Perdidos entre os mortos escrita por Nícolas Batista


Capítulo 3
Extra — Dia -17 (parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Yo!
Eis aqui que entrego para vocês, mais um cap.
Esse apesar de ter me dado um trabalhinho, foi extremamente prazeroso de se fazer.
Espero que gostem de ler (mais) do que eu gostei de escrever.
Boa leitura.



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Sobre um galho da árvore, e com Elesis no seu colo, Lass observava o holocausto acontecendo nas ruas. Ainda em choque, após o acontecido, ele simplesmente conseguia dizer a sí mesmo: Fique calmo, fique calmo, fique calmo, fique calmo, fique calmo... porém ao lembrar a cena, seu estômago revirava dentro de si, e ele sentia queia vomitar a qualquer instante.

Ele estava sentado, enquanto Elesis apoiava a cabeça em suas pernas, quando uma garotinha veio-lhe perguntar onde estava a "mamãe" dela.
Elesis logo se levantou de seu colo, inclinando-se para agarrar a bochecha da pequena garota.

— Ah pequena levadinha fugiu da mamãe é? — Elesis deu um sorriso, enquanto Lass apenas observava a cena, curioso. — Pois bem, vamos ver se achamos...

A garota virou-se, e seus olhos se abriram, ao ver uma mulher na extremidade do parque. Elesis acompanhou o olhar dela, e logo segurou de leve, no vestido que a garotinha usava. A mulher balançava em suas pernas, enquanto cambaleava um pouco, porém assim que viu a menina, se abaixou, e abriu os braços, receptiva. A baixinha não pensou duas vezes antes de ir correndo na direção dela, gritando "Mamãe! Mamãe!"

E os gritos dela ainda ecoavam pelo pátio, quando sua cabeça foi atirada no chão, e do coto de onde estivera uma vez sua cabeça, um jato de sangue jorrara com força. A mulher agora, agarrava-se ao corpo sem vida da garota, e a cada mordida que dava, pele, carne, e sangue iam para dentro de sua boca.

Elesis estava paralisada, enquanto algumas lágrimas escorriam pelos seus olhos, porém completamente paralisada, estática.

— O... oque? — Assim que mais duas outras pessoas se juntaram a mãe da garota, arrancando os braços, e as pernas, do corpo, Elesis dera um grito, levando a mãe até a boca.

Levar a mão até a boca, foi conveniente, pois, nada havia preparado Elesis para a próxima cena.

Um homem de terno, se ajoelhara de frente a cabeça da garota, mergulhando a mão no buraco de seu pescoço, enquanto trazia junto dela, miolos e carne, o qual devorava com voracidade. Os restos da menina caiam sobre sua camisa branca, enquanto o sangue escorria pelas bordas da pele do pescoço, até uma massa de carne se desprender e cair no colo do homem, que atirou a cabeça para o lado, e partiu para cima da carne.

Lass estava sobre a árvore, lembrando ainda disso, divagando, quando sentiu o puxão de Elesis no seu ombro. Ele virou-se pra ela, porém nada disse, ela apenas apontou para um lugar um pouco distante. Ele seguiu a direção com os olhos, e logo viu, um moreno correndo, enquanto zumbis iam atrás dele.

— Eu conheço ele. — A voz de Elesis saiu fraca, porém ao menos ela disse algo. — Sim sim... ele era do nosso antigo colégio, mas foi expulso por... expulso... ah, ele foi expulso por ficar com a professora de matemática, só pra ter as notas aumentadas. O nome dele é Sieghart. — Lass não entendeu como é que ela era capaz de lembrar de tantos fatos, porém ele também se lembrava do garoto.

Pulou da árvore, e acenou com a cabeça, para Elesis se jogar também. Assim que a pegou no colo, olhou-a no fundo dos olhos, e por um motivo que não entendeu, a beijou.
Elesis estava corada, quando foi posta no chão, e teve a mão puchada por Lass, que corria na direção do moreno.



