Bruderlichkeit escrita por keca way, Duda_


Capítulo 5
Round 2 - Mais lembranças!




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- Trecho de Hilf Mir Fliegen (Me Ajude a Voar) -

(Me conte todas as mentiras
Me faz acreditar nelas
Já não consigo respirar mais
E este silêncio me faz surdo
Só há paredes escuras e sem luz
Tudo aqui não tem nada de mim)

 

Bill andou sem rumo por um longo tempo. Estava mais frio do que quando saiu de casa, começara a nevar e uma fina garoa caía, fazendo com que cada parte de seu corpo congelasse ainda mais. Ele andou pelo que lhe pareceram horas, deu uma volta completa pelo seu bairro, que não era muito grande, e acabou se vendo no centro comercial da cidade.  

Bill observava famílias inteiras andando pelas ruas com várias sacolas e presentes de natal... Ele se lembrava muito bem que costumava fazer isso quando era menor, junto de seus pais e seu irmão. Foi exatamente nessa mesma época que Tom lhe prometera o que no fundo nunca cumpriu. Era o que Bill odiava lembrar-se e o que lhe fazia sentir tanto ódio do irmão. Aquelas palavras, aquele sentimento de traição, por dez longos anos ficaram estampados no coração do moreno mais novo.  

 

“Eu confiava tanto nele... E o que ele me fez? Ele partiu, e me deixou sozinho... Ele prometeu nunca me abandonar, mas foi exatamente o que ele fez...”

 

O moreno andou por mais tempo, tentando fugir daquelas memórias, e sem nem se quer precisar, suas pernas o levaram direto para onde ele menos queria estar, para o único lugar onde ele não queria retornar naquele instante, para sua própria casa.   Assim que deu por si, ele parou na esquina, aonde tinha ampla visão da enorme casa onde morava, mas não se aproximou.  

 

“Ele já deve estar aqui” – pensou o garoto meio desnorteado.  

 

Sua atenção logo se voltou para um carro que vinha pela outra rua, em direção à sua casa. Não precisou observar muito para perceber que aquele era o carro de sua mãe, reconheceria-o em qualquer lugar, e provavelmente Tom estaria nele.  

 

Ele esperou para comprovar sua teoria e logo viu sua mãe descer junto com um garoto, na sua concepção, largado com roupas ridículas e um cabelo nojento, que, com certeza, seria seu irmão.

 

Bill ficou horrorizado por ver o que Tom acabara se tornando longe da convivência com a mãe, e um desprezo enorme tomou conta dele. Muitas lembranças vieram como bombas em sua mente, isso o deixou meio atordoado, e ele resolveu ir para o único lugar em que ele se sentia realmente seguro quando precisava de uma palavra amiga, ou apenas um ombro para chorar.    

 

- Bill o que está acontecendo? – Tom acabara de entrar no quarto do irmão, onde Bill se encontrava abraçado as suas pernas, com algumas lágrimas em seus olhos castanhos. – por que você está chorando? Em? – ele disse, ajoelhando-se junto ao irmão.  

 

Bill continuou do jeito que estava e Tom não precisou esperar a resposta vir da boca do irmão.  

 

 Ele podia ouvir perfeitamente a briga vinda do quarto dos pais, fora exatamente esse o motivo que o havia levado até o quarto do mais novo. Tom sempre ia ao encontro do irmão quando isso acontecia, assim eles se sentiam mais seguros e protegidos, estando na presença um do outro.    

 

Eram cada vez mais constantes as brigas entre Simone e Jörg, o que deixava os gêmeos muito assustados, pois sabiam que se continuasse assim a separação seria inevitável, acabando por separar os gêmeos também.  

 

Essa com certeza era uma das piores brigas do casal e a chuva forte que caía do lado de fora da casa piorava ainda mais a situação. Tom se sentou junto a Bill e o abraçou forte.   - Não chora! Vai dar tudo certo... Você vai ver...  

 

- E se não der? Eles vão nos separar Tom, eu não vou agüentar ficar sem você!   - Não pense nisso Bill... – Tom foi interrompido por um grito agudo, que com certeza era de Simone e um barulho alto de alguma coisa de vidro caindo ao chão.

 

 – Não se preocupa Bill. Eu nunca vou abandonar você... Aconteça o que acontecer sempre estaremos juntos, eu te prometo... Prometo... Eu juro que vou sempre estar com você...

 

 - E se eles nos separarem? E se a gente não conseguir ficar juntos? – Bill teimava, chorando cada vez mais, mas a esperança de não se separarem reluzia em seus olhos.  

 

- Aconteça o que acontecer, eu vou dar um jeito e a gente vai ficar juntos. Ninguém vai nos separar... Nunca! Entendeu?! Eu prometo que ninguém nunca vai conseguir separar a gente!  

 

“Mentiroso” – lágrimas se formaram em seus olhos, mas ele não as deixou cair. Prometera a si mesmo que não choraria mais, por ninguém, muito menos por Tom, que o havia abandonado depois de tal promessa.  

 

Promessa essa em que ele acreditou durante muito tempo. Ele nunca se esquecera das palavras do irmão que partira sem nenhuma explicação, sem dar notícias. Nem ao menos uma carta lhe fora enviada, nem mesmo um telefonema... Isso era o que mais deixava o moreno chateado, saber que a pessoa que ele mais amava no mundo o abandonou a própria sorte e que nem tivera a coragem de lhe dizer o porquê de sua partida.  

