Four Seasons escrita por miu miu


Capítulo 2
Snowfalls


Notas iniciais do capítulo

é, eu sumi...
explico tudo nas notas finais e BOA LEITURA s3
Snowfalls | KyuHae |



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/179066/chapter/2

“Acho plausível a ideia do imaginário. Diverso e único, sublime e auspícioso. Porém, parco e defeituoso. Sim, defeituoso. O imaginário segue as regras de quem imagina e não de quem se depara com ele, e assim, gera-se um conflito sobre o que é verdadeiro ou apenas fruto da mente humana.”

Essas eram as únicas palavras que eu me dava ao trabalho de lembrar da aula fatídica de literatura que tive no ensino médio. Em verdade, aquele trecho me marcara profundamente durante meus anos escolares, até alguns dias atrás. Hoje, sinto que descobri a razão da minha existência, ou o motivo pelo qual estou aqui, sendo o que sou.

Durante muito tempo, eu não me sentia seguro comigo mesmo, nem com a sociedade que girava ao meu redor. Eu precisava descobrir sobre o meu passado, sobre a minha vida em si, sobre como vim parar aqui, neste lugar, nem que isso me valesse a vida. Bom, essa inquieta curiosidade quase me custou-a. Porém, hoje eu me sinto completo, sem nenhum compromisso afirmado previamente que possa me pegar desprevenido ou um contratempo infeliz. Claro, hoje eu sei que só há uma coisa da qual eu tenho que cumprir todos os dias e que disso eu não posso nem pensar em recusar, ou adiar.

Eu sempre soube, no fundo da minha alma. A verdade clamava para ser exposta, eu só precisei seguir o caminho que ela me ordenava.

Todavia, minha mente que fora tranquilizada depois de tanto esforçar-se para entender o significado disso e daquilo, estava mais uma vez em fúria. Fora bruscamente retirada de seu estado sonolento e calmo para voltar ao turbilhão de pensamentos confusos e ridículos que um simples ser pode provocar. Sim, um simples ser. Um ser misterioso – mais até do que eu, insignificante para toda a humanidade, mas petulante o suficiente para tomar forma em meus pensamentos, ditar as regras dentro do meu corpo, controlando as glândulas sudoríparas e fazendo-as trabalhar o triplo do normal, quando ele quer. Jovem insolente, de rosto fora do comum, formas bem desenhadas, olhos pequenos e ligeiramente estreitos, o que se esconde por trás daquelas roupas pesadas, tão necessárias no frio cortante desta cidade nórdica? Que pensamentos correm por aquela mente atrevida, que quando observa a roupa curta da atendente da cafeteria, imediatamente manda uma informação para os músculos do rosto, quase que automática, formando um sorriso torto naqueles rosados lábios finos? Que tipo de toque aquela mão pode proporcionar? Que tipo de..ah. Que tipo ele é, afinal. Como ousas roubar a minha atenção assim, tão fácil? É tão clichê que chega a me dar raiva, nojo disso. Como ele se sente? Ele, por acaso, sabe do efeito que causa nas pessoas? Não, não. Ele não pode saber. Seria perigoso demais.

Irei eu até lá? Sentarei no balcão e perguntarei seu nome. Vamos ser amigos, docinho?

- Mais um cappuccino, por favor.

- Sim, senhor.

Fiquei a admirar o belo formato de seu rosto, apenas em minha memória. Daria muito na vista se eu ficasse como eu quisesse ficar: a admirá-lo como se fosse me deliciar de cada ponto imperfeito - mas perfeito – de seu rosto. A falsa coloração do seu cabelo dava um charme ainda maior aos fios. Como se a cor original fosse um segredo seu, e a cor falsa, loiro cinza, porém em um tom mais alaranjado fosse uma máscara que encobrisse o seu verdadeiro eu. Mais uma vez, misterioso até demais.

Creio que era isso que me atraía nele. Seu perfil emblemático era surpreendentemente impactante, arrasando a compreensão rasa que eu tinha sobre as pessoas em geral. Ele podia ser tão enigmático quanto eu, mesmo sendo o que ele sabia ser melhor: humano. Atitudes como enrugar o rosto quando não entende alguma informação ou sorrir maliciosamente enquanto admira as pernas descobertas da barista. Eu não conseguia formar palavras para descrever sua personalidade, e somente este fato me deixava completamente desnorteado. Era como se ele estivesse me obrigando a dar a minha cara a tapa. “Você quer me conhecer? Então venha, exponha-se ao máximo para mim. Tire a armadura e eu vou poder ver quem você é de verdade.”

