Finalmente aqueles olhos cansados do mundo deixaram de existir, Light agora exibia um brilho de confiança e animação, estava determinado a encontrar Kira junto de L e resolver o caso de uma vez por todas.

- “Há quanto tempo não tinha essa vontade de fazer o mundo mudar? Estava tudo apodrecendo, foi Deus que começou a caça de suas próprias criações que não deram certo, pessoas inúteis á esse mundo...”

- 1 real por seu pensamento _L de repente desviou sua atenção do monitor para o colega que ocupava a cadeira ao lado perdidos em pensamentos.

- Ah... _saiu de seu devaneio _ sinto muito Ryuuzaki... voltarei ao trabalho imediatamente.

- Não, me interessa saber o que pensa... presumo que é fora da investigação, algo mais profundo _levou um biscoito a boca ainda fitando Light com atenção.

- ... é algo particular... eu próprio me peguei pensando em coisas que não deveria.

- Hum... coisas que não deveria, interessante... _voltou ao monitor abriu um programa de desenho _eu penso em coisas que não deveria, é como um escape da realidade, um mundo onde EU posso ser o que quero, pensar o que quero sem medo algum _começou a fazer um rabisco na área livre do programa _ não tem nada de errado em nos divertirmos com isso, não é mesmo? Somos todos inocentes, são pensamentos inocentes.

- Devo entender que é para contar sempre o que eu penso para você? _observou que L agora fazia um grande circulo negro com várias linhas traçadas disformes (por ser algo desenhado a mão) _ e que isso não trará problema algum, já que somos todos inocentes.

- Evidente.

            Apesar de estarem algemados 24 horas por dia, L ainda tinha suspeita de Light, era evidente que todos os seus pensamentos e modo de agir seriam estudados detalhadamente afinal havia ali uma parte do quebra cabeça que parecia perdida.

- Bom... _mediu bem as palavras para L não ter interpretações erradas sobre o assunto _ eu estava fatigado de ver tantas pessoas sofrerem por causa de outras e da policia não agir com tanta destreza como deveriam... Kira fez o que não faríamos em muitos anos até que surgissem novas tecnologias e etc, apesar de estar totalmente fora de controle, foi um feito admirável.

- ... entendo, não estamos tão longe um do outro assim _parou o desenho agora com a tela quase toda preenchida e pegou uma xícara de chá _presumi que era algo assim, mas minhas suspeitas fez você ter medo de expor naturalmente. Está vendo? _apontou para o desenho _ todos temos algo negro, algo incompreendido... é do ser humano.

- L...

- Prometa me contar sempre o que pensa, farei o mesmo se for preciso para você se sentir melhor _tentou alcançar o açúcar que sobrou no fundo da xícara com a língua.

- Sim _concordou com um aceno com a cabeça e olhou de canto para o desenho no monitor, então no fundo eles realmente tinham algo incompreendido por Kira. 

            Os dias seguiram na sua tranqüilidade, um caso tão difícil assim não poderiam esperar novidades todos os dias. Ryuuzaki dava um tempo para sua dor de cabeça enquanto Light, também esparramado na cama, lia um livro qualquer para se distrair. As algemas impossibilitavam qualquer distancia entre eles e isso aproximava muito suas ações como conseqüência.

- Ne...Light-kun _balbuciou um L quase dormindo e cobrindo os olhos com um dos braços.

- Sim?

- Preciso que feche a janela um pouco mais... minha cabeça vai estourar.

- Vamos até a cozinha, eu pego um remédio pra você e o deixo descansar depois.

- ... droga tenho que ir também _se levantou com certa dificuldade _ às vezes eu me arrependo de estar preso á alguém.

- Foi idéia sua agora vem... _puxou L pela corrente e abriu a porta do quarto.

            A luz do ambiente externo invadiu o quarto escuro dos meninos, L tapou os olhos com uma das mãos devido a luminosidade e como conseqüência tropeçou em algo que estava jogado no chão. Light sentiu um puxão na corrente e um forte baque, L estava estatelado no chão.

- Ryuuzaki! Você está bem?? _o ajudou a levantar

- Hum... fiz um galo, agora tenho dores em dobro _se lamentou massageando a cabeça.

- Tenha mais cuidado.

- “Olhos de preocupação?...” _L finalmente se pôs em pé e rumou para cozinha.

- Aqui está _entregou um vidrinho _acho que você... ei o que está fazendo?

- Eu não quero! _tentava arrastar Light para longe dali _ isso ai tem cara de ser ruim.

- ... _ estava incrédulo com a cena _o que?

- Tem gosto ruim... Watari sempre compra coisas assim... _fez uma voz infantil.

- Ah... então ta, vamos voltar pro quarto e dormir um pouco.

- Ótima idéia. _pegou um pedaço de bolo no balcão mais próximo e puxou a corrente.

- Hum... tem trauma com remédios? _acompanhava de perto L para ver sua expressão.

- Mais ou menos, eu prefiro confiar na minha imunidade.

- Não pareceu uma resposta convincente a minha pergunta _ergueu uma das sobrancelhas.

