Contrição De Snarkii escrita por Breno Velasco


Capítulo 35
Capítulo 035 - O Verdadeiro começo


Notas iniciais do capítulo

Thiago "Snarkii" Ishida, capítulo 035. Gih, Stell, Ekan, Cobra, Killer, Stryker... Todos mortos. No que minha vida faz sentido agora? Onde minha vida fez algum sentido? Talvez seja a hora de eu acabar logo com minha dolorosa contrição. Não tenho paciência de esperar alguém para responder tais perguntas. Entretanto... Último capítulo!! Boa leitura e Não esqueçam de comentar!



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Minha respiração estava cansada...

Os batimentos cardíacos estavam rápidos...

Minhas mãos tremiam incontrolavelmente...

Tudo isso, após um grito melancólico, um grito de tristeza...

Assim como tal grito, foi dado após...

Após um simples deslizar de meu dedo...

Um deslizar que... Que puxou o gatilho.



17 de Setembro de 2006



Gotas de suor caíam no chão. Antes ajoelhado, caí, tendo meus braços esticados para apoio. A arma caiu de minha mão no momento que puxei o gatilho. Ajoelhei-me, e passei a mão sobre meu rosto, tentando tirar todas as gotas daquele cansaço.

Respirava forte constantemente, olhando para o céu. Desesperadamente, peguei minha arma, segurei-a com força. Abri, e lá estava a bala. Mas por que ela não havia saído? Piscava os olhos incessantemente, questionando como não houve disparo.

"Decepção..." - Disse uma voz conhecida, uma voz que me acompanhou durante toda minha vida. Lentamente levantando minha cabeça para o horizonte, sem mudar de posição, a voz continuava: "Decepção é a palavra que melhor define esse momento".

Bruscamente me virei, enquanto ao mesmo tempo levantava. Olhei para sua face envelhecida, seus olhos castantos como os meus, sua pouca barba branca ao redor de sua boca, branca como seu cabelo.

Meus olhos se preencheram de lágrimas quando vi tal pessoa.

Jack, meu pai.

Movia minhas pernas para frente, tentando andar enquanto mancava um pouco. "Eu já esperava isso de você filho" - Disse ele, abrindo levemente seus braços". Meus passos lentos, se tornaram rápidos. Corri em sua direção, dando-lhe um abraço.

Seu braço esquerdo envolvia meu corpo, enquanto sua mão direita acariciava meu cabelo levemente bagunçado. Uma respiração aliviada foi ouvida de meu pai, enquanto concluia o longo abraço.

Olhando para ele, não disse nada. Não havia nada a dizer. Não conseguia. Apenas olhava para seus olhos envelhecidos, que demonstravam alegria. Sua face mudou, para uma levemente triste.

Estranhamente, ele fez a mesma pose de ataque de CPA, colocando sua mão direita sobre a mão esquerda, sem fechar os punhos, se preparando para um combate próximo, com o intuito de mobilização.

Ele segurou minha camisa com sua mão direita, e rapidamente apoiou sua mão esquerda em meu braço direito. Com um movimento para a direita, ele me jogou no chão. Tal impacto fez com que minha arma, M1911, que estava em minha mão direita, caísse no chão, deslizando breve e suavemente pelo chão.

Ele voltou a uma posição neutra, e calmamente andou até a arma, onde lá se agachou e pegou tal objeto. Levantando, encarava a arma, enquanto ao mesmo tempo me encarava.


– Não precisaremos mais disso. Na verdade, nunca, em nossas vidas, precisamos de uma arma como essa. - Disse, jogando a M1911 para fora do prédio.

– Huh...

– Eu te conheço, filho... Nunca abandonei você. - Disse ele, num olhar de consolo, um olhar sincero.

– Pai...

– Seu carro estava lá fora. A arma estava lá dentro. Eu sabia que você pretendia tirar sua vida, eu te conheço!

– Mas... - Disse, confuso.

– Entrei em seu carro, pelo simples fato de não estar trancado, e troquei a bala. Aquela não era compatível com a M1911, porém não faria o suficiente de estragar tal arma. Apenas fiz com que... emperrasse. - Falou, enquanto exibia um leve sorriso.