Arme estava caída no canto do palco, seus braços envolviam suas pernas, numa tentativa fútil de se proteger, enquanto observava o caos em sua frente.


Após o homem ter entrado na sala gritando, dois seguranças se dirigiram até ele, para tentar afastá-lo... porém ambos foram mordidos. A idéia ainda não descia pela goela de Arme. Os dois haviam sido mordidos... e então uma confusão começou.

Mais pessoas tentavam separar as brigas, e cada vez mais, elas eram mordidas, e então se transformavam em alguma coisa. Arme não queria saber o que era, apenas queria imaginar que era um sonho, que logo estaria fora dali.

Ela não havia se dado conta entretanto, que soluçava alto, enquanto as lágrimas escorriam de seu rosto, lágrimas de desespero, de terror. E logo, a atenção de todos na sala, haviam se voltado para ela. Cada par de olhos, cada humano, ou o que quer que fosse, agora fitava a garota encolhida no canto da sala, silenciosa agora entretanto.

— Não... não! — Arme se levantou, e saiu correndo pela saída de emergência, enquanto ouvia o estrondo causado pelos vários pés correndo atrás dela. Pôs os braços em frente de seu corpo, quando bateu com força na porta de saída. Não parou de correr por um instante, não sabia para onde ia, porém mantinha na cabeça: "Corra, corra, corra até o sonho acabar, corra até voltar para a realidade feliz, corra até se ver novamente na frente de todas aquelas pessoas, dando seu dircurso, e dessa vez, vou sorrir, vou sorrir e acenar para todos, e mostrar como estou feliz por ter entrado para a faculdade, sim sim, vou apenas correr, correr, correr, correr..."

E então Arme correu. Ela passava através de avenidas cheias, atráves de pátios vazios, através de postos abandonados, porém continuava correndo. A quantidade de zumbis atrás dela, hora diminuia, hora aumentava, entretanto continuavam ali, para o desespero da garota.

Porém Arme não foi feita para correr. Logo a garota iria cansar, e a mesma sabia disso, ela precisava de um plano diferente. Viu-se então, em um estacionamento vazio, suas pernas já estavam dormentes, e não aguentava mais correr de forma alguma. Observou então os vários carros em volta, e não pensou duas vezes. Correu na direção do primeiro, se enfiando por baixo dele, porém, sabia que não seria o suficiente. Arfando pelo cansaça, com o suor escorrendo pelo corpo, a garota transpirava desespero e medo. Forçou-se a ficar quieta, enquanto seguia engatinhando, de um carro para outro, vez ou outra arriscando um olhar para trás, apenas para confirmar que eles não estavam próximos. Ela seguiu assim, até o último carro da fileira, e quando chegou nele, se deu conta da burrice que fez, Devia ter ficado pelo menos um carro atrás, dessa forma eles não teriam tão fácil acesso para onde estou... muito menos me achariam facilmente. Virou-se para voltar, entretanto, mais rápido do que devia, e quando sua cabeça bateu em um cano, sua dor se dissipou junto com o barulho, para dar lugar ao terror. Conseguia sentir dali do chão, os inúmeros pés, indo em direção dela, então, se encolheu, enquanto deixava suas lágrimas rolarem. Seus olhos então se dirigiram para a base do carro, quando o primeiro zumbi chegou. Se assustou ao ver que era o diretor da universidade. Então ele me seguiu até aqui... De qualquer forma, Arme não queria morrer sem lutar. Estendeu seu braço direito para o cano onde batera a cabeça.

Então o sangue lhe veio a cara, junto com a luz.



Sieghart agora corria ao lado de um cara que não lembrava o nome, e uma antiga paixão sua, Elesis. Fazia tempo que não via ela, uns dois anos talvez, não tinha plena certeza disso. Apenas se manteve correndo, pois não estava muito afim de ser mordido.

