Atração Perigosa escrita por Lilas Oliveira2005


Capítulo 10
Capítulo 10




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A porta dos fundos da casa noturna estava aberta, provavelmente os funcionários que cuidavam da limpeza estavam trabalhando, entrei devagar, ouvi algumas vozes e tratei de ser o mais discreta possível para que não percebessem minha presença, eles estavam lavando o salão, distraídos nem notaram que eu havia passado em direção ao corredor que dava acesso ao escritório de Xavier e aos camarins, abri a porta devagar e observei se o escritório estava realmente vazio, entrei e encostei a porta, corri para o armário onde ficava o cofre, me concentrei para lembrar o segredo, nas duas primeiras vezes não consegui abri-lo, na terceira tentativa e já morrendo de curiosidade para ver o que havia dentro dele fui surpreendida por uma voz masculina. _Samantha! Senti meu corpo todo tremer por ter sido descoberta, me virei devagar e quase cai pra trás quando vi de quem se tratava. _Tom? É você? – Corri para abraçá-lo com euforia. _Sim sou eu, faz tempo que não nos vemos, mas não mudei tanto assim. Tom era meu ex-namorado, estávamos separados há quase um ano, na época estava magro, com olheiras, tinha uma cara de doente, por diversas vezes tive que acompanhá-lo ou melhor arrastá-lo para a terapia por conta das crises de depressão e síndrome do pânico que ele tinha, a psicóloga havia dito que era devido ao seu trabalho, Tom era policial militar. Foi depois de uma dessas sessões que ele me pediu para nos separarmos, eu gostava dele, mas confesso que já estava cansada de ter que administrar suas crises, não tinha coragem de deixá-lo, por pena, pensava na época que a separação poderia intensificar sua doença com isso fui suportando, mas o amor já tinha se transformado em compaixão, senti um alívio por ele ter tomado a decisão de se afastar, depois daquele dia, nunca mais nos encontramos. _Mas você está mudado sim. Está mais forte, dá pra notar que é outro homem agora. _Isso você tem razão. Sou um novo homem. _Que bom Tom, fico muito feliz, mas me diga o que faz por aqui? _Como assim o que faço por aqui, vim procurar minha amiga, saber como está, reatar os laços e quando chego fico sabendo que ela tinha sido seqüestrada. Fiquei muito preocupado, mas agora feliz de ver que está bem. _Mas como você me descobriu aqui? Quem te disse que eu fui seqüestrada? _Fui até sua casa, foi só eu jogar um charminho para a sua vizinha, que a velha me entregou tudo, onde você trabalhava o que fazia etc., cheguei até aqui na boate e um dos garçons me disse o que tinha acontecido. _Ahhh típico da Dona Adelaide, aquela velha assanhada não pode ver um homem bonito que já se abre toda, mas dessa vez devo agradecê-la, estava precisando muito de um amigo, estou muito confusa. _Hahahaha é a velhinha é assanhada mesmo, mas deixa isso pra lá, quero saber o que está acontecendo com você e em que posso ajudá-la. _Tom é melhor não falarmos aqui, vamos até minha casa. O que você acha? _Perfeito, vem, vamos sair sem que nos vejam. _Espera, preciso antes, abrir esse cofre. Me ajuda? _Claro, qual o segredo? Após passar a combinação do cofre para Tom ele não teve dificuldade nenhuma em destravá-lo, na primeira tentativa já ouvimos o estralo da porta se abrindo, peguei todos os envelopes que estavam ali, para analisar com calma em casa, saímos novamente sem ser notados, Tom me conduziu até seu carro, gentilmente abriu a porta para mim, notei ali mais uma mudança, Tom sempre gostou de carros esportivos e aquele era um carro mais clássico, eu não entendo muito de marca de carro, mas era um carro preto sedan com os vidros escuros. Enquanto seguíamos para minha casa, Tom atentamente me ouvia contar sobre os últimos acontecimentos, pouco me questionava, mas percebi que estava disposto a me ajudar e eu precisava de um aliado, confesso