Sexto Sentido escrita por sassaricando


Capítulo 6
Aparando as arestas


Notas iniciais do capítulo

Hey, people!
Pegação, porradaria, bebedeira e Santana fazendo bonito nos palavrões.
Obrigada pelas reviews. Mesmo.
Boa semana para todos e todas. Devo atualizar antes do final de semana, se eu me entender com esse site, obviamente. Xoxo



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Puck abriu os acordes de Wonderwall e eu olhei pra diva com a cabeça encostada no meu ombro seguindo a música. Eu já tinha cantado e estava feliz por ela ter gostado da apresentação, não queria cantar novamente. Não, verdade seja dita, eu poderia cantar pelo resto do dia – é, estava me sentindo feliz assim, como num musical -, mas resolvi me concentrar em ouvir sua voz que cantava baixinho ao longo da música. Olhei em seus olhos enquanto ela cantava baixo, me olhando e nós nos esquecíamos dos outros três que estavam cantando a plenos pulmões a música.

 "I don't believe that anybody feels the way I do about you now." Ela cantou num sussurro, me olhando fundo nos olhos. Me senti quente como ela costuma me fazer sentir e continuei rindo, envergonhada e mais feliz do que lembro de ter me sentido. Então ela ficou quieta, só sorrindo um de seus melhores sorrisos que me faziam sentir a pessoa mais importante do mundo. Mais até do que quando era capitã das cheerios. Olhei nos seus olhos, segurei seu queixo com a mão livre e a vi ficar vermelha – ela é realmente adorável, não sei como não tinha percebido isso antes. Bem, pensando assim, talvez eu até tenha percebido... Cantei baixo, só pra ela, que continuava calada, ouvir. Torcendo pra que entendesse tudo que aqueles versos e ela significam pra mim.

"And all the roads we have to walk are winding. And all the lights that light the way are blinding. There are many things that I would like to say to you but I don't know how." Cantei com todo o sentimento que tinha e tentando transparecer tudo que não conseguia falar. Ela me sorriu envergonhada e chegou ainda mais perto de mim, despertando uma série de calafrios por todo o meu corpo enquanto eu pensava em me vestir, porque isso só poderia ser o frio.

 "Because maybe you're gonna be the one that saves me. And after all you're my wonderwall." Ela me disse num suspiro ao meu ouvido e eu percebi que estava tremendo sim, mas não por estar com frio. Era só a sua presença que me fazia tremer. Puck bateu mais forte no violão, pesando o ritmo, o que a fez sorrir tímida pra mim e voltar a prestar atenção nele. Se eu pudesse me resumir em uma palavra naquele momento, seria 'bagunça'. Mas deixei esses pensamentos de lado e me foquei na interação. Rachel se aconchegou entre o meu braço – eu deixei de apoiá-lo e resolvi abraçá-la com ele – e eu estava em alpha, literalmente. Enquanto cantávamos cada vez mais alto não ligando nem um pouco pra quem gostava ou deixava de gostar. Nada nos importava no momento, nada me importava naquele momento. Se o sorriso dela contasse, eu estava feliz comigo, só por estar e por ela estar ao meu lado.

Repetimos a música conforme o script. E todos nos olhamos com sorrisos bobos no rosto, até Santana – é, ela não era sempre uma vadia. Rachel levantou a cabeça e me olhou nos olhos sorrindo seu sorriso de 10.000watts. Eu sorri de volta e abri as pernas e toquei em seu ombro pra que ela se sentasse entre elas. Ela assentiu com a cabeça e se posicionou na minha frente. Virando de lado, ela me disse baixo.

"O que acha que podemos cantar agora?" Perguntou em sua voz doce. Eu dei de ombros. Não me importava com o que seria, contanto que ela cantasse pra mim. E eu percebi que ela esperava uma resposta verbal minha.

"Não sei, Rach, mas o que você quiser cantar, eu vou gostar de ouvir." Respondi sorrindo e igualmente baixo, como se o fato de falarmos mais alto fosse acabar com o momento. Ela concordou com a cabeça novamente e se virou, talvez pensando em algo. Depois juntou suas pernas e abraçou-as, colocando o queixo em cima do seu joelho. Confesso que fiquei meio perdida com isso, será que ela não queria mais ficar perto de mim? Até que vi que ela estava arrepiada e tremendo de leve, provavelmente com frio. O que não posso culpá-la, o Sol estava cada vez mais fraco e estava começando a bater um ventinho frio.

"Tá com frio, Rach?" Sussurrei pra ela e a vi arrepiar-se novamente. Sorri comigo, aquilo não foi o frio que causou. Mordi o lábio antes que o sorriso virasse um riso e a vi virar-se e concordar com a cabeça. Balancei a cabeça pra ela e peguei minha bolsa para dar-lhe uma roupa – já que a sua estava molhada graças ao estúpido do Puckerman. Como eu costumava ir à praia com B. e S. e nós passávamos o dia inteiro, literalmente, e só íamos embora à noite, eu sempre levava mais uma muda de roupa mais quente. Uma calça de ginástica e um moletom fino, só pra garantir. E era exatamente esse tipo de roupa que tinha levado hoje, peguei-os na bolsa e dei a ela enquanto pegava o meu short e minha bata de mangas compridas. Ela me sorriu envergonhada e sussurrou um 'obrigada' enquanto se levantava para vestir-se. Fiz o mesmo e coloquei minha roupa. Depois de vestida, olhei pra ela usando as minhas roupas e dei um sorriso leve, era visível que aquelas roupas não eram dela, já que ficaram bem maiores – não tanto quanto ficariam as roupas horrorosas do idiota do Finn -, mas fizeram com que ela ficasse parecendo uma criança. Ela estava adorável – será que já disse isso hoje? – e me sorriu grande, agradecida. Sentei-me novamente e abri os braços, esperando-a sentar-se na nossa posição anterior. Foi o que ela fez ainda sorrindo e dava pra ler a felicidade escrita em seu rosto. O fato de ela estar tão feliz me deixou igualmente feliz, o que me fez abraçá-la por trás e apoiar a cabeça em seu ombro.

"Estou te incomodando?" Perguntei baixo no seu ouvido. Ela balançou a cabeça negativamente e se virou meio de lado pra me olhar.

