Pokemon Vírus escrita por Sr Yuri


Capítulo 8
Capítulo 8 - O Fim do Mundo


Notas iniciais do capítulo

tá, aqui, como prometido, um ano depois, eu vim, e postei. Yesung pode me matar agora, já pus o capitulo que evia desde o ano passado que.

Então, podem me xingar, não ficou bom.



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Pokémon Vírus

 

Capítulo 8 – O fim do Mundo

 

 

  Ela empurrou o garoto de forma nada gentil para onde julgou ser o mais perto da saída, mas eles estavam perdidos ali dentro. A biblioteca era extensa demais, não achariam a saída tão cedo. Atravessaram, correndo, dois corredores ao norte e quando viraram a direita, puderam ver uma luz.

 

  Uma claridade forte demais, avermelhada demais. Quente. Fogo.

 

  Anna foi a primeira a se manifestar.

 

  - Fogo?!?!?!

 

  David viu aquilo, perdeu as forças. A biblioteca. Em chamas.

 

   Toneladas de livros, capítulos, frases, palavras... informação. Tudo aquilo sendo consumido pelo fogo, tudo aquilo sendo destruído. Talvez ninguém fosse entender o que significava para David Freeman, mas era demais pra ele. Todo o tempo que ele teria para poder analisar cada livro, demoraria a vida inteira ali se quisesse. Agora ele não poderia mais.

 

  Caiu no chão, de joelhos, com algumas lagrimas no rosto.

 

  - AAAAA! – ele urrou. Não devia ter feito aquilo. Tinha se esquecido completamente de sua perna. E aquele impacto fora muito forte.

 

  Anna olhou, assustada, primeiro para David, e em seguida para as chamas. As labaredas alcançavam os livros e contaminavam os outros rapidamente, espalhando-se pelas estantes ao seu lado. A fumaça, demasiada, parecia entrar em contraste com uma silhueta de uma terceira pessoa ali com eles. A garota fez menção de ir atrás deste, mas hesitou, quando pôde sentir o calor do fogo contra o seu rosto.

 

  David tentou se apoiar na estante ao seu lado, mas não agüentou. Gritou novamente quando caiu no chão.

 

  - David?!?! Ah mas que bela hora pra se machucar!!! – reclamou a loira. Seu humor não tinha melhorado. E era impossível melhorar naquela situação.

  - Dá um tempo, OK?!? – ele foi obrigado a se deitar no chão, tamanha era a dor que sentia - Me dá uma ajuda aqui!!

 

  David agora também tinha o joelho sangrando. A ferida ali era grande.

 

  - Como se eu tivesse escolha... – ela falou, enquanto se voltava para David.

  - Arruma alguma coisa pra estancar o sangue!! – exclamou ele, já tendo que competir com o barulho do fogo.

  - To tentando!

 

  Anna pôs as mãos na cabeça, pensando no que ela poderia usar, e ali mesmo encontrou a solução. Sua bandana. Imediatamente a desamarrou, e tentou posicioná-la no machucado do garoto da melhor forma possível, mas não estava conseguindo nada muito satisfatório.

 

  - O que você está fazendo?!?! – David estava tão aborrecido quanto apavorado, quando notou que a garota prendia sua circulação.

  - Torniquete!!! Você queria que eu fizesse o que?!?!

  - Você quer que eu fique sem perna!?!?!

  - Ah claro!!   

 

    Mas a ocasião não permitia brincadeiras. David não poderia se mover se não quisesse piorar sua situação, a menina não fazia a menor idéia de como ajudar, e o fogo estava os alcançando rapidamente.  

 

    - Mas que droga! Me dá isso aqui!!! – gritou o Freeman, tomando a bandana das mãos de Anna e fazendo ele mesmo seu curativo.

 

  Mas ainda assim é difícil improvisar alguma coisa se você está deitado no chão, sabendo que seus movimentos só pioram a situação. Principalmente se está sendo pressionado, correndo contra o tempo e contra o fogo que chegava mais perto a cada segundo.

 

  - Anda logo com isso! A gente vai morrer aqui!

  - Para de me apressar e me ajuda! – ele disse quando terminou de tapar o ferimento.