- Não sei o que é pior: o atendimento desta espelunca, ou o frio lá fora.

Fui surpreendido por sua voz doce, mas completamente masculina; eu estava para conhecer uma pessoa que me surpreendesse mais do que ele.

- Acho que o frio. Mais alguns graus a menos e nós congelaríamos.

Respondi sem emoção, ainda avaliando as suas atitudes magníficas e seu talento em me roubar a atenção, levando-me a insanidade.

- Não se tivermos algo quente para nos aquecer, por exemplo...

Você.

- Aqui está, senhor.

Quase pulei no pescoço daquele atendente. Estava esperando um indício explícito de que ele queria se aproximar de mim, tanto quanto eu queria me aproximar dele, mas o maldito nos interrompe em um momento tão... único? Sim. Cada segundo que se passava lentamente era único, quem dirá, perfeito. Era a primeira vez que eu mantinha contanto com uma pessoa tão diferente das outras, mas tão comum. Era estranho que eu me sentisse envolvido daquele jeito, afinal, eu costumava usá-las para somente saciar a minha sede.

- Café, sangue... – Sussurrei apenas para mim.

- Qual o seu nome?

Senti o soprar aquelas palavras entre os fios bagunçados que representavam meus cabelos. Suas mãos livres nos bolsos e o olhar direcionado para a porta indicavam que ele estava apenas encobrindo o seu real desejo. Eu, mais uma vez, estava pasmo, parado feito um dois de paus e tão assustado como uma garota virgem. Aquilo estava me preocupado.

- Não posso dizer. Teria que mata-lo, para isso.

- Por que não tenta?

“Por que não tenta?” Porque você é jovem demais para morrer, ou jovem demais para se tornar algo como eu. O desaforo em pessoa riu da última pergunta, talvez percebendo a bobagem que fez e seguiu de volta ao balcão, depositando duas notas de cinco mil wons na surperfície plana e lisa. O som opaco de sua mão pesada tocando a madeira ecoou por toda a loja, o que foi o suficiente para atrair toda a atenção dos clientes presentes, isso sem falar das colegiais que já babavam por ele, nas mesas mais afastadas e voltadas para as janelas. Ele sorriu maliciosamente, afugentando todos os resquícios de pensamentos esperançosos que eu tinha sobre ele, que talvez estivesse pondo o juízo no lugar certo e aceitando viver sua vida sem mais perigos. Tolo engano. Segui com os olhos e, após isto, involuntariamente com as pernas até a porta automática de vidro e madeira. Lembrei-me de, como bom cidadão que sou, pagar pelos dois cappuccinos que havia tomado, mas recordei-me imediatamente das notas amarelas deixadas pelo meu amigo louco – no sentido mais literal da palavra, e deduzi que fossem suficientes para pagar a minha e a conta dele. Bem, se não, ser preso seria uma coisa que eu nunca poderia ser, já que eu não sou legalmente registrado.

Ou seja, aqui devo fazer uma correção, já que nem cidadão eu sou. De lugar nenhum. Sou apenas eu, comigo mesmo.

A última frase citada por aquele rapaz que agora segue a cinco passos em minha frente, voltou em minha memória, furando os meus ouvidos, junto com o som que o vento provocava. Nevava fortemente em Mokpo, uma cidade ao sul de Seul, Coréia do Sul. O som era forte e potente, juntamente com a velocidade em que a neve batia em meu corpo. Flocos pequenos pareciam pequenas pedras ao se chocarem com meu casaco, rosto e pernas e acredito que o mesmo esteja sentido o meu amigo da cafeteria. Aliás, amigo agora que havia parado em frente a um tríplex de aparência antiga e descuidada. Possuía uma leve inclinação para a esquerda e era dotado de janelas gigantescas em vidro e ferro. Reconheci um lareira no terceiro andar, onde ficava a maior janela, que ocupava quase toda a extensão da parede, apenas subdivida em pequenos quadrados desenhados em vidro e ferro. A imagem de dentro era embaçada, porém foi fácil reconhecer a lareira, visto que tudo era cinza, além do pequeno feixe de luz alaranjado, um pouco mais escuro que os seus fios.

Ah, os fios de cabelo...

