Capítulo 8 - Lágrimas

Duas semana depois...

Kaya arrumava o laço do cabelo. Ele estava com um vestido de bolinhas, bem simples com uma sapatilha.

– Tenho que levar a guitarra do Myv ele vai gostar... – sorriu pro espelho.

Kaya pegou a bolsa do instrumento para o, agora, namorado.

Olhou novamente no espelho e saiu...

– Mikaru? – perguntou descendo as escadas. Viu o irmão dormindo e sorriu, ia ter que sair sozinho.

Abriu a porta e saiu saltitando.

Miyavi morava perto não teria risco passar ali sem o Mikaru ou o Miyavi....

Não teria, se Toshiya, Kyo e Die não estivessem ali sentado na porta de uma casa.

Kaya parou e recuou, mas eles o viram, e se levantam para seguir o garoto.

– Olha só, está andando sozinho por aí... ou seria sozinha? – riu Die ao chegar perto dele e grudar seu braço com força.

– Me solta... me solta... – disse Kaya tentando se desvencilhar dele.

Die jogou o garoto no chão

– O que tem ai? – disse Toshiya pegando a bolsa e abrindo – Ah..... uma guitarra... – ele tirou o instrumento da bolsa e socou no chão, quebrando de imediato. Jogou os restos em cima de Kaya, que ainda não havia conseguido se levantar.

– Para seu ... seu – disse ele parando ao ser chutado. Die riu e pegou ele pelo cabelo e arrastou até perto da casa. Kaya gritava, mas parecia que ninguém ouvia.

Kyo o levantou encostando-o na parede e começou a encher ele de socos, Kaya tentou se defender,mas não tinha força o suficiente.

– Vai tentar me bater, viadinho? – riu cuspindo na cara do garoto

– Me solta, eu não fiz nada pra você! – gritou Kaya tentando sair

Kaya chutou ele mas não conseguiu afastá-lo.

O Die e Kyo deram mais socos no rosto do garoto, que já estava sangrando muito.

Quando sentiram duas mãos os puxando para trás, Die não teve tempo nem para se defender por que Miyavi já desferiu um soco o derrubando de vez. Kyo correu para tentar puxar Miyavi de cima do Die, mas não conseguiu.

Kaya caiu ao chão chorando.

Miyavi , começou a socar Die de todas as maneiras possíveis. Tirando sangue da face dele.

Com raiva pegou ele pelos cabelos e ia socar a cabeça dele no chão mas Kyo e Toshiya o puxaram e o afastaram consideravelmente de perto do outro.

– Seu Merda, solta ele.... – disse Kyo soltando Miyavi e correndo para ajudar o Die. Levantou o amigo e o levou correndo para a casa ao lado. Toshiya ficou segurando Miyavi até que Kyo e Die sumissem.

Toshiya o soltou e Miyavi se virou e deu um soco nele.

– Filho da puta... você me paga ainda – disse ele se afastando de Miyavi.

Toshiya seguiu os dois amigos deixando Miyavi parado sem reação por alguns instantes.

– Kaya, Kaya... – Miyavi correu na direção do menino que estava com o rosto inchado e sangrento.. – Fala comigo. – ele tinha medo de tocar no garoto, ele estava bem ferido.

– Dói.... - chorou

– A sua mãe Tatsu... sua mãe está em casa? – perguntou se ajoelhando na frente dele.

– Não...não... – ele tentou se levantar, mas não conseguiu.

– Fica quietinho ai... por favor... eu vou pedir ajuda, tá?

Miyavi pegou o celular um tanto nervoso e ligou para a emergência.

...

No hospital...

30 minutos depois...

– Kaya... temos que ligar para alguém... – disse Miyavi segurando a mão do outro.

– Eles vão querer me levar para outra cidade de novo. – disse o menino, agora com o rosto cheio de marcas roxas e avermelhadas, bem menos inchado.

– Kaya... – Miyavi pegou o celular e ligou para Mikaru.

...

– Miyavi... o Kaya está com você? – atendeu Mikaru com um tom desesperado.

– Mikaru-kun, eu estou com ele aqui no hospital.... – disse Miyavi com uma tonalidade de voz bem séria

– O quê? O que houve? – Mikaru já se tornou agressivo e gritava praticamente.

– Avise sua mãe ou seu pai... Não podemos ficar aqui sem os adultos responsáveis...

Mikaru desligou o celular.

– Pronto, já avisei, vai ficar tudo bem agora . – Miyavi beijou a mão de Kaya. – Tatsu... porque você está tão desesperado para não contar nada para sua mãe?

– Por que... ela vai achar que eu sou estúpido o suficiente, para sair sozinho por ai, e ser pego por qualquer um de novo... – chorou

– Kaya...

