Bruderlichkeit escrita por keca way, Duda_


Capítulo 2
Despedida




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- Trechos de In die Nacht -

 

 

 

 

 

 

Tom ficou por muito tempo parado em frente à lápide do pai, recebendo os pêsames dos últimos amigos e familiares que estavam presentes no local. Logo o céu começou a mudar sua coloração, anunciando o final do dia, e fazendo com que a chuva caísse um pouco mais forte, obrigando o resto dos presentes a irem para suas casas, e deixando o garoto sozinho com Louis no cemitério.

 

- Vamos, Tom... Não quero que você pegue um resfriado! – Louis dizia carinhosamente, enquanto cobria o garoto com seu grande guarda-chuva preto.

 

- Me deixa aqui, só mais um pouco... Eu preciso ficar sozinho! – Tom disse, sem olhar para a moça que continuava parada observando-o.

 

Ela respeitou a decisão dele e saiu em direção ao carro, sabia que Tom precisava desse tempo, mesmo que fosse embaixo de toda aquela chuva, ela sabia que daqui para frente tudo mudaria na vida do garoto, mas não podia fazer nada para impedir que a mudança ocorresse já que, com o falecimento do pai, Simone ficava novamente com a guarda do filho mais velho.

 

Louis era a governanta da casa dos Kaulitz, foi ela quem cuidou do garoto desde pequeno. Apesar de também ser muito nova quando o conheceu, era como uma irmã mais velha que sempre o protegia de tudo e era, acima de tudo, sua melhor amiga, e mesmo com apenas 23 anos, era muito responsável e confiável.

 

A garota estava tão sentida e desnorteada quanto Tom, já que considerava Jörg como um pai, pois ele foi o único que a amparou e cuidou dela sem pedir nada em troca, quando ela estava sozinha e sem rumo na vida. Foi por gratidão a ele que ela começou a trabalhar ajudando-o nas tarefas da casa e cuidando de seu filho, que na época tinha apenas sete anos. Não demorou muito para que ela ganhasse a confiança do garoto e eles se tornassem grandes amigos.

 

Depois de quase uma hora, Tom se dirigiu cabisbaixo para o carro e entrou sem dizer nenhuma palavra. Louis podia ver todo o sofrimento nos olhos do garoto, e sabia que não era apenas pela morte do pai, mas também era o medo de enfrentar seus fantasmas e rever as pessoas que agora ele considerava estranhas, por mais que eles fossem sua única família no momento. Ela apenas olhou a carinha triste do garoto, e ignorou o fato dele estar todo molhado, e lhe abraçou, em sinal de compaixão.

 

- Vai ficar tudo bem... Você ainda tem sua mãe e seu irmão... – disse tentando consolá-lo, mas sem perceber, mexeu na única ferida que por mais de dez anos continuava aberta no coração do menor.

 

- Não! Eu não tenho mais ninguém, já que você também vai me abandonar! – ele falou, afastando-se dos braços de Louis, o que a fez ficar extremamente chateada, mas ainda assim, não ficou brava com o garoto, pois o entendia, e até concordava com o que ele dizia.

 

O cemitério não era muito longe da casa dos Kaulitz, e logo eles chegaram. Tom subiu para seu quarto e tomou um banho rápido. Louis preparou algo para o garoto comer, mesmo sabendo que ele não aceitaria e, quando ouviu o chuveiro se fechar, subiu para o quarto. Precisava dar uma notícia antes que ele dormisse, e sabia que com certeza, ela não seria bem-vinda de forma alguma.

 

- Tom? Posso entrar? – perguntou, colocando sua cabeça para dentro da porta, e logo avistando o garoto sem camisa, procurando uma em seu guarda roupa.

 

- Entra! – Tom disse seco, sem olhar para a garota, que não se importou e se sentou na cama dele.

 

- Vem aqui Tom! – disse zelosa, chamando o garoto para sentar-se ao seu lado. – Precisamos conversar...

 

Tom não hesitou e, mesmo sem colocar sua camisa, foi até ela e se deitou em seu colo, com seus olhos vermelhos de tanto chorar.

 

Louis sorriu e começou a acariciar de leve os cabelos do mais novo, fazendo-o se sentir protegido e, por um instante, Tom se esqueceu de seus medos e apenas tentou não pensar em nada.

 

- Me desculpe Tom... Eu não queria te deixar sozinho logo agora, mas eu acho que não serei bem-vinda na sua nova casa... – Começou ela, reparando na reação do garoto.

 

- Não me interessa se eles vão querer você lá ou não, eu preciso de você. Eles são completamente estranhos para mim e você sabe muito bem disso, só você sabe o quando eu ainda sofro por causa deles...

