Resigno escrita por FranHyuuga


Capítulo 1
Capítulo O1


Notas iniciais do capítulo

Essa DoubbleShot foi um desafio! Adoro o Pein (aos que não sabem, é o meu segundo personagem favorito em Naruto / o primeiro continua sendo você, Neji *pisca* rs) e adoro a Hinata! No entanto, confesso, nunca pensei nos dois como um casal. A Hisui-flor é mesmo audaciosa em me pedir algo dos dois. E somado ao fato de que ELA MERECE algo realmente BOM, meu esforço foi dobrado! (rs)
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Hisui-flor, espero que este prêmio a agrade. E que você possa sorrir ao menos um pouco, porque esse seria meu melhor presente. *~* Enjoy.



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Resigno

{Por FranHyuuga}

– Para Hisui-flor -

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“Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.”

João Guimarães Rosa – O Grande Sertão (1956)

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Essa noite será sombria, ele pensou ao descer do carro e levantar a gola do sobretudo preto. Os pés revestidos pelas pesadas botas soavam com sons abafados sobre o úmido asfalto e as mãos já posicionavam melhor a pistola automática presa à cintura.


Os olhos acizentados observaram o beco imundo e silencioso, pousando ora ou outra nas sombras entre as lixeiras viradas que revelavam excrementos e exalavam um cheiro fétido. Pein definitivamente odiava aquele tipo de ambiente, especialmente quando a pessoa aguardada estava atrasada.


– Idiota. – Grunhiu irritado, torcendo o nariz reto e repleto de piercings.


Como se pudesse ouvi-lo, a pessoa chegou à entrada do beco e sob a sombra noturna seus longos cabelos dourados ganhavam um brilho platinado. Mesmo que quisesse ser discreto, Deidara sempre seria desnecessariamente destacável.


– Chefe, desculpe o atraso. – O discurso era humilde, mas a voz grave mantinha a comum arrogância, uma das razões para que Pein o aceitasse como um de seus subordinados. – O estúpido do Kakuzu resolveu trapacear no pôquer. Para fugir foi um estouro, un!


Pein suspirou cansado e levou umas das mãos aos cabelos rebeldes, amassando os fios ruivos entre os dedos. O tenso silêncio era a resposta mais apropriada para aquele tipo de conduta reprovável; tantos anos treinando aqueles rapazes para que continuassem incorrigíveis e impulsivos!


Definitivamente o império da Akatsuki permanecia intacto graças aos seus esforços em coordenar as malditas habilidades dos seus subordinados.


– Eles chegaram, chefe. – Deidara pronunciou indicando com um leve aceno o carro preto que estacionava.


– Eu quero somente o celular. – A ordem era inquestionável, soando autoritária na voz grave de Pein. – Se precisar mate a todos, Deidara.


O loiro sorriu diabólico enquanto seguia os passos do líder ao encontro do veículo, de onde desceram um homem comum, elegantemente vestido em um terno escuro, e dois seguranças que se posicionaram protetoramente em cada lado.


Pein mirou-o com raiva velada. O orgulho ferido por ter que se submeter àquela negociação com alguém que sequer sabia o valor que o objeto possuía. Um simples celular que escondia segredos perigosos.


– Pein. – O homem cumprimentou com a voz austera e um sorriso debochado. – Devo dizer que fiquei surpreso ao receber seu chamado. – Havia um sorriso irônico nos lábios finos, despertando um profundo desagrado. – Afinal, você dificilmente aparece pessoalmente.


– Sou ocupado. – Respondeu simplesmente, sem sequer pestanejar. – Você trouxe o que quero, Yutaka?


O sorriso irônico alargou-se enquanto a mão pálida retirava do bolso interno do paletó o aparelho prateado.


– E você? – Questionou balançando o objeto. – Trouxe o que quero, Pein?


O ruivo assentiu e fingindo virar-se em direção ao próprio carro retirou a pistola presa à cintura. Fora rápido e certeiro. A bala atravessou o crânio de um dos seguranças e agilmente Pein lançou-se contra o homem que ainda tinha o celular em uma das mãos.