– Como você sabia? - Perguntei.

– Eu te conheço. Mas, se quer uma explicação boa: "Gih e todos morreram, para quê viver?" - Pensou você, provavelmente...

– Huh?

– E foi fácil adivinhar a data. Foi a mais próxima e mais memorável, depois do incidente nesse mesmo prédio, onde Cobra e Killer morreram.

– ...

– Como eu disse, te conheço. - Disse meu pai, enquanto estendia sua mão para me levantar.


Segurei sua mão, e servindo-a como apoio, levantei rapidamente. "Gih deve estar muito decepcionada com você agora..." - Disse meu pai, sabendo que tal frase era provocante.

Minha tristeza ocultou minha honra, e minha razão pelo viver. Gih, antes de morrer, pediu apenas uma coisa. Uma coisa. "Cuide de Viktor". Eu iria morrer, e não saberia como meu filho iria prosseguir com a vida. Por que não pensei nisso antes? Eu fui muito burro.

Me arrependi, arrependi sinceramente, fazendo até com que uma lágrima minha caísse no chão. Ficava triste só de pensar nela, em todos os momentos...

"Agora já foi" - Disse meu pai, tentando aliviar minha dor após me levar para o óbvio. "Pai..." - Disse, enquanto tomava coragem para fazer tal pergunta - "Onde você estava todo esse tempo?" - Concluí, perguntando.

"Hehe" - Uma pequena risada saiu de sua boca, enquanto começava a falar:



04 de Fevereiro de 2006.


Ordens minhas de capturar Joey Collins foram dadas. Eu apenas usei a informação global, de todas as fontes possíveis, para chegar ao óbvio: Joey estava no Pentágono.

Lembra do Comando Amarelo, filho? Hehe... Então, todas as unidades que estão lá, são minhas. Killer e Cobra disseram a você que o Comando Amarelo apenas cercava a favela, protegendo os moradores e usuários da polícia. Pura mentira.

Desde o começo, eu tinha minhas próprias unidades. No começo eram poucas, porém apenas observavam de longe cada movimento seu, cada suspiro, cada piscar de olhos. Killer, de fato, não sabia o que era o Comando Amarelo e estava muito ocupado para tentar descobrir, já que estava cuidando de você. Simplesmente, aproveitei tal oportunidade.

Ao longo dos anos, o "Comando Amarelo", que na verdade não há nome nesse grupo, foi crescendo cada vez mais e mais, conseguindo contatos de mercenários capazes de fazer o trabalho por um bom dinheiro.

Retomando ao foco principal, descobri que Joey e seus "capangas" estavam no Pentágono. Pesquisei sobre uma melhor oportunidade. "03 de Fevereiro" - Pensei, enquanto relacionava tal data com a reunião que lá haveria, sem uso de militares, tampouco armas e veículos. Tal informação estava em um site não-rastreado facilmente, porém achei pessoas que conseguissem, com um pouco de esforço, rastrear.

A data foi marcada, o dinheiro foi mostrado, e armas foram lhe dadas. Queria um dia para o prazo. "04 de Fevereiro" - Disse, sendo obviamente um dia após a reunião.

Apenas sentei e esperei, enquanto recebia informações recentes de como estava o progresso. No dia 04, recebi a informação de que o alvo não havia sido silenciado, porém estava no helicóptero a caminho para minha localização.

A operação foi um sucesso, entraram silenciosamente na cabine de comando e desabilitaram todas as câmeras. Outras unidades cercaram algum pouco perímetro do Pentágono, enquanto os outros capturavam Joey e seus aliados.

No dia 04, hora 16:30, o helicóptero chegou, pousou perto de uma floresta, onde eu fiquei esperando, e vi Joey Collins e os outros descendo, todos se ajoelhando em seguida.


– Há quanto tempo Collins! - Disse, com um tom ridiculamente sarcástico.

– Huh!? Jack!? - Disse ele, com um olhar assustado.

– Parece que quem vai fazer parte do meu projeto dessa vez, é você, pequeno Joey. - Disse sorrindo, enquanto pegava uma siringa.