"N-não, não está não..." Foi o que disse igualmente baixo e envergonhada – se o fato de gaguejar quisesse dizer algo – e eu sorri ainda mais, ela conseguia ser mais do que fofa. "Eu.. eu posso, hum, me encostar em você?" Ela perguntou e eu só fiquei olhando-a, o que ela deve ter entendido como sendo um 'não', pois continuou. "Claro, se você achar que é demais, Quinn, não tem importância, isso é só uma bobagem e eu não quero te deixar desconfortável então..." Ela disse na sua usual corrida, que agora eu descobri que piora quando ela está nervosa e continuei sorrindo, agora mais aberto pra ela que já tinha passado a cota possível de doce e adorável – é, eu preciso pensar em outra palavra, até eu estou me sentindo repetitiva. Ela levantou os olhos e me olhou confusa, o que me fez sorrir mais ainda – amanhã eu vou sentir dor nas bochechas, certeza. "O que foi?" Me perguntou com aquela sua expressão confusa que era pra lá de linda. É linda mesmo e cansei de brigar comigo dizendo que não. E daí que eu achava Rachel Berry linda? Quem não acharia no meu lugar? E daí que eu, talvez, sentisse atração por ela? Ok, eu definitivamente sentia algo por ela. Será que eu estava apaixonada? E se estivesse, quem iria me culpar? Oras! "Fala o que foi..." Disse me tocando de leve, parecendo uma criança contrariada e meu sorriso virou um riso, o que a fez fazer um bico e querer virar-se. Continuei rindo e a agarrei pela cintura, colando seu corpo completamente no meu e eu creio tê-la ouvido soltar um gemido baixo (hehe, 1 a 0 Fabray). Voltei a apoiar meu rosto sorridente em seu ombro – depois de tirar seus cabelos de lá para não machucá-la. Não tinha espaço entre nós nem pro vendo passar, era como se ela fosse minha extensão e eu a dela. E era incrível o modo como ela cabia no meu abraço, como o seu corpo se moldava no meu e eu ficava na altura ideal pra apoiar a minha cabeça em seu ombro, com os meus braços amarrados em sua cintura apertando-a em mim e minhas pernas fechadas nas suas. Em outras palavras, se eu me movesse, ela se movia e vice-versa. Estilo Titanic (é, eu vi e chorei nesse filme, fazer o quê?), 'you jump I jump, Jack'. Porque eu estava me sentindo assim, com vontade de levá-la comigo pra onde quer que eu fosse, vesti-la como se fosse minha segunda pele. Sorri pra mim, puxar os botões dela mais um pouquinho não faria mal, faria?

 "Assim está perto o suficiente pra você, Berry?" Perguntei baixo, sussurrando no seu ouvido e mantive minha boca por lá, respirando o cheiro bom dela. Pude sentir um arrepio passar por seu corpo – uhum, nós estávamos perto assim – e vi que ela estava com os olhos fechados, respirando fundo e mordendo o lábio inferior, como se estivesse tentando se concentrar no que responder, ou no que sentir. Continuei olhando-a enquanto esperava que ela abrisse os olhos. Quando me olhou, estava vermelha e com seus olhos castanhos bem escuros, mais do que o usual, de um modo que não me lembro de já ter visto. Mas antes que pudesse me responder, Puckerman chamou nossa atenção – parece que os três tinham cantado outra música enquanto estávamos concentradas. Que fosse! Isso não dava a ele o direito de nos interromper, caramba!

"Rach, que tal treinarmos o dueto que vamos fazer na quarta?" Ele perguntou e, de canto de olho, vi Rachel olhá-lo confusa, perdida e fora da realidade. Sorri leve comigo. "Lembra que te sugeri um dueto hoje mais cedo, superstar?" Ele disse rindo bobo, provavelmente implicando com ela. Grande retardado ele era.

 "Se eu soubesse que era só você encoxá-la pra que ela fechasse a matraca, eu já teria te leiloado há muito tempo, Fabray." Isso foi Santana balançando a cabeça e Puckerman riu logo atrás, fazendo Rachel se ajeitar, mais dentro do meu abraço e ainda mais perto de mim. O calor que passava dela pro meu corpo me deu uma sensação boa e estranha, me deixou quente e um desejo esquisito cresceu em mim, nublando minha mente por completo. Colei minha bochecha no rosto dela e minha respiração estava pesada, como se eu tivesse corrido uma maratona. Meu coração batia destrambelhado e eu estava arfando. Olhei pra baixo e Rachel também não estava muito atrás, a respiração da qual ela se orgulhou há pouco tempo de ser tão boa e controlada, estava funda e rápida também, como a minha. Senti uma mão sua em minha coxa e outra segurando meu abraço de urso, enquanto ela jogava ainda mais seu peso em mim. Talvez eu tenha soltado o abraço e estivesse passando a mão em sua barriga – e que barriga! –, com os olhos fechados, mas não sei mesmo se fiz isso, já que eu estava em automático e não controlava as minhas ações. Apoiei minha testa em seu ombro tentando respirar melhor, claro que ela não estava me ajudando com sua mão passeando pela minha perna. E eu confesso que estava por pouco de virá-la e jogá-la na areia – que diabo de necessidade é essa, eu ainda não sei e nem sei de onde veio. Será que isso faz de mim gay? Não que ela seja hétero, ou que eu tenha problema com o lado cor de rosa da vida, não tenho mais nenhum preconceito com isso, pra ser bem sincera, mas essa era uma mudança muito rápida e eu ainda não tinha pensado nela desse modo, ou eu pensei? Não sei, já não faço a menor idéia... Fui interrompida de meus pensamentos nada cristãos por Puckerman piscando e cumprimentando Santana, ele rindo babaca e ela debochando rampeira. Ali entendi tudo. Eles estavam juntos para nos zoar! Cretinos! Vou transformar a vida deles num inferno, como ousam fazer isso?

Abri a boca pra responder essa tirada infeliz da Lopez quando senti a mão – longe de ser masculina, já disse isso, não? – de Rachel que segurava as minhas mãos em seu corpo me apertar de leve. Virei meu rosto para olhá-la e ela só balançou a cabeça em negativa. Suspirei chateada. Pois eu devia ter ficado tensa pra ela me acalmar com um simples toque, ou isso ou ela realmente tinha um sexto sentido. Ri comigo, isso era ridículo, eu é que devo ter demonstrado, ou abracei-a mais forte, enfim. Não é possível alguém ter um sexto sentido. Bem, com ou sem sexto sentido, ela enlaçou nossos dedos e jogou a cabeça pra trás, sua vez de apoiá-la em meu ombro. Sorri, visivelmente mais calma e ela me abriu um grande e branco sorriso que fez mais uma vez meu coração sair do ritmo – dizem que enfartos são fatais antes dos 30 anos e pelo visto, isso é o que Rachel Berry quer me causar. Abri a boca para informá-la de que suas ações seriam fatais, mas Puckerman – e ele tem sorte de ser amigo dela, ou eu já teria arremessado uma cerveja na sua cabeça oca – interrompeu novamente.

"Tive uma ótima idéia, superstar! Vamos cantar a nossa música, lembra dela?" Ele disse rindo sem graça nenhuma. Que diabo de 'nossa música' é essa? Do que ele estava falando? Ora! Ele não pode ser imbecil o suficiente pra fazer uma serenata pra ela na minha frente, não pode ser! Rachel me olhou sorridente depois de acenar com a cabeça pra ele. Claro que ela não ia deixar passar a idéia de alguém cantando qualquer showtunes idiota pra ela. Idiota eu fui por acreditar que eu era especial... Comecei a me afastar dela e quando desatei nossos braços, ela se virou como um foguete pra mim, me olhando com cautela. Cheguei um pouco o corpo pra trás e ela foi junto comigo, como se eu ainda a estivesse segurando. Até quando eu ia me afastar de novo e ela colocou as pernas em cima da minha perna esquerda, me segurando ali. Olhei-a com raiva, qual ia ser a desculpa da vez? Não que ela precisasse me dar alguma desculpa, ou coisa parecida, ou se ela me devesse algo, coisa que ela não devia... Ela se aproveitou do fato de que eu estava embaixo de suas pernas e ainda chegou mais perto, se encostando a mim. Abri a boca para dar uma resposta bem atravessada, mas ela teve a audácia de colocar o indicador na minha boca – mais uma vez – e jogou sua cabeça no meu pescoço, falando ao meu ouvido.