Deidara tornou-se o oponente do outro segurança, trocando tiros e esquivando-se entre as latas de lixo e objetos espalhados no estreito beco.


O ruivo não se abalou em nenhum momento, desferindo golpes certeiros e recebendo outros que revelavam a exímia qualidade de lutador de seu adversário. Não demorou para que o celular fosse jogado a uma longa distância e sons de sirenes pudessem ser ouvidos.


Rapidamente a situação parecia fugir do controle e Pein gritou exaltado:


– Acabe logo com isso, Deidara!


A polícia já era avistada quando o loiro conseguiu atirar várias vezes contra o corpo do segurança, vendo-o cair molemente sobre o chão imundo.


Então, quando Pein afastou-se para dar outro soco sobre o rosto do homem que lhe distraía sem permitir que se aproximasse do celular, Deidara disparou a pistola outra vez, manchando o peito masculino com a cor escarlate.


Yutaka cambaleou recostando-se no próprio carro no exato instante em que as viaturas se aproximavam do local e Deidara lançou sob o veículo duas granadas, gritando exaltado:


– Chefe! – Interrompeu-se quando a explosão causou um barulho ensurdecedor, lançando o corpo do Yutaka por vários metros. – Precisamos ir! – E jogando à frente das viaturas outras granadas fez com que elas freassem.


Em poucos segundos, Pein analisou a situação, notando que havia uma irritante verdade nas palavras do subordinado. A contragosto, correu em direção ao carro e iniciaram a fuga que o distanciaria da presença indesejada dos policiais e do precioso celular.


* * *


Ela corria entre os corredores do Hospital universitário visivelmente preocupada com o chamado em seu pager. O paciente do quarto 304 tivera uma parada cardíaca e Hyuuga Hinata era a residente que auxiliava no caso.


Quando chegou ao quarto, o médico Sabaku no Gaara ditava ordens aos enfermeiros e em suas mãos pálidas o desfibrilador já estava seguramente posicionado sobre o peito do paciente.


– Um, dois, três... Afasta! – Falou em sua voz rouca e o corpo magro do homem sobre a maca elevou-se em um solavanco. O monitor nada indicava. – Mais uma vez. – Ordenou e encarou rapidamente a enfermeira que bombeava o oxigênio sobre a face do paciente. – Um, dois, três... Afasta!


Hinata assistiu mais uma vez o corpo do paciente elevar-se, mas o monitor permaneceu sem apresentar pulsação.


– Aumente para 300! – Solicitou o ruivo com uma expressão concentrada e logo o procedimento foi repetido outra vez.


– Sem pulso, doutor. – A enfermeira afirmou pesarosa.


Alguns segundos se passaram e a jovem residente sentiu a garganta seca com a cena, especialmente quando os olhos aquamarine do médico miraram-na com seriedade. Gaara suspirou ao pronunciar:


– Hora do óbito: 00h45. – As palavras pareciam ecoar no quarto e os enfermeiros passaram a guardar os materiais com eficiência.


Hinata mirou os próprios pés e obrigou-se a inspirar pesadamente o ar, impotente e sensibilizada. Uma mão pousou sobre seu ombro e a jovem ouviu a voz grave afirmar:


– Não é possível prever como o organismo reagirá após um transplante. – Ela soergueu a face para encontrar as esferas claras e calorosas. – Avise a família do paciente.


Assentiu em resposta e admirou o médico que saía do quarto com a postura ereta, pronto a atender outros casos. A jovem, no entanto, observou o corpo inerte do paciente que acabara de receber um novo coração. Era realmente triste que não pudesse aproveitar a juventude ou cumprir seus planos como lhe dissera antes.


Com outro suspiro, saiu da sala em passos largos para transmitir à família a triste notícia. Ser médica nem sempre era louvável.


* * *

– Merda! Merda! – O tom incisivo e reclamante parecia preencher a ampla sala, cortando o silêncio entre as pessoas presentes.