 

  Anna o colocou de pé bruscamente, quase o levando ao chão outra vez quando ele não encontrou onde se apoiar.  Tomou um dos braços do menino, posicionando-o em seu ombro e correram – andaram o mais rápido que puderam – procurando uma saída, ao mesmo tempo em que fugiam do fogo.

  Mas estavam literalmente cegos no meio daquilo. A fumaça era tanta que todo o esforço que faziam só os levava a uma parede, ou alguma estante. 

 

  - Anna!! – o menino tentou dizer, quase batendo contra alguma coisa que ele nem soube o que era.

 

  Ela viu o que iria acontecer e mudou de caminho, aparentemente concentrada.

 

  - Seus pokémon não podem ajudar???

  - É suicídio colocar um Bellsprout no meio de um incêndio – retrucou a garota, seu ar intolerante ainda aparente.

  - Mas e o seu Pichu? – David insistiu

  - Fraco demais pra isso...

 

  Continuaram, andando pra lugar nenhum.

 

  David, umas duas vezes pensou ver de relance um terceiro sujeito os acompanhando. Forçou-se a imaginar que aquilo eram apenas coisas de sua cabeça. Não tinha motivo para mais alguém estar ali. A não ser que também quisesse morrer.

  Ou matar.

 

  - Pra onde?? – Anna interrompeu seus pensamentos.

  - Ãhm... Esquerda?

 

  Foram pela direita. Conseguiram avançar um pouco, mais as chamas também avançavam quase tão rápido quanto eles. Não demorou para que ficassem cercados.

 

  - Ah, que ótimo! – reclamou a garota – O que a gente faz agora??

 

  O garoto analisou suas opções. Suas únicas saídas eram por cima e pelos lados. Era fisicamente impossível eles saírem voando e escaparem do fogo, e as estantes bloqueavam seu caminho nas outras direções. Decidiu-se.

 

  - Isso!

 

  David se soltou das mãos da menina e se jogou contra uma das estantes ao seu lado, derrubando-a com um barulho terrível. Essa primeira encontrou uma segunda, que avistou uma terceira, que colidiu com uma quarta, e que descobriu uma quinta, e poucos segundos depois se via um ruidoso efeito dominó que atingiam todas as outras ao alcance daquelas.

  Então, conseguira abrir caminho por sobre as estantes, também acabando com todo o fogo em seu caminho.

 

  Anna Ashwood já mudava seu humor mais uma vez.

 

  - Nossa – riu ela – De onde você tirou essa idéia?

  - Não é hora pra brincadeiras! – infelizmente, o humor de David ainda continuava o mesmo – Me ajuda aqui!

 

  Só então a garota percebeu, que David estava que nem um bonequinho de trapos, jogado no chão, ainda onde colidira com a estante. Ela o levantou – mais gentilmente dessa vez – e o carregou por sobre as estantes destruídas, com uma força e velocidade atípicas.

 

  - Pra que lado é a saída? – questionou ela, enquanto terminava seu percurso pelas estantes.

  - Eu é que vou saber?!?! – ele reclamou.

  - Não é uma boa hora pra ficar assim...

 

  Isto só deixou o garoto mais irritado. A pouco, era Anna que estava tão aborrecida, e ela era a razão da irritação dele. Quis se livrar dos braços dela, mas seus esforços foram em vão.

 

  - Fica quieto ai! – ela falou, animada, enquanto pulava a ultima estante e seguia por uma das extremidades da biblioteca.

 

  A situação deles começava a ficar crítica. O fogo voltava a conquistar espaço no enorme saguão, eram poucos os pedaços ainda intactos. A fumaça cobria praticamente tudo, e eles já encontravam dificuldade pra respirar.

 

  Cercados, novamente.

 

  - A gente vai morrer – lamentou Anna Ashwood, assumindo um temperamento temente e melancólico – a gente vai morrer...

 

  Agora, os dois conseguiram comprovar uma outra pessoa ali, quando esta apareceu mais uma vez ao lado deles e desapareceu.

 

  - A gente vai morrer...

  - Será que dá pra parar de falar que a gente vai morrer!?!?! – David já não aguentava mais as mudanças repentinas de humor da garota.

  - Tem alguém que não quer a gente vivo – ela ainda fez questão de objetar. Mas isso já estava mais que claro, desde o momento em que eles foram abandonados às escuras em uma biblioteca.