– E-Espere! É tudo um mau entendido, só isso!! - Gritava, implorando por sua vida, enquanto suas mãos estavam amarradas.

– Mau entendido? Me dê uma boa razão para não enfiar essa agulha no seu olho, agora. - Disse, enquanto mostrava a agulha e sorria.

– Se o projeto desse certo, teríamos um utensílio muito mais importante e eficiente que armas nucleares! Além do mas, você receberia muito dinheiro. Se me deixar vivo, receberá muito mais!

– Não me convenceu.


Naquele momento, segurei sua cabeça, fincando agressivamente minhas unhas no topo de sua cabeça, rasgando a pele lentamente, enquanto aproximava a seringa do olho. Furei seu olho, e fiz questão de balançar a seringa para fazer mais dano.

Ele gritava e batia a cabeça no chão constantemente. Me aproximei de uma unidade aliada e peguei sua arma, .357 Magnum. Andei novamente em direção a Joey, que agora olhava para cima, e segurei novamente sua cabeça. "Adeus, Collins" - Disse, enquanto segurava firme minha arma.

Puxei o gatilho, e a bala atravessou seu crânio, sua cabeça. Partes do cérebro, o olho que restava, tecido humano, tudo se dividia e caía rapidamente no chão. Alguns dentes foram pro saco também.

Com um sinal, mandei todos matarem os homens restantes. Você os conhece muito bem, meu filho: Secretário de Defesa dos EUA, entre outros. Mataram todos, com um único tiro na cabeça de cada um.

Foi um dos melhores dias da minha vida.

Nos noticiários, nada foi falado a respeito. Provavelmente, novos líderes foram substituídos. Eles não farão mais mal a ninguém.



17 de Setembro de 2006.



– Huh... Então esse tempo todo, você foi matar Collins?

– Desde o incidente da perseguição, sim. Porém, após matar Collins, observei cada passo seu, de longe, sem você me perceber.

– Huh!?

– Sim. Assisti tudo, no incidente do prédio. Dei até algumas pequenas espiadas na sua luta com Killer. Se você não percebeu, eu era um dos vermelhos, que batiam palmas para você.

– Sério!? - Disse, surpreso.

– Claro.

– N-Nossa... Mas... Mas e Arbok e Alex, como eles estão? - Perguntei, com um olhar duvidoso.

– Estão ótimos. Ambos vivem suas vidas distintas. Se ajudaram naquele dia mas, nada demais. Ambos mandaram um "oi" para você. Estão morando por aqui, felizes... Espero.

– Han... Que coisa boa, depois de tudo - Disse num tom aliviado.

– É...

– Pai, tenho algumas perguntas para fazer...

– Estou aqui para isso, na verdade. Pergunte o que quiser.

– Certo. Deixa eu m-- Sim! Por que Arbok e Alex estavam na moto, no dia em que Ekan e Stryker morreram em Irking's Frad!?

– Eles foram colocar as bombas - Disse, com um tom óbvio.

– Sim mas... Por quê!?

– Arbok é líder de uma resistência, uma resistência que luta contra o governo, mais diretamente Cobra. Porém, às vezes, uns colaboram entre os outros, num ato de paz momentâneo, para que ninguém sofra.

– Mas como assim!?!?

– Arbok não tem todo o material para matar Cobra, porém não desiste. Então, ele fez isso, apenas uma vez, já que não achou que seria perigoso. Quando você entender mais sobre esse assunto, você vai saber.

– Huh...

– E também... Também que os corpos estavam lá. Corpos que testavam o projeto. Ele queria que você não visse aquilo, assim como Cobra.


Olhei para meu pai, enquanto ele me explicava tudo com muita calma e facilidade, como ele sempre foi. Ele estava com a mesma roupa que eu: Terno e Gravata preto. Me lembrei da pergunta óbvia que sempre quis fazer, porém nunca recebi uma resposta concreta.


– Pai! O que é exatamente o Projeto Snark!? - Perguntei, com alegria por finalmente receber a resposta concreta.

– Hm... Demorarei um pouco para explicar, preste atenção.

– ...