Pein chocou o punho contra a mesa demonstrando toda a raiva que sentia ferver dentro de si. Ele precisava pegar apenas aquele maldito celular, mas falhara miseravelmente! Era o melhor, sabia. Era um exímio assassino e líder. No entanto, não sabia dizer onde errara naquela estúpida missão!


– Deidara! – Gritou fulminando o loiro com as esferas cor de chumbo. – Você irá descobrir onde está esse celular AGORA!

O homem curvou-se silencioso, mas visivelmente contrariado. Ridículo descobrir onde estava um objeto que, obviamente, devia servir de evidência criminalística no Distrito Policial naquele momento. O humor do chefe, no entanto, tornava-o inquestionável. Pein sabia ser cruel quando queria.


– Esse maldito celular é muito importante. – O líder expressou massageando as têmporas. – Chame Itachi para ajudá-lo.


Deidara grunhiu ao ouvir o nome. Odiava aquele Uchiha prepotente que nunca errava em uma porcaria de missão.


– Sim, senhor. – Respondeu seco e saiu da sala retirando o celular do bolso.


No corredor, entretanto, hesitou. Por que dar ao idiota razões para ser elogiado e reconhecido quando ele próprio poderia cumprir o que Pein solicitara?


Ele traria o celular até seu chefe.

Sozinho.


* * *

Dera a notícia com a expressão mais controlada possível, mas por dentro ela reconhecia o intenso desejo de chorar junto àquelas pessoas que tinham esperança na recuperação do paciente. Assim que lhes informara, Hinata seguiu com passos lentos até o pronto-socorro, onde queria provar a si mesma ser capaz de salvar vidas.


Ajudou a suturar algumas lesões e encaminhar para os exames outros pacientes. Já começava a pensar que não encontraria outro caso cirúrgico para auxiliar quando, repentinamente, dois socorristas entraram empurrando uma maca sobre a qual estava um homem ensanguentado e semiconsciente.


A jovem correu ao encontro deles e iniciou os procedimentos:


– Qual é o caso? – Questionou em sua voz melodiosa, analisando a compressa sobre o peito do homem e o rosto machucado pelo que pareciam estilhaços de carro.


– Homem de aproximadamente 38 anos, baleado no tórax e lançado por 5 cinco metros na explosão de um carro. – A socorrista informou tecnicamente. – Encontrado consciente, arrastando-se sobre o chão. Está perdendo muito sangue.


– Ok, obrigada. – Hinata afirmou, segurando o lado da maca enquanto um enfermeiro segurava o outro. – Preparem o centro cirúrgico! – Gritou para a equipe que auxiliava os médicos. Então, com habilidade, retirou a compressa e observou o orifício ao lado esquerdo, atingindo provavelmente o coração. – Chamem o doutor Sabaku. – Ele era o melhor cirurgião cardíaco do Hospital.


Ela reposicionou a compressa, fazendo pressão com as mãos sobre o peito ensanguentado do paciente. Com passos rápidos, passou a acompanhar a maca que seguia pelo longo corredor com velocidade, conduzida pelos enfermeiros.


Uma mão trêmula tocou seu pulso e Hinata finalmente pousara os olhos sobre o rosto pálido do homem. Ele tentou lhe dizer algo, mas a voz era abafada e a jovem precisou se aproximar para ouvi-lo:


– O ce-celular... – Pediu e cutucou-a novamente no pulso. – Fique com ele. – A residente afastou-se em tempo de ver o pequeno aparelho prateado e ensanguentado preso entre os dedos longos do paciente.


– Este não é o momento para se preocupar com seu celular, senhor. – Afirmou com delicadeza. – Vamos levá-lo para a cirurgia agora.


– N-Não! – O homem se esforçou em gritar e com a pouca força que possuía se debateu em frustração.


