policiais, e mais adentro da parte de embarque, o Grifo no lado de fora com a Kimberly.

Corremos para entrar lá, mas um policial nos barrou.

– Opa, opa, opa. Onde pensam que vão, garotas? – O policial nos perguntou.

Enganar você, causar uma confusão, lutar com um monstro e salvar uma menina detestável, pensei.

– Err... – Pensei em algo para falar rápido. – Minha mãe esqueceu o celular dela! – Tirei meu celular do bolso e mostrei para ele. – E aqui está a agenda de compromissos dela. O voo dela sai em cinco minutos, senhor.

Ele pensou um pouquinho e apertou o botão de desbloqueio de meu celular.

– Sei, seu celular. – Ele falou. – E presumo que sua mãe goste de ter uma foto sua abraçada com um garoto no plano de fundo.

Ah, sim. Ela iria adorar ter uma foto dessas, pensei. Droga.

– Ele é meu irmão. – Falei, mas acho que o policial não engoliu. – Na verdade, ele é filho do meu padrasto.

– Não olhando para você desse jeito. Agora vão, senão eu vou deter vocês.

– Senhor, mas a Sam está falando a verdade! – Jenny insistiu.

– Esquece, Jenny. – Disse. – Tive uma ideia.

Fomos correndo de volta para a fila do Check-In.

– Certo, Srta. Wikipédia. Qual é o plano? – Jenny perguntou.

– Sabe, eu sempre quis saber para onde as malas iriam depois de serem colocadas na esteira.

Os olhos de Jenny se arregalaram.

– Genial.



Corremos para a fila do Check- In, mas paramos quando vimos a luta de Nick e Queen. Chegaram mais quatro Grifos. Logico que corri para ajudar. Cobri as costas de Queen, e matei um Grifo que iria ataca-la.

– Salvaram a Kimberly? – Queen me perguntou.

– Não. Já estamos indo, só parei pra te salvar desse Grifo.

– Tá esperando o que? Que ela morra pra você salva-la? Vai logo!

Queria passar Sabedoria pelo pescoço dela, mas puxei Jenny comigo. Passamos na frente de todo mundo na fila, ouvindo xingamentos e ‘’ Ei, furonas! ‘’. Quando chegamos na cabine da atendente, pulamos a balança das malas e passamos para o lado de dentro.

Os atendentes do Check-In tentaram nos prendem. Um fez uma tentativa de imobilização no meu braço. Doeu, mas com o outro braço dei uma cotovelada em sua barriga e o cara me largou. Eles gritaram para os policiais nos pegarem, o reforço já estava chegando.

– Pula na esteira! – Mandei.

E nos duas pulamos entre duas malas e fechamos os olhos.

Como posso descrever lá dentro? Sério, nunca imaginei que fosse assim. Eu imagina um negócio mais ou menos como o de Toy Story 2, totalmente sem nexo e direção. Mas até que era arrumadinho. Era um pouco escuro e todas as esteiras iriam para uma ‘’ luz no fim do túnel ‘’, e um cara pra por a mala no carrinho nos esperava.

– Quando chegarmos lá – Sussurrei. -, apenas corra para longe dele. Se for na direção do Grifo, melhor.

Quando chegamos no fim da esteira, caímos no chão da pista de decolagem. O homem começou a gritar com a gente e saímos correndo. Avistei o Grifo, o que não foi difícil assim com a Kimberly gritando feito louca.

Corremos em sua direção. Ergui minha espada na defensiva, me preparando para um possível ataque surpresa dele, e Jenny pôs mais uma flecha na corda do arco. Ela começou a mirar no Grifo e tive certeza de que ela não iria errar. Mas, para ter certeza de que não iria acertar Kimberly, ela foi andando para frente, entrando na pista de voo. Um avião jumbo havia acabado de virar na pista. Olhei para Jenny, ela nem tinha notado. O avião acelerou. Jenny deu mais um passo a dianteira. Cem metros de distancia. Nenhuma reação dela.

Corri e puxei ela para trás, fazendo que ela quase voe para fora da pista. O avião passou pela pista cinco segundos depois.

– Como você não viu esse avião, sua louca distraída? - Gritei para ela.

Nesse momento vejo seu IPod cair do bolso. Vontade de enforcar aquele pescoço lindo era grande.

– O que você está fazendo ouvindo música? – Gritei mais alto.

– Sempre faço isso. Tudo fica mais legal com trilha sonora. – Ela se levantou e limpou as calças. – Ai, essa doeu.

Olhei para ela incrédula.

– Trilha sonora? Trilha sonora! Estamos resgatando um monstro capturado por outro e você quer trilha sonora? Jenny!

– Quieta. Você também tem suas manias.

O outro semideus conduziu o Grifo até nós. Ele abaixou seu corpo e tentou nos acertar com a espada, nos desviamos para a direita.

– Certo, gênio. – Jenny disse. – Qual é o novo plano?

Pensei um pouco, não seria nada difícil.

– Simples. Mande-me correr cinco segundos antes lançar a flecha no Grifo. Vou amortecer sua queda e depois você cuide para que ela não fique louca com o efeito da névoa. Eu cuido do semideus em cima do Grifo.