que a ultima pessoa que pudesse passar pela minha cabeça a quem pedir ajuda era ele, mesmo sendo policial diante de todos os problemas e crises pelas quais ele passou não iria preocupá-lo com meus problemas, mas vendo que ele estava bem percebi que foi um momento na vida dele que ficou para trás, agora ele estava pronto novamente para exercer sua profissão. Chegamos a minha casa, peguei a chave reserva que deixava escondida no fundo do vaso de violetas ao lado da porta, só aí me dei conta de como haviam entrado e deixado aquele embrulho sem arrombar a porta, fiquei alguns segundos imóvel, imaginando o invasor na minha casa, despertei do transe com Tom me chamando insistentemente. _Ei Samantha, o que foi? Ficou paralisada de uma hora pra outra, está tudo bem? _Estou bem sim, me desculpe é que só agora percebi o quanto foi ingênua deixando a chave “escondida” aqui. _Muita gente comete esse erro, achando que nunca ninguém irá descobrir o esconderijo secreto, já atendi muitas ocorrências de furto em residências sem sinais de arrombamento e para todos os casos as vitimas entregavam que deixava uma cópia da chave escondida em um vaso, na casinha do cachorro etc. Esse erro é muito comum, as pessoas nunca acham que estão sendo observadas por criminosos, esse é o maior alerta que tentamos passar para a população, cuidado e atenção em tudo que acontece ao seu redor. _Ai Tom, como é bom ter você por perto, me sinto mais segura e confiante. Obrigada mesmo. _Pára com isso Samantha, você me ajudou no passado e se posso retribuir agora por que não o faria? Fica tranqüila que vamos dar um jeito nessa bagunça. – Cada minuto Tom me deixava mais tranqüila, sua voz era firme de quem tem absoluta certeza de que tudo acabará bem. Enquanto me sentei no sofá para verificar o que continha nos envelopes que peguei do cofre do Xavier, ele vasculhou toda casa para se certificar que estávamos sozinhos e que não havia nenhuma “armadilha” lá, depois disso voltou para a sala e sentou-se ao meu lado. _O que temos aí? _Nada, só algumas fotos de garotas que certamente Xavier usava para negociá-las, é estranho porque ele me disse que eu encontraria provas contra o Derek, mas aqui não tem nada, absolutamente nada. – Tom percebeu minha frustração e tratou de retirar aquelas fotos da minha mão e analisá-las com mais cuidado. _Esse Derek que você diz, seria esse homem aqui? – Ele estendeu a mão me entregando uma foto. _É... é ele sim. – Meus olhos encheram-se de lagrimas, era uma foto de Derek com Alice em um momento íntimo do casal, na foto ela estava usando o colar de brilhantes, mas não entendi que significado aquilo poderia ter, ali não provava nada quem era o que. _Pelo visto você está apaixonada por esse aí não é mesmo? – Tom não era imaturo percebeu de cara que aquela minha reação era porque eu nutria algum tipo de sentimento por Derek. _Eu me deixei envolver e acabei caindo nas armadilhas do coração. Estou sim, apaixonada pelo homem que pode ser meu futuro assassino. Não sei o que fazer isso está sendo mais forte do que eu. _É, o coração nos prega cada peça, mas não se preocupe logo você passará uma borracha em cima de tudo isso e vai seguir sua vida adiante. Agora, precisamos resgatar o seu chefe, para conseguir mais informações porque aqui sentados não vamos descobrir nada. _Resgatar o Xavier? Você ficou maluco Tom? Não podemos fazer isso, ele está preso na casa do Carlos e certamente agora já sabem que eu fugi se aparecermos por lá vão acabar com a gente. Precisamos descobrir antes do Derek onde Alice está escondida, ela sim poderá nos dar as respostas que precisamos. _E você tem idéia de onde procurar essa mulher? _Não, mas aqui nesses documentos deve ter alguma coisa, me ajude a procurar. Reviramos tudo novamente, achei um pequeno envelope branco que continha uma foto de Alice com Xavier no verso estava escrito: Aqui começa