"Noah costumava tocar essa música e eu cantava enquanto Brittany e Mike dançavam. Esses eram nossos sábados na casa do Mike, até quando o Raffe morreu e isso parou de acontecer. Por isso a Brit está tão feliz, ele sempre falava que era a 'nossa música', a do nosso grupo." Foi o que ela me sussurrou e eu suspirei. Olhei pra Brittany, não por não acreditar nela, mas só pra me certificar mesmo. Ela identificou as batidas da música e eu a vi rindo, feliz da vida, enquanto puxava Santana pra dançar. Rach tinha acompanhado o meu olhar e agora me olhava nos olhos com uma expressão cheia de si. Olhei pra baixo, envergonhada e ela segurou o meu rosto com uma mão e me dizia, com o rosto a centímetros do meu "Pode voltar a me abraçar agora? Eu não vou conseguir cantar sem seus braços me segurando e, como você pode ver, a Brittany vai ficar bastante triste caso eu não siga com a nossa tradição. E eu não quero nem ver o que a Santana vai fazer comigo..." Ela disse e tremeu, talvez de medo. Claro que eu nunca deixaria a Santana encostar um dedo nela, e nem acho que a própria S. faria isso, mas se tivesse louca o suficiente, só machucaria ela se passasse por cima de mim! Agarrei-a nos braços com força e segurei suas pernas mais perto ainda da minha, enquanto passava a mão nas suas costas.

"Eu não vou deixar que ela encoste um dedo em você, Rach. Ok?" Disse no ouvido dela e pude sentir seu sorriso se abrindo como um dia de sol. Soltei-a de leve para olhá-la nos olhos e ela assentiu com a cabeça. A esse ponto, Noah já tinha reiniciado a introdução pela terceira vez – coisa que só Santana notou, mas não comentou com B., pois não queria deixá-la triste. Estávamos ainda na mesma posição – posição bem parecida com a de mais cedo, antes de ela cochilar em cima de mim – e ela passava o indicador no meu pescoço, com sua cabeça – que tinha se esquecido da música e Puckerman resolveu entrar mais uma vez na introdução – ainda no meu ombro. Colei minha mandíbula em sua testa e ela suspirou contente, descendo seu dedo pela costura da minha blusa, passando pelo meu ombro e pelo meu braço. Até levantar seu rosto e respirar no meu. Sorriu aberto, com seu sorriso mais sincero e mais iluminado que o próprio Sol. Sorri tímida pra ela e, sem meu consentimento, minha mão que estava segurando suas pernas – já disse o quanto elas são malhadas e vigorosas? Talvez eu tivesse uma leve vontade de passar as pontas dos dedos nelas, bem devagar... mas parece que minha mão queria outra coisa – foi para o seu rosto e passou o meu indicador por suas feições (sem nem me pedir permissão, isso que eu chamo de 'mão boba'). Ela suspirou de novo e fechou os olhos. Eu sorri, por minha conta, enquanto meu rosto se aproximava do dela, também por vontade própria – não sei o que há com o meu corpo quando ela está por perto, mas eu perco completamente o domínio de minhas ações -, dei por mim quando minha boca estava beijando leve seu nariz e ela sorriu doce. Meu rosto se afastou do dela – eu queria mesmo que ela abrisse os olhos pra saber se ela queria o mesmo, né? – e ela me olhou assustada, como se estivesse me vendo fugir. Sorri pra ela, que não entendeu absolutamente nada – nem eu estava entendendo patafúrdias mais, só sei que a queria ainda mais perto. Puxei suas costas de encontro ao meu corpo e ela agarrou a minha bata, sorrindo ao se aproximar mais. Meus nervos iam me destruir. Se eu não morresse do coração, eu teria um derrame, meu corpo tremia, meu sangue fervia, minhas mãos pareciam ter adquirido Parkinson de repente, borboletas, morcegos, pterodátilos, boings e foguetes alçavam vôo em minha barriga e ela molhou os lábios com a língua – meu Deus! Me mata agora! – e eu puxei meu agasalho, que fica tão melhor nela – mas eu tenho certeza que ela fica melhor sem ele, ou sem nada... – até que uma voz falou algo.

"Ora, ora, Rachel, assim minha irmã vai sentir ciúmes." Que porra é essa?

...

Ela estava respirando no meu rosto, com a testa colada na minha enquanto eu a olhava fundo em seus olhos. Eles não eram mais cor de mel, as pupilas estavam dilatadas e eles estavam num tom de verde tão forte e limpo que meus pulmões pararam de trabalhar. Eu tinha vontade de puxá-la pelo cabelo, ou agarrar sua bata transparente – coisa que não me ajudava a manter o autocontrole no momento - e me lançar em cima dela com toda a minha força, mas isso tinha que ser no passo dela. Que eu a queria o Mckinley todo sabia a essa hora, graças à boca diabólica de Santana. Mas eu confesso que o fato de ela se aproximar lentamente, estava me matando aos pouco com uma onda de emoções que eu nunca tinha sentido antes, ansiedade, desejo, nervosismo e tantas outras que nem sei se vou poder nomear algum dia. Quem pode me julgar? Meu crush de 10 anos estava prestes a me beijar! Passei a língua nos lábios, que ficaram secos como o Saara de repente, e a ouvi gemer baixinho. Santa Barbra! Essa menina vai ser o meu fim! Meu corpo estava pegando fogo, tremendo, eu estava com calor e suava, apertei ainda mais sua bata com minha mão. Ela me deu um sorriso safado – isso mesmo, ela estava me provocando e me enlouquecendo – e encostou de leve seu lábio no meu até que uma voz – que morra quem ousou interromper esse momento! Morra torturado! - a fez afastar-se com raiva. Olhei em seus olhos que estavam cerrados e segui a linha de seu olhar. Claro que seria ela...

"Punk, saudade de quando você tocava essa música pra mim..." Disse rindo estúpida, essa vadia! E Noah simplesmente a olhava boquiaberto. Ela passou a mão em seu braço e ele ficou sem graça. Que cacetes estava acontecendo ali? Santana e Brit estavam se entreolhando, Quinn estava atirando dardos com seus olhos e ela só sorria. Me virei pra Quinn, a vagabunda que se estrepasse. Coloquei a mão em sua bochecha e ela voltou seu olhar pra mim, que se amenizou completamente.

"Quinn..." Sussurrei pra ela e abracei-a ainda mais forte, abraço esse que ela retribuiu e coloquei o rosto em seu pescoço, respirando seu cheiro e seu xampu.

"Quem é ela, Rachel? Do que ela está falando?" Ela disse igualmente baixo no meu ouvido e eu desejei matar aquela menina como nunca quis matar tanto uma pessoa – viva ou morta. Eu não era mais 'Rach' e a culpa era dela. Dei um beijo leve em seu pescoço, afastei meu rosto do dela para olhá-la nos olhos e continuei passando a ponta dos dedos em seu rosto para acalmá-la.

"Sorte da Katie não estar aqui pra ver isso, ela ficaria de coração partido." Ela ousou falar rindo e eu ameacei me levantar e socar sua cara promíscua, mas Quinn me segurou com uma força que me fez derreter em seu abraço. Mesmo assim, ela iria apanhar, era só uma questão de tempo. A hora dela ia chegar. Ah, se ia...

...