Hinata lutou para manter as duas mãos pressionadas contra a compressa e acabou aumentando o tom de voz para se fazer ouvir:


– S-Senhor, por favor, pare! – O paciente levantou o braço com o celular e a residente tomou-o com uma das mãos, colocando-o no bolso da calça do uniforme hospitalar. – Eu vou cuidar do seu celular. – Afirmou com certa rudeza, sem compreender como alguém poderia se preocupar com algo tão inútil em uma situação como aquela.


O homem acalmou-se e os olhos semicerraram-se em um estado de letargia. A voz parecia sofrida ao dizer:


– Não d-deixe que ninguém o pegue. – Hinata piscou confusa e logo as pálpebras do paciente fecharam-se, deixando a equipe agitada para tentar reanimá-lo.


A jovem gritava ordens enquanto fazia a massagem cardíaca, mas o paciente não reagia a nada. Os ferimentos eram muito graves e após vários minutos turbulentos no corredor do Hospital, mais uma vez, Hyuuga Hinata viu outra pessoa morrer naquela noite.


* * *

­– O que está fazendo aqui, un? – O loiro questionou o homem à sua frente e a maneira como recebera apenas um arquear de ombros em descaso deixou-o ainda mais irritado. – Não preciso de você, Itachi.


O moreno sorriu com arrogância e aproximou-se um passo. A postura elegante era desafiadora e Deidara franziu as bonitas sobrancelhas em raiva crescente.


– Pein me pediu pessoalmente que o acompanhasse. – A voz era cortante e fria. – Ele não quer erros.


Soltou um profundo suspiro em resposta, contendo todos os impulsos assassinos que poderiam levá-lo a matar aquele Uchiha estúpido com as próprias mãos.


– Como se fosse possível errar em uma missão tão simples, un. – Murmurou irritado e caminhou até o carro sem se preocupar com o outro.


– Não esqueça, Deidara. – O moreno expressou, totalmente calmo. – Você já errou.


E aproveitando a distração do parceiro, tomou as chaves do carro e sentou-se no banco do motorista, visivelmente divertido com os protestos e a carranca mal-humorada que causara.


Era por essas e outras atitudes que Itachi considerava Deidara um eterno novato.


* * *

Estava sentada no quarto de descanso dos residentes, fitando na penumbra do aposento o celular entre os dedos. Ela limpara cuidadosamente o aparelho e agora ponderava se devia explorá-lo para encontrar algum número de telefone que pudesse ligar.


O homem que morrera há pouco no corredor estava sem documentos que o identificassem e para o corpo ser liberado do necrotério seria necessário que alguém o reconhecesse. Caso contrário, era possível que fosse utilizado para fins de pesquisa entre os estudantes de Medicina, considerado um indigente.


Inspirou o ar pesadamente e com os dedos trêmulos pressionou as teclas do aparelho. Procurou contatos, mensagens, fotos... No entanto, não havia nada registrado. Não haviam dados.


– O q-que é isso? – Questionou solitária, como se procurasse entender porque alguém teria um celular sem uso.


Não demorou para que um som estridente soasse no quarto fazendo-a sobressaltar assustada e encarar o aparelho com apreensão. Hinata demorou alguns segundos para entender que o som provinha do celular dela.


– A-Alô? – Atendeu um pouco atrapalhada.


– Hina-chan, que horas terminará seu plantão hoje? – A voz masculina era ansiosa e logo a morena reconheceu seu amigo Kiba.


– Sairei às 5 da manhã. – Respondeu com um bocejo. – Por que, Kiba-kun?


Ahm, pensei em tomarmos café juntos. – A jovem olhou o relógio de pulso e notou serem 2h30 da madrugada. O que o amigo fazia acordado?


– Aconteceu alguma coisa, Kiba-kun? – A preocupação impressa nas palavras fizera o rapaz se agitar.


– Não! Não... – Ele pigarreou antes de continuar: – Só queria vê-la antes de ir para a clínica.


Hinata sorriu com a afirmativa e mesmo que desejasse apenas ir para casa depois de quase 30 horas de trabalho, resolveu aceitar o convite.


– Ok, vejo você depois.


