The Child Of The Lightning escrita por lullaby of the silence


Capítulo 4
Capítulo 4 - Acampamento Meio-Sangue.


Notas iniciais do capítulo

É, eu sei, podem xingar, eu demorei muito. Mas agora eu tô arriscando o meu pescoço e entrando sem a minha mãe saber, então se eu morrer, culpa de vocês. u_u
Sinceramente, eu senti falta dos reviews nesse último capítulo, eu esperei, o quê, duas semanas? E nenhum de vocês mandou um review, exerto pela minha irmã e a beta/brother/amorzinho Tory.
Enfim, aproveitem o capítulo e POR FAVOR, um review dessa vez?



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Deixa eu ver se eu entendi. Willians nos tirou daquela quadra com aquele monstro horrível, saiu da cidade no seu carro velho e – mais importante – fez a minha mãe chorar só pra nos trazer pra uma colina no meio do nada dizendo que nós somos... semideuses?

Tá de brincadeira comigo.

Sarah e Erick discutiam com Willians dizendo que queriam voltar pra casa e não ficar no meio do nada com roupas de gala – eu até apoiava, mas estava absorta demais pra concordar com eles. Jéssica gritava. Ela xingava o treinador de nomes que fariam a minha mãe me dar uma surra daquelas se eu pensasse em dizê-los. Eu olhei pela janela. Era uma colina alta e seria uma longa caminhada, principalmente de salto alto. As palavras Acampamento Meio Sangue e Semideuses zuniam na minha cabeça. Por algum motivo a última palavra teve um som familiar. Eu me lembrava de sentar no colo da minha mãe quando eu era mais nova – antes do reformatório e depois que ela tinha começado a pintar as paredes, antes de isso se tornar mais uma obsessão do que um hobbie – e me lembrava das histórias que ela me contava enquanto fazia sombreados e detalhes nos rostos e paisagens. Ela explicava que sátiros tocavam melodias mágicas em suas flautas de madeira e que eles perseguiam ninfas nos bosques. Ela me falava das naíades que viviam nos lagos e das alseídes, que tinham flores nos cabelos. Ela me falava de deuses que se apaixonavam por mortais.

E que tinham filhos. Chamados semideuses.

Mas eu era só uma menina boba que gostava de histórias de contos de fadas. Não tinha como ser real.

–Semideuses... – eu murmurei, distraída.

–Bom, é ótimo saber que alguém prestou atenção em uma palavra que eu disse. – Willians se virou pra mim. – Eles vão dar uma explicação melhor lá dentro, mas o básico é esse. Todos vocês não conhecem seus pais. – ele começou. Jéssica olhou para ele e já ia protestar quando ele levantou a mão e se virou para ela pedindo silêncio – Ou mãe, no seu caso Jéssica. Esse é, na maioria das vezes, o seu parentesco divino.

–Na maioria das vezes? – Erick questionou.

–Alguns semideuses são adotados por pais que são ambos mortais. Em alguns casos somente, mas no caso de vocês, é cem por cento de certeza que não. O que aconteceu foi que seus pais, ou mães são deuses. Acho que aprenderam sobre mitologia grega na escola, então sabem do que eu estou falando.

–Então foi por isso que – Sarah começou, mas Willians a cortou.

–Perguntas só no fim da palestra, por favor. Onde eu estava? Ah sim. Os deuses, os monstros, as ninfas, enfim, tudo existe. Ou melhor, coexiste com o mundo mortal. Os seus pais tiveram... um relacionamento com um deus ou deusa e vocês nasceram. Possuem parte humana e parte divina, por isso chamados semideuses. Mas Zeus, o rei dos deuses, deu uma ordem para que nenhum deus pudesse ter contato frequente com seus filhos humanos.

Eu tinha a estranha sensação de estar girando. Era informação demais em pouquíssimo tempo.

–Vocês vão ficar aqui para a sua proteção. Podíamos ignorar se fosse um monstro fraco que não fizesse um grande estrago, mas uma hidra... Não dá pra arriscar.

Ele explicou que ficaríamos durante o verão e podíamos nos decidir se queríamos ficar mais tempo ao final desse. Também falou de treinamento, missões e uma tal de “Caça à Bandeira”. Disse que nossos pais – ou mães - iriam nos reclamar em pouco tempo, em uma semana no máximo, então eu não precisava me preocupar com isso. Como se eu realmente me importasse com a identidade do meu estúpido pai. Não foi ele que mandou uma hidra de presente de formatura?

A história do presente me fez pensar no saquinho de veludo que minha mãe me entregou antes de ir embora. Agora eu percebo que eu não a quero aqui, por mais que sinta saudade. Não parece ser seguro para ela.