O trio deslizava pelas ruas, evasivamente, se esforçando ao máximo para evitar os zumbis, pois não estavam em condições de lutar, algo que, Sieg pretendia resolver em breve.

Tem algum plano em mente, Lass? Sieg observava ele, enquanto seguia correndo. Ele sabia que não, mas só queria confirmar que eletinha um plano, e Lass não. Só pra se sentir superior e mais inteligente mesmo.

Na verdade, eu estava pensando em achar um lugar para agente se esconder primeiro Sieg, depois pensaríamos no resto. Lass se mostrava seguro com o plano dele, algo que Sieg logo viu que seria chato de convencê-lo de outra coisa, entretanto, decidiu apenas pro se adaptar.

Concordo com você, entretanto, devíamos antes passar para nos armar, de alguma forma, se encontrarmos zumbis por lá, é melhor que estejamos prontos. Lass simplesmente concordou com a cabeça, então ambos seguiram em busca de equipamentos.

Elesis estava silenciosa durane o percurso, um pouco apreensiva talvez, entretanto, mantinha o ritmo junto aos dois normalmente, sem ter problemas em acompanhar a velocidade deles. Eles estavam correndo havia um bom tempo, quando, finalmente chegaram a um pequeno parque, abandonado, intocado. Lass e Elesis se entreolharam, trocando sorrisos. O grupo foi se aproximando do meio, onde uma árvore enorme se pronunciava, e, entre os ramos dela, era possível ver uma casinha, os degraus de madeira e corda estavam estendidos até o chão, e, nimguém precisou pensar, antes de correr na direção dela.

Elesis subiu primeiro, seguido de Sieghart, e então Lass. A garota havia parado na ponta da escada, para obsevar em volta, se havia alguém, porém, tudo se mostrava em perfeito estado, e logo, ela se atirou para dentro, de costas para a janela, sentindo o vento em seus cabelos, refrescando-a um pouco. Sieg sentou no canto da pequena casa, o que não era muito longe, e ele foi obrigado a dobrar as pernas, visto que Elesis simplesmente se atirou ali. Lass assim que subiu, deu um pequeno sorriso, e se aproximou de Elesis, apoiando a cabeça em suas pernas, enquanto deitava naquele lugar.

Parece até brincadeira...

O comentário de Sieg foi cortado pela metade, junto com o toráx de Elesis. Uma mão atravessava o ponto entre os seios dela, enquanto Lass estava estático, com o sangue escorrendo para cima de seu rosto.

Ma-mas... o qu... Elesis fora interrompida, pelo sangue que subia até sua boca, e escorria para fora entre seus dentes. A garota cuspiu do lado, enquanto urrava de dor. Assim que se virou, o braço então preso, se partiu, e assim que Elesis caiu, Lass foi capaz de ver, um par de olhos vermelhos, atrás da janela. Urrou de raiva, quando se jogou para cima dele empurrando-o com força, para então ouvir o crack dele tocando o chão. Eles são mais fracos, não parecem ter a mesma resistência de um humano, se quebram facilmente... Lass voltou a realidade, e para sua amada, atirada ao chão diante si. Uma poça de sangue se formara a partir do buraco em seu peito, e uma outra, bem menor, devido ao sangue que escorria de sua boca. Assim que Lass encontrou os olhos dela, nada viu.

Elesis se fora.

Lass deixou-se cair ajoelhado, enquanto levava sua mão até a cabeça, lágrimas presas durante anos, agora escorriam pelo seu rosto. Sentiu uma mão tocar seu ombro, e, assim que olhou para cima, poderia jurar que viu conforto no olhar de Sieg. Ele logo entendia que em breve teriam que sair dali, mas não conseguia aceitar a morte de Elesis, não do jeito que ocorreu, Não desse jeito injusto. Lass tirou seu casaco, ficando apenas com sua blusa social, e o pôs por cima do rosto de Elesis.

Sieg estendeu a mão para Lass, que logo segurou ela, e se levantou, entretanto, os olhos de Lass se estacionaram sobre um objeto no canto da casa.

