December, 21 escrita por LarissaSoarex
Notas iniciais do capítulo
Bem, eu sei que esse capítulo está pequenininho, mas decidi fazê-lo como prólogo! Espero que gostem. *-*
Uma manhã normal, num dia normal. Bom, ao menos era esse o ponto de vista de John. Rotina de shows, entrevistas, seção de fotos, gravações, pontes aéreas e saudades. De modo algum era uma manhã normal, num dia normal, mas para John, como citei, era apenas rotina.
Era pouco mais de seis da manhã, o vôo acabara de chegar ao aeroporto de Sioux Falls, Dakota do Sul.
Vinte e um de Dezembro, o aeroporto estava praticamente vazio.
No saguão principal, não devia ter mais de trinta pessoas circulando pelo lugar, considerando o tamanho do mesmo. Pelas grandes paredes de vidro, era possível ver a cobertura branca nos prédios, chão, árvores. Neve. Muita neve.
— Cara, que frio! – resmungou Pat – Cadê a porcaria do casaco?
— Acho que está sobre seu corpo. – ironizou Jared.
— Mas me sinto completamente nu!
— Ainda bem que só sente.
Foi inevitável conter o riso.
Àquele momento, por mais que zoassem com Pat, davam-lhe razão. Realmente ninguém acostumado com o inverno ameno do Arizona agüentaria um tão intenso quanto aquele.
Horas mais tarde, todos estavam acomodados no principal hotel da cidade. Apesar de Sioux Falls ser a principal cidade do estado, os garotos da banda a estavam considerando tranqüila. Deram graças por não terem se deparado com diversos paparazzi logo em sua chegada. Nem com fãs enlouquecidas.
A neve foi útil em algo. Bom, por pouco tempo...
Casa se shows lotada, o coral de vozes acompanhava até mesmo os instrumentos. Tudo perfeitamente... Normal.
— Que cansado que eu tô. – resmungou Pat.
— Você tem reclamado muito ultimamente. – brincou Kennedy.
Porém, desta vez, apenas bufou.
— Vou comprar alguma coisa pra comer. – John levantava do sofá e vestia o casaco.
— Vai onde? – perguntou Garrett.
— Hm... Acho que comprar alguma coisa pra comer. – John colocava um óculos escuro em frente ao espelho dentro do closet da suíte.
— Não, não. – disse Garrett, até distrair-se por segundos com Kennedy tossindo – Isso entendi, mas por quê? Aqui no hotel disponibilizam comida. Vai sair pra quê?
— Bom, eu quero hambúrguer, batata frita, refrigerante. E aqui no cardápio tem uma coisa chamada Camembert Empanado. Seja o que for, não vou comer isso.
— E por isso vai se arriscar nesse frio maldito? Pra comprar MCDONALDS?? – frisou Garrett.
— Nossa, - John fingiu-se surpreso – esperava que você se preocupasse com os paparazzi, as fãs, ou sei lá.
— Ah, não. Pra isso que você vai sair de óculos escuros à noite. E além do mais, na gaveta tem uns bigodes de mentira, divirta-se.
— E só pra constar, não sei se vou comer McDonalds. – retrucou, colocando um bigode em seu rosto – Pode ser em qualquer lugar que tenha hambúrguer, fritas e refrigerante.
— Ok, cuidado.
— Relaxa, vou sair pela porta dos fundos do hotel. Ninguém vai perceber.
Não deu tempo para qualquer outro comentário dos seus amigos de banda e já batia a porta do apartamento com a força maior.
Não quis chamar atenção, apesar de correr como se estivesse desesperado pelos corredores do sétimo andar, optou por descer as oito escadas que levavam até o porão do hotel.
Ao chegar até lá, parou por instantes para retomar o fôlego, então observou o lugar. Escuro, úmido, frio. Nem parecia que o aquecedor central ficava ali. E as paredes? Brancas, mofadas, descascando. Também não parecia um porão digno de um hotel cinco estrelas.
Bem, era um porão não é, e além do mais, era o primeiro porão de hotel ao qual John se arriscava a ir, então não tinha muito a que criticar.
Alongou-se da posição levemente curvada em que estava e bufou, conseguindo ver a massa de ar frio saindo de sua boca.
— Quem está aí? – ouviu uma voz masculina, em tom cansado aproximar-se.
— Ni...Ninguém! – respondeu John.
Consciente da asneira que fizera, colocou-se a correr até a porta dos fundos, que ficava no mesmo corredor em que estava. Passou pela porta às pressas, mas ao fundo, conseguiu ouvir:
— Seu vagabundo assaltante, volta aqui!!