Eu já estava parado, atrás dele. Enquanto seu sorriso sumia de seu rosto, ao procurar as chaves da porta, eu admirava o movimento da rua. Vazia. Eu poderia fazer o que bem entendia, ali.

Puxei alguns fios com cuidado e aproximei-me para embriagar-me com o cheiro inebriante que emanava deles. Tão macios, mas tão ásperos. Ele era a contradição perfeitamente personificada. Desci devagarmente os dedos pela nuca, provocando um leve arrepiar de pelos. Não sei se pelo contato, ou pelo o frio – devo optar pelo contato. Afastei um pouco o cachecol marrom que ele usava, beijando suavemente a sua pele completamente alva e sentindo aquele cheiro propriamente dele. Um cheiro tão peculiar, que nunca me fora apresentado antes. Creio que nenhuma perfumaria no mundo há de conhecê-lo. Ele será só meu. Meu achado.

Oh, se todos possuíssem o seu aroma, estaria eu completamente sem rumo.

Não pude controlar a vontade insaciável que eu tive de mordê-lo; como se fosse uma criança, quando recebe a primeira chupeta. Era mais forte que eu. Um poder sobrenatural e externo me atingiu e eu acabei por atacá-lo como um lobo. Pena que não pude arrancar sangue, já que ele se esquivou, passando a mão pelo local machucado e me olhando com temor.

- É isso o que você quer. Eu sei.

Eu sorri de forma doce, se é que aquilo poderia ser chamado de doce. Sádico, talvez. Meu lado sádico era o que me dominava, no momento, e eu só abandonei aquele sorriso doentio depois de vê-lo entrar no tríplex e convidando-me para entrar também.

O ambiente era bem mais aconchegante do que a rua e foi essa a minha primeira impressão. A segunda foi que o lugar era um pouco macabro, e a terceira, que se parecia muito com o quarto em que eu alugara naquele inverno em Mokpo. Era tudo cinza, não só o chão de madeira velha, que era pressionada conforme a evolução dos passos, mas a cor das paredes, cobertas por um papel de parede retrô e desgastado. Conseguia ver as marcas de infiltração e machas escuras que não consegui distinguir a origem. Talvez fogo?

- Você andou queimando alguma coisa aqui? Você costuma incendiar as casas que você mora?

- Já estava aí quando eu aluguei.

- Por que escolheu essa casa, então? Parece tão depressiva...

- Combina comigo.

Na verdade, as únicas coisas que me pareciam ter cor, naquela casa, eram seus cabelos – e a lareira no último andar, óbvio. Parei um pouco para refleti sobre nosso assunto sem nexo, ao invés das cores do tríplex, e percebi que precisava dar um rumo a aquilo urgentemente.

- Me trouxe pra sua casa e nem ao menos sabe meu nome. Sabes do risco que corres, não?

- O que eu mais temia, já pôde se confirmar.

Ele virou-se para mim e me encarou sincero. Eu senti minhas pernas falharem, ao encontrar seus olhos tão profundos se transformarem em um cinza morto e sem expressão. Eu pude entender então, a razão de tamanho fascínio sentido por ele. Finalmente eu havia encontrado alguém como eu. Depois de tantos anos, tantos séculos.

Agora eu já estava mais do que avisado. Qualquer movimento brusco será interpretado como ameaça.

Ele girou nos calcanhares e seguiu calmo até a escada em formato de espiral. Subiu lentamente e lançou-me um olhar convidativo e eu apenas o segui. Dali pra frente, não iria mais deixar o comando da situação nas mãos dele. Não depois de saber de que tipo ele era. Eu tinha que ser cauteloso e calculista. Se me deixasse levar, estaria perdido. Era um jogo interessante, daqueles que te anima em tempos mórbidos.

- Afinal, como você se chama?

Joguei com um leve tom de irritação e ele apenas murmurou. Ele pensava muito antes de tomar qualquer atitude. Isso era ruim, muito ruim.

- DongHae. E o seu?

- Qual você quer saber?

- O seu atual, lógico.

- KyuHyun.

- Estranho.

- Por quê? Está dizendo que meu nome é feio?

- Não. Alguém me falou algo sobre um Eun.. Deixa pra lá.

Soltei um riso baixo. De onde eu estava, pude admirá-lo perfeitamente. Ele era lindo, em cada detalhe. Não tão alto, nem tão baixo. Seu perfil era o que mais me encantava. Eu nunca tinha visto um perfil igual ao dele. Delicado, mas imponente. Um verdadeiro príncipe, digno de um reino gigantesco, com vastos campos esplendorosos.