Não sei quem era aquela puta, mas pela história que eu tinha ouvido hoje mais cedo, lembrava bem quem era essa tal de 'Katie', a safada que embebedou e se aproveitou de Rachel. Quem quer que fosse essa ruiva, ela ia se entender comigo antes de chegar perto dela. Por isso, quando minha Rach ameaçou se levantar, segurei-a com uma força sobre-humana que não sabia ter. Ela podia se achar a oitava maravilha do mundo, como essa 'Katie' ou o que fosse, mas não ia passar por cima da HBIC Quinn Fabray, ah, isso ela não ia. Levantei-me num pulo e fui chegando perto dela.

"E quem é você?" Fuzilei-a com o olhar.

"Irmã da paixão da sua namoradinha e você?" E ainda ousou me sorrir, cretina! Eu virei e olhei nos olhos de Rachel que negou com a cabeça, negou depressa e várias vezes e voltei a olhar a vagabunda na nossa frente. "Oh, Rach, que triste pra minha irmãzinha saber que você a negou por uma loira sem sal. Tsc, tsc, esperava mais de você. Ainda mais depois de tudo que vocês duas fizeram naquela..." Não a deixei terminar de falar e dei um soco na sua cara. É, agora eu sei a dor que a Rachel sentiu na mão ao bater na cara de pau do Finn e na cara gorda da Lauren. Isso realmente doía. Balancei a mão pra ver se diminuía a dor e Rachel estava me segurando pela cintura. "Qual é o seu problema, Fabray, porra! Não agüenta a concorrência não, é? Não que eu esteja atrás do seu resto..." Soquei sua cara escrota mais uma vez e estava começando a gostar desse negócio, nem senti dor nesse soco. Não me liguei no fato de ela saber meu sobrenome, estava num estado de raiva sobrenatural. Fui marchando mais em sua direção até que Puckerman se meteu na minha frente e eu dei um soco em suas costas pra ele se mover. Se quisesse salvar a puta dele, que tivesse amarrado-a e amordaçado sua boca imunda. Ele gemeu de dor e se virou pra mim gritando um "Porra, Quinn! Para com isso!", mas Rachel se jogou na nossa frente e ele voltou sua atenção pra prostituta escorada e sorridente ali. Tinha que ser sadomasoquista a cretina, apanhando e rindo, devia gostar.

Rachel segurou minha mão dolorida e me olhou nos olhos enquanto suspirava o meu nome. Abaixei os olhos, não estava envergonhada disso e nem de socar aquela mocréia, mas isso doía. Ela me deu um sorriso triste e me levou pras cadeiras que, até então, estavam sendo ocupadas por B. e S. Olhei em volta, procurando por elas e vi a menina de pé, Puck segurando Santana pela cintura que colocava um dedo em sua cara e a xingava em espanhol. E Brit também estava discutindo com ela. Sorri da cena, Santana não prestava, mas era a melhor amiga que alguém poderia ter. Rachel vendo meu risinho, olhou pra cena se desenrolando lá e olhou de volta pra mim rindo e balançando a cabeça. Ela pegou sua camisa ainda molhada e umas pedras de gelo no cooler, enrolou as pedras na blusa e colocou na minha mão, o que me fez dar um gemido de dor.

Vendo que eu ia puxar a mão, ela permaneceu com o gelo no mesmo lugar, amarrou sua blusa e se sentou no meu colo. Minha mão enrolada em gelo foi para sua cintura e ela passava sua mão leve em meu rosto, sussurrando no meu ouvido "Shhh! Baby, eu tô aqui, vai ficar tudo bem, tá?" Dizer que meu coração rodopiou ao ouvi-la me chamando de 'baby' é como falar que Finn é retardado, um conhecimento mundial, mas bem, foi o que aconteceu. Abri os olhos e vi seu olhar preocupado e lindo me observando, até ela beijar a ponta do meu nariz e eu fui lembrar-me da vagabunda e do que ela disse. Toda a raiva que eu sentia voltou numa tsunami.

"É verdade?" Perguntei olhando firme em seus olhos.

"O que?" Ela disse visivelmente confusa.

"As coisas que ela disse. Sobre você e essa tal de Katie e sobre vocês namorarem e fazerem se..." Não terminei porque ela me deu um beijo nos lábios. Rápido como um piscar de olhos, mas mesmo assim, um beijo. Não tive tempo de terminar o discurso, ou fechar os olhos e tinha acabado. Ela olhou pra baixo envergonhada, mas se ela achava que um beijo mixuruca – aham, e mesmo assim mexeu com minhas estruturas – ia me fazer esquecer a questão e a vadia ali, ah, ela estava muito enganada. Vendo que ainda a olhava com raiva, ela se emperiquitou no meu colo e me olhou séria agora.

"Não. Como Noah disse hoje no carro, a Katie foi o meu primeiro beijo sim, mas não fomos além disso, não tivemos relações sexuais e não namoramos, ou 'ficamos'. Veja bem, não estou dizendo que só a beijei uma vez, porque isso seria mentira e eu não poderia mentir para você nem se eu quisesse, Quinn. Mas se você quiser números, não foram tantas vezes, talvez duas ou três, no máximo. Nada além disso. Ela era mais minha amiga do que qualquer outra coisa, então não precisa sentir ciúmes." Foi o que disse em seu discurso e eu estava lutando comigo para me manter firme na raiva, coisa bem difícil naquele momento.

"Sei. Bom mesmo. Bem, eu não estou com ciúmes..." Disse baixo pra ela que me arqueou uma sobrancelha. Ok, eu posso ter inventado isso, mas ela era uma profissional no assunto. O que me fez ficar estranhamente nervosa e vermelha. Que é isso, Fabray? Se aprume! "Er... Eu estava preocupada com você, só isso..." Ela me abriu seu sorriso gigantesco e lindo e me abraçou, sussurrando no meu ouvido. Eu tremi. O gelo realmente estava me dando um choque térmico.