Não acho que ela vá sobreviver sem isso.

Apertei o saquinho nas mãos.

–Acho que é tudo por enquanto. Perguntas? – ele olhou para os nossos rostos confusos.

–Por que nunca falaram pra gente? – Sarah perguntou. – Tipo, entendi que eles não podem ficar por perto porque esse Zeus aí disse, mas... Sei lá, tipo só um “Hey, eu sou o seu pai e sou um deus. Só pra você saber, isso vai estragar a sua vida. Boa sorte!”

–Você pode ser bem sarcástica quando está com raiva. Isso também está incluído na questão de “não manter contato”. Todos os semideuses devem descobrir sua paternidade divina aqui, no Acampamento Meio-Sangue.

–Esse nome me soa meio racista... – comentou Erick, soturno.

–Pode até ser, mas é um bom lugar. Mais alguma pergunta?

–Como você sabe de tudo isso? – Jéssica perguntou arrogante. Willians sorriu para ela e estendeu a mão.

–Prazer, Willian Harrison, filho de Hermes.

Pisquei. O meu treinador era um semideus esse tempo todo e eu nem sequer notei a diferença? Dá pra ser mais tapada do que isso?

–Hã, prazer. – Jéssica respondeu tão atordoada quando eu, provavelmente.

–Se vocês não tiverem mais perguntas, acho que devíamos entrar antes que fique muito tarde e todos vão para os seus chalés.

–Só mais uma coisa. Jéssica trouxe três monstros cor-de-rosa com roupas suficientes para um exercito - começou Erick -, mas nós três aqui atrás só estamos com as roupas do baile. Não acha que vai ser estranho aprender a, hã, matar uma hidra com um terno?

–Vou trazer uma bagagem para vocês assim que eu terminar de resolver a bagunça que fizeram. Enquanto isso, acho que alguns campistas podem emprestar roupas para vocês.

Sem mais dúvidas ou necessidade de explicação, marchamos exaustos para o topo da colina. Eu havia reencontrado e perdido a minha mãe, tudo no mesmo dia e os olhos chorosos de quando ela partiu eram a única lembrança que eu tinha dela agora. Isso e o saquinho mortalmente valioso no meu bolso.

Enquanto íamos subindo, eu consegui ouvir uma canção baixinha ao longe. Uma brisa trouxe o cheiro de morangos. Não dava pra ver exatamente o que estava acontecendo ou como era o local em volta por causa da escuridão. Willians já estava ofegante por carregar as malas da Jéssica por toda a colina enquanto ela, de alguma forma, se equilibrava em seus saltos altos e subia imponente. Olhei para Sarah e Erick ao meu lado. Eles estavam cabisbaixos com aquela novidade. Aparentemente, a conversa que eles tiveram com a mãe deles não foi muito melhor do que a que minha mãe teve comigo. Esgueirei-me entre eles e dei as mãos, conversando.

–E então, como foi? – questionei.

–O quê? – Erick me olhou.

–A conversa. O que a mãe de vocês falou pra enfiar vocês no banco de trás de um completo desconhecido?

–Ah, aparentemente eles se conhecem da antiga escola. Ele só teve que dizer umas poucas palavras e ela já estava nos convencendo a entrar no carro.

–Você tinha que ver a expressão na cara dela. – murmurou Sarah - É como se ela estivesse tirando um peso das costas. Como se a gente fosse um incômodo.

–Nem ouse dizer isso. – eu apertei a mão dos dois. – Ela não se livraria de vocês assim tão fácil, deve ter outra explicação.

Quando chegamos ao topo da colina, a visibilidade não melhorou muito. Dava pra ver a silhueta de uma casa ao longe e um ponto de iluminação intensa no meio do caminho. Willians ofegou, aliviado.

–Aparentemente, eles acabaram a fogueira há poucos minutos, então está tudo bem. É só andarem em frente até a casa azul e branca, bem ali. A propósito, aquela é a Casa Grande. – ele apontou.

Casa? A minha casa é uma casa. A casa do Erick e da Sarah é uma casa. Essa “casa” faz jus ao seu nome, porque aquilo é enorme. Aquilo é uma mansão de quatro andares gigantesca, pintada de azul bebê e branco. Isso não é uma casa. A varanda tem cadeiras de descanso, uma mesa de cartas e uma cadeira de rodas vazia.

Tem como esse lugar ficar mais estranho?