Isso não fez o menor sentido. Creio que construí um capítulo inútil.

Continuamos o nosso caminho arrastado, quase preguiçoso. Ao final, no último andar, pude admirar a vista que, se eu quisesse relatar em palavras, seria uma descrição completamente vaga. Era tão perfeito, melancólico, triste. Fico me perguntando como alguém poderia viver em um lugar como aquele. A poeira óbvia em todos os móveis e a cama desarrumada eram apenas detalhes, comparado com a grande janela que, em um passado muito próximo, pude comtemplar. Agora eu maravilhava-me com a vista fornecida por ela. Estava embaçada, talvez efeito do clima, talvez efeito de anos sem uma limpeza digna. A nevasca só havia aumentado e eu sentia o vento frio cortante, invadir o andar por algumas frestas quebradas. Seis palmos do chão, dois palmos do teto. Dois palmos e meio para os lados.

Sabe quando você deseja possuir o poder de fotografar com os olhos? Eu precisava daquilo mais do que nunca.

- Talvez essa devesse ser a sua lembrança mais memorável.

Quando dei-me conta da presença do estranho – hora amigo, hora estranho – já era um pouco tarde. Ele tinha se sentado em uma cadeira de madeira, cor mogno, bastante maltratada pelo tempo.

- Estava aí, me observando?

- Eu gosto de trazer pessoas aqui e ver a reação delas com isso. Para mim é normal, já que me deparo com essa imagem todos os dias, mas para vocês...

- Trouxe mais alguém para cá? Garotas?

- Não é a hora certa para ter ciúmes, não é?

Ri de escárnio. Ele tinha razão. Ciúmes era uma coisa que eu nunca poderia sentir. Ele não me pertencia e, talvez, nunca me pertencesse. Já estava receoso sobre o nosso futuro, porque duvidar sobre o seu caráter era o que eu mais fazia.

- Somente idiotas respondem uma pergunta com outra pergunta.

Ao mesmo tempo em que sorri vitorioso, senti suas duas mãos me empurrarem para frente. Cuidado, ele está nervoso.

- Idiota é você!

Não pude controlar um ataque de riso daqueles. A insegurança, própria da idade, estava dando o ar de sua graça. Só eu achei que não a veria nunca? Aquele tom de voz, os movimentos calculistas, iguais aos meus. Ele parecia tão experiente quanto eu.

Porém, é errado julgar um livro pela capa.

Senti suas mãos novamente, embora elas prestassem um serviço diferente do anterior. Estavam a acariciar os meus braços, por cima dos casacos. Lembrou-me um carinho feito por uma mãe em seu filho, quase como se quisesse dizer que tudo iria ficar bem. Eu não queria acreditar nessa possibilidade. Sabia que ele queria o meu mal, tanto quanto eu queria o dele.

O leve toque dos seus dedos em meu pescoço me fez segurar a respiração por alguns milésimos de segundo. Retirou delicadamente meu cachecol, em seguida, o casaco e o moleton, ambos jogados em direção à cama. Girei-me em sua direção, admirando uma face sem expressão. Somente a face, porque seus olhos me diziam tudo em apenas um momento. Vi luxúria, ódio, paixão, tristeza e até complacência. Ele me fornecia sentimentos tão opostos em apenas um olhar. Eu não sabia o que comprar.

Escolhi por nenhum dos lados dele e sim, do meu. Transferi-me para suas costas, visualizando a janela, por cima de seus ombros. A marca que fiz mais cedo em seu pescoço estava ficando cada vez pior. Uma inflamação tinha tomado conta dela e eu beijei-a. Ele apenas resmungou de dor. Eu sorri.

Minhas mãos deslizaram pelo casaco verde-musgo que usava. Cada minuto, menos uma peça de roupa. Cada minuto, o fino fio de fogo na lareira deixava de existir. Tudo emergia na escuridão, tudo acabava ali.

O tronco de DongHae já estava totalmente exposto para mim. Desloquei dois dedos em movimento contínuo do começo até o final de suas costas. Tão brancas e tão fortalecidas. Ele apenas não demonstrava reação. Eu sabia que ele sentia o meu toque, seus pelos eriçados confirmavam isso, mas ele fazia questão em não demonstrar. Tornei a beijá-la cada centímetro exposto, voltando a experimentar daquela carne tão macia e desejosa. Mais uma vez, sem nenhuma reação.