uma nova vida, só nós dois. Eu te amo Xavier. Olhei novamente para a imagem da foto, estavam em frente a uma casa, mais parecida com uma sitio ou chácara, ali devia ser o esconderijo dela. _Tom olha isso. Ela deve estar aqui. – Tom encostou do meu lado para observar a foto e a mensagem do verso. _Dá pra notar que é um lugar afastado da cidade, mas não estou conseguindo reconhecer o local para irmos até lá. Você o reconhece? _Também não. E agora? _Calma, deixe-me ver uma coisa. – Tom pegou a foto e ficou analisando atentamente, depois revirou novamente os papeis que estavam espalhados no sofá e retirou um contrato. _Achou algo? – Ele não respondia e me deixou agoniada com aquele silencio. _Não sei ao certo, mas isso pode ser uma pista. Este é um contrato de compra e venda de um imóvel, vamos até esse endereço, quem sabe temos sorte e seja o lugar da foto. _Então vamos logo? – Fiquei agitada, andando de um lado para o outro esperando ele se levantar do sofá. _Calma Sam, não podemos agir por impulso, precisamos pensar em N fatores antes de nos aventurarmos sozinhos nessa busca. É melhor eu fazer alguns contatos com colegas meu para que nos dêem cobertura no caso de um confronto direto. Eu estava nervosa e ansiosa para encontrar Alice e ouvir sua versão sobre Derek, mas a frieza com que Tom administrava aquilo me fez perceber que ele estava certo tinha que fazer as coisas com cautela ou colocaríamos tudo a perder. _Está certo, vamos fazer do seu jeito Tom. _Vá para o seu quarto, tente descansar um pouco enquanto faço algumas ligações. – Tom acariciou meu rosto e beijou minha testa, este gesto de carinho acalmou um pouco mais meu coração que batia acelerado de tanta ansiedade. Como ele havia sugerido, subi para o quarto e me joguei na cama, que saudade estava dela, abracei meu travesseiro me ajeitando para dormir um pouco, quando passei a mão por debaixo dele encontrei um papel dobrado ao meio, ao abri-lo e ler a assinatura não contive o grito de pânico, nele estava escrito: Eu tinha certeza que você voltaria aqui, você é muito previsível, fácil de decifrar. Querida Samantha, não adianta tentar fugir, eu a encontrarei onde quer que esteja. Você é minha estamos ligados para sempre um ao outro, será mais fácil se você se entregar aos meus desejos, garanto que irá doer bem menos e você ainda poderá livrar a sua amiga de um final triste. Te espero na boate as 22:00h do dia 29 de setembro, deslumbrante como gosto de vê-la, só eu e você. Prometo libertar sua amiga no mesmo instante em que se entregar para mim. Não tente bancar a esperta e levar companhia, eu tenho olhos e ouvidos que você sequer imagina, sei de tudo o que acontece com você. Não coloque em risco ainda mais a vida da Cristine. DH _O que foi Samantha? Que grito foi esse? - Tom entrou assustado no quarto com um revolver em punho, eu aos prantos tentava explicar, sem conseguir pronunciar uma só palavra ele tomou o papel da minha trêmula e leu em silencio. _Isso nunca vai acabar, meu Deus. Estou sendo alvo desse psicopata que eu não faço idéia de quem seja. – Estava completamente transtornada, os sentimentos de raiva e desespero tomavam conta de mim, Tom me abraçou tentando me confortar, encontrei em seus braços a segurança que a dias não sentia. _Calma Sam, estou aqui para te proteger, não deixarei que nada aconteça contigo. Confie em mim. _Não sei o que seria de mim se você não estivesse aqui. Estou totalmente sem rumo. – Assustada com aquele bilhete fiquei um tempo abraçada com Tom, sentir a proteção dele me deixava mais calma. _Samantha, não se preocupe, conheço bem caras desse tipo, ele está jogando com você, certamente sua amiga está bem. Vamos tentar entrar em contato com ela, ainda temos três dias até esse “encontro”. _Você acha mesmo que a Cris está fora de perigo? _Pela minha experiência acredito que sim, ligue agora para ela. – Tom me