 "Se isso não for ciúmes, eu realmente quero te ver enciumada." Ela suspirou no meu ouvido e deu um beijo longo em meu pescoço. Sabe o que dizem sobre bater em velhos e em crianças ou chutar cachorros doentes? Sim, isso era igualmente uma covardia. Uma diva Rachel Berry montada em seu colo – não, ela se aproveitou do meu estado e não se sentou como antes, estava com uma perna de cada lado do meu quadril -, sussurrando em seu ouvido e beijando seu pescoço, é fim de jogo e ponto. Por isso fiz a única coisa que poderia pra sair na frente em nosso placar novamente, puxei seus cabelos com a mão enrolada no gelo mesmo, não poderia ligar menos, e trouxe sua boca sorridente e provocante pra mim, colando-a com força na minha. No início, ela ficou um tanto quanto assustada, talvez tenha doído um pouco também pelo corte que Lauren causou (preciso me lembrar de quebrar a cara dela quando puder) – e eu esqueci de fato, não foi por maldade -, mas no momento em que nossas bocas se encostaram, calafrios subiram pela minha espinha, meu coração já acelerado dobrou as batidas – sim, é possível e foi o que aconteceu -, meu corpo pareceu entrar em combustão... Até o momento que ela começou a responder o beijo e passou timidamente a língua no meu lábio inferior, como quem pede licença, e eu, claro, consenti. Abri a boca e ela me invadiu – nota: dizer a Santana que a língua dela realmente fazia maravilhas – com sua língua e iniciou-se a melhor batalha da minha vida. Com minha outra mão – resolvi tirar proveito do fato de ter dois braços, dá licença -, puxei-a mais pra perto pelas costas e, se eu estava em combustão antes, agora eu estava completamente incendiada e suando, enquanto ela passava a língua no céu da minha boca. Talvez eu tenha gemido, digo isso por ter sentido seu sorrisinho, não conseguia, pela minha vida, ligar pra isso. Chupei sua língua e foi sua vez de gemer, até que bastante alto – o que me despertou um desejo desumano, quase animalesco – e eu desci a mão das suas costas pra sua bunda. Rá! Claro que eu não iria deixar de me aproveitar, né? E ela segurou meu pescoço com uma mão e passou a outra por minha barriga, por baixo da blusa. Eu já estava mais que entorpecida e tinha me esquecido que estávamos na praia, Deus! Eu tinha me esquecido que estávamos no mundo! Não era minha culpa, ela passava levemente a ponta de seus dedos em meu abdômen e ia subindo por todo meu torso, até descer e me agarrar pelos quadris, isso enquanto nos beijávamos com uma paixão que eu desconhecia igual. Nos separamos porque eu não tinha anos de experiência em respiração, mas resolvi aproveitar esse fato e tirei o meu/seu/nosso moletom e joguei-o na cadeira ao lado. Olhei nos seus olhos, estavam mais negros que a noite, e ela me sorriu de canto de boca antes de me atacar novamente – um ataque pra lá de prazeroso, se me couber dizer – e morder meu lábio. Não sei se quem gemeu fui eu, ou se foi ela. Só sei que era ela que estava me puxando pelo cabelo dessa vez, enquanto eu jogava peso todo pra frente e a segurava pela bunda – que bunda! – pra que ela não se afastasse um milímetro que fosse, passei minha mão enrolada em gelo na sua barriga e o gemido que ela deu terminou de me enlouquecer – provavelmente pelo contato do gelo na sua pele – e me aproveitei disso, coloquei a língua mais fundo ainda em sua boca e passei meus dentes levemente em sua língua, enquanto ela se arqueava ainda mais em minha direção e gemia mole em minha boca. Resolvi ousar e segui exemplo do que ela estava fazendo com sua mão em minha barriga, passei as pontas dos dedos em seu abdômen e senti seus músculos se retesarem – até suas reações me descontrolaram -, então eu já passava o gelo em toda sua frente, enquanto ela me arranhava e gritava sem ar na minha boca e mordia meus lábios. Talvez ela tivesse gemendo muito alto, talvez eu também estivesse gemendo e tivesse perdido meu autocontrole e ela pode ter perdido a cabeça também. Qualquer uma dessas opções justificaria o que aconteceu, minha bata voou indefesa pelos ares e eu pressionava com força o seu corpo contra o meu, segurando por suas ancas. E, bem, talvez a gente tenha se empolgado um pouquinho e eu também poderia estar mordendo seu pescoço enquanto ela gemia rouca e com uma voz extremamente baixa e sexy em meu ouvido – como eu posso ter juízo, me digam vocês? Como, céus? Existe a possibilidade de eu estar sussurrando, sem fôlego, coisas não tão cristãs em seu ouvido enquanto mordia sua orelha. Alguma coisa parecida com "Deus, Rach, você está me enlouquecendo", ou "Você não faz idéia do quanto eu te quero", eu poderia estar arfando em seu pescoço e lambendo e mordendo sua orelha também e acho que ouvi algo do tipo "Eu preciso de você, Quinn, mais do que eu preciso de ar", acompanhado por vários gemidos, mordidas e chupões em pontos cruciais no meu pescoço que até hoje ninguém achou e eu nem sabia que tinha. Isso tudo justificaria o fato de eu estar segurando-a pela cintura com tanta força que talvez tenha uma marca amanhã e ela estar literalmente cavalgando no meu colo (eu posso dizer que isso foi a coisa mais sensual que já vi em 17 anos. Posso dizer também que eu poderia gozar só com ela subindo e descendo em mim e ela também poderia, isso dava pra sentir pelas oitavas que seus gemidos estavam subindo) enquanto eu descia minha boca em beijos de língua pelo seu tórax com um destino que vocês sabem qual seria. E eu quase cheguei lá, mas Santana – esqueçam tudo que disse sobre ela ser uma boa amiga, era uma cadela safada, isso que ela era! – atrapalhou meu safári pelo corpo maravilhoso da Rachel. Nossa isso era pra ser assim mesmo? Pra enlouquecer e pra quase me levar a fazer sexo numa praia (hum, a gente bem que podia usar o mar...) – nota: continuar essa descoberta quando Satan não estiver por perto, empata foda resume tudo – nos jogando um balde de água fria. Ou melhor, gelo.

"Puta que pariu!" Foi o que gritei rouca. E olhei ao redor, ela nos olhava com uma cara de espanto, Britt ria baixinho e o cafetão não estava por perto – Deus é mais! -, nem sua puta. Sorte nossa que o curupira tirou ele dali...

...

"Santa Barbra! Que porra é essa?" Gritei de repente, sentindo algo gelado cair sobre todo o meu corpo. Bem, depois da sensação de desconforto do choque térmico, a minha vontade era continuar o que estávamos fazendo. Ninguém nessa Terra beija melhor que Quinn Fabray, não é possível que exista tal ser humano. O que ela fazia com o meu corpo era um crime, um pecado, nem eu conseguia fazer melhor – isso porque, quando eu fazia, estava pensando nela, então isso quer dizer algo, acreditem – e eu teria tido relações sexuais com ela no meio de uma praia à luz do dia e nem me incomodava com isso (não me lembro de querer tanto uma coisa em toda a vida, nem a minha coleção completa da Barbra). Não, eu estava é puta da cara com Santana por ter atrapalhado isso, quem ela pensa que é?

"Caralho, Santana, que foi isso?" Isso foi Quinn, aparentemente, tão revoltada quanto eu. Parei para observá-la minuciosamente – não, eu não estava secando-a. Seus cabelos estavam desalinhados, o que lhe dava um visual extremamente quente de quem acabou de fazer sexo – antes tivéssemos feito, antes tivéssemos -, seu rosto estava bem rosa, sua respiração funda e entrecortada, sua boca vermelha e inchada... Alguém me ajude, ou eu vou molestá-la. Desci os olhos pelo seu corpo, seu pescoço tinha leves marcas de mordidas, seu peito trabalhava dobrado por causa de sua respiração, seu abdômen definido estava todo arranhado... A essa hora eu tive que morder o lábio pra não continuar gemendo. Ela sentiu o meu olhar e me deu um sorriso torto, safado, enquanto colocava sua mão em minhas costas e me puxava pra perto novamente. Até me esqueci dos cubos de gelo entre nós e na cadeira. Eu os derreteria somente com o calor do meu corpo. "Apreciando o seu trabalho, Berry?" Ela sussurrou, ainda rouca, em meu ouvido e eu tenho certeza de ter soltado um gemido. "Eu não sei, mas ainda prefiro o meu..." Ok, se eu não gemi antes, ali eu estava suspirando e gemendo novamente.

