[Na Segunda...]

Shinya estava parado, com seu pai, na porta da escola.

– Pai, pode ir, eu vou ficar bem... – sussurrou o rapaz.

– Não, Shinya... até que o Kaoru chegue e os dois estejam dentro da escola. – respondeu o homem.

Kaoru já vinha chegando.

– Bom, agora tomem cuidado!- disse o homem bagunçando o cabelo do filho e saindo.

– Kaoru... – Shinya ainda estava com vergonha de estar ao lado dele, já que agora ele sabia o pequeno segredo dele.

– Vamos Shinya.. – Kaoru segurou firme a mão do outro, que ficou muito vermelho. – Hey, não fique assim... – sorriu – Só vou te soltar pra você não ficar mais vermelho que um tomate! – riu (Uma coisa muito rara para o Kaoru, por que ele não costuma fazer isso muitas vezes)

Os dois entraram na escola, um do lado do outro em silêncio, todos se afastavam deles, como de costume, já que os temiam por serem do DeG.

Eles foram puxados pelo Miyavi.

– Os dois... se querem continuar inteiros não deviam andar por ai com o Toshiya, Die e Kyo usando soco inglês. – disse soltando eles

– O quê? Eu não tenho medo deles... – disse Kaoru.

– São três contra dois, aliás o Toshiya vale por dois, e o Kyo metade. – riu

– Porque tá nos ajudando? – perguntou Kaoru

– Não quer ajuda então vai embora... – disse Yomi aparecendo com Ruki.

– Não... é melhor ficarmos com eles, Kaoru... – disse Shinya mostrando seu temor...

– Vem aqui, Shinya... – disse Ruki puxando o menino

...

Todos os outros estavam sentados no pátio da escola.

– Shinya-chan você está bem? – Uruha com toda sua inocência veio perto dele

– Eu..eu estou bem, Uruha-kun... – respondeu um pouco sem jeito.

– Não fica assim, você tirou com nossa cara, mas não somos tão rancorosos... – disse Sakito.

– Obrigado...

– Shinya-chan, sente-se aqui... – disse Uruha puxando ele. – O que você gosta de fazer?

– Eu gosto de jogar RPG... – respondeu de cabeça baixa. Ainda estava achando estranho ser bem recebido pelos garotos do KEI.

– Isso é legal... Eu também gosto.. – sorriu Kai.

Shinya ficou calado, e todos começaram a rir

– Shinya, não vamos te morder se você falar, a não ser que você peça! – riu Aoi

– Ok... – sorriu timidamente.

...

Kaoru olhava para Miyavi e Yomi ainda com pouca confiança neles.

– O que realmente querem?

– Você sabe os pontos fracos dos três patetas, não sabe? – perguntou Miyavi

– Não sei se estarei certo, eu apenas suponho. Eles não demonstram, como vocês... – respondeu Kaoru tirando a franja do rosto.

– Como assim nos demonstramos? – perguntou Yomi.

– Dá pra perceber que se alguém machucar o Uruha, o Sakito e o Kaya, vocês vão procurar briga.... – respondeu.

– E mesma coisa digo de você, se nós resolvermos machucar o Shinya.... – disse Miyavi

Kaoru abaixou a cabeça.

– Falando nele, onde o levaram? – perguntou ele ainda cabisbaixo.

– Está com os outros, vamos lá. – Miyavi o puxou, sendo seguido por Yomi.

...

Quando chegaram Shinya ria das palhaçadas do Ruki.

Parecia bem enturmado, Kaoru sorriu ao ver isso... eles iriam ficar bem juntos com o grupo KEI.

– Shin... – chamou Kaoru.

O loiro o olhou com um sorriso enorme e foi ao encontro dele, e lhe deu um abraço.

– Shin, aqui você vai ficar mais seguro, ok... – sussurrou o moreno dando um beijo na testa dele.

– Ok... – Shinya se afastou um pouco envergonhado.

O sinal da escola tocou.

– Agora vamos todos pra sala, no intervalo nos falamos... – disse Miyavi

[...]

Kaoru nem prestava atenção na aula, e sim no jeito que Shinya estava escrevendo.