entregou o celular para que eu fizesse a ligação, peguei na cabeceira da cama a agenda que tinha os números de Cris e disquei para o número do celular ninguém atendeu, tentei no número de sua casa também sem sucesso, por fim disquei para sua loja. _Alo! _Cris, sou eu Samantha. _Sam, amiga como você está? Nossa você quase me mata de tanta preocupação. _Cris, presta atenção, você está correndo perigo. Tem um louco atrás de mim, ele deixou um bilhete na minha casa dizendo que se eu não... _Espera um pouco Sam, acabou de entrar um cliente na loja, vou atendê-lo e já volto na linha, não sai daí. _Droga! – Arfei enquanto aguardava o retorno dela, Tom me observava atentamente me pediu para colocar o celular no viva-voz para que pudesse ouvir a conversa e dar algumas orientações a minha amiga. Do outro lado da linha ouvíamos Cris falando sobre os produtos, até que um grito nos surpreendeu. _Me solta! Seu maníaco. Socorro Samantha. Eu entrei em desespero do outro lado da linha, já imaginando não se tratar de um cliente, mas sim do psicopata que estava atrás de mim, chamava por Cristine aos prantos, Tom pediu que eu ficasse em silencio para que pudesse ouvir o que se passava. _Cala a boca garota. –Não sei se estava certa, mas associei aquela voz a de Carlos, precisava ouvir novamente para ter certeza, concentrei-me ainda mais, mas o barulho de coisas sendo jogadas no chão, não me permitia ouvir claramente o que ela falava, até que o silencio tomou conta do outro lado da linha. Após alguns segundos ouvimos o barulho de alguém pegando o telefone. _Você tem três dias para decidir sobre a vida de sua amiga. Não tivemos tempo de falar nada, após o recado ele desligou o telefone e eu uma certeza maior de ser o Carlos do outro lado da linha, Xavier estava certo eu fiquei do lado errado e agora minha amiga corria perigo. _E agora Tom o que a gente faz? Cristine está com ele correndo perigo, precisamos salvar minha amiga, por favor. _Tente manter a calma Sam, ele não irá fazer nada com sua amiga nesses três dias, o alvo é você, por isso, vamos tentar encontrar essa Alice, pode ser que exista alguma ligação entre eles. _Estamos esperando o que então? Vamos logo nesse endereço. Saímos rapidamente, tranquei a porta e dessa vez levei a chave comigo, Dona Adelaide estava na janela observando cada movimento da rua, fiz um sinal para que ela descesse e me encontra-se no portão de sua casa. _O que foi Samantha? _Espera um pouco Tom, vou ver com Dona Adelaide se ela viu mais alguma coisa. Depois de alguns segundos a velha senhora estava no portão me olhando com cara de espanto. _Dona Adelaide, por favor, preciso da ajuda da senhora. Me diga, a senhora viu quando invadiram minha casa novamente? Era o mesmo homem alto e forte? _Achei que você já estivesse morta. Menina, no que foi que você se meteu? _Como assim, achou que eu estivesse morta? Porque? _Ahhh dois policiais vieram aqui e perguntaram se eu conhecia algum familiar seu porque você tinha sido encontrada morta e precisavam de um parente para reconhecer o corpo. Eu disse que você não tinha família, se eu podia ir reconhecer, mas disseram que somente da família, a única pessoa que me passou pela cabeça naquela hora foi da sua amiga que sempre vem aí então eu menti disse que você tinha uma prima e passei o endereço da loja dela, porque algum problema? _Infelizmente sim, mas a senhora não tem culpa. – Eu não sabia mais em que pensar, estava completamente atordoada com tudo aquilo, Tom percebeu meu estado e tomou a frente da conversa. _Senhora, como era esse rapaz? Cada detalhe pode ser útil para encontrá-lo. _Ai eu estava sem meus óculos, mas um é branco, magrinho dava até dó e o outro um pouco mais moreninho, baixinho também, esse já era mais fortinho, ahhh ele tinha uma tatuagem grande de caveira no braço, mais ou menos por aqui assim ohh. – Dona Adelaide estendeu o