Anna escrita por CrazyShadows


Capítulo 7
Violada


Notas iniciais do capítulo

Oláá gente! Tudo bom com vocês? Mais um capítulo, e acho que nesse vocês vão entender melhor a mente insana da Anninha hahahaah, enfim, eu acho um cap triste, mas...
Enjoy!
p.s. esse capítulo é pra induce, mas é um pouquinho mais especial pq finalmente a personagem de cabelos azuis deu a graça... vc sabe de quem eu to falando né? HAHAHA



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– Bom como eu já disse, estive frequentando alguns médicos, psicólogos, terapeutas... E como em qualquer consulta, acabava mencionando seu nome, na verdade isso não é muito importante... O ponto é, em uma de minhas consultas passamos a discutir o motivo da sua ida, e o doutor sugeriu que talvez trata-se de uma fobia. Uma fobia sua, filofobia para ser mais exato. Começamos a estudar mais o caso... – levantei da cama indignada e o interrompi.

– Você vem até aqui, arromba a porta da minha casa e agora diz que eu tenho essa tal de “filofobia” acho que esses 10 anos te fizeram louco Corey Taylor! É isso, um completo louco! – exclamei andando com passos decididos para a sala e sendo seguida por ele.

– Mas Anna eu só quero te ajudar eu...

– Não diga mais nada! Saia agora do meu apartamento! – pedi apontando para a porta que estava encostada na entrada.

– Eu não vou embora. – teimou permanecendo no lugar.

– Não quero mais ver você na minha frente! Saia! Saia agora ou eu vou chamar a polícia!

– E dizer o que? Que o seu ex-namorado, vocalista de uma banda famosa arrombou seu apartamento e veio te sequestrar? Pelo amor Anna, às vezes você tem cada ideia...

– Dá pra você sair? – pedi já com lágrimas nos olhos, ele andou até mim pegando meu rosto entre suas mãos.

– Deixe-me cuidar de você minha linda. Deixa eu te curar, te ajudar a vencer esse teu monstro... Nós podemos vencer juntos, nós somos fortes! Você sabe disso não sabe? Você ainda lembra não lembra? – perguntou afundando os polegares gentilmente em minhas bochechas, sabia exatamente a que assunto ele se referia.

Eu lembrava, e como lembrava...



– Pai? – perguntei me enfiando atrás do musculoso que tinha uma garrafa de cerveja na mão.

Comemorávamos o término do show da banda no Ozzfest, os meninos corriam pelo estacionamento agora ocupado apenas por nossa turma que estava relativamente grande. Corey era assediado por algumas garotas aproveitadoras que fingiam não me ver escorada a sua cintura. Mick tinha um pé caído para fora da caçamba em que dormia.

– Anna! Até que enfim te encontrei minha querida! Quanto me arrependi em te colocar para fora de casa! – agarrei-me ao tecido da camiseta que meu namorado usava e senti minha respiração falhar.

– Vá embora! Vá agora ou eu conto tudo à polícia! – exclamei com a voz esganiçada enquanto assistia ao grandão tentando me proteger confuso.

– Contar o que minha flor? – perguntou dando um passo a frente baforando bebida barata em nossos rostos, exibindo também as orbes dos olhos vermelhas. – Você devia ajudar seu velho pai que sempre foi tão bom com você! Não é minha bonitinha? – senti uma pontada no estômago, cravei as unhas nas costas de Corey que num solavanco avançou para meu pai.

– É melhor você sair daqui! – pediu entredentes levantando o homem de 45 anos, que mais parecia ter 60, pelo colarinho.

– Você deve ser o cara dá grana que tá com meu bebezinho... – murmurou com a voz embargada sorrindo maroto para o homem que o erguia do chão.

– Saia daqui! Você só quer mais dinheiro, mais dinheiro para se drogar! É isso que você quer... Vá embora, vá! – pedi cambaleando para trás até cair sentada no asfalto.

– Saia daqui agora ou eu farei uma ambulância vir te buscar! – exclamou mais imponente Corey, soltando-o no chão, desatei em chorar puxando os cabelos num ato de desespero.

