O Diário De Uma Suicida escrita por claraslimaa


Capítulo 4
Capítulo 3




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09/12/11

Querido Diário,

Às vezes me sinto a vergonha da família. “ Não conte a seus avós,” foi a primeira coisa que me disseram assim que saímos do consultoria da psiquiatra pela primeira vez.

Isso não deve ser comentado com nenhum tio ou tia – tirando alguns selecionados por motivos como; trabalha na área de psiquiatria, é a melhor amiga da minha mãe, é aquela parenta “alternativa” – de preferencia não espalhe para nenhum amigo, são coisas que você vai aprendendo ao longo do caminho.

Parece que eu tenho alguma doença contagiosa ou algo assim...Mas pensando bem, será o suicídio uma doença contagiosa?

Sim Diário sim, eu sei que cientificamente isso é uma afirmação completamente absurda, afinal, como minha própria psiquiatra explicou; O suicida não é, na maioria das vezes, doente, mas sim vitima dos acontecimentos da vida. Honestamente? Isso que pareceu que ela estava tentando fingir ser filosofa ou qualquer coisas assim...

Quer saber uma coisa que – no meu caso pelo menos – define o suicídio? Uma frase, de um cara chamado Graham Greene, eu até escrevi ela em uma página do meu caderno certa vez, diz assim;

“Suicídio é frequentemente, apenas um grito de ajuda que não foi ouvida a tempo”.

O meus pensamentos de suicídio vieram todos por um motivo; eu precisava de ajuda. Mas mesmo não tendo me matado até a data atual, a ajuda veio tarde de mais.

Sabe quanto custa parar de imaginar uma lâmina descendo suavemente pelas mais distintas partes do meu corpo? Ou quão gratificante é tocar uma cicatriz, uma pequena abertura na pele, e pensar; “ Eu consegui, eu tirei parte daquela sujeira de dentro de mim”? Um suicida é um viciado.

Viciado em viver imaginando as mais diferentes formas de se matar, de se machucar, de tirar aos pouquinhos as impurezas emocionais que vão se acumulando dentro do nosso corpo.

E as pessoas sentem vergonha de ter alguém assim em suas famílias, olhem meus pais por exemplo: Me escondendo, jogando as coisas para debaixo do tapete, para que ninguém mais descubra. Por que Diário?

Eu tento não pensar nessas coisas por muito tempo, ou fingir que elas não acontecem, mas isso sempre me atinge nos momentos de distração.

Diário, eu sou o segredo obscuro dessa família, mas até quando eles vão conseguir me manter no silêncio? Até que ponto eu vou me permitir viver como aquela que se esconde atrás de sentenças abertas, onde as pessoas entendem o que querem entender?

Eu não sei responder Diário, mas se eu nunca mais voltar a lhe escrever, talvez você descubra que não aguentei por muito tempo.

Com amor,


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