 

  O sujeito, fez mais uma aparição, desta vez, definitiva. Um homem, alto, uma jaqueta grossa, como se escondesse algo abaixo e uma máscara de oxigênio lhe cobrindo o rosto.

 

  - É, a gente vai morrer... – David conclui, quando viu o homem retirar alguma coisa de seu casaco.

 

  O individuo tinha em mãos uma espécie de esfera. Admirou-a um segundo, e depois voltou os olhos para os jovens. Pressionou discretamente um pequeno botão no objeto e atirou-o na direção dos garotos. Não, não era uma pokebola. Era uma granada.

 

  - Segure-se! – gritou Anna, logo quando já desviava e corria da primeira bomba.

 

  Uma explosão. Não tão forte quanto se imaginava. Até pequena, na verdade, mas a fumaça foi grande demais. Era algum tipo de sonífero.

 

  “Mais uma brincadeira...”, pensou David.

 

(...)

 

  - Joe Willys? - a mulher perguntou, antes de anotar o nome dele nos papeis.

  - Sim - ele confirmou enquanto admirava, pensativo, as duas pokebolas em suas mãos.

 

  Uma pequena sala de inscrições. Paredes coloridas com tons rústicos e chamativos eram completadas com alguns desenhos rupestres que em nada ajudavam na decoração. Um balcão, num tom alaranjado berrante  e umas cadeiras azuis ao lado oposto, mas ninguém as ocupava.

 

  - Bom, você não veio em boa hora, Joe - comentou a mulher, enquanto assinava mais alguma coisa nas folhas. Ela possuía uma estatura media, cabelos castanhos escuros presos em um coque impecável, e olhos de mesma cor, que alternavam entre acompanhar o que fazia e uma pequena televisão situada em uma das paredes - Está um pouco tarde, não acha?

 

  O jovem de cabelos azuis não chegou a responder. Também se interessou pela matéria na televisão. Muito embora ele não tivesse motivo algum para estar tão interessado na previsão do tempo.

 

  "Teremos possibilidades de chuva forte ao longo desta semana em todo o continente. Orientamos a todos que nestes próximos dias procurem abandonar áreas de risco. A cidade de Pallet poderá sofrer fenômenos antes nunca vistos. Uma massa escura de nuvens se dirige à região, indicando possibilidades de chuva de granizo..."

 

  "Até parece que foi bom eu sair de lá..."

 

  - Estranho, isso, não acha?

 

  A mulher finalmente terminara de preencher a ficha de inscrição dele. E agora, o entregava um pequeno crachá, com seu nome e alguns outros dados.

 

  Joe relutou em pegar o que ela o entregava, ainda tentando adivinhar sobre o que ela tinha falado.  Mas teve que admitir, em pensamentos, que em todas as possibilidades que tinha, tudo era realmente estranho. Pegou sua ficha, sem dizer nada, e tentou continuar concentrado na TV.

 

  - Bom, acho que você sabe que a reabertura do ginásio seria está noite - a balconista disse, mas resolveu ser breve no que queria dizer- sinto muito, o líder não está aqui agora

 

  Ela era louca, pensava Joe. Só depois que o fizera esperar meia hora ali dentro resolvera falar o que mais o interessava.

 

  - Tivemos um problema na biblioteca da cidade. Ele foi auxiliar os bombeiros...

  "Biblioteca?", ele pensou. Uma sensação estranha lhe percorreu. Era lá que estava...

  - Ali! Está vendo? - ela mais uma vez, se virou para a televisão.

 

  Joe suspirou, novamente sem entender a reação imprevisível da mulher.  Mas ainda assim, curioso, quis descobrir o que era.

 

  "A poucos minutos, recebemos a informação de que a biblioteca nacional de Viridian está em chamas. Os bombeiros já chegaram ao local, e tentam controlar o fogo, mas as condições não estão muito favoráveis. Se continuarmos dessa forma todo o conteúdo poderá ser perdido.

  “Uma quantidade incomensurável de livros está sendo destruído neste momento, o material perdido nunca poderá ser compensado...”

 

  - Estamos no fim do mundo... - ela comentou, mas não pareceu ser muito sarcástica. 

  "Ficar aqui que é o fim do mundo..."