Então começou a correr, dessa vez mais depressa. Então percebeu que o portão dos fundos estava trancado no cadeado.
Dominado pelo desespero de ser pego como um “vagabundo assaltante” e isso se tornar manchete em jornais e revistas, decidiu subir em duas latas de lixo e escalar o muro. Não, não ia fazer papel de ridículo e ser pego.
Quando enfim conseguiu se equilibrar no muro, ele cai para o lado de fora e então começa a correr novamente, capengando, mas tentando fugir do velho segurança que vinha com um cassetete gritando algo como “vou chamar a polícia seu baderneiro!”.
Correu duas ruas, sem se tocar muito para onde ia, então virou a esquina de uma terceira e pronto, não fazia idéia de onde tinha se enfiado.
A rua era movimentada, cheia de lojas, muitas luzes natalinas, um colorido sem igual. Claramente, era uma rua comercial, não havia sinal de residências.
E o movimento era grande. O que o fazia se sentir mais deslocado, apesar de ninguém o encarar, ou perceber que era John O’Callaghan que estava ali. Passou por sua cabeça que o bigode escondia sua identidade muito bem.
E escondia.
Crianças faziam guerra de bolas de neves, corriam. Alguns adultos observavam, outros estavam em cafés e lanchonetes. Nenhum carro passava por ali no momento, porém alguns estavam estacionados próximos à calçada. Aquilo o fazia lembrar-se de sua família. Com os quais não passaria o natal.
Pelo segundo ano consecutivo. Mas era ciente de que eles o entendiam. Banda, música, fama, viagens. Mas era John mesmo que sentia o peso da saudade.
Passar uma data tão feliz e importante num quarto de hotel, numa cidade estranha, era triste. Logo abandonou esse pensamento e voltou à concentração, começou a procurar o velho segurança, checar se não o havia seguido.
Então quando percebeu que estava tudo sob controle, caminhou pela rua, completamente desviado de olhares alheios. Maravilhado com a união das famílias num dia tão frio. Quando se deu conta, já estava fora da parte da rua em que o movimento dominava e caminhava numa calçada já sem tanta circulação.
— Seu idiota! – gritou uma garota.
Ela estava frente a frente com ele, então John se deu conta do motivo da histeria. Não percebeu de imediato, mas esbarrou na garota de casaco preto e gorro de coelho, derrubou uma sacola de compras, espalhando tudo que estava dentro e derrubando o frapuccino da Starbucks de sua mão, que sujou parte de seu casaco e luvas.
— Olha o que você fez! Pelo amor! – continuou a gritar.
— Me desculpe! – disse, tentando recolher tudo que acabara de derrubar ao chão.
Então a garota agachou-se e começou a devolver tudo à sacola.
— Larga! Larga! – disse batendo em sua mão, claramente estressada – Eu junto!
— Calma moça, só estou tentando ajudar. – disse, insistindo.
— E resolve esbarrar em mim e derrubar tudo no chão? Não, obrigada. – disse, colocando a última maçã na sacola.
— Foi sem querer, não te vi! Você é um pouco baixinha. Desculpa. – levantou-se, oferecendo ajuda a garota que juntava o copo do Starbucks do meio da neve.
— Eu? – olhou para cima indignada – Baixinha? Agora está me chamando de baixinha? – levantou e jogou o copo no lixo.
— Não quis dizer isso.
— Olha quem fala meu filho, que tipo de pessoa usa um óculos escuro em plenas oito horas da noite? Você é um maníaco sexual ou solta lasers que nem o Scott de X-Man??
— Calma, não é isso. – tentou se explicar.
— E por que tá usando um bigode preto se seu cabelo é claro? – o interrompeu - Você só pode ser um maníaco!
— Moça, me desculpa, foi sem querer, não sou um maníaco. Que absurdo!
— Ahã, sei! – olhou sarcástica e irritada.
— Não sabe quem eu sou? – disse, tirando o óculos e bigode, dando tempo para que ela pudesse o observar e os colocou de volta.
— O idiota que derrubou meu Starbucks no chão! – continuou, indiferente – Ah, e muito obrigada por isso.
Não o deu tempo para mais desculpas, virou-se e voltou a caminhar pela calçada até chegar à parte movimentada.
John então começou a lhe seguir de forma discreta. Precisava entender porque ela não o reconhecera.
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Todos os fins de semana, novos capítulos serão adicionados. :)