Perdidos entre os mortos escrita por Nícolas Batista


Capítulo 9
Ato 2 — Dia 3


Notas iniciais do capítulo

Yo galera =)
Bom, não ando um poço de animação ultimamente, então, serei breve.
Aniway.
Boa leitura.



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O céu ainda possuía o tom azul-escuro, quando o moreno começou a rolar na grama, tentando afastar novamente aquele som de metal rangendo. O rapaz estava começando a se irritar com isso, seu sono era uma das coisas mais preciosas, que havia lhe restado após perder praticamente tudo, e agora a maldita pirralha estava querendo tirar isso dele.

 — Pirralha, será que pode fazer o favor de parar com esse barulho? — Disse o moreno, ainda de olhos fechados, porém nada adiantou, o barulho persistia.

— Desculpa Sieg, mas eu tenho que dar alguns retoques finais em meu trabalho, mas prometo que em alguns dias estará pronto. Prometo. — A voz da garotinha soou distante, enquanto ela estava concentrada em seu trabalho.

Sieg suspirou forte, enquanto assobiava para Senoharff. O mais novo membro daquele grupo já havia se entrosado facilmente, principalmente com o moreno, e apesar de passar a noite semi-acordado vigiando os arredores, ainda tinha disposição para o que desse e viesse.

Claro que, na mente dele, ele esperava proteger, não servir de abafador sonoro para Sieghart. O moreno enfiou a cabeça nos pelos dele, tentando dormir, e o pobre lobo não teve outra opção, que não fosse aceitar.

Mais tarde, quando o sol finalmente deu as caras, Sieghart se levantou, os cabelos sujos de terra, já que após alguns segundos Senny desistiu de aguentar o peso da cabeça dele, e foi embora. 

O rapaz observou a garotinha no canto,dormindo, aninhada de encontro ao lobo, cujo focinho se encontrava entre os seios dela. Sieg riu, enquanto dava um sinal positivo para Senny.

— Pirralha, levante-se, vamos partir. — Gritou o moreno, enquanto se dirigia até a moto, esfregando os olhos. A garotinha semicerrou os cílios, enquanto se acostumava com a claridade, e só então notou como estava com o lobo, rolando então para longe enquanto soltava um gemido fofo. — E então, como foi sua noite de amor com o Senny? Não me diga que fez doggy' style com ele, se não vou sentir inveja. — O moreno riu, enquanto as bochechas de Arme se inflavam.

— Na-não é nada disso que você está pensando seu pervetido! Eu só... ele me lembrou um de meus ursinhos... — Dizia Arme em tom choroso.

— Seu ursinho? Se esse lobo te lembrou algum ursinho seu, temo que o nome de seu urso seja Pedo Bear. Pobre garotinha... — Sieg já havia dado a ignição na moto, e estava a fazer o motor roncar, enquanto falava com Arme. — Agora vem logo, pirralha.

Arme se levantou, enquanto murmurava algumas reclamações, e logo se dirigiu até a moto, ao passo que no caminho, pegou a mochila no chão, pondo em suas costas, e então montando na moto.

— Será que ele vai aguentar correr atrás da gente? — Disse Arme, enquanto olhava para Senny.

— Mesmo que não corra, ele conseguiu achar a gente não? Vai conseguir fazer isso de novo. — Sieg estendeu a mão, chamando Senny, para então afagar os pêlos dele. — Caso contrário, ele é um lobo, uma máquina de guerra, vai sobreviver sozinho.

— Eu já disse, ele é um Husky...

— Pare de comparar ele com a Lassie ou sejá lá o que for. — Disse Sieg, por fim arrancando com a moto, enquanto Arme lhe envolvia a cintura num abraço forte. — Pode apertar hoje, finja que sou seu Pedo Bear.

Arme corou no mesmo instante, porém assim que sentiu o moreno acelerar ainda mais, acabou apertando ele involuntáriamente, apenas para ouvir a risada dele novamente naquela manhã.


A dupla seguiu a estrada, acompanhada de longe pelo lobo, que ás vezes parava para descansar, e ás vezes já surgia correndo novamente ao lado deles.

— Esá indo mais devagar com medo de perder Senny ou é impressão minha, em Sieg? — Disse Arme, enquanto apertava um pouco mais o moreno por trás.

— Esto apenas mais atento, procurando por algum lugar pro nosso rango. Não sou mulher, não consigo fazer duas coisas simultaneamente e com eficiência. — Respondeu o moreno, enquanto acelerava mais, disfarçando a mentira dele.

