O sol já brilhava lá fora, não porém, no quarto de Sirius Black, onde um garoto bonito, de cabelos negros e lisos, buscava algo nas gavetas.

            - Monstro veio informar que o café está pronto senhor.

            Disse uma voz, que soava como um guincho agudo, por trás da porta. Sirius não respondeu. Era preferível fingir que dormia.

            - O senhor irá descer? – Insistiu o elfo.

            - Me deixe dormir! – Respondeu Sirius com mal modos, e fingida voz de sono.

            Se descesse, teria de ver todos eles novamente, Sirius ouviu o elfo se afastar.

Sabia que não poderia ficar ali para sempre, mas descer significava que teria de falar com a mãe, e com isso, provavelmente continuar a discussão da noite anterior.

Sua pulsação acelerava só de pensar.

Sua mãe, que cansada de ver Sirius passar quase o dia todo no quarto, sem conversar com o resto da família, foi até lá, com intenção fazê-lo socializar-se com seus familiares, o encontrou debruçado sobre uma revista de motocicletas lendo-a com atenção. Os gritos da Sra. Black ainda ecoavam nos ouvidos de Sirius. “Interessando-se por invenções destes malditos sangues sujos! ”

A Sra. Black é claro, destruiu todas as revistas que encontrou, e era isso o que Sirius procurava na gaveta de sua escrivaninha. As revistas que a mãe não achara, para escondê-las em um melhor lugar, que fosse mais seguro.

O estomago de Sirius roncou de fome, mas ele não ia descer, detestava as refeições em família, que eram regidas por conversas muito desagradáveis, na opinião de Sirius. A da noite passada foi sobre como o mundo bruxo estaria melhor se criassem, uma lei permitindo a captura de trouxas.

Sirius colocou todo o braço dentro da gaveta em busca de suas revistas, mas não encontrou nenhum papel excluindo um cartão de natal antigo de sua prima Andrometa.

É claro, pensou Sirius enquanto fechava a primeira gaveta, para vasculhar a segunda, não era o fato da mãe ter destruído suas revistas que mais o revoltava, motos não eram tão importantes, apesar de possuir uma paixão por elas, mas ao contrário do que pensava a mãe, ele também gostava muito de vassouras, seria ótimo ter uma mistura dos dois, uma motocicleta que voasse... Não, o que irritava Sirius, é que não entendia por que sua mãe, por que toda sua família tinha tanta raiva dos trouxas, e nascidos trouxas.

Foi então que finalmente encontrou o que buscava. Suas mãos tocaram uma pequena pasta no final da gaveta. Sirius a retirou com cuidado...

Estava no meio do quarto, pensando em um esconderijo quando a porta se abriu fortemente, batendo na parede.

Seu irmão mais novo, Régulo estava parado ali, segurando um envelope na mão direita. Sirius o fitava com curiosidade.

-Chegou Sirius! Sua carta de Hogwarts!

Pela primeira vez, Sirius Black viu o sol naquela manhã. Deixou as revistas escorregarem de suas mãos e cair, espalhando-se no chão. “Estou livre!” Pensou Sirius.