 

  Mais um pouco de silencio - à exceção da TV, que continuava indiferente, ainda mostrando a noticia sobre o incêndio na biblioteca - enquanto Joe se decidia se devia continuar ali, esperando qualquer coisa, ou se ia logo embora e tentava outro dia. Mas ele era cabeça dura demais, ia ficar.

 

  - Talvez, ele não demore muito a chegar... - a mulher se sentou em uma cadeira e começou a digitar alguma coisa em seu computador, ainda prestando atenção na televisão - acho que o espetáculo todo que havíamos organizado não vai mais acontecer... Mas se você quiser pode ficar e esperar.

 

  Joe riu. A balconista pareceu não ligar.

 

  O Willys então resolvera ocupar uma das cadeiras azuis enquanto esperava. Sem mais o que fazer ali, ele também voltou a assistir a televisão.

 

  "As autoridades estão em alerta, pois esse ocorrido muito provavelmente não foi um simples incidente: os seguranças da biblioteca afirmam que o sistema contra incêndio estava funcionando normalmente naquela manhã, mas no atual momento ele parece estar desativado.

  Mais uma vez, somos levados a conclusão de que o atentado terrorista há dois anos poderia estar se repetindo agora. Mas felizmente, não há indícios de que ninguém esteja no interior do prédio.

  Pedimos à população que fiquem todos calmos. Pode ter sido apenas um acidente..."

 

  O menino ainda esperava que a qualquer momento a mulher ainda fosse fazer mais um de seus comentários estranhos. Mas eles não vieram, e ele não conseguiu mais prestar atenção na noticia.

 

(...)

  - Cuidado! – David exclamou pela enésima vez, quando a enésima bomba foi lançada.

 

  Anna não precisava ser alertada. Se sairia muito melhor se o garoto não ficasse gritando no seu ouvido, aliás. Uma bomba passara ao seu lado há poucos segundos, e uma outra vinha de encontro ao seu rosto. Ela simplesmente abaixou com essa segunda.

 

  - Essa foi por pouco – David conclui, sem saber o que dizer ou fazer nos braços da loira. Além de sustentá-lo sem se mostrar incomodada, ela ainda desviava das granadas com enorme agilidade.

 

  Ela não sabia onde estava o homem que queria machucá-los, as bombas viam de todos os lados. E a fumaça não ajudava.

 

  - CUIDADO!

 

  Uma bomba iria acertá-los de frente. A menina apenas deu um pulo para trás, e ela explodiu à sua frente.

 

  Aguardaram um próximo ataque. Não veio.

 

  Ao invés disso, viram algo que interessou muito mais ao Freeman do que à Anna. Um pequeno objeto surgiu do meio da fumaça, no chão. Algo dourado, muito reluzente, que rolou até colidir com os pés da menina. Uma caneta, talvez.

 

  A loira pegou, e o analisou, esquecendo completamente de que a poucos segundo atrás estavam sendo atacados, e que os ataques poderiam voltar a qualquer momento.

 

  - David? – ela disse.

 

  Mas o garoto não entendeu que ela dizia aquilo porque foi o que encontrou escrito na caneta. Apenas compreendeu depois que o objeto foi passada para as mãos dele, e ele pode ver cinco letras gravadas com a caligrafia de seu pai.

 

  - Hum?? – ele olhou para onde a caneta viera, procurando uma explicação.

 

  Não pôde ter esse privilégio. Pelo menos não naquele momento, quando mais uma granada fora arremessada na direção deles. Anna nem prestava mais atenção nos ataques inimigos.

 

  - Anna!!!!

 

  Ela olhou, mas não conseguiu fazer nada. Estava perto demais, eles iriam ser atingidos de qualquer forma. Ambos fecharam os olhos, tentando não absorver nada daquele momento.

 

  Esperaram. E esperaram mais um pouco, quando não foram atingidos. Só quando abriram os olhos, puderam entender porque não tinham morrido ou algo assim.

 

  Um pequeno ser azul. Redondo, provavelmente oval. Calda e pés, mas nenhum braço. Um redemoinho na barriga. Um girino. Um Poliwag, que desviava e acertava todas as bombas com seus ataques de bolha e arma de água.

 

  - Poliwag?? – David não entendeu o porquê do pokémon ali – O que você está fazendo aqui?

  - Wag! – o pequeno respondeu “Vim devolver sua caneta!”