– Mais tarde eu volto bebê... Seu namorado tá muito bravo. – disse por fim antes de se afastar.

Mantinha-me embrulhada nas lágrimas e com punhados de cabelos nas mãos, quando Corey se juntou ao meu lado e me pôs no seu colo. Retrai-me com seu toque sentindo nojo das mãos que me tocavam. Num ato louco e insano passei a me arranhar inteira tendo meus movimentos impedidos pela força do outro que me apertou em seus braços.

– Anna! Anna! Pare! Você está me ouvindo? Pare! Já passou... ele já foi embora. – sussurrou em meu ouvido enquanto balançava seu tronco para trás e para frente comigo em seu colo.

Relaxei os músculos tensos e deixei que a respiração voltasse ao normal. Já recuperada e deitada sobre a superfície do banco traseiro de um carro qualquer, olhei para o homem que mantinha os olhos atentos em mim.

– Você vai me explicar o que foi aquilo? – perguntou passando a mão em meus cabelos que se emaranhavam no tecido de sua calça, já que eu estava com a cabeça em sua coxa.

Comprimi os lábios contendo as lágrimas que teimavam em se acumular nos cantos de meus olhos, engoli em seco e apoiei-me nos cotovelos para sentar. Eu teria de falar, afinal, após dois anos de namoro ele merecia saber, assim como eu merecia desengasgar toda a angústia inflamada em minha garganta.




– Isso não tem ligação com o presente Corey! Pare de remoer o passado! Não percebe que só você não consegue sair dele? – indaguei mentindo sentindo suas mãos caírem, quebrando o contato comigo. – É melhor que você saia agora! – pedi num tom mais rude caminhando até a porta, ou pelo menos o que restava dela.

– Não se preocupe, mandarei alguém concertar isso hoje mesmo. – falou em relação a porta, antes de mover a mesma para o lado e sair pelo vão. – Eu nunca desistirei de você Anna Elise, nem que para isso eu seja obrigado a me prender no passado onde você ainda era minha... Minha Anna. – murmurou fitando-me com os olhos claros numa paz eterna e logo depois desaparecendo no longo corredor.

Se antes de sua repentina visita eu me encontrava num estado ruim, agora estava mil vezes pior.

Centrada em tomar um banho que lavasse minha alma e me livrasse de todos os sentimentos ruins, parti para o banheiro e tranquei a porta atrás de mim.

Após um banho gelado livre de qualquer pensamento sai do box encarando minha personagem nua no espelho... Eu não era eu mesma há 11 anos, eu não era mais a Anna, eu era Anna Elise. O espelho mostrava meu corpo da cintura para cima e bastou que meu olhar perdurasse em meu colo que meu almoço inexistente foi dispensado na privada.

Ainda ajoelhada no chão puxei um roupão do gabinete me vestindo com o mesmo, e apoiei a cabeça no azulejo frio liberando os malditos pensamentos que voltavam a me perturbar... Voltavam a me causar os malditos surtos.




– Essa é minha filhinha Clark. – murmurou papai com as duas mãos repousadas em meus ombros guiando-me a um velho barrigudo que estava sentado numa poltrona.

– Vale o preço. – murmurou com a voz embargada pela bebida.

– Seja uma boa menina e faça tudo o que o tio Clark mandar está bem? – pediu meu pai baforando a fumaça de cigarro em meu rosto enquanto recebia um bolo de dinheiro do velho.

Olhei suplicante para ele que saia da pequena saleta fechando a porta atrás de si e olhando com volúpia para o dinheiro em sua mão.

– Venha cá garotinha, sente no colo do titio. – ele bateu em sua perna esquerda e eu ingênua com apenas 11 anos completos fui até ele.

Com as mãos sujas de graxa ele ergueu meu corpo e colocou-me sobre sua perna esquerda, a mesma mão começou a alisar minhas coxas descobertas. Meus olhos pararam na calça jeans que estourava com o volume que se acumulava nela. As mãos um pouco mais audaciosas se permitiram levantar minha saia e então a primeira lágrima escorreu por meu rosto enquanto eu tremia de medo do que aquele homem seria capaz de fazer.