E ao fim da ligação, encarou mais uma vez o aparelho prateado em mãos com certa decepção. Sentindo-se com pena, Hinata rezou para que alguém ligasse procurando o pobre homem que acabara de morrer.


* * *


Deidara murmurava impropérios contra o arrogante parceiro. Era só o que lhe faltava ter de obedecer ordens de quem não era seu líder. Obedecer a ele.


Algum dia iria matá-lo com as próprias mãos. Arrancaria seus lábios para não permitir que outro sorriso autoconfiante surgisse!


– Espere aqui... Nhe Nhe Nhe! – Imitou a voz do outro em um gesto infantil. – Como se fosse obrigado a fazer o que ele quer, un!


Chutou uma lata de refrigerante vazia, parando os passos ansiosos ao ouvir alguém se aproximar.


– O celular não foi apreendido como evidência. – Itachi afirmou com a expressão vazia. – Vamos!


Deidara cuspiu no chão encarando com azuis frios os olhos negros que o observavam. As mãos pálidas e repletas de anéis esconderam-se nos bolsos da calça jeans em um atitude opositora e a voz fluiu em um tom amargo ao responder:


– Você pensa que pode aparecer e ditar ordens, un? – Itachi soltou um estalo com a língua, totalmente indiferente à raiva súbita do outro. – Vamos para onde? Não preciso ir se não quiser!


O moreno se limitou a retirar do bolso do sobretudo preto um maço de cigarros. Lentamente acendeu um e tragou profundamente, pousando os negros no céu escuro daquela madrugada.


Ele estava visivelmente controlado, lembrando-se dos dados coletados no Distrito Policial. Precisavam agir rapidamente se quisessem descobrir onde estava o celular.


– Houve um sobrevivente. – A maneira como respondera lembrava um pai explicando a uma criança birrenta que não se pode ter tudo o que quer. – Você pode ficar e ser inútil ou entrar na porra do carro com a boca calada e fingir que trabalha.


Deidara não tolerou a ofensa e lançou-se sobre Itachi com o braço elevado para um soco, mas o movimento foi habilidosamente detido e logo seu corpo fora pressionado contra a parede de tijolos úmidos do beco imundo onde se escondiam. A mão do Uchiha segurava o braço retorcido às costas do parceiro e o cotovelo livre prendia o pescoço do loiro contra a parede. De uma forma totalmente humilhante, Deidara tinha o rosto amassado naquela porcaria fedorenta.


– Não preciso de você. – Itachi afirmou com a voz severa, um pouco abafada por ainda conter o cigarro nos lábios.


Com um gesto rude, soltou o outro e pôs-se a caminhar até o carro.

O destino era um Hospital universitário.


* * *

Chamaram-na quando estava acalmando uma criança insone que faria uma cirurgia nas próximas horas. Era esperado que em casos de pessoas baleadas a polícia fosse procurá-la para coletar informações que pudesse oferecer. Depois, geralmente, o corpo era investigado pelos peritos no caso de não haver um culpado.


Era por esta razão que Hinata caminhava pelos corredores ajeitando o jaleco e o estetoscópio em volta do pescoço delicado. Os cabelos estava levemente ondulados, presos em um laço alto, e a franja reta cobria a testa revelando os bonitos olhos perolados que demonstravam cansaço.


Ela tentou esconder a surpresa ao alcançar o necrotério e deparar-se com dois homens que não usavam uniforme policial.


– O-Olá. – Cumprimentou com desconfiança. – Vocês são?


– Korosu Tema. – O moreno estendeu-lhe a mão educadamente, fitando-a com olhos negros profundos e inteligentes. – E este é Naru Kou.


Hinata aceitou o cumprimento e pressionou as mãos dos dois homens sem nunca deixar de franzir o cenho.


– O que desejam? – Questionou sem sequer se apresentar. De uma forma instintiva, procurou o médico legista de plantão e tentou não se desesperar quando não o viu no necrotério.


– Soubemos que um amigo nosso morreu neste Hospital. – Itachi falou com a voz suave e uma expressão de falsa tristeza. – Gostaríamos de ter certeza se é mesmo ele.