 

Bill sentiu seu rosto congelar por causa das lágrimas que ainda caíam involuntariamente, e foi só então que percebeu alguns flocos de neve caindo lentamente sobre sua pele e rosto, estava mais frio do que quando saíra de casa pela manhã. Para tentar se proteger do frio, Bill cruzou os braços e os esfregou um sobre o outro, agradecendo mentalmente por finalmente estar em frente ao único lugar que agora seria para ele um abrigo, onde poderia estar sem se incomodar com seus fantasmas do passado que vieram depois de tanto tempo lhe atormentar, estava finalmente na frente da casa de sua grande amiga, mais do que isso sua avó.  

 

Ele entrou no jardim da casa, sem nem ao menos tocar a capainha e ficou por muito tempo estático ao lado do portão. Bill revivia sua infância, quando costumava brincar naquele jardim, as lembranças eram cada vez mais reais, era como se ele estivesse vendo tudo como um filme na sua cabeça, os dois garotos felizes, brincando na neve, esperando ansiosos pela noite de natal.  

 

- Bill? Querido, o que faz aqui? – Bill saiu de seus devaneios ao ouvir a voz familiar de sua avó. – Meu amor, entre! Está muito frio aí fora, não quero que se resfrie... – Bill demorou a entrar, ele respirou fundo e deixou que sua última lágrima escorresse, antes de ir em direção à avó que já estava ficando preocupada.  

 

- O que aconteceu meu amor? – perguntou, abraçando-o assim que fechou a porta.  

 

- Ele voltou! – exclamou Bill, e a abraçou ainda mais forte, encontrando o conforto que precisava nos braços daquela mulher.  

 

Naquele momento ele deixou que tudo o que sentia se libertasse de uma só vez de seu peito, em forma de lágrimas, desmanchando-se nos braços da avó. Ela sabia muito bem o quanto Bill esperou pela volta do irmão, que só agora aconteceu, e o quanto o garoto sofreu por isso.

 

– Você sabe o que eu mais desejava todos os natais? Que ele voltasse, mas agora eu simplesmente o quero longe de mim, eu o odeio vó, o odeio com todas as minhas forças... – Bill soluçava cada vez mais, enquanto se afundava nos braços da avó. – Ele mentiu pra mim, me enganou... E agora, por uma ironia do destino, nós estamos novamente juntos, isso não é justo...  

 

- Se acalme Bill... – ela disse, afastando-se do garoto, enquanto acariciava seu rosto. – Seu irmão não tem culpa de nada... Você não devia odiá-lo...  

 

- Ele me enganou, vó! Ele prometeu estar sempre ao meu lado... E ele não esteve por dez anos, ele me abandonou... E o pior, sem dá nenhuma notícia, sem me explicar o porquê, nada... Nada! Eu o odeio tanto...  

 

- Bill... – Eliza se controlou para não falar tudo aquilo que tinha vontade para o neto, ainda achava que seria mais fácil tanto para Bill quanto para Tom se os dois soubessem a verdade, mas respeitaria a decisão da filha. – Ô Bill, venha aqui meu querido... – pediu, sentando-se no sofá, deixando que o garoto deitasse em seu colo. – Tente não pensar em nada disso agora, acalme seu coração... Você logo verá que tudo tem dois lados...  

 

Bill não teve forças para responder, estava cansado e, sem nem ao menos perceber, pegou no sono, deitado no sofá, no colo da avó. Eliza saiu sem acordá-lo e ligou para Simone, pois sabia que a filha estaria preocupada com ele, já que já havia escurecido.  

 - Querida? – falou quando a filha atendeu ao telefone.

 

 - Mãe?! O Bill está aí?! Ele não está em lugar nenhum e...

 

 - Sim, sim. Ele está aqui. – falou Eliza interrompendo a filha. – Eu liguei para lhe avisar, sabia que já estaria preocupada.

 

 - Aquele menino... Eu disse a ele para estar em casa hoje! E quando chego aqui, cadê ele?! – exclamava Simone, visivelmente irritada, do outro lado da linha.

 

 - Você não deveria falar assim, filha. O garoto está mal... Eu até pensei...

 

 - Você não contou nada, não é?!

 

 - Não. Não contei... Mas eu acho que...

 

 - Mãe, é melhor assim. Eles já estão sofrendo sem saber de nada. Imagine se soubessem toda a verdade!

 

 - Mas Simone, isso faria com que os dois vissem as coisas de outro modo... – Eliza tentava convencer a filha.

 

 - Não mãe, é melhor deixar as coisas como estão. Eles logo vão estar como se nunca tivessem se separado...  Você vai ver. – disse Simone, com certa esperança na voz.

 

 - Você sabe que eu acho que...

 

 - Eu sei o que você acha, mãe. Mas é melhor deixar as coisas como estão. Mande o Bill vir para casa...

 

 - Deixe ele dormir aqui hoje. Amanhã, bem cedinho, eu o levo aí.

 

 Simone suspirou do outro lado da linha, deixando, por fim, o filho dormir na casa da avó. Então se despediram com a certeza de que amanhã seria um novo dia, cada uma ficando com suas certezas e suas dúvidas, bem como manda o coração.

 

 

Preview do proximo capitulo:  "- Nossa! Vejo que os ânimos não estão nada bons, cheguei em má hora? – Simone e Bill olharam atentos para a porta ao ouvirem a voz da pessoa que entrava pela mesma."


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Notas finais do capítulo

Obrigada por todos que acompanham a fic, e pedimos mil disculpas pela demora...
A duda_ esta na correria com a escola, ano de vestibular e tudo mais, esta dificil para nós atualizarmos semanalmente como prometemos...
vamos pedir para que vocês tenham paciencia.. A gora não temos mais o dia correto que postaremos, mas vamos tentar que seja o mais rápido possivel..
obrigado a todos e não esqueçam de deixar seus comentarios...
bjos ;D