Duas semanas e meia depois...

Hades estava sentado em seu trono, absorto em pensamentos quando sente um cosmo doce entrar.

– Com licença meu pai, está se sentindo melhor? - perguntou a jovem moça de baixa estatura, de cabelos avelã ligeiramente ondulados e repicados medindo dois palmos abaixo do ombro e olhos azuis e cálidos, iguais aos do rei do submundo. Ela usava uma sápuris com contornos delicados, e em suas costas exibia um par de asas claras, foscas e membranosas cobertas de escamas, iguais às asas de uma mariposa

– Estou sim, só não me conformo realmente que Perséfone seria capaz de tal ato minha filha. - Hades se aproxima da garota e a abraça. - A quantos séculos eu não lhe dirigi a palavra apenas para tentar consolidar meus planos nefastos? Mas estou realmente feliz que você está bem e ainda mantém o seu corpo original.

– Sim meu pai. Hécate me manteve a salva em seu palácio no Cócitos durante esses séculos. Sinto muito pela minha fraqueza meu pai, mas não sou uma combatente e como servente de Hécate, que estava lacrada em seu palácio no submundo e também por ser temente a ti e aos senhores da morte e do sono não poderia levantar a mão contra os senhores.

– Não te culpo por nada minha filha, se houver um culpado este seria eu e minha ingenuidade. Ainda não acredito que sua mãe seria capaz de tal ato abominável Macária [1]... - Ambos os deuses se aquiescem ao sentirem alguns cosmos se aproximarem. Pandora com seu habitual vestido negro e Hécate usando uma sapuris igualmente delicada e portando uma foice druídica em forma de lua, feita de cristais do mundo dos mortos e prata pura com um pentagrama na base, exibindo um par de asas negras como a noite adentram no santuário.

– Senhor, venho lhe reportar que Perséfone realmente foi se encontrar com Atena, como disseram os cavaleiros de ouro.

– Ótimo, assim eles avaliarão de qual lado pretendem ficar. Mais alguma coisa?

– Sim, aparentemente alguns santos de Atena estão viajando para a Itália novamente.

...

– Rapazes, eu estou para perguntar isso há algum tempo , mas... Se nós entramos no submundo pelo castelo de Hades na Alemanha, porque estamos realizando nossas buscas na Itália? - Shun pergunta um tanto envergonhado, se ajoelhando na poltrona do avião e abraçando o encosto da mesma, olhando os três rapazes das poltronas de trás e para Ikki e Kiki que estavam ao seu lado.

– Por que aquela região da Alemanha possui cavaleiros de prata de prontidão e qualquer anormalidade nós seremos relatado. Já a outra entrada referente a Itália não é monitorada desde a morte dos cavaleiros na guerra de 1743. O Selo que Atena colocou no castelo de Heinstein é recente, enquanto do da catedral italiana já é muito antigo. Se algo sair, sairá de lá, pelo menos é o que estamos supondo.- Kanon responde a pergunta distraído olhando pela janela do avião

– ok, está certo, mas porque diabos nós fomos enviados para a Itália? Justamente nós, que longe do santuário meu irmão acaba sendo vulnerável a esporádicas possessões? - Pergunta um Ikki ligeiramente irritado, se ajoelhando na sua poltrona para encarar os cavaleiros de ouro, fazendo Shura e Kanon se entreolharem e Saga soltar um profundo suspiro.

– Ao que me parece, vocês não sabem de todos os detalhes certo? - Saga da uma breve pausa e volta a falar ao ver uma expressão de que é óbvio que não sabiam de nada estampada na face de Ikki. - Pois bem, estamos teoricamente em tempos de paz e a ultima coisa que queremos é fazer um alarde e cairmos em mais uma guerra santa, então estamos usando de jogos políticos, diplomáticos e investigativos. Bem, vocês foram comunicados para terem sigilo absoluto sobre o caso certo? Nem mesmo o Seiya é para saber o que nós sabemos, os únicos que sabem são os dourados, Kiki e vocês dois e ninguém mais. O outro motivo é que Kore já foi esposa de Hades e mostrou um certo interesse no cavaleiro de Andrômeda, não acho que seja prudente deixá-lo perto dela. Quanto ao Hades, acredito que não será mais ameaça para seu irmão, pelo menos por enquanto.

– Certo, mas porque esse sigilo todo? Por acaso não somos de confiança? - Shun pergunta aborrecido.

– Longe disso Shun, vocês se provaram mais dignos do que quaisquer outros santos de Athena, vocês, Seiya, Shiryu e Hyoga sem duvida são os mais leais a Atena e ao meu ver são os que mais merecem admiração e respeito.- Shura responde rapidamente ao constar que Shun começava a imaginar que o santuário não confiava neles. - Mas esse caso é um pouco mais delicado. Nós não temos um inimigo claro e se o santuário começasse a se comportar como se estivesse suspeitando que Hades não foi quem realmente foi ou que Zeus tem dedo nisso, estaríamos chamando a atenção. Certamente Kore não está no Santuário de feliz, ela deve estar nos monitorando. O santuário vai continuar funcionando normalmente, como se nada tivesse acontecendo e que a informação corrente é de que talvez um espectro sobreviveu e está tramando uma vingança.. - Shura explica para os meninos, curvando-se ligeiramente para a frente e falando baixo.

