Byakuya estava com o olhar distante. Não é como se fosse novidade para o ruivo ver seu capitão sentado na varanda, observando as pétolas caírem. Era algo que ele sempre fazia quando tinha tempo livre. 

O moreno percebeu os olhos de seu tenente pairados sobre ele, Renji sempre fazia isso. - Você não quer se juntar a mim? - O tom de sua voz estava sereno, não era tão severo ou distante como normalmente estaria no esquadrão. Renji gostava desses momentos. 

Seu coração acelerou por um momento e seus olhos se arregalaram, mas ao perceber seu descuido o ruivo se recompôs e foi até seu capitão. - C-claro. - Sentou ao lado do moreno, não desgrudando os olhos dele nem por um segundo. 

- Existe algo lhe incomodando? - Renji não entendeu direito a pergunta do capitão, ficou olhando-lhe como se pedisse uma explicação, que logo veio. - Digo, minha presença. Você sempre fica estranho quando estamos juntos. - Não era mentira, Byakuya as vezes sentia vontade de pedir para o rapaz se acalmar, era meio desconfortável.  

- Claro que não, Kuchiki-Taichou. 

- Renji, já falei que nesses momento você não precisa usar o Taichou, pode até me chamar apenas de Byakuya. - Ele próprio fez uma careta ao pronunciar seu nome, estava tão acostumado a ser chamado de Kuchiki.

Fazia algum tempo que o capitão resolveu se aproximar de seu tenente, Renji inicialmente não entendeu direito o porquê, mas a cada gesto que gentileza o coração dele acelerava. Ele era obcecado pelo seu capitão. Antes achava que era apenas uma motivação para se tornar mais forte, mas a verdade é que o sentimento de "competição" já havia se tornado paixão há algum tempo.  

- Desculpe, é meio estranho. - O ruivo sorria meio encabulado, coçando um pouco o cabelo.

- Por que você fica tão nervoso na minha presença, Renji? - Byakuya talvez não estivesse tão interessado na resposta, mas ao fazer uma pergunta achou que merecia uma resposta direita. 

- É que.. - O tenente sentiu seu rosto esquentar, obviamente não contaria à Byakuya que estava apaixonado por ele, seria expulso do esquadrão e se o capitão se sentisse ofendido demais sabe-se lá o que aconteceria. - Não sei, Kuc-.. Byakuya. 

O moreno observava o outro, sua pele ia ficando cada vez mais vermelha e por algum motivo que ele mesmo não entendia, sentia vontade de acariciar o rosto do ruivo. Kuchiki ainda se sentia solitário por causa de Hisana, mas não era por esse motivo que iria começar a aliviar a "carência" com seus subordinados. Foi isso que pensou, mas logo estava mais perto do ruivo, que recuava um pouco, assustado. Aquilo era certamente uma alucinação ou imaginação do tenente, era impossível Kuchiki corresponder seus sentimentos, sabia disso, era óbvio, então por que..? 

- Kuchiki-Taichou... - Renji gemeu baixinho o nome do moreno, que estava próximo dele, olhando-o nos olhos, os dois se olhavam tão fixamente que era como se pudessem ver seus interiores. 

- Eu acho que entendi.. - O líder da família Kuchiki se hipnotizou pelos olhos de tenente, apenas não conseguia desvia-lo dos seus, só foi possível faze-lo depois de ouvir algum pedido de desculpas do rapaz e ter um beijo roubado dele. Byakuya primeiramente pensou em se livrar daquilo, pois era um absurdo, mas logo percebeu que seus braços estavam envolto do corpo do ruivo e seria impossível tira-los dali. Quando ele conseguiu se libertar dos lábios do outro, que deixou ele escapar para tomar um pouco de ar, não que tenha sido um beijo tão intenso mas pelo fato de ser Byakuya, aquilo o deixava nervoso, não sabia o que dizer e disse logo a primeira coisa que venho a sua mente. - Então era isso?

O outro assentiu com a cabeça, ia fugir dali, correr, mas seu superior continuou abraçado nele. As palavras se embaralhavam em sua mente, se tentasse dizer algo provavelmente seria uma besteira ou palavras que nem ao menos existem. Aquele era um dos momentos mais sonhados por ele, talvez desde que teve consciencia que estava apaixonado pelo outro, o mais sonhado. 

- Bom.. - Kuchiki se soltou do ruivo, se encolhendo um pouco, não fazia a menor ideia do que dizer. - Eu estava pensando que nós deveriamos ter um pouco mais de intimidade, como alguns capitães tem com seus tenentes, mas garanto que isso é intimidade demais.. - Renji abaixou sua cabeça, o capitão estava certo e teria todo direito de expulsa-lo do esquadrão, e com o poder da família Kuchiki, até manda-lo de volta para Rukongai. - Mas, como "amigos" - Byakuya disse num tom não tão amigável, mas Renji ignorou isso, seu capitão era assim mesmo, talvez fizesse sem querer - nós podemos guardar alguns segredos entre nós. 

O outro não conseguiu conter um sorriso, esse poderia entrar na lista dos melhores momentos da sua vida. Renji pensou em abraça-lo, beija-lo e até fazer outras coisas, mas se conteve, Byakuya não disse nada de que esse momento se repetiria, não exigiria mais nada de seu capitão, apenas isso é o suficiente para fazer o rapaz feliz pelo resto de sua vida. Ele ia se retirar do local, afinal seria bastante constrangedor continuar ali após o que aconteceu, foi levantando-se mas para sua surpresa Byakuya segurou sua mão, impedindo-o de ir. 

- Taichou.. 

- Byakuya! - O outro sorriu para ele, puxando-o de volta para o chão. Mesmo que aceitasse que as coisas entre eles passassem um pouco de superior e subordinado, talvez nunca fosse aceitar coisas como ver o outro olha-lo de cima. Com certeza seu orgulho permaneceria e ele via coisas bobas como esta, como uma ameaça.  

 Um tempo se passou e as coisas entre Renji e Byakuya continuaram as mesmas dentro do esquadrão, Renji observava seu capitão cuidadosamente e se orgulhava dele, mas durante a noite e os momentos em que estavam sozinhos, o moreno era seu Byakuya.