 "Qual é a porra do problema de vocês? Estão no cio por acaso?" Foi o que Santana gritou me interrompendo de voltar do ponto de onde paramos. Me virei no colo de Quinn, antes que eu voltasse a, como diriam, cavalgá-la. Já que aparentemente eu não tenho o menor controle sobre o meu corpo, minhas ações, meus sentimentos ou meus hormônios perto dela. Enfim, eu fico descontrolada como um desastre de trem. Enquanto ouvia Quinn dar um gemido pesaroso por eu ter me virado e não estar mais de frente pra ela – isso é um tipo de provação, não é possível! -, ouvi Brit falando algo tipo 'Não é pra tanto, San'. Coisa que a fez continuar seu discurso matriarcal – no caso da Quinn – ou patriarcal – no meu caso. "Eu estou falando sério aqui, porra! Vocês tem problema mental ou o quê? Isso não é possível." Ela jogou as mãos pro alto, exasperada e minha loira (minha! Tão bom dizer, ou pensar, que seja, isso) nos defendeu.

"Calma aí, Santana, não é como se..." Foi o que ela não terminou de dizer, já que Santana a cortou e fiz menção de levantar pra discutir com ela. Oras! Ninguém ofende a Quinn sem lidar comigo, ok?

"Não é como se o que, Q.? Não é como se vocês estivessem fazendo sexo? É isso que você ia dizer?" Ela disse sem se importar com a resposta e continuou, se aproximando e apontando pra nós duas e eu senti Quinn ficar tensa embaixo de mim. "Porque, sim, vocês estavam fazendo sexo aí! Vocês estavam trepando no meio da praia, Fabray, sabia disso? E se alguém do Mckinley visse, o que vocês iam fazer? Ah, já sei! Iam se esfregar na cara de todos amanhã, pra que ninguém pudesse perder o show, né? Ou melhor, iam fazer isso na quarta, já que seu cavaleiro de armadura brilhante aqui foi suspensa por porrar dois alunos pra te defender. Então vocês iam se comer pelos corredores e Berry ia sair quebrando todo mundo que resolvesse falar de você, Fabray. Ou melhor ainda, se fosse alguma amiga da sua mãe, pensou nisso? Ou se fosse ela mesma? Ia fazer o que, Quinn? Porra! Vocês não pensam! Se quiserem foder como coelhos agora, fiquem à vontade, estou saindo. Preciso esfriar a cabeça." Depois de dizer isso, ela saiu e foi marchando para a água.

"Não levem isso tão a sério, ela se preocupa com vocês, é só isso. E, pensando no que ela disse, é importante que vocês estejam de acordo com uma decisão e não tomá-la porque ela foi forçada, isso não ajuda em nada." Britt nos falou agachada e se levantou ao fim do discurso, eu realmente estava envergonhada das coisas que tinha acabado de fazer e faria, caso não tivéssemos sido interrompidas e da minha atitude. "Não se preocupem, eu vou falar com ela e vai ficar tudo certo, ok?" Assentimos com a cabeça. "Certo! Beijos e conversem, meninas." Ela disse sorridente e piscou saindo.

 Me virei e olhei-a. é, agora era o tudo ou o nada e ela provavelmente iria sair correndo. Sua cabeça estava abaixada e ela estava vermelha, praguejando de olhos fechados, seu corpo estava tenso e suas mãos estavam cerradas ao lado da cadeira. Não era a mesma pessoa com quem eu tinha acabado de quase me dar. Não, ela não me olhava, não me encostava e fingia que eu não estava nem ali. Claro que isso iria acontecer, bobagem. Sorri amarga. Eu deveria ter previsto isso tudo. Além do mais, Santana – por mais que me doa admitir - estava certa e aquilo era um lugar público, qualquer um poderia ver e fofocar e falar pra mãe dela. Continuei olhando suas expressões e ela passou a dar socos nos braços da cadeira. É, limpei do rosto a lágrima que cismou em rolar e me levantei de seu colo com o resto que eu tinha de dignidade. Coloquei seu moletom que estava na cadeira ao lado e peguei meus óculos escuros. Quando ia me virar pra sair ela me perguntou, ainda de cabeça abaixada.

"Vai aonde?"

"Não sei, dar uma volta, pensar um pouco." Falei e a observei que só concordou com a cabeça, sem sequer abrir os olhos ou levantá-la e me olhar. Ri sem graça e me virei pra ir.

"Você é igual a todo mundo na minha vida." Ela me disse e pegou sua blusa para se vestir. Isso me fez parar e dar meia volta.

"Como é?" Perguntei porque, vá saber, posso estar ouvindo mal – por Barbra que isso não esteja acontecendo! – ou sei lá.

"Você é como todos na minha vida." Ela repetiu, agora vestida e me olhando, com algo que eu poderia confundir com tristeza.

"Por que você me diz isso?" Perguntei sincera, não fazia idéia do que ela estava falando.

"Por nada." Ela colocou os óculos e cruzou as pernas. Olhou na minha direção e deve ter me visto estática ali, pois completou, destroçando meu coração. "Você não estava indo?"

"O que você quer de mim, Quinn? Eu não consigo entender..." Respondi quase chorando porque vocês também estariam no meu lugar.

"Não quero nada, você estava indo pensar." Ela falou, desinteressada. Tentou parecer, mas deu pra ver o seu sorriso triste e seu rosto abaixado. Me aproximei e parei em sua frente, que me olhou. Bem, se for pra ficar com o coração partido, vou usar todas as minhas chances antes de desistir. Me ajoelhei em sua frente e tirei meus óculos. Já que ela tem problema em se sentir vulnerável, eu faria isso. Joguei-os na cadeira ao lado. Cheguei mais perto dela que se remexeu na cadeira. "O que você quer?" Foi sua pergunta triste e baixa e eu entrei ainda mais em seu espaço pessoal sem encostá-la propriamente.

"Você." Respondi certa de mim, porque eu estava certa de mim. E eu estava chorando, se meu rosto molhado quisesse dizer algo... Ela levantou a mão, mas não chegou a me tocar. Peguei sua mão e coloquei em meu peito, enquanto ela abaixava a cabeça. "E você, Quinn, o que você quer?" Perguntei com o coração na boca. Mas eu já estava pra lá de patética mesmo, só ia virar uma piada. Ela balançou a cabeça negativamente, enquanto mordia o lábio. É, ela não me queria. Olhei pra baixo, pois de repente meus olhos ficaram nublados. Não, não foi de repente, eu tinha acabado de ganhar e perder o amor da minha e estava chorando. Sejamos sinceras aqui. Pisquei e engoli as lágrimas que teimavam em atrapalhar minha visão, concordei com a cabeça e me afastei. Não me afastei muito, confesso, já que a mão que estava em meu peito puxou o moletom e me puxou pra um beijo. Beijo esse, mais animal ainda que o primeiro , acabei sentada em seu colo, na mesma posição de antes e beijando-a como se a minha vida toda dependesse disso. Poderia ser o último.

Ela me afastou um pouco e tirou os óculos. Foi quando vi que ela também tinha chorado e abracei-a com força e beijei sua testa. Ela me afastou, colocou a mão delicadamente em meu rosto e me beijou. Eu posso morrer atingida por um raio, mas eu senti mais do que apenas atração física, talvez ela tivesse sentimentos por mim também. Sorri no beijo o que a fez abrir os olhos avermelhados e num verde bem forte e me olhar fundo.