– E é aí que eu entro. - Kiki fala baixinho, de joelho na poltrona e virando para trás da mesma forma que os cavaleiro de Andrômeda e Fenix. - Como a telecinesia dos lemurianos não depende do cosmo, os deuses não tem como me sondar. Toda e qualquer informação sobre as suspeitas da Kore deve ser passada para o meu mestre Mu e para o Mestre Shion e foi por isso que fui escalado para ir com vocês. Para o santuário, os cavaleiros de Andrômeda e Fenix irão investigar o suposto aparecimento dos espectro que atacaram Kore, afinal são mais que aptos a darem um fim no problema e eu irei com os cavaleiros de bronze para ganhar experiência em campo de batalha. Gêmeos e Capricórnio ainda não saíram em viagem, então eles resolveram viajar para Roma só como forma de segurança, pois se algo extraordinário acontecer e eu não conseguir comunicar o Mu, eles podem nos socorrer, já que Atena está elevando seu cosmo em uma forma de mostrar proteção para Kore, porém impossibilitando a percepção de cosmo energia vinda de fora do santuário.

– Basicamente a melhor forma de enganar um inimigo é enganar primeiro os seus aliados... - Ikki responde sem emoção, virando-se e sentando direito em sua poltrona. - faz sentido.

A viagem transcorreu tranquilamente. Kiki e Shun conversavam alegremente enquanto Ikki estava lendo um exemplar de bolso de Histórias Extraordinárias comprada no aeroporto enquanto Saga, Kanon e Shura falavam sobre suas responsabilidades na administração do santuário e da fundação Graad e se a viagem deles não sobrecarregaria o Camus que ficou sozinho com a parte Administrativa. Ao chegarem ao norte de Veneza os cavaleiros de Gêmeos e o de Capricórnio se separam e segue viagem sentido a Roma.

Os meninos não demoraram a encontrar um pequeno helicóptero da fundação Graac que os levou ao norte, próximo a região de Bordano. Ikki, Shun e kiki se assentaram em um pequeno hotel da região, descansaram o resto da tarde e saíram logo ao anoitecer para investigar as ruínas da catedral de Hades que foi mapeada por Shion.

O local era protegido por uma mata fechada que ganhava gradualmente tons dourados e marrons entre as folhagens verdes, denunciando o fim do verão. Os meninos sentiam um constante vento frio e suave soprar conforme se aproximavam do local marcado no mapa que se tornava cada vez mais gélida, tornando a brisa cada vez menos associável ao irromper do outono, adquirindo características sobrenaturais, começando a trazer uma amena névoa rasteira permeada por um estranho cosmo e sem mais demoras os garotos chegaram à uma clareira. Iluminada pela luz da lua cheia e assombrada pelas brumas que se tornou mais intensa na clareira, fazendo com que a catedral em ruínas ganhasse um aspecto bucólico e irreal.

– Kiki, você fica entre eu e o meu irmão, qualquer coisa você se teleporta o mais rápido possível, entendido?- Ikki fala sério , vestindo a armadura de Fenix e tentando localizar a origem do cosmo que permeia a névoa.

– Entendido! - Kiki fala para Ikki e olha Shun, que também havia vestido a Armadura de Andrômeda.

– Rapazes, a corrente triangular está apontando para dentro da Catedral! Ela encontrou de onde vem esse cosmo! – Shun fala seguindo lentamente para a direção apontada pela corrente.

Shun entra na frente, sendo seguido por Kiki e Ikki cobrindo a retaguarda dos dois, já que eles não sabem se é um aliado ou um inimigo e qual o tipo de poder que possui, todo cuidado é pouco. Ao se aproximarem da origem do cosmo as brumas se intensificaram e Ikki, Kiki e Shun sentem um cosmo divino muito cálido e acolhedor ser emanado de um homem de meia idade com expressão serena, segurando um caduceu envolto por uma serpente. Possuía cabelo loiro escuro com alguns fios brancos esparsos, barba bem cerrada e olhos dourados que parece emanar uma luz pura e ofuscante como se vários sois estivessem por trás daquela íris, causando um imenso contraste com a sapuris negra que usava.

– Boa noite Cavaleiros, não se preocupem, eu não lhes farei mal algum. Por favor, venham comigo. – O estranho homem diz de forma gentil, cumprimentando com um leve aceno de cabeça.

– Quem é você e o que faz aqui? – Ikki pergunta serio e em tom de urgência. Da mesma forma que Hades era seu inimigo e possuía um cosmo cálido, não podia confiar nesse estranho.

– Ah... desculpe minha indelicadeza. Meu nome é Asclépio[2], um dos protetores da Umbra e servo de Hécate. Sou conhecido como Asclépio o Espírito da Cura.

– O que? Asclépio o espírito da cura? Não me diga que você é o filho assassinado de Apolo? – Shun pergunta encarando assustado a seu estranho anfitrião.