A jovem assentiu em compreensão e pela primeira vez permitiu que a testa vincada relaxasse. Talvez fossem mesmo somente amigos que desejavam ver o desconhecido que levara um tiro.


– Não havia identificação e a morte ocorreu antes que pudéssemos levá-lo para o centro cirúrgico. – O tom que a residente passara a utilizar era estritamente profissional, incoerente com a insegurança que ela havia demonstrado até então.


– Entendemos, un. – Deidara expressou ao acompanhar a jovem até uma maca de aço onde havia um corpo coberto pelo lençol.


– Ele levou um tiro no peito. – Hinata explicou e retirou o tecido sobre a face, sem revelar os ferimentos na região do tórax. – O rosto estava machucado por estilhaços de um carro. – Comentou ao ver que haviam cortes profundos com sangue coagulado.


– É ele mesmo. – O loiro afirmou encarando Itachi.


Hinata observou que não havia expressão de pesar. Apenas uma agitação incômoda entre os dois.


– Diga-me, doutora... – Itachi começou, cuidadoso. – Onde estão os pertences pessoais do meu amigo?


– Ahn, receio que não h-havia nenhum a-além das roupas. – Ela respondeu um pouco nervosa pela preocupação súbita com os objetos que o falecido paciente portava.


– Nem um celular, un? – Deidara questionou sem se conter.


Hinata deu um passo para trás e sentiu o coração descompassado pelo perigo que lia nos olhos e nas palavras daqueles sujeitos.


Não d-deixe que ninguém o pegue” ­­– A lembrança das últimas palavras do paciente moribundo parecera descarregar sobre seu organismo adrenalina e medo.


– Não. – Obrigou-se a dizer, agradecendo mentalmente todas as aulas de fonoaudiologia que a ajudaram a não gaguejar. – Ele não tinha um celular.


O som das pesadas portas do necrotério se abrindo fora como uma golfada de ar nos pulmões comprimidos da residente, que aproveitou para dizer apressadamente:


– Sinto m-muito por n-não poder ajudar mais. – E com um cumprimento breve ao médico legista que entrava empurrando uma maca, Hinata saiu da sala.


* * *

– Ela sabe de algo, un! – Deidara exclamou assim que entraram no carro.


– Sim. – O moreno limitou-se a responder.


– Então, o que estamos esperando? – Irritou-se com a passividade do parceiro.


Itachi discou um número no celular e respondeu com seriedade:


– Ordens do Pein.


E com estas palavras, Deidara compreendeu que o chefe certamente não ficaria nada contente ao saber que uma médica residente possuía o que tanto queria.


Continua...

N/A: Espero que você esteja gostando, Hisui-flor!



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Notas finais do capítulo

OLÁ, POVO!
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Ok, o que foi isso, man?! (HAHA)
Saudades de vocês!
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Só posso dizer que esse primeiro capítulo foi para contextualizar. O segundo, no entanto, será quase totalmente PeinHina, yeh!
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O QUE ACHARAM DA IDEIA?
O Pein é mal, cruel e bandido. A Hinata é boa, dedicada e correta.
Hm, como as coisas acontecerão entre esses dois, hein? ;)
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Itachi e Deidara fazem uma dupla e tanto, kkk.
Culpem a Evil My-Demon por me fazer gostar dos dois juntos. E, antes que perguntem, não é yaoi. Apenas quis fazê-los rivais, porque o Itachi é realmente o grande responsável pelo crescimento do Deidara no Anime. =) Se não fosse por ele, nosso loirinho nunca teria entrado na Akatsuki, certo?
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Aliás, foi somente comigo ou imaginar o Gaara-kun de médico é pervertidamente sexy? HAHA. *capota*
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Espero que estejam curtindo!
O próximo capítulo já está pronto e virá em breve, lol
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OBRIGADA POR LEREM!!!
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FLORES ou PEDRAS!
(sapatadas, chineladas, tamancadas...)
~Reviews.