antebraço mostrando o local onde vira a tatuagem no rapaz. _Os dois estavam de farda? _Ahhh não, isso não, eles estavam de calça e camiseta preta, com aquela carteirinha da policia, como chama mesmo? _Distintivo. _Isso mesmo. Eles apontaram aquilo para mim e me fez aquela pergunta, depois que dei o endereço eles foram embora num carro branco, desses grandes sabe, muito bonito nossa dava até gosto de olhar. _Tom era o Carlos, tenho certeza que foi ele quem veio aqui e agora seqüestrou a Cristine. _Porque você tem tanta certeza que é esse homem. _Porque no telefone eu associei a voz e agora Dona Adelaide falando desse carro branco, quando Derek me deixou no galpão para ir com Carlos a um lugar seguro, eu vi um Fusion branco novíssimo, só pode o mesmo carro. _Obrigada Senhora, peço que tome cuidado, fique em casa, com portas e janelas trancadas para sua segurança, se ouvir ou ver algo suspeito, por favor, me ligue. – Tom entregou um cartão com seu número de telefone para minha vizinha, depois dessa atitude percebi que a pobre senhora também poderia estar correndo perigo, todos que tinham alguma ligação comigo estão em perigo. Me despedi dela com olhar de que não nos veríamos mais, ela me fez um olhar triste que tive de me virar para não chorar naquele momento. Caminhei com Tom até o carro, ele abriu novamente a porta para mim, sentei no banco do passageiro e desabei a chorar, o medo tomava conta de mim e já não conseguia mais conter o desespero, eu não me conformava de poder ser o motivo da morte dos meus amigos. _Calma Sam. Confia em mim. Tudo vai acabar bem. –Tom tentava me acalmar, novamente seu abraço me confortava e me dava à sensação de proteção que eu tanto precisava naquele momento. _Obrigada, mais uma vez obrigada por estar aqui. Não sei o que faria nessa situação se estivesse sozinha. _Então seque essa lagrimas e vamos correr atrás de acabar logo com isso. _Ok! Vamos correr atrás do prejuízo. – Concordei, mas minha expressão de tristeza denunciava que eu não estava certa de que tudo sairia bem como ele tanto afirmava. Seguimos em direção ao endereço que Tom encontrou no contrato, por ser no interior do estado íamos demorar horas para chegar. Passava das vinte e três horas, Tom estava cansado de dirigir, sugeri de pararmos para comer e ele descansar um pouco, mas por onde passávamos não havia nenhum posto para que pudéssemos fazer essa parada, Tom prosseguiu e alguns quilômetros a frente, avistamos o luminoso de um motel beira de estrada. _Sam, tudo bem se passarmos a noite aqui? Não tenho mais condições de dirigir e pode ser perigoso seguirmos pela estrada. _Tudo bem, se você acha melhor sem problemas. – Não estava muito confortável com aquela situação, apesar de Tom ter sido meu namorado, mas entrar em um motel com ele era algo que não me passava pela cabeça, concordei pelo fato dele se apresentar muito cansado, eu até ofereci algumas vezes para dirigir, mas ele recusou em todas elas, acho que não confia em mim no volante. Tom parou na cabine da recepção, eu procurava meu documento para entregar mas nem foi necessário, logo ele estava com a chave do quarto, estacionou na garagem e abaixou a porta, subimos para o quarto, acendi as luzes e tive uma péssima impressão daquele lugar, apesar de limpo, era o típico quarto de beira de estrada que garotas de programa usavam para satisfazer seus clientes, fiquei imaginando quantas pessoas já haviam passado por ali, era melhor nem imaginar, coloquei minha bolsa na mesa e sentei na poltrona ao lado da janela. _Sam, você se importa se eu tomar um banho? _Não, claro que não pode ir. Tom seguiu para o banheiro, resolvi me deitar um pouco, quando ele saísse do banho talvez eu fizesse o mesmo para relaxar, de olhos fechados fiquei ouvindo o som da ducha para tentar esquecer tudo aquela situação, poucos minutos depois já não ouvia mais o som da água, senti um