Arme abafou um risinho nas costas do moreno, e então começou a prestar atenção na estrada, e só agora, que sua mente já não estava tão sonolenta, ela notou a vastidão imensa de campos verdes que os cercavam, seguindo até onde os olhos pudessem alcançar.

— Sieg, eu tenho plena certeza de quê não vamos achar um lugar pra comer. Melhor usar o que conseguimos na padaria mesmo. — Comentou Arme, ainda impressionada com a mentira lavada que o moreno havia dado alguns instantes atrás.

— Seu Pedo Bear te ensinou a caçar também é? Se for o caso você pode pegar alguma coisa pra comer, e eu fico com o que pegamos na padaria, o que acha? — Disse ele, enquanto ia acelerando ainda mais.

— Sieg, só faz o favor de parar, agente resolve qualquer coisa depois ok? — Determinou a pequena, por fim.

Sieghart seguiu resmungando, ao passo que diminuia a velocidade até encostar a moto ao longo de uma plantação. O moreno desceu, enquanto tirava a mochila das costas da garota, antes que ela pudesse pegar algo, e logo se sentou, enfiando a mão lá dentro e tirando alguns biscoitos de lá.

— Vohmcê dishmsê que ia hm cahmçar, boa hm sorte hm lá então. — Sieghart falava de boca cheia, sorrindo ainda por cima, enquanto observava o olhar sério de Arme.

— Tanto faz. Vou ali rapidinho. — Disse Arme enquanto entrava dentro do canavial.

— Vai fazer necessidades? Cuidado hein, nunca se sabe quando seus ursinhos de pelúcia vão surgir pra te atacar. — Sieg acenou para Senny, que vinha correndo, e então para dentro do mato na direção de Arme. O lobo então se aproximou, entretanto ao invés de entrar no canavial, mordeu o pedaço de biscoito que estava na mão de Sieg, passando a lingua no focinho depois. — Bom garoto, bom mal garoto. — Dizia o moreno, enquanto afagava os pelos do lobo.

Mais dentro, Arme estava adentrando até que se sentiu confortável. Abaixou então na grama, depositando sua mão sobre as dobras da saia, e subindo pelo interior do blazer então até seu sutiã, de onde tirou dois pacotinhos pequenos de biscoitos. A pequena riu sozinha, vitoriosa, afinal de contas, o moreno não podia ver o tamanho exato dos seios dela através o blazer, o que era uma vantagem. E apesar do calor do dia, ela devia fazer sacrifícios necessários, viajando com alguem como Sieghart.

A pequena abriu os pacotes, sabereando o docinho sabor dos biscoitos minúsculos porém suculentos enquanto se distraía do mundo exterior. Até sentir uma mão lhe agarrando o ombro com força. Ela se virou, já esperando que Sieghart tivesse descoberto ela, porém, a primeira coisa que viu, foram dentes indo para cima dela, e não a mordendo por um triz, quando ela se deitou no chão escapando.

A garota deixou escapar um grito de terror, enquanto arrastava seu corpo para trás com a única mão que lhe restava, o que a tornava lenta, ao passo que desferia chutes na direção da face do zumbi. A criatura avançava cada vez mais rápido, e logo, Arme então parou de usar sua mão restante para se afastar, e tirou sua lâmina da cintura, erguendo-a para cima, para então descer na direção do zumbi.

O sangue então jorrou, mas não do golpe que ela pretendia fazer na criatura aos seus pés, mas sim da zumbi agora sobre ela, que fora pego quando ela ergueu o facão. A criatura fora perfurada na altuar do peito, e o sangue escorria pelo facão, pingando pela base dele, deixando as gotas molharem o rosto de Arme, que por um instante, ficara paralisada.

— Ahhhh, SIEG! — A garota gritou, enquanto rolava para o lado, pra longe das mãos de ambas criaturas, e então se apoiava na sua restante, pronta para correr.

Até sentir seu tornozelo ser agarrado, e o impulso que dera para a frente, apenas a fizera se estatelar de encontro ao chão. Arme virou seu rosto para trás, a tempo de ver o segundo zumbi cair sobre ela.

E então ser jogado para o lado, por um monte de pelos brancos, que rosnavam furiosamente. E Arme só pode ver, Senoharff desmembrando o zumbi, mas não sem antes atacar o que agarrava o tornozelo da pequena. O lobo era literalmente um montro, e parecia se divertir enquando desmembrava e devorava as criaturas mortas, jogando seus membros para os lados com a força de suas mandíbulas. Arme jamais imaginou que pudesse existir algo que come o que quer comer ela, mas esse argumento acabara de se mostrar falho.

Senoharff, após acabar com seu banquete, fora até a frente de Arme, lhe lambendo a pontinha do nariz, manchando-a de vermelho.

