O Cisne E O Escorpião escrita por Broken


Capítulo 1
O Cisne e o Escorpião


Notas iniciais do capítulo

Bem, só tem um capítulo mesmo, já me perguntaram porque eu não aumento ela, mais eu já contei tudo o que havia para contar.
Tem a playlist:
http://www.kboing.com.br/playlist/1-1016293_1016295_1044575_1024781/
Só que vocês comecem com "Diary Of Jane" aí segue-se para "Breath"



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/179629/chapter/1

Ele tinha que correr.

Correr ou morrer...

Scorpions Nichols, um dos assassinos mais procurados, tendo fama mundial devido aos seus crimes.

            Ele era diferente.

            Não matava por matar (apesar da maioria de suas vítimas serem pessoas inocentes. A maioria).

            Não matava por vingança (com exceção do primeiro, o mesmo homem que matou sua mãe. Aquele que, Scorpions, fez questão de matar aos poucos, para que sentisse a dor).

            Scorpions matava por prazer. Por diversão – como dizia na maioria das vezes que era apanhado e interrogado, depois era liberado por bom comportamento –. De algum modo, o sofrimento, a dor, a perda dos outros o fazia sentir-se bem. Talvez, porque assim eles sabiam o que Scorpions sentiu ao perder sua mãe.

            Ele não chegou a conhecer o pai. Sua mãe nada lhe havia dito sobre ele.

            Mas agora...

            Agora era diferente. Agora ele queria pelo menos reconhecer a face dele, estar com ele. Pelos menos assim teria um lugar para esconder-se deles.

            Scorpions esgueirava-se pelos becos escuros. Sempre em alerta, este era seu lema. A cada sirene, a cada guarda que passava um tipo de calafrio percorria sua espinha dorsal. Ele sabia que todo cuidado era pouco. Apesar de julgar que seria difícil alguém o reconhecer. Os cabelos, antes longos e ruivos, agora estavam curtos e negros. Havia deixado uma barba rala crescer.

            Nunca chegara a imaginar que o assassinato de uma senhora iria causar tanta revira-volta.

            Ainda usava as roupas daquele dia. A mesma camisa vermelha – que agora estava com algumas manchas de sangue -, a calça jeans escuro e o seu velho all star. A única peça nova em seu vestuário era um sobre tudo negro que havia posto para cobrir as manchas de sangue.

            Havia cartazes com suas fotos – claro que eram as antigas –, e policiais perguntando as pessoas se o tinham visto. Scorpions se perguntou como em tão pouco tempo haviam conseguido cercar todo quarteirão, e claro, como ele iria sair dali.

            Ele colocou as mãos nos bolsos da frente e seus dedos roçaram a superfície das seringas que ali havia. As duas. Uma estava vazia, a outra ainda continha o veneno. Em outras palavras, ele teria que dobrar o cuidado, se o vissem com aquelas seringas uma série de perguntas começaria.

            Scorpions seguiu o caminho. Ele aparentava ser só mais um homem que estava caminhando por aí, tentou demonstrar confiança a cada passo que dava.

            – Noite – murmurou enquanto passava por um dos policiais.

            Scorpions já tinha uma distancia segura. Estava prestes a comemorar mais uma de suas escapadas. Ou não...

            – Senhor! – chamou o policial. Scorpions parou abruptamente. Eles haviam o reconhecido, este era seu pensamento. Tudo estava perdido agora. De uma hora para outra seus sentidos aguçaram-se, podia ouvir o farfalhar das folhas quando o vento batia sobre elas. Podia sentir o seu batimento cardíaco acelerado, sentia o suor frio que corria pela sua testa, o vento que batia em sua nuca o causava arrepios.

            – Sim? – Scorpions disse enquanto virava-se para encarar o policial. Agradeceu internamente por sua voz não o denunciar.

            – Desculpe o incomodo, mas o senhor viu este homem? – o policial entregou uma das fotos para ele. Scorpions não havia percebido, porém havia prendido o ar em seus pulmões, quando viu por fim, soltou aos poucos.

            Ele encarou a foto por alguns segundos depois de devolvê-la ao policial.

            – Não – disse por fim, ele virou as costas e ouviu a voz do policial, novamente.

            – Para que a pressa? Ele não é você – o policial soltou uma gargalhada e Scorpions deixou um sorriso amarelo formar-se em seus lábios. – Então, eu preciso revistá-lo.

            – O quê?! – Scorpions deixou escapar certo tom de angustia. – Para quê? Não sou esse cara! – o policial analisou a foto por alguns segundos, depois seu rosto e murmurou algo.

            Seus dedos dirigiram-se para o comunicador que tinha preso a sua farda.

            – Me parece que o encontrei – Scorpions ficou nervoso – Vire-se – Scorpions obedeceu, pode sentir as algemas apertarem seu punho.

            O policial encostou-se no capô do carro o observando com um sorriso torto, como se acabasse de ganhar na loteria. Scorpions o encarava sério, sem demonstrar nenhum tipo de emoção. Ele observava as chaves que estavam presas no cinto do policial.

            – O que o faz pensar que sou ele, Scorpions Nichols? – perguntou, ele tinha um plano, se ao menos conseguisse mover sua mão em direção ao bolso sem atrair a atenção do policial.