Quando cheguei até ao cós, ajoelhei-me sobre o chão. Eu estava completamente fora de si. Nunca faria uma coisa do tipo, mas o seu orgulho em não demonstrar o que sentia já estava me deixando fora de mim. Ele virou-se e me encarou. Pela primeira vez, tive medo do que aqueles olhos estavam expressando.

Vingança?

Não queria que fosse aquilo.

Minhas mãos, presas em sua cintura, moveram-se até o cinto de sua calça. Quando me dei conta do que estava fazendo, não acreditei. Sinceramente, não era eu.

Senti o toque gelado de suas mãos em meu queixo, levantando-a. Seu olhar me assustava cada vez mais, e eu sabia que a partir dali, eu não teria saída, a não ser obedecê-lo. Só não sabia que seria a última escolha que eu faria, se isso tivesse sido uma escolha.

Seu rosto aproximou-se do meu. Senti faltar-me o ar, como se ele estivesse sugando todo o oxigênio presente, ou apenas injetando dióxido de carbono a mais, no quarto. Mais uma vez, eu não sabia que ideia comprar; Próximo, mais próximo. Seus lábios tocaram os meus.

Preciso dizer o quão mágico aquilo foi? Cai um pouco na regra do clichê, mas por favor, não ouse compará-lo com algo clichê, porque isso ele não é. Ele ainda apertava meu queixo com fúria, ditando as regras daquele beijo ousado e atrevido. Senti que todo o chão tinha sumido e que nós dois estivéssemos flutuando. Mero engano.

A próxima coisa marcante que posso descrever foi o seu sorriso, após o beijo. Arrancou-me sangue. Vi seus caninos expostos nos seus lábios sádicos e fechei os olhos. Sabia o que estava por vir.

DongHae mordeu-me voraz, exatamente no lugar de minha jugular. Ele não queria apenas me ferir, mas arrancar minha pele, até eu gemer de dor, como um indivíduo soberbo, que se delicía da desgraça alheia. Da carne alheia, no meu caso. As lágrimas foram caindo sem que eu percebesse, já que eu estava ocupado demais em ocultar minha dor. Eu gritava, óbvio. Ter toda a pele do seu pescoço arrancada não era uma das melhores coisas do mundo, mas eu queria permanecer vivo. Queria ver até onde ele queria chegar.

Porém, minha vista apagou-se e eu pude mergulhar no passado.

Lembrei-me de como descobri que era um vampiro, um século e meio atrás. Automaticamente, pulei para as últimas duas semanas, quando o conheci. Eu já frequentava a cafeteria, desde que o inverno tinha ameaçado a minha sobrevivência – qualquer um pode morrer congelado, dãr. Ele vinha todos os dias, pedia a mesma coisa e ia embora. Lembro-me de como me interessei nele. Sempre calado. Parecia um autista. Mas, era justamente essa face da sua personalidade que me agradava. Percebi, certo dia, que ele me olhava. Olhava com dor, porém curiosidade. Ele havia percebido na hora o que eu era. Só não entendo o porquê.

Por que eu? Ele poderia muito bem saciar a sua fome com qualquer outra pessoa dali. Talvez, ele saiba que ninguém sentiria minha falta.

Voltei a abrir os olhos e o vi em pé. A nevasca estava dando lugar a um sol extremamente brilhante, coisa impossível de se imaginar naquele inverno sem fim. Seu brilho apenas ofuscado pelo vampiro à minha frente. Ele limpou o canto da boca com o braço nu e eu adormeci para sempre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Chegou a hora de me explicar, né. Bem, essa são as razões do meu desaparecimento: escola, escola, física, preguiça, escola, matemática, bloqueio mental... Trágico ):
Queria oferecer essa fic pra dearcarol, que fez aniversário há milênios e eu tinha prometido uma fic pra ela e aqui está s3 Não tá tão boa quanto eu esperava, e nem é QMi, mas como eu sei que tu ama KyuHae tanto quanto eu, fiz uma, né.
Sobre a fic ser de vampiros: eu não curto essa coisa sobrenatural, mas eu vi uma edit no tumblr tão amor que ERA A MINHA OBRIGAÇÃO fazer uma fic vampiresca de SJ. Quero mandar um beijo pro meu professor de geografia que me ferrou na última prova çsa]d~ç]asçd te amo s3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Four Seasons" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.