– Em 1969, Joey Collins teve a "brilhante" ideia. Armas nucleares estavam sendo feitas para a Guerra Fria, o que poderia desencadear uma Terceira Guerra Mundial, obviamente. Porém, tal arma de destruição em massa, não trazia a expansão territorial.

– Han!? - Perguntei com dúvida, não entendendo nada.

– A expansão territorial é o que tem em todas as guerras, e é por isso que existem guerras. Eles querem mais espaço, oras, simples assim. Mas... Como conseguir isso com Armas Nucleares, que destruiriam tudo?

– É...

– Então Collins criou o Projeto Snark. O nome "Snark" se deu origem a um míssil que realmente existiu, chamado SM-62 Snark. Tal míssil, destruiu boa parte do Iraque, em um dos conflitos com os americanos, mas isso fica em segundo plano.

– Por que Collins colocaria o nome Sn-- - Fui interrompido pelo meu pai, que já previa a pergunta.

– Porque ele queria ironizar a situação. Ele estava fazendo piada, com a própria piada. Nesse momento, Collins pediu ao governo americano, permissão para o projeto. O governo aceitou, e baniu todas as imagens de tal míssil na Internet, proibiu todas as vendas de miniaturas de tal míssil também.

– Han!?

– Se você tivesse alguma ideia de que Snark era um míssil, tudo mudaria. Nesse meio tempo que você foi traído, descobrir que Snark é um míssil, seria estranho. Eles pensaram em tudo.

– ...

– Collins queria dominar áreas. Ele queria expandir a América. Para isso, usaria um soldado perfeito, um soldado que não morreria tão facilmente, que teria muita resistência e inteligência, ultrapassando o sobrehumano.

– Projeto Snark...

– Sim, exatamente. É com soldados que se consegue expansão territorial, e não com armas nucleares. Se bem que tem uma possibilidade pequena, mas não confiável. Enfim, as instalações Snark se encontravam no mundo todo. Uma dessas instalações, estava no Rio de Janeiro, em uma favela. A favela que você bem conhece.

– E pensar que algo tão simples...

– Sim.

– Mas, por que em uma favela?

– Porque é um lugar que ninguém suspeitaria. Onde já se viu líderes em favelas? Isso é desconhecido ainda.

– Huh...

– Nenhuma "base" Snark conseguiu achar uma pessoa que já possuía extrema capacidade, a ponto de receber a "vacina" que o governo estava criando. Mas, num belo dia de 1970, Cobra me achou, e ele apostava de que eu era bom.

– Ah! É aquela história que você contou.

– Exatamente. Eles aplicaram a vacina em mim, desencadeando reações anormais. O processo foi dolorido e longo, porém conseguiram. Pegaram minhas informações genéticas, celulas, que seja, e implantaram em soldados bons e reconhecidos. Todos morreram.

– Por quê?

– Porque meu sangue não era tão puro assim. Precisava de um sucessor.

– Killer...

– Exatamente. Minha mulher, sua mãe, estava grávida, e injetaram minhas informações genéticas nela. Milagrosamente, ela não morreu, porém, nasceu o primeiro filho do projeto, o homem que você conhece por Killer, seu irmão.

– Meu irmão... - Pensei, enquanto me lembrava que eu mesmo o matei.

– Sim. Enfim, eu seria aprisionado lá para futuros testes, porém Alex me salvou, e fugimos. Durante 5 anos tentei proteger Victória, e viver em paz, tentar esquecer Killer, que havia sido capturado por Cobra.

– ...

– Porém em 1975, me capturaram novamente, descobriram minha localização, e fizeram novamente o projeto. Dessa vez, minha mulher não estava grávida, porém usaram experiências de outros projetos, usando minhas informações, e literalmente "criaram" um filho para ela.

– N-Não... S-Sou eu?

– Sim, foi você. Em 1975, Victória, sua mãe, deu a luz ao segundo filho do projeto. Você. Killer, 5 anos depois, com ele tendo a idade de 10 anos, foi vítima do projeto. Coletaram seu sangue e informações genéticas e aplicaram em soldados. Todos morreram. Seu sangue era puro demais.

– Mas...