"Que foi?" Ela sussurrou. Ainda sorrindo, balancei a cabeça e fui ao seu encontro para mais um beijo leve, nos beijamos sem pressa nenhuma, até que sua língua tímida me pediu passagem e eu, adivinhem?, dei. Cada terminação nervosa do meu corpo acendeu e pareceu ter vida própria naquele beijo que, de tão lento, chegava a ser sensual. Passei minha mão em seu rosto e encostei minha testa na sua, sorrindo. Ela me sorriu meiga de volta e piscou. Não tive nem tempo de respirar e estava com a minha boca na dela, que sorriu me beijando – a culpa foi dela que me piscou, oras – e o ritmo ainda era lento e sensual, mas aos poucos estava se tornando vicioso. Então ela resolveu chupar minha língua de novo e eu perdi as estribeiras e segurei seus cabelos, beijando-a com força e forçando meu corpo no dela, que forçava de volta. Eu estava no paraíso, nunca foi tão bom beijão alguém. Tudo bem, eu estava apaixonada, mas ela beijava tão bem que eu poderia fazer isso pelo resto da minha vida. Certo, não só isso, sexo também, já que ela estava a meio caminho de tirar nosso moletom pela segunda vez quando ouço uma voz.

"Se eu soubesse que Quinn Fabray beijava assim tão bem, eu teria experimento-a primeiro." Encostei minha testa na dela, enquanto abria os olhos e tentava rescuperar o fôlego. Quinn me olhou confusa – muito embora ela estivesse excitada também, dava pra ver pelas pupilas – e eu me virei em seu colo, me levantando.

"Pois é, Stacey, perdeu a vez." Disse rangendo os dentes pra ela.

"Será?" Foi a afronta que ela teve coragem de dizer e eu fui andando pra cima dela. Cadela abusada! Eu não conheço um ser humano tão desprezível quanto ela. Mas Quinn me impediu de terminar a sua arte na cara de tacho dela.

"Eu tenho certeza." Quinn falou certa e venenosa pra ela. Por fora, eu a olhava com um desejo assassino de chupar seu sangue. Por dentro, eu fazia minha dancinha da vitória. Rá, chupa essa!

"Ora, Quinn, cadê seu senso de humor?" A cachorra falou rindo. Olhei pra trás e Quinn arqueou uma sobrancelha.

"O que você está fazendo aqui, Stacey, você mora em outro estado se bem me lembro." Perguntei cerrando os dentes e os punhos e, se eu tivesse uma serra, estaria serrando sua cabeça vermelha também.

"Vim me encontrar com velhos amigos, acho que vocês conhecem, não? Franz Van der Coop, Amy Whitman e Susan Ackerman. Lembra-se deles, Quinn?" A vagabunda perguntou presunçosa e me virei para olhar a expressão da minha loira que se alternou em confusão, medo, raiva e descrença.

"Eles estão mortos há mais de três anos." Foi o que ela disse. E tudo pareceu fazer sentido. Seus coleguinhas eram, respectivamente, Marlon Brando, Megan Fox e Shirley Manson – digo isso por me lembrar do nome dos dois primeiros. Bem, exceto o fato de eles terem morrido há tempo e só terem resolvido fazer suas vinganças agora, isso ainda não fazia sentido algum. Ou será que eles estavam de sabotagem por aí? Impossível, eles eram babacas e inexperientes demais pra isso. Foi quando vi de canto de olho Santana voltar com Brittany e Noah.

"É, bem, nunca é tarde demais pra uma reuniãozinha, não é? Se vocês tiverem algum assunto pendente, eu posso chamá-los aqui, o que acham?" Filha da puta! Antes que todos pudessem pensar na sua proposta do inferno, pulei em seu corpo pálido e comecei a bater na sua cara descarada. Vagabunda! Só parei de socá-la quando Noah me tirou de cima dela e um salva-vidas a puxou e nos mandou ir pra casa, dizendo algo como 'vocês estão perturbando a paz e ameaçando a segurança dessa jovem'. Grande babaca esse cara, só porque era loiro, alto e forte estava achando que estava no seriado S.O.S. Malibu. E eu estava arfando, cheia de areia, tinha batido com minha mão ruim sim e daí? E queria mais era dar uns cacetes nela mesmo. Malditas pessoas que se metem no que não devem. Ela se afastou um pouco com o segurança – um retardado, eu poderia bater nele e ele nem ia ter tempo de revidar - e Quinn estava com o braço me segurando pela cintura. Até que Stacey resolveu continuar. "Bem, Berry, você sabe que eu sei onde você mora e meus amigos também sabem. Algo sobre manter um olho no peixe e outro no gato, não sei você me entende." Ela disse e riu. "Quem sabe você possa ter companhia essa noite, hum?" Se virou e foi andando. Desgraçada!

"Que porra foi essa?" Santana disse enquanto eu pensava em algo pra nos tirar dessa situação. "Escuta aqui, sua piranha, não sei do que você está falando e não me interessa, mas se você ou seu esquadrão de mortos-vivos encostarem no nosso hobbit, eu vou destruir a sua cara sem noção, ouviu bem?" Isso foi Santana gritando pra ela. Me passou uma sensação gostosa pelo corpo e eu sorri, ela estava me defendendo. Tudo bem, ela me chamou de 'hobbit', mas mesmo assim, né? Ainda mais depois que Britt nos falou que esse é o modo dela se preocupar conosco.

"Senhorita, saia da praia agora." O drogado do salva-vidas. Sorte minha não depender dessa âncora pra me salvar de um afogamento. Pfff!

"Ouviu o jovem, Lopez, é melhor irem." Isso foi a sem cérebro da Stacey. Realmente não sei como ela podia ser tão diferente da Katie. Sem contar com o fato de ela ser da nossa idade e sua irmã ser mais velha quatro anos. Famílias estranhas essas.

"De onde essa hija de la puta sabe o meu nome?" Santana disse olhando pra mim e pra Noah, arrasando nos xingamentos em espanhol.

"Eu só gosto de fazer pesquisas, Lopez. Como eu sei que sua doce loira ali não é a mente mais brilhante desde a criação..." Ela teve o desplante de dizer isso e Santana voou em cima dela. Na verdade, em cima do loiro pintado. Como ele não saia da frente, foi quem apanhou pela vagabunda e eu não senti pena nenhuma.

"San, calma, deixa isso pra lá!" Brit gritava pra Santana que estava sendo possuída enquanto estragava a cara loira e lerda do menino.

"Sai de cima de mim! Polícia! Polícia!" Ele gritava como o homem que era – imbecil! – e dois policiais chegaram, segurando Santana pelos braços. Eu olhava a cena estática enquanto Quinn me limpava a areia dos braços. Sorri agradecida pra ela que assentiu com a cabeça e se voltou para a desgraça que tomava conta ali e eu fui olhar o circo também.

"Senhorita, saia dessa praia agora antes que eu leve todos vocês pra delegacia." É, tava demorando pra algo desse tipo acontecer mesmo. Mas eu não posso culpar a Santana, no seu lugar, teria feito a mesma coisa. Talvez eu tivesse mudado alguns golpes, usado mais os pés, não sei...

"Estamos indo, senhores, muito obrigada." Brittany nos surpreendeu enquanto segurava Santana e nós pegávamos nossas coisas para irmos.

"Puck, posso falar com você num minuto?" Ela lançou sua isca e seu sorriso de mulher da vida – coisa que ela era – e Noah foi atrás.

"Te encontro no carro, superstar." Ele disse no meu ouvido e eu tentei segurá-lo pelo braço, mas ele balançou a cabeça como quem diz que está tudo sob controle. É, estou vendo o controle, só se for o remoto que ela ligou para chamá-lo. Puta. Então se afastou na direção dela.