– Myv, eu não te contei, e nem queria me lembrar... mas foi por causa de algo parecido que minha mãe se mudou para cá... Eu fui estúpido o bastante para que pensasse que o mundo iria aceitar sem repressões o que sou...

– O que houve exatamente, para você ter vindo para essa cidade? – Miyavi passou os dedos delicadamente pelo rosto ferido do namorado.

– Eu... eu – ele voltou a chorar com intensidade e apertou a mão de Miyavi com a pouca força que tinha. – eu fui violentado... – Miyavi sentiu o baque de saber aquilo, mas ao invés de ter alguma reação típica, ele apenas acariciou novamente o rosto de Kaya.

– Eu nunca mais vou deixar alguém te machucar, nunca mais... – disse ele dando um beijo na testa do menino.

Kaya fechou os olhos sentia que Miyavi estava sendo sincero.

...

– Meu anjinho.... – Ayumi entrou correndo no quarto e indo perto do filho. – O que houve?

– Uns caras da escola, bateram nele... – disse Miyavi.

– Mas, Kaya você saiu sozinho? Por que saiu sozinho.... – disse ela acariciando o cabelo do filho.

– O Mikaru estava dormindo, não quis acordá-lo... – disse Kaya soluçando. – O Myv mora tão perto de casa .... eu pensei...

– Você podia ter ligado pro Takamasa-kun, filho, ele iria te buscar... – disse ela – Teria evitado isso...

– Eu quero ser independente, não quero que os outros sejam obrigados a me acompanhar para que eu possa andar pelas ruas. – chorou.

Atsushi e Mikaru entraram no quarto, bem apreensivos.

– Você tem que evitar... Tatsuya...você... – Continuou Ayumi sendo interrompida por Atsushi que se aproximou do filho

– Ele tem o direito de poder sair por ai, como qualquer outro... - disse

– Você não o conhece, você nem conviveu com ele direito... – disse Ayumi controlando a voz para não gritar. – Eu não quero que meu filho sempre apanhe na rua cada vez que sair...

– Você fala como se ele não tivesse capacidade de se defender! – gritou Atsushi saindo do quarto.

Mikaru saiu atrás do pai e Miyavi apenas observou as reações do namorado...

– Vocês sempre agem como se eu fosse um incapaz... – chorou Kaya – Eu só preciso de um tempo... eu só preciso de um tempo para me adaptar e poder me defender.... Vocês acham que isso é fácil. Que eu nem tento progredir de alguma forma...

– Kaya-chan... – Miyavi novamente beijou a testa dele. – Descanse, tudo irá se resolver... ok? - continuou

– Quero ir embora... – disse se levantando vagarosamente.

– Eu te levo... filho – disse Ayumi se aproximando.

– EU VOU pra casa do Myv... – disse Kaya olhando para o outro.

– Tudo bem... - Ayumi se afastou um pouco ressentida.

– Não o leve a mal, Ayumi-san... – disse Miyavi

– Tudo bem.... eu levo vocês até lá... – disse ela saindo do quarto.

– Kaya...

– Myv... minha mãe tem que entender que algumas coisas que ela me diz, não me ajudam, só me machucam mais...

– Kaya... eu já disse que ela só quer te proteger....

– Me protegeria se não falasse demais... age como se eu fosse um coitadinho que precisa de apoio todo instante.... – reclamou, ele se levantou da cama e segurou no Miyavi. – Ela devia ser assim como você que está aqui,e até agora não disse que a culpa é minha por tudo isso.

– Eu acho que isso poderia ter acontecido com qualquer um do nosso grupo. Você estava desprevenido... – disse Miyavi levando Kaya até a porta.

– ahaammm... – Kaya abriu a porta e seguiram até o estacionamento onde Ayumi esperava pelos dois.

[....]

Uruha estava conversando sentado na frente de sua casa com Sakito, que tinha ido fazer o trabalho com ele.

– Por que você não conta isso Satty-chan?... – perguntou Uruha o encarando

– Uruha,não é algo que você chega e joga na cara da pessoa...você vai entender isso quando gostar de alguém... – sorriu, Sakito poderia estar certo, mas guardar algo como um amor era torturante tanto para quem estivesse amando, como quem fosse próximo a essa pessoa.

– Você vai guardar isso para sempre?

– Acho que sim, já deu para perceber que essa pessoa não pensa como eu... – disse. – Mas acho melhor eu ir... antes que escureça, nee? – disse ele dando um beijo no rosto do Uruha e se levantando. – Amanhã nos vemos na escola – sorriu.

– Tudo bem, Satty-chan... – sorriu se levantando.