leve toque no meu rosto, abri os olhos assustada, Tom estava prestes a me beijar de tão próximo pude sentir seu coração batendo acelerado. _O que está fazendo? – Empurrei-o e levantei da cama rapidamente. _Desculpe Sam, não resisti, você é linda demais impossível não despertar meu desejo. _Agora somos amigos Tom, não vamos confundir as coisas, por favor. _Sam, me ouça. Podemos reatar nosso... _Não Tom, pára, não há a menor possibilidade de isso acontecer, preciso resolver todos esses problemas para tentar pensar em me envolver com alguém. Por favor, me entenda. _ Sei qual é, esse tal de Derek que te deixou assim, arisca. _É, pode ser, talvez seja esse meu envolvimento com ele, mas entenda, somos amigos agora e também eu não consigo pensar nisso, meus amigos estão correndo perigo por minha causa, não posso simplesmente ignorar e ir para cama com você. _Desculpe Sam, você está certa, é que me deixei levar pelo instinto, você sabe como é. Fiquei aliviada quando Tom se afastou, sinal de que realmente havia aceitado minha decisão de não nos envolvermos novamente, eu gostava dele, nosso namoro sempre foi muito quente, qualquer hora, qualquer lugar, quando nos aproximávamos saia faísca e nos deixávamos levar pelo momento, Tom sabia cada ponto fraco meu por isso eu precisava manter distancia dele para evitar qualquer contato mais intimo com ele. Devido aquele episódio, desisti da idéia do banho, me sentei novamente na poltrona enquanto o via se ajeitando na cama. _Vai dormir aí Sam? _Estou sem sono, daqui a pouco me deito. _Ok. Boa noite Princesa. _Boa noite Tom. Fiquei velando o sono de Tom, me recordando dos momentos bons e ruins que vivemos, estava feliz por sua recuperação achei que ele nunca mais fosse voltar a ser a pessoa alegre que um dia havia conhecido e no fundo cheguei a conclusão que ele não era mais aquele homem que conheci a um ano atrás, hoje era uma homem mais maduro e seguro de suas decisões. **** Já havia amanhecido, abri meus olhos e fiquei assustada de estar na cama, não me recordava em que momento eu havia deixado a poltrona e ido para a cama. Tom estava do meu lado de costas para mim. _Tom? Está acordado? _Bom dia! Dormiu bem? _É, sim, acho que sim. _Eu acordei no meio da noite e você estava toda torta naquela poltrona, te coloquei na cama e você sequer acordou. Estava cansada hein? _Nossa, então foi você? Que bom, achei que estava ficando louca. _Que louca que nada. Bom, vamos nos arrumar e seguir viagem, ainda temos alguns longos quilômetros pela frente. _ Vamos sim. Nos arrumamos e deixamos o quarto, em poucos minutos já estávamos de volta a estrada, depois de uma longa viagem chegamos a cidade indicada no contrato Campo Grande/MS, Tom parou em um posto de gasolina para pedir informações, o frentista informou que não estávamos muito longe, nos deu as orientações de como chegar e seguimos rapidamente na direção sugerida. _Tom, será que vai dar certo? _Espero que sim Sam, esse é um ótimo lugar para se esconder, meu faro de policial me diz que estamos no caminho certo. _Tomara. Eu estava muito ansiosa para encontrar com Alice e tentar esclarecer tudo isso, precisava correr, caso contrário Cristine seria morta por minha causa. _Chegamos! _Aqui? Mas parece que está abandonado. _Vou tentar entrar, você fique aqui no carro Sam. Tom seguiu em direção a casa, passou pelo portão, caminhou pela trilha em direção a porta, aquela casa me lembrava e muito a estrutura da casa de Derek, o mato estava tão alto que perdi Tom de vista, resolvi sair do carro para observar melhor, em poucos minutos ele fez sinal para que eu fosse até lá, fui correndo em direção a casa, quando cheguei próxima a porta olhei para dentro da casa e lá estava Alice, realmente ela é muito parecida comigo, exceto pelo ar de superioridade que transmitia, pediu para que nós a acompanhasse até a sala. _Sentem-se – Ela estendeu o