            – Vocês se parecem, veja – ele mostrou a foto no momento em que Scorpions sentiu os dedos roçarem as seringas.

            – Não vejo nenhuma semelhança – insistiu Scorpions. O policial aproximou-se de Scorpions. Uma distancia perigosa... Para o policial.

            – E agora? – o policial estava ao seu lado, do mesmo modo que havia planejado. Com um movimento rápido injetou o veneno no policial. Não o suficiente para matá-lo, só uma pequena dose.

            Desmaio? Coma?

            Talvez.

            Scorpions não podia ficar para descobrir, aproximou-se para pegar o molho de chaves. Ele correu. Correu o mais rápido que podia. De algum modo conseguiu libertar-se das algemas.

            Scorpions podia ouvir a alguns metros a sirene. Ele adentrou em um beco escuro, aparentemente sem saída. Depois de analisar todas as opções descobriu que só havia um jeito.

            Começou a subir as escadas de emergência. Parou ao chegar à única janela que havia aberta. Ele entrou e pode ouvir gritos de “Ali está ele!”.

            Ele percebeu que estava na cozinha – bem aconchegante por sinal –. Imaginou quem morava ali. Escutou a TV, estava ligada no noticiário da noite, já estavam falando sobre ele. Escondeu a seringa no bolso novamente, então partiu a busca de saber quem morava ali.

            Deparou-se com uma garota de cabelos negros deitada no sofá assistindo o noticiário. Ela gritou quando o viu.

            – Pare! Não grite! – Scorpions dizia.

            – Quem é você? – ela perguntou ainda assustada.

            – Eu? Não importa – ele disse despreocupado.

            – Importa sim! Você invadiu minha casa! – ela dizia, no momento, o olhar dele foi desviado para a sua foto que era exibida no noticiário. – Oh Deus! – exclamou a garota enquanto levava às mãos a boca. – Você é ele!

            – E você irá me ajudar – Scorpions disse.

            – Como saberei que não irá me matar também?

            – Tem a minha palavra – ele disse – Qual o seu nome?

            – Como posso confiar em você?

            – Já disse, tem a minha palavra. E além do mais, não trago nada comigo – ele disse. – Vamos diga-me, qual o seu nome? – a voz de Scorpions saiu gentil e calma.

            – Violet. Violet Rousier – ela falou.

            – Me ajude Violet. Por favor – ela soltou um longo suspiro – Só me mantenha aqui quando eles chegarem.

            – Eu não sei... – Violet murmurou, no mesmo instante ouviram-se batidas na porta.

            Seus olhares se cruzaram. Os dele, cinzas, frios, sem sentimentos com os dela, negros, doces, gentis, cheio de vida.

            – Vá – Scorpions disse.

            Violet dirigiu-se a porta e pôs a mão na maçaneta. Scorpions ficou atrás da porta, observando cada traço do rosto da jovem.

            – Em que posso ajudá-lo? – Violet perguntou ao policial assim que abriu a porta.

            – Boa noite, a senhorita viu este rapaz aqui no prédio? – o policial ergueu a foto.

            Violet a olhou com vontade de dizer “Sim. Claro que o vi. Ele está aqui e agora”, porém ela havia prometido ajudá-lo. Seu olhar estava tão confuso como os seus pensamentos. Ela sabia disso. Ele também.

            – Não – Violet disse encarando o policial tentou dar seu melhor sorriso enquanto este se afastava.

            Ao fechar a porta sentiu algo como uma abelha ao dar uma ferroada, ou melhor, uma agulha sendo aplicada na base de sua coluna.

            Ao virar-se viu Scorpions com uma seringa na mão. Suas pernas bambearam, podia sentir o mundo girar, o veneno a consumindo por dentro.  Aos poucos. Infectando cada parte do seu corpo, destruindo seus glóbulos sanguíneos.

            – Por quê? – sua voz saiu rouca.

            – Você pensou em me entregar – Violet compreendeu que aquilo não era uma pergunta.

            – Não me refiro a isso. Quero saber o porquê de depois de ajudá-lo, depois de protegê-lo, você fez isso?

            – Sabe, - Scorpions puxou uma cadeira e sentou-se de modo que pudesse a encarar nos olhos – as pessoas sempre de alguma forma serão fiéis a sua natureza, mesmo quando parecer que não estão sendo. E eu estou sendo a minha. A natureza de assassino.

            – Eu sabia... Algo dentro de mim... Dizia isto... – agora Violet tinha que se esforçar para manter a cabeça a erguida.

            – Se sabia, então por que foi tola e confiou em mim? – Scorpions tinha um olhar confuso.

            Violet podia sentir sua respiração pesada. Sentia a dificuldade que o ar tinha para chegar aos pulmões que ardiam em brasa. Uma dor dilacerante tomou conta de seu corpo, do mesmo modo que um incêndio começa em um prédio. Ela o fitou e sua voz saiu em um sussurro quase que inaudível.

            – Porque do mesmo modo que é da sua natureza matar, faz parte da minha ajudar as pessoas.

            Dizendo isto o corpo de Violet, ficou por fim, sem vida, no chão frio de sua casa. A dor havia passado. Em seu lugar havia um enorme alívio. Violet Rousier havia passado desta para uma melhor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Cisne E O Escorpião" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.