Ambos seguiram silenciosos no resto da viagem. Sieghart decidira poupar a garota das perguntas, ele sabia a tensão que é estar entre a vida e a morte, ao ser atacado por uma criatura que realmente, só deseja te matar, e nada mais. O moreno no percuso ouvira a barriga da pequena roncar, e sugeriu pararem, porém a mesma retrucara dizendo que já estava para anoitecer, e que depois eles poderiam comer algo.

Ainda era tarde, quando a moto começara a desacelerar, por fim parando.

— Sieg, eu disse que não queria comer nada... 

— Não fui eu que parei ela pirralha. A moto ainda está com gasolina, mas parou do nada. — Sieg pulou da moto, enquanto dava uma olhada nos componentes dela, verificando se estava tudo em ordem.

— Ah...

O simples suspiro foi o suficiente para Sieghart virar seu rosto, irado na direção de Arme.

— O que você fez com ela? — Disse ele, enquanto se botava de pé. 
  
— Eu talvez tenha... pego uma peça emprestada sem querer. — Assim que a pequena pronunciou as palavras, o moreno levou a mão á face, se segurando por dentro, por terem ousado mecher em sua moto.

— Ok... eu vou me controlar, apenas me devolta a peça, e ficaremos todos bem.

— Ah...

— Ah porra nenhuma, se "Ah" , foi o quê dessa vez pirralha? — Disse Sieghart, agora mais próximo da pequenina.

— É que eu já devolvi...


A noite já havia chegado há um bom tempo, quando Sieghart finalmente saiu de baixo de sua moto, com o tórax definido completamente sujo de graxa.

— E não ouse mais tocar na minha moto entendeu pirralha? JAMAIS! — Disse ele, finalmente se sentando, apoiando as costas na dita-cuja.

— Tudo bem... me desculpe. — Disse a garotinha, que estava sob uma árvore baixa, cujos ramos não se erguiam a mais de 60 centímetros de altura, fazendo uma área confortável para a garotinha. — Sieg, será que você...

— Não. Durma sozinha hoje. — Sieghart chamou Senny, que fora na direção dele, deitando na frente do novo dono, que logo o abraçou.

Arme suspirou, enquanto fechava os olhos, apenas para ouvir uma barulho de plec  soando no ar. seguido por mais outros.

— Sieg, vai chover... — Disse ela, enquanto encarava os olhos prateados do moreno, que estava a uns dez metros de distância dela, também deitado. 

— Tudo bem, vou ficar quentinho aqui com o meu... — Antes que pudesse anunciar, Senny se levantou, saindo dos braços dele, e deitou logo atrás de Arme, sob a pequena protetora.

Sieg então virou as costas para os dois, enquanto se encolhia levemente na grama que havia ali, enquanto as chuva engrossava ao seu redor, o encharcando por completo.

O rapaz estava distraído, em seus pensamentos a respeito da moto, quando sentiu dois bracinhos lhe envolverem por trás. A priore o moreno corou, ainda mais por sentir essa proximidade toda, com uma garota da qual ele nem tinha muita paciência.

— Eu só tenho você Sieg... por favor... por faor, não fica irritado comigo. — A garotinha dizia, enquanto abraçava o moreno cada vez mais forte. — Eu sei que posso não ser a melhor companhia do mundo... por quê você já é. 

O moreno engoliu em seco, enquanto o seu coração acelerava em seu peito. Pela primeira vez, a garota mais envergonhada que ele conhecia, estava se abrindo, e tudo que ele fazia, era manter seu orgulho, e dar as costas para ela.

— Sieg por favor... eu... — Arme estava prestes a falar algo, pelo qual Sieg definitivamente não ia gostar de ter de carregar o peso daquelas palavras.

O moreno então se virou, encarando a garotinha, cuja face estava molhada pela chuva, e os olhos pidões e fofos lhe encaravam de uma forma como nunca antes.

E então pela primeira vez, ele tomou coragem, e a beijou. 


Bônus: A lenda de Senoharff, o lobo-guerreiro-viking-possuídor-de-donzelas. Pt.1

Senoharff fora um filhote de lobo, nascido da casca de um ovo de dragão, ainda jovem, na floresta do senhor Walter. Ele fora criado ainda criança por um garoto chamado Mogli, que ensinara ele as técnicas de ser um bom lobo, e várias outras coisas úteis para sua futura vida agitada.


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Notas finais do capítulo

Nah, gomen por ter sido pequeno, e nem ter tanta coisa x.x
Mas espero que tenham gostado, de verdade, pois essa que é a intenção :3
Até a próxima então ^^
Thx & Cya.