– Certo.

Agora na direção contrária a pista Jenny preparou o arco. Ela olhou para mim e me mandou correr. Disparei a frente quando ela acertou o Grifo com a flecha, já que um mínimo erro de calculo resultaria numa Kimberly esmagada. Ei, isso não é tão mal. Ah, esquece.

Com um grito de estourar os tímpanos, Kimberly começou a cair. Me joguei embaixo dela e retardei sua queda. Deslizamos um metro no asfalto, era impossível eu não ter me ralado toda, mas nada aconteceu. Entranho. Quando o Grifo se desfez em poeira, ele já estava perto do chão. O semideus pulou do Grifo e deu uma cambalhota no chão, caindo de joelhos. Uma aterrisagem perfeita, diria. Sócrates estava treinando muito bem suas tropas, eu tinha que tomar cuidado com isso.

Jenny correu por trás de mim para ver se Kimberly estava bem, mas não prestei muita atenção. O semideus veio em minha direção. Cada passo pesado seu demostrava a raiva e determinação que ele tinha em me matar.

– Simplesmente a atrase, Fred. – O semideus pensou.

Me atrasar? Não gostei disso. O que estava acontecendo enquanto ele me enrolava aqui? Eles pegaram Nick? Ah, tinha a gótica também. Eles estavam atacando o acampamento? Afugentavam as Caçadoras para mais longe ainda de nós? Preparavam mais uma armadilha? Isso não era nada bom mesmo.

– Desista. – Mandei. – Sócrates não vai ganhar! Ele está te usando! Semideuses não podem reinar perante aos próprios deuses, mesmo que ele consiga enfraquece-los. Sócrates é louco! Olhe, aqui em Nova Iorque tem o Acampamento Meio-Sangue. Chame também outros semideuses que estão no lado de Sócrates! Vamos receber você como vocês merecem, somos uma família e não peças no tabuleiro.

Fred deu duas longas passadas para frente e tentou um ataque com a espada, que desviei facilmente com a lateral de minha lâmina.

– O que nos merecemos é poder! – Gritou Fred. – E quer saber, Roberts? Três vivas para o grande Sócrates, aquele que quer mais! Uma nova era vai começar. A era dos semideuses!

– Cansei de você. Desfrute de seu reinado no Tártaro!

Dessa vez fui eu que ataquei. Odeio quando falam de Sócrates, sempre fico com raiva. Tentei acertá-lo no braço, o suficiente para causar muita dor, mas não para mata-lo. Ele desviou e sua espada e tentou um contragolpe. Girei meu corpo com o pé esquerdo, de modo de que eu ficasse de costas para Fred. Ele demorou demais para perceber meu movimento e desceu a espada do lado de meu braço. Agarrei seu punho com minhas duas mãos com toda a minha força e bati sua mão em meu joelho direito, fazendo com que ele largasse a espada. Aproveitei minha posição e dei duas cotoveladas em seu nariz. Virei-me e ergui minha espada na posição defensiva.

Ele limpou o nariz e cuspiu no chão.

– Garota infeliz!

Ele desembainhou uma adaga e apontou para mim.

– Vou ignorar o que o mestre diz. – Fred anunciou. – Vou te matar agora.

Balancei a cabeça negativamente.

– Aulas de como viver nesse mundo com Samantha Roberts. Dica número um: Nunca, mas nunca mesmo viole as estratégias dos filhos de Atena. Você com certeza vai acabar se ferrando. Dica número dois: Nunca aja imprudentemente. Dica número três: não pode ser socar no meio de uma luta.

– Que diabos você...

Pow! Fiz com que ele se desse um soco na barriga.

– Ei, Fred. Por que está se batendo?

– Como você sabe meu nome?

Ele se deu um soco bem dado no queixo. Dei uma pequena risada e andei lentamente para trás dele.

– Bons sonhos, iludido.

Dei um chute em suas costas e ele caiu com a cara no asfalto, já inconsciente.

Arrastei Fred para um local onde ninguém poderia vê-lo de imediato. Corri na direção de Jenny, que já estava sentando Kimberly.

Me ajoelhei no lado das duas.

– Tinha... tinha um pássaro. Aí ... aí ... nossa, que dor de cabeça. – Kimberly falou.

– Isso mesmo. – Jenny disse. – Você bateu a cabeça.

Nesse momento um cara que opera aqueles carrinhos de bagagem correu em nossa direção.

– Ei, garotas! – Ele falou. – Essa área é proibida! O que estão fazendo aqui?

– Desculpe-nos, senhor. – Falei. – Nossa prima é deficiente mental e correu para cá sem que percebêssemos. Eu estava morrendo de preocupação e a segui. Por favor, pode nos levar para o salão de embarque?

Antes de o homem responder, uma voz no auto falante anunciou:

– Atenção, passageiros do voo 2376-5. Nova Iorque JFK para Atenas. Ultima chamada, embarque imediato.

Jenny e eu nos entreolhamos.

– Ferrou.





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