  - Quem é ele? – a garota perguntou. Não recebeu suas explicações.

 

  David riu. Anna olhou para a cara dele, se perguntando o que o pokémon dissera e se o menino tinha entendido.

 

  - Poliwag!! – o garoto exclamou, atraindo a atenção do pokémon para mais umas duas bombas que foram lançadas na direção dele

 

  Desviou da primeira, que não acertaria ninguém, e explodiu a segunda com um ataque de bolhas. Muitas outras vieram depois daquelas.

 

  - Isso não acaba não? – a loira reclamou.

  - Já era pra ter acabado – o menino respondeu, com um rosto enjoado.

 

  Poliwag já estava encontrando dificuldades para deter as granadas. Lutar no fogo não era muito bom pra ele. E seria melhor se os outros dois o ajudassem.

 

  - Wag!!! – ele mais exclamou do que pediu “Me ajudem aqui!!!”

  - Claro! – disse David, prontamente.

 

Anna o olhou mais uma vez, sem entender

 

  - Você entende o que ele diz?

 

  Mais uma vez não teve resposta.

 

  - Poliwag! Abre espaço pra gente aqui! – o menino falou. O pokémon concentrou-se no movimento arma de água, diminuindo as chamas ao seu redor, ao mesmo tempo em que repelia algumas granadas do inimigo – Anna! Solte seu Pichu!

  - Mas ele ainda está muito fra... – ela tentou contestar.

 

  David cortou a menina, limitando sua resposta a três palavras.

 

  - Água conduz eletricidade.

 

  Ela entendeu. Esboçou um sorriso, enquanto colocava o garoto no chão e retirava uma pokebola de sua camisa de colegial. Lançou a esfera, que pairou no ar um pouco acima e ao lado do girino.  Uma luz avermelhada, aos poucos revelou um pequenino rato amarelo com alguns detalhes pretos por todo corpo, que mais realçavam suas orelhas.

 

  O pokémon olhou ao redor. Ficou com medo, e imediatamente procurou sua treinadora. Correu até ela, e pulou em seus braços. A menina retribuiu, segurando o rato e lhe lançando um olhar materno.

 

  “Está tudo bem. Pode ir lá. Eu vou estar aqui”, ela disse, apenas para o pokémon.

 

  Pichu não precisava de muito para entender sua treinadora. Confiava nela. Foi ajudar Poliwag com as granadas.

 

  - Ele não é tão ruim assim... – David comentou, enquanto observava os pokémon lutarem

  - E aquele Poliwag?

  - ...? O que tem ele?

  - Ele aparece do nada, e vocês já se conhecem – Anna queria muitas explicações - você entende o que ele diz...

  - Ele... – ele olhava para o girino, mas sua atenção estava também na garota – Ele é meu pokémon.

   - Se ele é seu pokémon ele devia estar com você, dentro de uma pokebola, não?

  - Poliwag! À sua direita! Arma de Água!

 

  David voltou a atenção para a garota, que teve que repetir suas palavras.

 

  - Dentro de uma pokebola? – o menino repetiu.

 

  A Dive Ball.

 

  Procurou ela em sua mochila. Mas não conseguiu nada. Até porque descobriu que não estava com sua mochila.

 

  - David? – a loira preocupou-se quando o rosto de David estava pior que um fantasma.

 

  Por um momento, ele pensou ter perdido tudo. Mas mesmo quando lembrou onde estava não ficou melhor.

 

  - Eu...

  - O que?

  - Esqueci...

 

  Anna o encarou, mais preocupada ainda.

 

  - Minha mochila.

 

  Ela também empalideceu. Talvez tenha ficado até pior que o próprio dono da bolsa. Era lá que estavam as provas que contradiziam um dos maiores crimes da história. Só eles sabiam a verdade. Verdade, que provavelmente não existia mais, que fora consumida pelas chamas, assim como todas as outras incontáveis verdades nos exemplares que agora alimentavam o fogo.

 

  Deu um passo na direção da ala dos computadores, mas depois voltou atrás. Não fazia a menor idéia de como chegaria lá, poderia morrer tentando.

 

  “Então, eu morrerei por isso...”

 

  - Anna? – agora quem se preocupava era David.

 

  A garota parecia ter concussões. Mordera os lábios até sangrar, e se abraçava, como se impedisse a si mesma de ir a algum lugar.