Os dois cresceram juntos, e Kaoru nunca reparou no jeito delicado que ele escrevia.

– Kaoru, você não vai fazer a lição? – perguntou ele, assim que percebeu que o outro estava distraído.

– Estou com preguiça.... – riu

O sinal do intervalo tocou, mas os dois esperaram todos da sala sair, por sorte hoje, o Kyo e o Die não ficariam na mesma sala que eles.

– Shinya... – Kaoru segurou as mãos do outro. – Eu devia ter feito isso há muito tempo.

Ele se aproximou do outro e o beijou, Shinya se assustou com a ação, mas logo retribuiu.

Kyo espiava a porta, e tirou um foto com o celular.

...

– Olha o que eu consegui... – Kyo mostrou o celular para Toshiya e Die.

– Ah! Ah! Credo! – riu Die. – Eu achava isso algo impossível.

– Que tal você imprimir na biblioteca, hein, Kyo.... – riu Toshiya

– Boa ideia... – riu Kyo indo para a biblioteca, que agora estaria vazia.

Foi para o computador principal e plugou o cabo USB do celular.

Em poucos minutos já tinha imprimido várias cópias da foto.

Sai correndo e mostrou as cópias para o Toshiya...

– Certo, agora você vai lá no corredor e cola algumas lá. Eu vou mostrar essas pra turminha do refeitório. – riu o maior.

...

Toshiya saiu e se aproximou de algumas garotas que estavam sentadas no refeitório.

– Olá meninas... – sorriu de maneira sádica.

– Olá... – respondeu uma garota loira – O que quer aqui Totchi?

– Vim mostrar uma coisa bizarra – ele mostrou a foto e todas as garotas riram.

– O que é isso? Pensei que isso só fosse coisa do grupo KEI! – disse a loira.

– Mas, amorzinho....é isso que é mais bizarro... ele se afastaram de nós só pra ficarem juntos. – riu

– Credo, isso é estranho... – disse a outra se levantando e entregando a foto.

– Fato.... – disse ele agarrando a garota loira. – Que tal você mostrar a todos da sua sala?

– Ok, se você me der um beijo.... – propôs a garota.

– Claro.. – Toshiya deu um beijo caloroso na menina, deixando a sem fôlego.

– Uau.. Totchi... – riu a garota.

– Se quiser depois da aula, tem mais... – disse ele saindo.

A garota riu, o sinal acabara de tocar, e ela seguiu para sala.

...

Shinya passava pelo corredor sozinho, já que agora Kaoru iria para a outra sala.

Então ele viu as imagens coladas na parede....

Sua respiração começou a ficar descompassada.... Aquilo não podia estar acontecendo.

Ele quis correr mas todos que estavam no corredor começaram a apontar para ele e rir.

Ele sentiu alguém o puxando, mas como ainda está apavorado com a situação nem viu quem era.

– Shinya....Shinya... Hey, olha pra mim! – Reita sacudia o menino, que olhou para ele com os olhos cheios de lágrimas. – Não se preocupe, ok... – Reita o colocou sentado, foi ai que Shinya percebeu que estava no refeitório.

Ele ficou lá cabisbaixo, tentando respirar calmamente.

– Shinya, Shinya... – Kaoru entrou correndo no refeitório e se aproximou do outro. Kaoru estava com o rosto marcado por um soco.

Shinya não respondeu, só se encolheu ainda mais.

– É melhor deixar ele um pouco quieto. – disse Kai aparecendo na porta.

– Você tem ideia de como isso aconteceu, Kaoru? – perguntou Reita.

– Preciso mesmo falar? – disse ele olhando para o da faixinha.

– Quem fez isso no seu rosto? – perguntou Shinya já voltando a respirar calmamente.

– O Die, mas e boca dele deve estar pior agora... – disse o moreno se sentando ao lado do outro.

– O que houve, por que estão aqui ainda? – perguntou Mana surgindo no refeitório.

– O Toshiya está expondo a vida pessoal dos outros para e escola inteira. – disse Reita.

Mana olhou Shinya e Kaoru que estavam cabisbaixos.

– Querem ir para casa? – perguntou se aproximando dos dois meninos.