Debrucei mais uma vez sobre a privada e vomitei, chorava copiosamente sentindo repulsa de meu corpo. Minha real vontade era meter a cabeça debaixo do chuveiro novamente e me esfregar com a bucha até sentir-me limpa.

Aquela tinha sido a primeira vez de muitas em que fui abusada, meu pai usava o dinheiro sujo para comprar drogas e bebidas... Após aquela fatídica data tive brutamontes prensando-me contra a cama velha muitas e muitas vezes, até finalmente eu tomar coragem e ameaçar denunciar meu pai se ele não me emancipasse.

Fato é, após uma vez violada a vida te obriga a crescer e amadurecer. Fui a busca da minha salvação, ou pelo menos algo que me tirasse da vida de abusos frequentes. Sentia-me uma prostituta, recebendo em troca de dar prazer aos outros... A diferença era que o dinheiro servia ao meu pai, não a mim.

Uma vida violada simplesmente deixa de ser uma vida...

Com as poucas forças que me restavam levantei meu corpo fraco amarrei o roupão de qualquer jeito e destranquei a porta do banheiro, saindo encontrei uma figura de cabelos azuis fuçando em meu guarda-roupa.

– O que você está fazendo aqui Layla? – perguntei com a voz fraca andando até a cama.

– Procurando uma roupa decente nesse teu armário, nós vamos sair hoje! – exclamou animada.

– Você vai sair, eu vou ficar em casa. – rebati lançando lhe uma piscada.

– Vem comigo, por favor, Anna! – pediu se virando para mim e tomando um susto com minha aparência. – Que porra aconteceu contigo? Você tá mais branca do que folha de sulfite!

– Não estou me sentindo muito bem... – admiti deitando entre os lençóis desarrumados.

– Blush vai melhorar sua aparência! – falou antes de voltar à busca em meu armário, bufei enfiando um travesseiro no rosto.

– Dê-me um bom motivo para ir a essa tal festa contigo? E não vale usar o velho puxa-saquismo “Porque você é minha melhor amiga do mundo inteiro.” – ela se virou novamente sorrindo e sentou aos pés de minha cama.

– Conheci um cara sabe... E ele me convidou pra ir nessa festa, e bem, não quero ir sozinha. – um bico de súplica ganhou vida em seu rosto.

– Ok, vamos fazer assim então, eu vou, fico uns dez minutos para você se acostumar com a galera e depois volto para casa pode ser? – ela assentiu repetidas vezes e eu fui ajuda-la a escolher uma roupa para mim.

Depois de uma eterna batalha convencendo-a de que meu jeans escuro, regata preta e tênis estavam ótimos para 10 minutos de festa, consegui ficar pronta. Por sua insistência apliquei blush nas maçãs do rosto e amarrei os cabelos molhados num rabo de cavalo.

Ela por sua vez se apossou de meu vestido rendado e trocou seu look simples para um elaborado, mantendo os coturnos velhos que eram sua marca registrada. Eu bati o pé dizendo que vestido de renda não combinava com coturnos, mas ela rebateu dizendo que não os trocaria por nada.

Assim seguimos para a festa, ela dirigia animada ao som de um rock podre que tocava numa rádio qualquer. Eu continuava alheia a qualquer animação, ainda torturada por lembranças imundas, e atormentada pelo passado que me perseguia.

Só queria uma xícara de bebida quente, cobertas, música lenta, e minha caixa de recordações... Era isso que eu precisava, era isso que eu teria quando voltasse para casa.



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Notas finais do capítulo

E então gostaram? Muito ou pouco? Sejam sinceros... Quem ta triste igual a Anna? Até eu fico meio depressiva escrevendo essa história...
só pra deixar claro pra vocês, filofobia é: medo de amar... o resto é suspense para próximos capítulo hahahaha
Vejo vocês quarta-feira que vem!
Beeeeeeeijos



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