– Sim. O sangue tinha que estar perfeito, não poderia ser puro, nem não puro. Calcularam a idade do sangue baseado no projeto, examinaram as informações genéticas que lá existiam, e descobriram que a idade perfeita, é a mesma idade quando aplicaram o projeto em você.

– Eles esperaram tantos anos para um projeto tão idiota?

– Se esse projeto fosse concluído, a dominação mundial seria feita pelo governo americano, por Collins.

– Então esse é o projeto...

– Sim. Desculpe por tanta falatória mas...

– Sem problemas... Sem problemas... - Disse, colocando as duas mãos em minha nuca, dando um leve suspiro.


Ainda confuso com todas aquelas informações que vinham, coloquei a mão em meu bolso, e de lá tirei um cigarro. Peguei o isqueiro, e com ele, o acendi. Guardei o isqueiro, e coloquei o cigarro em minha boca. "O que pretende fazer agora, pai?" - Perguntei, enquanto pensava sobre tudo.

Olhava para baixo, desfocando o cigarro que estava em minha boca. "Pai?" - Perguntei, ainda olhava para baixo. Olhei para minha frente, em direção a ele, e vi que ele estava começando a tossir.

Tossia constantemente, enquanto apertava a parte direita de sua barriga. "Pai!?" - Disse, quase gritando, deixando o cigarro cair. Andei em sua direção, até que ele começou a cair. Pulei e caí ao seu lado, enquanto o segurava. Ajoelhado, segurei-o, enquanto ele estava meio deitado.


– Eu sabia... - Disse ele, enquanto respirava ofegante.

– O que aconteceu pai!? - Perguntei com angustia, enquanto estava com o olhar arregalado.

– O projeto tem uma falha... Quem é aplicado, morre depois de um tempo, em circunstâncias que não são... naturais. - Dizia, com dificuldade, enquanto seus olhos não estavam mais normais, fechando e abrindo constantemente.

– C-Como assim!? - Perguntei, segurando-o, apoiando ele sobre meu joelho.

– Parece que depois de 30 anos, após ser aplicado o projeto, você morre... Hehe, feliz aniversário, filho - Disse, enquanto tossia. - Irônico não? - Perguntou retoricamente.

– Mas...

– Provavelmente são cerca de 30 anos, é a melhor explicação pro agora. Além do mais... Recentemente, fui diagnosticado com câncer.

– Câncer!?

– Sim... Câncer no pulmão. Merda, não merecia, nunca fumei na minha vida - Disse, enquanto dava um falso sorriso.

– Calma pai, você está enlouquecendo, você ainda vai viver - Disse, com minhas últimas esperanças, torcendo para que um ente querido não morresse.

– Para uma pessoa que era para estar morta, você está bem confiante.

– Huh...

– Eu não sou o único. Você achou que Killer tinha mentindo mas... Era verdade.

– Sobre o q-- Han!? - Me assustei, lembrando do que ele havia me dito.

– Sim... Nossos parentes ainda estão vivos.

– C-Como!?

– Eles não foram mortos, não... Todos perderam a consciência após serem atingidos com tranquilizantes. O sangue era um falso sangue, feito com substâncias simples, até ketchup. E os "membros" humanos, eram feitos com o mesmo material de manequim...

– ...

– Você foi enganado sua vida inteira! Eles estão vivos!! Bem, alguns morreram por idade, sem saber o que aconteceu naquele dia, mas a maioria deles estão vivos.

– N-Não posso acreditar - Disse eu. Era realmente uma mistura de sentimentos estranhos.

– Chegou minha hora, filho - Disse meu pai, enquanto de seu olho, saia uma lágrima.

– Não diga isso... Não diga. Gih, Stell, Ekan, Stryker, e até mesmo Killer e Cobra, todos foram mortos. Mas você não vai... Você não... - Dizia, enquanto não me conformava com tal situação.

– Encare feito um homem, é pra isso que te criei - Disse ele, enquanto tossia.

– Mas pai...

– Cumpra a promessa indireta que fez à Gih: Cuide de seu pequeno, o Viktor. Cuide de meu neto, garanta uma vida que nós dois não tivemos... à ele.

– Huh...