 

- Tom, você tem que dar uma nova chance pra eles... Principalmente para seu irmão... E se a história não for como você pensa?

 

- Pra que? Pra eles me abandonarem novamente? Eu sei muito bem o que aconteceu... Meu pai nunca mentiria para mim! – Tom não conseguiu segurar as lágrimas e deixou que elas rolassem pelo seu rosto, partindo o coração de Louis. – O pior é que agora ele já não esta mais aqui! Bendito acidente, eu poderia ter morrido junto com ele, pelo menos não precisaria voltar para aquela casa! – Ele concluiu, transparecendo a raiva que sentia.

 

- Não fala assim, Tom! Eu agradeço a Deus todos os dias por você ter sobrevivido. Eu vou estar sempre ao seu lado irmãozinho, você não tem com o que se preocupar! – Falou Louis, tentando reconfortar o garoto.

 

Tom queria poder acreditar naquilo que Louis lhe dizia, mas sabia que estar ao lado dela logo não seria mais possível, e isso fazia com que o seu coração doesse ainda mais. Teria que voltar a morar com as pessoas que ele aprendeu a odiar ao longo desses dez anos, e estaria sozinho. O pai morto, e a constante saudade daquela pessoa que ainda estava viva, mas que daqui a algum tempo, estaria longe demais dele.

 

- Você não vai estar sempre comigo... O que eu vou fazer sem você?

 

Louis não disse nada, ela sabia que não poderia estar mais ao lado de Tom, isso foram ordens expressas da família de Jörg, eles não queriam o menino por perto, mas Louis não iria contar isso para ele, pois só deixaria o garoto pior do que já estava.

 

- Sempre que você precisar, eu vou estar aqui! É só você me ligar... Eu vou estar na casa de seus avós caso você precise de mim...

 

- Eles não me querem aqui, não é mesmo?

 

- Claro que eles querem você por perto! – mentiu – Eles te amam Tom...

 

- Não precisa mentir pra mim, eu não sou mais uma criança!

 

Louis não disse nada, e Tom teve certeza que estava certo pelo silêncio da moça.

 

- Tom, eu só queria te dizer que eu vou sentir muito sua falta, mas que eu vou continuar mantendo o contato com você, irmãozinho! – Ela sorriu, mas logo ficou séria novamente, pois Tom não correspondeu seu sorriso e apenas se levantou. – Eu acho melhor você arrumar suas coisas e tentar descansar um pouco. Sua viajem foi adiantada, você embarca hoje à noite, provavelmente você chegará à Alemanha amanhã pela manhã...

 

Tom arregalou os olhos com essa inesperada notícia e sentiu a raiva transparecer em seu corpo.

 

- Eu não acredito! Quem adiantou essa porra de viagem? Foram eles, não foram? – Tom se referia aos avós paternos.

 

Louis fez um sinal tímido com a cabeça, e disse logo em seguida:

 

- Vou te deixar sozinho para que você possa arrumar, sossegado, suas coisas... Se quiser ajuda, é só me chamar... Eu também vou arrumar as minhas, já que tenho que sair dessa casa amanhã de manhã, junto com você.

 

- Você vai pelo menos me levar ao aeroporto? – Tom perguntou esperançoso, mas algo lhe dizia que ele já sabia a resposta.

 

Louis não conseguiu responder, apenas abaixou sua cabeça, não queria chatear ainda mais o garoto.

 

- Você não vai, não é mesmo? – mais lágrimas rolaram pelo seu rosto.

 

Louis não agüentava mais ver Tom naquele estado sem poder ajudá-lo, então, resolveu sair dali antes que ela acabasse contando toda a verdade para o menino.

 

Assim que ela saiu, deixando-o sozinho, Tom respirou fundo e se dirigiu até seu guarda-roupa, vestindo a primeira camisa que encontrou. Teria muita coisa para fazer, pois já estava escurecendo, e logo teria que voltar para o que ele considerava um pesadelo. Voltar para as pessoas que se tornaram praticamente sem importância em sua vida, era a parte mais difícil de tudo isso...

 

 


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Notas finais do capítulo

Preview do próximo capítulo:
" - NÃO! EU JÁ NEM CONHEÇO MAIS ELE... EU NEM SEI SE AO MENOS VOU RECONHECÊ-LO. NÃO FORAM DEZ MINUTOS, NEM DEZ DIAS, FORAM DEZ ANOS! DEZ ANOS! – Bill se levantou correndo e saiu em direção ao portão abrindo-o desesperado e correndo sem rumo. "

Gentee! Obrigada pelos reviews! Estamos muito felizes!
Aí está mais um capítulo pra vocês... Esperamos que gostem! :D
Beeijoss