Um bastão de cricket.

Foi até lá, e agarrou ele pelo cabo, e assim que olhou para Sieg, o mesmo já estava com um sorriso triste no rosto.

Pelo jeito quem vai ter de dar conta desses... dessas coisas, por enquanto é você Lass. Lass assentiu com a cabeça, e enquanto ia na direção de Sieg, ouviu um estrondo vindo de perto.

Foi até a beirada da árvore, e seguiu a direção do barulho.

Seus olhos pousaram sobre um estacionamento.


Os olhos de Arme se abriram com força, quando viu o coto, de onde sua mão direita antes estivera. Jatos de sangue saiam dele, molhando-a no rosto, porém a mesma estava estática ainda, não conseguia aceitar a situação, não mesmo.

Em um instante ela estava estendendo a mão para agarrar o cano, e na outra, um carro havia batido com força no outro, o qual ela estava escondida, o zumbi que ela pretendia distrair, virou patê quando foi impressado entre os dois, e a mão dela, simplesmente se foi. Estava horrorizada de mais para fazer qualquer coisa, porém, assim que ouviu os gritos, vários deles, ela entendeu que devia fazer algo. Mas o quê!? O quê eu posso fazer!? Estou sem minha mão útil, cercada por... por o que quer que eles sejam, mesmo que me salve, o quê vou fazer? Começou a rir então, enquanto estava jogada ao chão. Deixava as gargalhadas fluírem pela sua garganta, enquanto pensava, em quão ridícula, impossível, e inesperada, sua vida se tornara em questão de minutos. Tentou abafar o riso com a mão direita, porém apenas levou sangue a boca, entretanto, após engasgar, continuava rindo. Sabia que a qualquer instante ela estaria morta, então, ao menos morreria rindo.

Vários zumbis agora estavam próximos dela, todos eles vinham lentamente, a presa já era certa, eles não tinham o por que correr. Arme levantou um dos olhos para vê-los, e acho que não seria nada mal andar por ai comendo outras pessoas, sentiu pena do diretor de colégio que jamais poderia experimentar um pedaço dela.

Então, ela sentiu como se milhares de agulhas, estivessem perfurando sua cabeça, de dentro para fora. E logo o riso deu lugar a um grito de dor, enquanto era arrastada com força, para longe das mãos que se aproximavam dela. Seus olhos se viraram rapidamente para cima, e logo viu, montado numa bicicleta, enquanto controlava o guidom com apenas uma das mãos, um moreno segurava ela com força. Assim que chegaram longe o suficiente, ele a largou no chão, enquanto descreveu uma volta, para ficar entre ela e os zumbis.

Quer se levantar, e lutar pra continuar viva, ou prefere voltar a ficar rindo que nem uma demente enquanto um bando de animais te devoram? Os olhos dele se encontraram com os dela, e então, onde quer que a alma dela estivesse, voltou para o corpo, e recobrou sua consciência.

O que devo fazer? A voz fraca dela, de uma garotinha, voltou junto, e, assim que a ouviu, o moreno deu uma risada.

Que tal montar aqui comigo, e sairmos logo daqui? Tenho um amigo esperando agente em outro lugar.

A garota corou violentamente, ao se imaginar entre os braços dele, porém, com a cabeça baixa, se enfiou sobre o quadro da bicicleta, enquanto sentia o corpo do moreno atrás dela.

Entretanto, estava salva.




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Notas finais do capítulo

Oh, pois é.
Antes de tudo, não, a fic não será romântica nem nada, se a Arme alimenta algum sentimento pelo Sieg, posso até demonstrar durante a fic, porém não pretendo por romance.
Agora, voltando ao assunto... que nunca existiu, devo apenas lhes dizer que, mesmo que eu tenha várias idéias, elas estão emboladas em minha mente, vou tentar arrumar elas, para então pensar em postar o próximo cap.
Thx & Cya.



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