– Eu....quero.... – disse Shinya.

– E você Kaoru?

– Não eu vou ficar.... – ele segurou a mão do loiro. – Depois eu falo com você ok, Shin?

– Tá...

Mana ajudou Shinya a se levantar e o levou para diretoria.

...

O pai do Shinya chegou na escola bem rápido.

– O que houve? – disse ele entrando na diretoria e abraçando Shinya.

– Terachi-san, acho que o Shinya pode te contar em casa, não é mesmo? – disse Mana

O garoto balançou a cabeça em afirmativa e puxou o pai para fora da sala.

...

– Filho, o que houve na escola? – disse o homem parando o carro na frente da casa.

Shinya não respondeu, apenas pegou o papel impresso e mostrou pro pai, esperando levar uma surra...

O homem olhou a foto, não esboçou nenhuma reação, deixando o garoto apreensivo.

– Foi o que aconteceu na escola? Alguém mostrou para todos de lá?

– Foi...

– Não se preocupe... Você já está bem grandinho para fazer suas escolhas. – o homem bagunçou o cabelo do filho, que agora sorriu.

...

[Na Saída da escola...]

– Uruha, você pode me esperar no portão... ou ir com o Miyavi e o Kaya, por que eu consegui ficar na detenção... Quinze minutos – riu Ni-Ya.

– O que você aprontou? – sorriu o loirinho.

– Joguei uma bolinha de papel na cabeça do Die.

– Eu vou ficar te esperando no portão da escola então.

– Ok... - Uruha foi saindo e ficou sentado no murinho de uma árvore que tinha na frente da escola.

– Olha, olha quem está aqui sozinho.... – disse Toshiya passando com a garota loira que tinha conversado com ele no intervalo.

Ele se afastou da garota, e foi bem próximo de Uruha.

Uruha ficou com tanto medo que não conseguiu se levantar.

– Sssa....Saí de perto de mim...

Toshiya riu e segurou o cabelo dele.

– Mas um pouco, você seria uma garota perfeita... – riu ele com o rosto bem próximo ao do Uruha.

Uruha já estava assustado o suficiente para começar a chorar...

– Ah, não chora.... – disse Toshiya mordendo o lábio do loiro e voltando para perto da garota que ria como uma demente.

Uruha ficou passando as mãos freneticamente pelos lábios, tentando se limpar, nem percebeu que seus lábios sangravam...

Seu coração batia tão acelerado pelo medo. Ele não conseguia sequer se levantar e correr para dentro da escola.

Seus pensamentos começaram a se apagar e ele acabou desmaiando de medo.

...

– Uruha, Uruha... O que houve? – Ni-Ya o tinha nos braços e o sacudia para acordá-lo.

– Ni... – Uruha acordou chorando e abraçou Ni-Ya.

– O que houve?

– O Toshiya....

– Vou matar aquele imbecil... – disse Ni-Ya levantando o outro que estava arranhado (por ter caído no desmaio). – O que ele fez?

Ni-Ya reparou que a boca do loirinho sangrava.

– Ele te bateu? – perguntou Ni-Ya limpando o rosto do Uruha.

– Ele me mordeu... – chorou

– O quê? Ele... – Ni-Ya puxou Uruha e o levou para sua casa.

[...]

– O que houve?- perguntou Mika, a irmã do Ni-Ya.

– Nee-chan... pode pegar um copo de água com açúcar pro Uru-chan? – disse Ni-Ya levando o outro para o sofá. Uruha ainda estava atônito com o ocorrido, estava confuso entre o medo e a repulsa.

Ni-Ya o colocou sentado e se sentou ao lado dele acariciando o cabelo dele.

– Uru-chan... você pode me falar o que aconteceu?

– O....o To...shiya... ele esta..va sain...do da esco..la co..m u...ma menin ..a – ele voltou a chorar.

Mika trouxe o copo de água para o menino e se ajoelhou diante dele.

– O que houve, Yuji, por que seu amigo está assim?

– É uma longa história Nee-chan, bem complexa, depois eu explico para você... – Ni-Ya fez sinal para a irmã os deixar sozinhos, a menina se levantou e saiu mas ficou parada no alto da escada só pra ouvir a conversa.