- Ah... _parou de caminhar e lambeu os dedos sujos de chocolate _não é doce, eu não gosto de coisas que não sejam doces, só isso.

- ... _fez menção de falar mas parou, apenas deu as costas e continuou rumo ao quarto.

- Fale o que pensou.

- Seria desnecessário _respondeu sem olhar para trás.

- Eu não acho.

- ...estranho, essa de saber tudo o que penso encarei como algo positivo para as investigações, mas se relacionadas a Kira ou como vejo o mundo... e não sobre um pensamento bobo sobre você _sua expressão de irritação assustou L.

- Oras, acalme-se... _deu um risinho _ não é nada disso, só queria ser seu amigo.

- ...  _a resposta do moreno calou Light e o deixou sem defesas.

            “Amigos? Mas ele suspeita de mim, por que quer ser meu amigo? Será parte de alguma estratégia para que eu diga algo... alguma pista? Estou realmente confuso com isso, conviver com L me faz perceber que ele não é somente um detetive resolvendo um caso após o outro feito uma máquina, mas também uma boa pessoa e acima de tudo não posso me esquecer que ele é humano assim como meu pai... e como eu”.

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            Inverno no Japão, a neve caia incessante do lado de fora e os meninos estavam numa tentativa inútil de esquentarem com chá.

- Fu... não estamos progredindo muito.

- Calma Light-kun, a paciência é uma virtude... _mantinha seus olhos fixos nas folhas que estava lendo, a investigação com a empresa Yotsuba está indo bem.

- Verdade... diminuiu os doces? Parece que hoje comeu só 1 e não dois bolos inteiros _ apesar de sua ironia, deu um sorriso.

- Hum, estou enjoado, não sei... meu corpo está doendo.

- Hey! _colocou instintivamente a mão da testa de L _está com febre.

- Oh, então é isso _colocou sua mão sobre a de Light _deve passar uma hora, certo?

- Isso é perigoso, precisa descansar... eu estudei o suficiente para dar esse tipo de ordem para você _se exaltou, sabia o quando o garoto era teimoso.

- Se eu for, terá que ir também _balançou as correntes _não é necessário, estou bem aqui.

- Vou pegar um antitérmico, venha._ se levantou

- Não é doce _fez um bico, novamente aquela atitude estranha.

- Para de fazer essas caras, não combina nada com você _se segurou para não rir, mas ao mesmo tempo achou aquilo tão bizarro quanto.

- Mas é remédioooooo!

Protestou inutilmente, em menos de 2 minutos estava na cozinha com Light que o forçou a engolir uma coisa amarela e agora fazia um chá.

- Estamos nos dando melhor a cada dia, não acha? Tirando os remédios amargos.

- Uhum... _respondeu não dando muita atenção ao moreno _é a convivência.

- Sim, Light é uma pessoa muito interessante e inteligente também.

- Obrigado _procurava xícaras num dos muitos armários a fim de servir o chá.

- Nunca encontrei alguém assim em todos esses anos, se bem que... é a primeira vez que faço um AMIGO.

- ... _novamente aquela coisa, um sentimento que o fez perder novamente a fala

- Quero mais bolo.

- Por que... _ficou encarando sua xícara, agora sentado de frente para o moreno.

- Sim?

- Estou confuso, se suspeita de mim porque quer ser meu amigo? É totalmente imoral agir assim só para conseguir alguma pista, brincar com sentimentos L-kun, isso é horrível _fitou aqueles olhos negros, agora arregalados.

- ... _respirou fundo _ não sei, surgiu algo assim e como disse que ia contar tudo que penso, eu o fiz. Sentimentos, acho que é essa a palavra e agora cabe a você acreditar ou não.

- Ter alguém para proteger, quer dizer que está perdendo em outros aspectos. _palavras duras, mas precisava tirar alguma conclusão sobre aquele detetive tão estranho.

- Sou esperto o bastante para isso, oras... sou sozinho as três melhores mentes do mundo _começou a procurar algo para empilhar _não me subestime.

- Prove que não é apenas uma estratégia.

- Como provar algo assim...? _fez uma cara de interrogação para sua xícara_ deixe-me ver... é... _ficou um tempo pensando, mas não obteve resposta.

- É... que bom _suspirou _fiquei mais tranqüilo agora que não soube responder.

- Como assim?

- Você é os três melhores detetives do mundo, se isso fosse uma estratégia acho que teria respondido minha pergunta imediatamente, ou se não, pelo menos seu rosto não teria ficado corado _nunca tinha visto tal expressão em Ryuuzaki.

- ... _novamente confuso.

- Bom, para uma pessoa normal _apontou seu dedo indicador para testa do amigo _é fácil perceber essas coisas de sentimentos, agora que minha mente está tranqüila, vai ficar mais simples de entender a situação.

- Isso eu suponho que seja BOM.

- Aceita mais chá? _deu um sorriso sincero, não queria admitir nem acreditar logo de cara em L, mas também era a primeira vez que tinha um amigo e estava realmente feliz.