O Mundo Dá Voltas. escrita por Cartas Ao Vento


Capítulo 38
Decisões.




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Fiquei grudada na porta do quarto em que Britt se encontrava até Lili voltar. Em um determinado momento ela acordou chorando e a enfermeira pediu para que eu entrasse e tentasse acalmá-la. Nada era mais confortante que a mãe naquele momento, mas, consegui deixar Britt mais calma. Tempo depois ela já estava dormindo de novo, acho que o sono - que ela nunca tinha - era por efeito das medicações.

Ouvi o som abafado de meu celular tocando dentro da bolsa, me retirei do quarto para atender. Era Allan, dando 'a louca' porque eu não tinha ido trabalhar. Esperei ele me dar todas as broncas possíveis do planeta e depois dei um gelo nele, explicando o que havia acontecido e porque eu tive que faltar. Allan ficou muito sem graça e pediu desculpas e mais desculpas... Desliguei o telefone um pouco irritada e encostei-me na parede.

Fechei os olhos pesadamente rezando mentalmente para que Britt melhorasse logo, me assustei quando senti uma mão grande e quente tocar meu ombro. Era Bryan. 

- Cadê Lili? - Perguntei me desencostando da parede.

- Tá vindo aí. Como ela tá? - Bryan perguntou olhando pelo vidro da porta.

- Tá... ah, na verdade eu não sei... ela acordou chorando, a enfermeira injetou algo na borrachinha que está no braço dela, eu fui lá e ela dormiu de novo... 

- Ai que saco. Esses seguranças daqui são irritantes. Quantas vezes eu vou ter que explicar que EU SOU A MÃE dela? - Avistamos Lili chegando super irritada no corredor.

- O que houve? - Perguntei.

- Esses idiotas. Sabem que eu cheguei de madrugada com Britt aqui e ainda não gravaram meu rosto. Tem que ficar mostrando documentos... - Lili irritada? Saiam todos de perto. - Como tá minha princesa?

- Tá melhorando. - Bryan falou abraçando-a.

- E cadê Brendon? - Perguntei procurando por ele.

- Deixei com a babá. - Lili respondeu.

- E desde quando vocês tem babá? - Perguntei surpresa.

- Babá diária. Contratada só por hoje, depois o Bryan vai pra casa e fica com ele. - Ela respondeu.

De repente ouvimos um choro bem forte. Olhamos assustados para a porta e vimos Britt se batendo na cama. Lili não esperou nada, saiu entrando no quarto aflita. Bryan não sabia o que fazer, acho que naquela situação Lili era mais forte que ele. 

A enfermeira falava algo com Lili, que gesticulava aparentando estar irritada. Olhei para o lado e não vi mais Bryan. Acho que ele havia ido para a recepção, pois não gostava nem um pouco de presenciar o choro de Britt. Olhei novamente para o quarto e vi Lili já com Britt no colo, um pouco mais calma.

- Vamos embora Jessie. - Lili falou enquanto saía do quarto.

- Quê? Como assim lili? Ela já teve alta? - Perguntei desorientada.

- Não. Mas aqui minha filha não fica mais. Vamos embora. - Ela parecia estar realmente muito irritada.

- Senhora. Não faça isso, por favor. - Ouvi a enfermeira falando. 

- Não! Vocês não vão mais furar ela. Que isso? Toda hora esse papo de que 'não encontraram a veia'. Ela é um bebê se você não percebeu. - Agora eu estava entendendo um pouco mais a situação.

- Mas a senhora tem que assinar um termo de responsabilidade se quiser mesmo levar ela para casa sem ter alta.

- Eu assino. Me passa logo o papel. Quero sair daqui, cuido dela em casa, mas aqui e em hospital nenhum ela fica mais. - Lili falou decidida.

Passamos no pediatra responsável, ele explicou que era melhor Britt ficar hospitalizada, pois ali eles teriam mais recursos e seriam mais ágeis caso Britt piorasse. Mas nada fez Lili mudar de ideia. Até eu que não sou mãe, entendi perfeitamente a decisão dela, acho até que faria o mesmo se fosse comigo a situação.

O médico passou uma lista de medicamentos para Lili comprar, incluindo antibióticos e antialérgicos e logo em seguida, o papel que ela teria que assinar concordando com a saída de Britt sem alta médica.

Saí do hospital um pouco receosa com a decisão de Lili. Parecia ser o certo e o errado ao mesmo tempo. Milhões de pensamentos passavam em minha cabeça, os prós e contras dessa decisão. O que me restava, era apenas torcer para que Lili realmente tivesse feito o certo. Me despedi e pedi para que Lili me ligasse dando notícias.

Não tinha mais condições de ir pra agência àquela hora, já era início de tarde e cá entre nós, eu não estava com ânimo algum para posar para fotos. Fui para casa e tomei uma ducha demorada para tentar aliviar a dor de cabeça terrível que eu estava sentindo. Só não demorei mais porque o telefone de casa tocava sem parar na sala. Andei de toalha rapidamente até a sala, mas não deu tempo de atender a chamada. Olhei no identificador e tinha umas 8 ligações perdidas, todas de Bruno. Porcaria! Esqueci de ligar o celular que havia desligado após a chamada de Allan. Nem coloquei a roupa, sentei no sofá só de toalha mesmo e retornei para Bruno.

- O que aconteceu? Você tá bem? - Ouvi Bruno falar logo que atendeu o celular.

- Hey, calma! Tô bem sim, por que a aflição?

- É que liguei pra agência e o Allan disse que você não tinha ido e que estava no hospital. Mas você tá bem mesmo? - Era bonitinha a preocupação dele.

- Estava no hospital sim, mas por causa de Britt. Ele não te explicou o que houve?

- Não... quer dizer, eu não deixei. Quando ele me disse que você estava no hospital desliguei por impulso e liguei feito louco pro seu celular, que só dava na caixa postal, pra variar. - Bruno falou em tom de depoche. - Mas o que Britt tem?

- Uma virose ou infecção, não sei ao certo... deu maior rolo lá, Lili ficou irritada com os enfermeiros que queria furar a veia de Britt mais uma vez e foi com ela embora pra casa.

- Nossa! Tenho uma entrevista agora e logo em seguida uma sessão de fotos. Sò devo chegar mais tarde... aí conversamos melhor, ok?! 

- Ai só de noite? Vou ter que almoçar sozinha hoje, é isso mesmo? - Falei manhosa.

- Só hoje... eu te amo. - Ele falou todo carinhoso.

- Eu te amo muito.

Desligamos o telefone e eu fui pôr uma roupa. Era tão chato ficar sozinha, almoçar sozinha, ver tv sozinha... acho que eu já tinha me acostumado até demais com a presença de Bruno. Meu estômago gritava de fome, chegava a ser engraçado... Fiz uma mistura meio louca na cozinha e sentei-me no chão da sala assistindo desenho animado, sim, vocês leram isso mesmo. Quem me visse naquela situação, certamente diria que eu estava ficando louca, com um pote de algo que eu não consegui denominar, de tão estranho que estava e rindo feito boba com um desenho com a faixa etária indicativa para crianças de 6 anos. Acabei pegando no sono ali mesmo depois que comi aquele monte de, er... porcaria.


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