braço indicando o sofá, nos sentamos e eu desesperada para despejar um monte de perguntas para ela, mas Tom me fez sinal para me conter, ele assumiu o comando da conversa, afinal tinha experiência. _Bom, em primeiro lugar poderia nos confirmar se a senhora é Alice Albuquerque Holtz? _ Sim, esse é meu nome, mas não uso o Holtz há três anos, desde que morri. – Ela falou num tom de soberba e ironia, tive vontade de voar no pescoço dela. _Será que você pode nos contar o que está havendo? Porque me meteram nessa briga de vocês? Que jogo é esse? O que vocês querem? _Ei ei ei, calma garota. Realmente Xavier estava certo, se contássemos nosso plano você colocaria tudo a perder. _O que? Então é verdade? Vocês me usaram? _Mas é claro né minha filha? Você acha que Xavier te contratou e te deu todas aquelas regalias a toa? Claro que não, garota, quando ele te viu logo percebeu que você seria útil para atrair Derek, sua semelhança comigo ajudou e muito, não foi difícil o peixe morder a isca. _Não consigo acreditar nisso? Quer dizer que todo meu envolvimento com ele foi armado por vocês? _Nem tudo, quando soubemos que ele havia te levado para a mansão, tratamos de enviar uma pista falsa para que ele a deixasse lá sozinha, mandamos um taxi te buscar, não podíamos arriscar “perder” você para ele, seu papel era único e exclusivo para atraí-lo. _Tá, mas porque vocês não o atacaram naquele dia? E o meu seqüestro, quem foi que armou? _Não podíamos atacá-lo logo de cara, ainda não tínhamos a informação do carregamento, não imaginamos que ele a levaria para a mansão, quando percebemos que ele havia ficado de quatro por você, mudamos o plano e armamos o seqüestro, você seria nossa moeda de troca, o carregamento por sua vida. _Não faz sentido, nunca que Derek iria trocar o carregamento pela minha vida, nunca. _Samantha, presta atenção. Tudo isso fazia parte do plano, conhecendo Derek como conheço tenho certeza que “aceitaria” a troca mas a sua intenção seria de capturar Xavier, entende agora? Isso é um jogo, onde o mais esperto sairá vitorioso. _E pelo jeito quem está ganhando agora é Derek e Carlos, porque Xavier está preso lá por eles. _Pelo contrário, Xavier está lá por vontade própria, ele deixou que fosse capturado. _Isso é loucura! Escuta aqui eu não queria me envolver nisso, estou cansada e agora minha amiga está correndo perigo. FALA! O que vocês querem de mim? – Perdi a paciência e voei pra cima dela apertando seus braços. _Calma Sam, não vai adiantar você perder a cabeça. – Tom fez com que eu a soltasse e me afastou dela. _Samantha, eu entendo seu desespero e, por favor, confie em nós. Eles estão fazendo com você o mesmo que fizeram com meu irmão, estão te seduzindo, posando de bons moços. _Olha quem não está entendendo é você. Xavier me disse que no cofre havia provas contra Derek, não achamos nada, viemos até aqui na esperança que você nos contasse realmente o que acontece e até agora você não esclareceu absolutamente nada. _Quer saber mesmo Samantha, qual era o nosso plano, pois bem, estávamos armando tudo para que VOCÊ matasse o Derek, mas você é burra demais está aí toda apaixonada por ele e vai acabar sendo morta também. _O que? Eu matar o Derek? Nunca, sou incapaz de matar uma mosca. _Muito bem, agora que chegamos a essa conclusão. E quer saber, vão embora da minha casa, cansei disso tudo eu mesma vou tratar de acabar com o Derek a minha maneira. _Tudo bem, nós vamos, só mais uma pergunta. Quem é o Patrão? _Eu não sei quem ele é, a única coisa que posso te garantir é que ele é um louco obcecado por você. Saí daquela casa totalmente transtornada, Tom me amparou até o carro, andamos tanto para não descobrir nada, eu só conseguia pensar em Cristine, o que seria dela agora que eu havia voltado à estaca zero?


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Notas finais do capítulo

Capítulo sem revisão