"Onde, caralhos, Puckerman foi meter o mini puck dele? Puta que pariu, onde ele arrumou essa galinha?" Bem, foi Santana, como aposto que imaginaram.

"Vamos andando, San, depois perguntamos isso pra ele." Britt estava mais calma que todos nós juntos e nos levou a andar. Britt fez os policiais carregarem nossas coisas – não me perguntem como, mas eles levaram tudo - e, quando chegamos ao carro, ela agradeceu aos dois que bateram continência e se foram. Cada coisa estranha acontece por aqui, credo. Ela se virou e disse em segredo à Quinn. "Q., você pode dirigir? A San não está muito calma..." E ela abaixou os olhos.

Minha loira olhou-a e sorriu. "Claro, B." e piscou pra ela. Depois me olhou com uma expressão confusa e eu dei de ombros. "Talvez a gente tenha que conversar, Rach." Ela disse me olhando nos olhos e eu permaneci imóvel, como uma pilastra. "Você tem algo a me dizer sobre isso tudo?" Na verdade, eu tinha. Várias coisas até. E fatalmente ela iria rir na minha cara e dizer que eu tenho parafusos a menos na cabeça, ou ela ia me dar às costas. Ou desistir de ficar comigo... Bah, as possibilidades de isso dar errado eram inúmeras. Mas cumpri com minha palavra de mais cedo e balancei a cabeça positivamente, eu não poderia mentir pra ela, não tinha força pra isso. Ela vendo que eu não iria fugir da raia, me sorriu aliviada.

"Mas conversamos em casa, ok? O clima já não está muito bom e..." Ela selou meus lábios com um indicador e me deu um beijo rápido, sorrindo seu sorriso que me matava e me fazia viver mais um pouco todos os dias.

"Claro, Rach. Eu vou pra sua casa, ok?" Ela perguntou e eu devia estar com a minha usual cara de Finn quando ela me surpreende com sua fofura – cara de vento -, pois ela continuou. "Eu até perguntaria primeiro, mas como o palito de fósforo deixou bem claro que não está brincando de acordo com as regras, não vou te deixar sozinha." E eu sorri tão grande e tão aberto que acho que nada mais se via na minha cara. Ela me sorriu tímida e perguntou "O que foi?" Balancei a cabeça e abracei sua cintura, beijando seu pescoço.

"Obrigada." Foi o que sussurrei pra ela e ela confirmou ter ouvido só balando a cabeça.

"Eu vou cuidar de você, Rach." Foi tão baixo quanto um sussurro no meu ouvido e meu corpo voltou a tremer, o coração a palpitar, a respiração a pesar...

"Deixa de sapatice aí, nós vamos todas pro seu muquifo, Berry. Também quero acertar contas com o curupira ali." Claro, Santana não ia deixar barato. Ajudou Britt a entrar e depois pulou no jipe.

Quinn me sorriu com quê de timidez e outro de safadeza e depois olhou para trás da minha cabeça, me virei seguindo sua linha de visão e vi Noah andando, ainda ao longe, em nossa direção. Ela se virou e abriu a porta do passageiro pra mim com uma mesura. Eu ri e agradeci, também com outra mesura. Ela colocou os óculos e deu a volta no carro, pegando o volante. Puck pulou pela direita do carro, sentando-se ao lado de Brittany, que estava no meio. Quinn assentiu com a cabeça para todos e deu partida no carro.

"Berry, você colocou o cinto?" Santana, estranhamente preocupada, me perguntou.

"Sim, é claro, Santana. Não que eu desconfie da direção da Quinn..." Me virei e pisquei pra ela que sorriu e abriu a boca dizendo um 'melhor mesmo' sem pronunciar as palavras. Balancei a cabeça e continuei. "Mas é importante pensar em segurança. Por que?"

"Por nada." Respondeu desinteressada enquanto acendia um cigarro. "Mas isso explica o fato de você estar no seu banco e não trepada no colo da Q." Pude ver todos no carro. Noah gargalhava, Brit também ria bastante, Santana ria diabólica – como sempre – e, acreditem se quiser!, Quinn também estava rindo. Fiquei mais do que embaraçada e dei um tapa no seu braço.

"Ai! Que foi isso, Rach?" Ela respondeu abusada e ainda rindo. Fiz meu melhor bico e olhei pra frente. "Ah, não fica assim, até parece que a S. falou alguma mentira." Exato! As gargalhadas no carro deviam chamar mais atenção que a própria buzina e eu olhei pra baixo, desejando morrer, ser engolida pelo banco nada macio ou confortável, pular do carro em movimento... "Psiu! Eu gosto de você em cima de mim..." Foi a tortura com a qual ela resolveu fechar meu dia, apoiando sua mão em minha coxa e suspirando baixo em meu ouvido. Até que se afastou, abaixou os óculos e me deu uma piscadela. Estava, mais uma vez, em meu momento Finn enquanto ouvia o resto do carro dobrando as gargalhadas, Quinn me sorrindo doce enquanto dirigia – que mulher é essa, Santa Barbra? Como ela conseguia dirigir e me deixar pra morrer ao mesmo tempo? Questões que a nossa vã filosofia não explica.

"Q., você quebrou a Berry." Santana disse bebendo e tragando seu cigarro, olhando minha boca aberta. E Quinn me deu uma risada gostosa e balançou a cabeça.

Decidi beber, acendi um cigarro e fiquei a provocá-la. Dois podem jogar esse jogo. Falando em jogos, Britt nos surgiu com um enquanto íamos rindo como velhos amigos e aproveitando a volta pra casa, aproveitei para ligar o rádio do carro e deixei na estação dos anos 70, 80 e 90 para cantarmos todos, gargalhando pela estrada. Até que Steven Tyler nos brindou com seu hit 'I don't wanna miss a thing' e cantamos alertando toda a autoestrada de que um carro com adolescentes bêbados e felizes estava se aproximando. Eu e Quinn cantávamos nos olhando e eu gritei pra ela, com todo meu coração e minha voz (digamos, ótima).

 "I don´t wanna close my eyes
I don´t wanna fall asleep
'Cause I´d miss you, babe
And I don´t wanna miss a thing
'Cause even when I dream of you
The sweetest dream will never do
I´d still miss you, babe
And I don´t wanna miss a thing"

Ela me riu, maravilhosa, e gritou comigo e com Noah, enquanto ele fingia fazer o riff do solo na guitarra. Britt e Santana cantavam uma pra outra no auge de seus respectivos fôlegos. E minha loira, de repente, parou e só me ouviu cantar, com um sorriso que me vale mais do que um Tony ou uma casa cheia no meu papel principal da Broadway. A música mudou e nossos amigos - é, até Santana eu passei a considerar assim depois de vê-la me defender hoje na praia - continuaram cantando e eu me calei, envergonhada.

Olhei mais uma vez pra loira motorista e os últimos raios de Sol brincavam no seu rosto, em seus cabelos e o céu estava num tom avermelhado que daria para uma linda fotografia. Mas, verdade seja dita, ela era a minha melhor paisagem.


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Notas finais do capítulo

Editar as coisas aqui é algo mais complicado que tinha previsto, mas espero que entendam.
Tenho Glee não. Nem algo melhor para fazer, aparentemente.
Espero que gostem e digam o que acharam.