Marchamos em direção à mansão e eu soltei as mãos dos gêmeos. Eu pensei que dava conta de andar sem tropeçar nesse vestido, mas eu tenho que admitir que era bem mais fácil com o salto alto. Agarrei a barra do vestido para que eu pudesse andar sem meus pés tropeçarem em nada. Quando chegamos na “Casa Grande”, como Willians a chamou, Jéssica se deitou de forma dramática e elegante em uma das cadeiras e nós ficamos em pé mesmo. Willians deixou as malas de Jéssica na base da escada e aproximou-se da porta, batendo audivelmente nesta. Esperamos por um tempo até que eu vi a coisa mais estranha, depois da hidra que invadiu a formatura. Um homem de meia idade com bobes no cabelo... Que, da cintura para baixo era um cavalo. Jéssica deu um gritinho, se afastando da porta instantaneamente.

–Olha, eu já tive a minha cota de esquisitices... pro resto da minha vida. Posso voltar pro carro? – perguntei desconcertada.

–Will? - o homem cavalo perguntou para o treinador. Não posso afirmar com certeza, mas acho que o nome propriamente dito é centauro.

–Já faz algum tempo, hein Quíron? – Willians sorriu em resposta.

–Hã, é, faz alguns anos... O que faz aqui, e ainda mais a essa hora da noite? – ele nos olhou como se nós fossemos os meio-animais por ali. – E quem são esses?

–É uma longa história. Resumidamente, eles são estudantes e se formaram hoje à noite. Eu achei que tinha vindo só para pegar esses três... – ele olhou para Erick e Sarah, depois apontou com a cabeça para Jéssica - Mas acho que eu estava errado.

Apesar de dizer que ia dar só a versão resumida, o baile era bem importante para ser excluído. Ele disse que já tinha confirmado que Erick, Sarah e Jéssica eram semideuses pelos seus pais, mas eu havia sido uma surpresa. Ele contou que evacuou o ginásio primeiro e depois voltou para cuidar da hidra – os olhos de Quíron se arregalaram ao ouvir o nome do monstro -, mas não sabia que eu estava lá. Quando ele voltou, a hidra havia sido destruída.

Quíron me analisou de cima a baixo.

–Você sozinha destruiu uma hidra, sem algum treinamento? – ele falou aquilo de um jeito como se tentasse entender que tipo de monstro eu era, se havia possibilidade de ser pior que a hidra. Respirei fundo e falei:

–Não me lembro de ter destruído aquilo. Só lembro-me de estar encurralada e gritar para que ela se afastasse. E então, quando eu abri os olhos, ela tinha sumido. Fim.

Ele pensou calmamente, por um instante. Olhou para os rostos de nós quatro – quatro semideuses. Depois olhou para Willians.

–Acho que está tudo certo. Amanhã vou anunciar a chegada deles pela manhã, a maioria dos campistas já deve estar dormindo. Foi ótimo vê-lo novamente, Will. Diga-me, como estão Kate e Ryan? Não tenho notícias deles há algum tempo.

–Não soube de Ryan desde que ele foi à busca de Pã no verão de 92. Kate está muito bem, está cuidando do negócio do avô junto com a mãe e o padrasto.

Sarah e Erick encararam Willians. Realmente, era estranho que ele soubesse tanto da mãe deles e eles nunca o houvessem visto antes de chegarem ao reformatório.

–Muito bem. Acho que posso cuidar deles daqui pra frente. Gostaria de ficar mais um pouco? – Quíron falou para Willians.

–Tenho algumas explicações pra dar a respeito do incidente. Passo depois para deixar as coisas deles. – ele respondeu.

–Claro, então agradeço sua visita. – eles se despediram com um aperto de mãos e Willians partiu sem nem olhar pra trás.

Quíron abriu a porta para que nós entrássemos na casa e pediu que sentássemos no sofá. Ele nos ofereceu uma xícara de café e alguma coisa para comer, mas nós estávamos cansados –física e emocionalmente – demais para comer alguma coisa. Eu me acomodei em uma poltrona com estampa de leopardo e os gêmeos dividiram um sofá. Jéssica esparramou-se em uma namoradeira e Quíron nos trouxe alguns cobertores. Ele falou que não precisávamos nos preocupar e que ficaríamos seguros aqui no acampamento. Desejou-nos boa noite e saiu para algum cômodo que eu não vi. Murmurei um boa noite para o resto de nós e me encolhi nos cobertores.



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Notas finais do capítulo

Ok, como tem toda aquela história de volta as aulas (principalmente no nosso caso, pessoas que entraram no ensino médio) eu posso demorar até uma semana pra postar, mas podem me xingar bastante nos Reviews que eu vou postar assim que eu puder, ok? q
Beijos pessoal :)