– Uruha, você pode me falar com mais calma o que aconteceu? – disse Ni-Ya lhe dando um beijo no rosto.

Uruha terminou de beber a água e encarou os próprios pés.

– Eu sou um imbecil...nee, tenho tanto medo dele que nem consigo me mexer quando ele está perto. – ele limpou as lágrimas que voltavam a cair... – Eu es-ta-va, senta-do no lado de fo-ra da es-cola, e ele vei-o com uma menin-a e ele vei-oper-to de mim ,e me morde-u. -soluçou

– Ele falou alguma coisa pra você? – perguntou Ni-Ya se esforçando para entender o que o Uruha dizia.

– Ele dis-se que se e-ufos-seum-aga-ro-ta, ser-iaper-fei-ta... - Uruha voltou a chorar.

Ni-Ya secou as lágrimas do loiro, e o beijou delicadamente para não machucar mais a boca dele.

Mika observou tudo da escada impressionada. Ela seguiu para o quarto ainda um tanto abalada pela cena, nunca imaginou que seu irmão...

– Uru-chan, você quer ir pra sua casa agora? – perguntou Ni-Ya assim que se afastou dele.

– Eu quero ficar um pouco aqui com você... – disse Uruha deitando no colo dele.

– Eu vou resolver isso ainda hoje, ok? Vou acabar com ele.

– Por favor não vá .... não quero que você se machuque, por favor, eu não quero faça isso por mim, não vá.... – Uruha apertou as pernas dele, para que ele não se levantasse.

– Tá, mas sua irmã vai saber disso... ok? – disse

– Tá..

[...]

– Kenichi, meu irmão não chegou ainda, já estou preocupada... – disse Mayumi olhando a janela.

– Ele deve estar com o Ni-Ya...- disse Kenichi a abraçando por trás.

– Mas eles sempre ficam aqui, deve ter acontecido alguma coisa... – Mayumi se soltou e pegou o celular. – Kouyou!

– Nee-chan... o que foi? – perguntou o menino

– Onde você está? Eu já estou chegando, não se preocupe... Estou com o Ni-Ya-kun.

– Ok. Mas me avise quando for demorar... – disse a garota desligando o telefone.

– Não disse Mayu, ele está com o Ni-Ya... – sorriu Kenichi.

– Ele parecia que tinha chorado... a voz estava rouca. – disse ela se sentando.

– Kou.... – Mayumi correu e abraçou o irmão – O que foi isso nos seus lábios? – perguntou ela, já reparando nos lábios inchados do irmão.

Uruha olhou para Ni-Ya.

– Foi o Toshiya... – disse

– O quê? Aquele monstro chegou perto do meu irmão de novo?

– Ele mordeu o Uru-chan, enquanto eu ainda estava dentro da escola.

– Isso é assédio... – disse Kenichi – O que esse cara tem na cabeça?

Uruha voltou a chorar, e saiu correndo para seu quarto.

– Ele estava desmaiado quando o encontrei – disse Ni-Ya

– Ele tem muito medo desse garoto, mas eu não consegui resolver o assunto ainda, estão enrolando por que o Kouyou-kun teve medo para falar quem foi o culpado. – disse Kenichi.

– O jeito é mudar ele de escola. – disse Mayumi.

– Não! Isso só vai fazer esse garoto se achar o dono do mundo. – disse Kenichi.

– Quando eu não puder, o Miyavi pode trazer ele ou até o Mikaru. – disse Ni-Ya

– Sim... – concordou Mayumi – Mas agora converse com ele, Ni-Ya-kun.

Ni-Ya subiu as escadas atrás do Uruha..

– Uru-chan., deixa eu entrar... – disse ele batendo na porta.

Uruha abriu a porta do quarto, mostrando o rosto vermelho de tanto chorar.

– Não fique assim... – Ni-Ya passou os dedos na bochecha do outro.

– Eu sou um inútil, um grande inútil. Eu nunca soube me defender, nunca consegui... sempre tive que esperar que os outros me ajudarem...

– Uru... – Ni-Ya o abraçou fortemente.

[....]