 

  - Anna?!?!

  - Fique aqui! – foi o que ela disse, antes de desaparecer por entre a fumaça.

 

  O garoto olhou para onde ela tinha ido, imaginando o que ela ia fazer, e quando ela iria voltar.

 

  Teve medo. Além de ter perdido sua bolsa, a menina também desaparecera, simplesmente dizendo “Fique aqui”. Teria sido abandonado? Não, ela deixara o pokémon dela ali. Mas ela mudava muito de humor, poderia subitamente ter decidido que não o queria mais, que o que importava era apenas a sua vida, e de mais ninguém. Ela chegaria a esse ponto? Quis acreditar que não, mas não era fácil.

 

  - Wag?? – o pequeno perguntou, quando também notou que a garota não estava mais lá. “Cadê ela??”

 

  David olhou rápido para o girino e fez sinal de silencio, mas já era tarde. O Pichu ouvira.

 

  - Wag... – ele disse “Ops...”

 

  O pokémon elétrico se virou. Não achou sua treinadora ali, procurou em todos os lados, mas só tinha fumaça. Começou a chorar, parando de se defender das bombas...

 

  “Nada está tão ruim para que não possa ficar pior...”, David pensou.

 

  Poliwag ganhara trabalho dobrado. Tinha que parar as bombas que iam no Pichu também. Era sua recompensa, por ter apavorado ele.

 

  “Isso não acaba não?”, o girino pensou. Estavam ali a tempo demais e as granadas não paravam de ser lançadas. E lutar no fogo o deixava muito desgastado.

 

  - Poliwag? – David chamou – Ainda agüenta lutar?

 

  O pokémon, de costas, fez um sinal positivo com a cabeça e desviou de mais duas bombas. Uma quase explodiu no garoto, que conseguiu desviar por pouco.

 

  - Mais cuidado ai!!! – ele reclamou.

 

  David estava se enfurecendo. Já não aguentava mais aqueles ataques, e sua situação só piorava a cada segundo. Precisava fazer alguma coisa.

  Levantou-se, cambaleante. Andou debilmente na direção onde grande parte das bombas era lançada, quase a sua frente, e desapareceu na fumaça também.

 

(...)

 

  - Bragi?

  - Sim, sou eu...

  - Não, não é não. Você ainda está lá – o primeiro homem concluiu, incrédulo, mas sem perder sua calma.

 

  Um breve momento de silencio, enquanto o que acabara de chegar absorvia a informação.

 

  - O que?

 

  O homem da cadeira simplesmente apontou para um computador que exibia a imagem de uma biblioteca em chamas.

 

  - Não, eu não estou vendo isso – o segundo disse, com a mesma incredulidade.

 

  A tela, mostrava fumaça, em grande parte, mas era possível ver duas pessoas. Primeiro, um jovem, caminhava com dificuldade, aparentemente indo em direção ao outro sujeito. A razão de tanto alarme era esse segundo homem. Ele não podia estar lá ainda, se ele estava ali, ao lado do seu chefe. Era sim, a mesma pessoa. Não tinha como ser outro.

 

  Mas aquilo não era tudo. O homem na tela estava parado, praticamente imóvel. Ainda assim, bombas eram lançadas contra o garoto e os pokémon. Bombas que simplesmente surgiam de lugar nenhum e eram arremessadas.

 

  Bragi, boquiaberto, e o homem da cadeira, com um sorriso de orelha a orelha.

 

  - Mais perto do que imaginávamos – disse o superior

  - Ele realmente existe.

  - Se ele não existisse, nós nem deveríamos estar aqui...

  - Mas por que ele apareceu assim? – as respostas só vinham com mais perguntas

 

  O homem sorriu mais uma vez.

 

  - Ele procura exatamente a mesma coisa que nós.

 

(...)

 

  A ala dos computadores não ficava muito longe. O problema era encontrar o caminho no meio daquele fogo todo. Dois, três, quatro corredores, por mais que corresse, Anna não encontrava a maldita ala dos computadores.

 

  “Se ao menos essa fumaça não estivesse tão forte”, ela pensou, enquanto tossia.

 

  Ela se perguntava por que que uma biblioteca daquele tamanho não tinha irrigadores ou extintores de incêndio. Seria uma ajuda enorme pra diminuir o fogo e a fumaça, visto que agora andava as cegas, se espremendo em uma parede para não ser atingida pelas labaredas.