– Me ponha no chão, por favor. - Disse ele, com um pouco de dificuldade, enquanto o deitava. - Isso... Assim está melhor - Disse ele, enquanto olhava para o céu alaranjado, num leve pôr-do-sol, com várias nuvens.

– Mas pai, você não pode morrer ainda!

– Por que não? Eu não mereço descanso depois de tudo? - Perguntou retoricamente, enquanto ria e tossia ao mesmo tempo.

– M-Mas...

– Filho... Eu te tirei da morte. Era para você estar morto e eu não gostei disso... Me prometa uma coisa.

– O quê?

– Viva. Todos esperam você vivo, todos mesmo. Você não tem mais inimigos, você não tem mais com quem lutar. É para isso que eu apliquei o CPA em você para tirar sua arma.

– CPA!?

– Sim... Eu criei o CPA. Killer de alguma maneira descobriu como era e... E disse que tal técnica era dele. Mentira, era minha.

– Han!?

– Sim. Tudo está confuso para você agora mas... Refresque sua mente. Pense em coisas boas...

– ...

– Cuide de Viktor, seja o pai dele, e também seu avô, por minha parte. Honre o pedido de seu velho pai - Dizia ele, enquanto demonstrava um leve sorriso.

– Pai...

– Killer, Cobra, Joey, Gih, Stell, Ekan, Stryker, Victória... Todos, agora apenas descansaram... Em nossas memórias. Diferente do que Killer lhe disse, te aconselho o contrário: Esqueça da gente.

– Huh?

– Esqueça-nos. Viva. Para quê se preocupar com os mortos se os vivos estão ao seu lado? - Disse, enquanto me lembrava de Viktor.

– Pai. - Falei, enquanto via uma lágrima saindo de seu rosto.

– Segure minha mão, filho - Disse, estendendo seu braço tremendo, com um pouco de dificuldade. Sem hesitar, agarrei sua mão, enquanto pude sentir seus leves e lentamente ritmados batimentos cardíacos.

– ...

– Não chore filho. É um momento de alegria, pense nisso. - Disse, enquanto acariciava meu rosto. Aquele toque... Havia sentido falta daquilo.

– Sentirei saudades... - Disse, preenchendo meus olhos com lágrimas, lágrimas que caíam no chão.

– Eu também filho... Mas lembre-se, esqueça de nós, e viva. Não desperdice mais sua vida. É um pedido... de pai. - Disse, enquanto tossia.

– Sim... Sim.

– Ah... Victória, minha bela musa... Lembro perfeitamente daquele jantar em que te encontrei pela primeira vez - Dizia ele, enquanto olhava para as nuvens com um tom laranja - Lembro como se fosse ontem... - Concluiu, dando seus últimos suspiros, com dificuldade.

– ...

– Sentiu... Minha falta? - Disse suas últimas palavras, enquanto uma lágrima caia de seu olho, ao mesmo tempo que demonstrava um leve sorriso sincero.


Sua mão foi lentamente caindo de meu braço, ainda estendido. Encarava seu rosto velho, porém calmo. Seus olhos estavam brilhando, estavam lindos.

Nesses olhos, nos olhos de meu pai, vi uma nova vida. Vi um novo mundo que estava se tornando realidade. Como ele disse, todos descansariam apenas em nossas memórias. Finalmente, seria um pai para meu filho. Naqueles velhos e queridos olhos, vi um novo começo.



O verdadeiro começo.



Fim.

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Notas finais do capítulo

Primeiramente, quero agradecer a todos pelo apoio. Iru, WindRose, bispo2, Brian, Marcelo, Matheus, Meu primo Marco Aurélio, Bruno Velasco, C Lollo, GiovaniTK, Lucas Jaeger, Ygor Oliveira, Veh-chan, Alex (sharkz), Giovanna Melo... Enfim, todos que apoiaram e me ajudaram nessa alegre jornada que tive, que foi escrever.
Sinceramente, agradeço a todos que leram, e também, sinceramente, espero que tenham gostado dessa história, que eu criei baseado em várias coisas que cercam o meu dia-a-dia.
Devo agradecer também pela oportunidade de escrever no Nyah! e de ter tanto apoio assim.
Desde já, meus sinceros agradecimentos.
Snarkii.



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