 

  Um estrondo. Uma estante atrás dela acabara de cair, levando o fogo para mais perto. Ela não pensou duas vezes, começou a correr o resto do caminho ali.

 

  - AAAAAAAAAAAAAAAAA – ela gritou.

 

  Dor. Acabara de colidir com um extintor de incêndio. Aquilo era horrível, mas era ótimo. Acho que não preciso narrar a sensação desagradável de alguém dá de cara com um daqueles cilindros vermelhos muito pesados. Mas também não preciso explicar como aquilo foi útil.

 

  Apenas o tempo de Anna Ashwood recolher o extintor e começar a usá-lo continuamente em seu caminho. Corria com mais velocidade agora, sem medo de se queimar.  Seu único medo era dar de cara com outro extintor...

 

  Pensou. Encontrara o extintor de incêndio. Com certeza existiam irrigadores também. “Devem estar desativados...”, ela concluiu.

 

  Fazia seu caminho à ala dos computadores, e procurava qualquer coisa que pudesse levá-la a ativação dos irrigadores. Mas começava a ficar novamente dividida. Não sabia o que encontraria primeiro. E não sabia para onde deveria ir primeiro. Presa em seus pensamentos, nem percebia que aos poucos diminuía a velocidade...

 

  E então, chegou a uma bifurcação. Acima, uma plaquinha onde era possível ler, mesmo com toda a fumaça:

 

 

Computadores -->

  Sistema de Segurança <--

 

 

(...)

 

 

  Um pokémon elétrico chorando apavorado, um girino que não conseguia mais se manter em pé, tamanho era o seu cansaço e um garoto com a perna terrivelmente machucada, tapada apenas por um lenço vermelho, que tentava desesperadamente se matar.

 

  Ao menos era isso que parecia. Em meio a uma biblioteca em chamas, quem pararia para analisar a situação? Ninguém. Talvez para David, fosse mais útil correr na direção de onde eram lançadas um numero absurdo de bombas.

 

  O fogo, que durava tanto tempo ali, já consumira praticamente tudo, o que mais se via era fumaça. Respirar era um ato que estava ficando cada vez mais impossível.

 

  Toda aquela série de atos absurdos pareceu parar, primeiro ao som de algo como uma estante caindo, e depois um grito acompanhando de uma batida muito forte que ecoou por todo o enorme espaço da biblioteca. O grito, David conseguiu reconhecer imediatamente a dona, e receou quanto ao que acontecia e ele não via.

 

  Mas continuou seu caminho, até a origem das bombas. Ficou abismado com o que encontrou.

 

  O homem. Já esperava encontrá-lo. Estava lá, como vira de relance uma vez antes. Roupas pretas, um chapéu estranho, e a máscara de oxigênio. Eles se encararam, o agressor, imóvel.

 

  Este foi fato que causou todo o espanto no garoto. Ele estava imóvel. Deveria ter ficado imóvel o tempo todo. Não era ele que lançava as bombas. Aliás, nada lançava as bombas. Elas simplesmente apareciam de lugar nenhum e eram atiradas contra eles.

 

  David se confortou apenas com o fato de que as granadas não iam na sua direção, mas não conseguia se conformar. Aquilo desafiava tudo que você aprende na escola sobre fisicamente impossível.

 

  - O q... o que é... você? – ele gaguejou para o ser.

 

  A figura, que até então olhava na direção de onde deveriam estar os dois pokémon, se voltou para o garoto uma segunda vez.

 

  “...M”

 

  Vazio. Essa primeira sensação, sumiu tão rápido quanto apareceu e, agora uma infinidade de barulhos estranhos em sua cabeça. Uma única palavra que ele conseguiu entender:

 

  Zero.

xXx


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Notas finais do capítulo

sim, podem falar, eu apareço aqui, com só isso, depois e um ano. tá uma droga mesmo.
Mas é, deve tar cheio de erros, e bem chato, o enredo. Mas fazer o que? Não tinha muito que eu pudesse fazer a respeito
Enfim, peço desculpas por estar tão desinteressado no projeto .-.
Ajudaria se vocês, leitores aleatórios, mandassem reviews encorajando, sabe...