Depois que chegamos em Nevada eu apenas desfiz minhas malas com a ajuda da minha mãe e voltei a dormir, por mais que eu já tivesse dormido no carro, resumindo todo o meu definitivo último dia de férias foi dormindo. Minha mãe ainda tinha perguntado muita coisa, como foi entre mim e Brendon se a gente não discutiu e novamente ela perguntou sobre mim e Brendon, incrível como ela gosta de saber sobre nós né?

O despertador tocou avisando que já era hora de eu acordar e me arrumar. O barulho do despertador era diferente, pois o último dia de aula eu bati com força no outro e acabei quebrando-o. Levantei rapidamente da cama, após ter dormido para lá de bem e tido um dos meus sonhos favoritos, tomei um banho e me arrumei, assim que estava com todo o material e que eu estava arrumado o suficiente para um dia entediante de aula desci para a sala.

- Mãe, não to com fome não, to indo, ta? – Perguntei e ela apenas fez um gesto afirmativo com a cabeça, pois ela estava ocupada lendo alguma coisa que deveria ser to trabalho.

Abri a porta da casa me deparando com a paisagem que fazia tempo que eu não via, por um lado é bom estar de volta, mas por outro era melhor estar naquela casa com meus amigos todos reunidos. Comecei a fazer o meu costumeiro trajeto para a escola, chegando lá reconheci meus antigos colegas de classe e fui procurar meus amigos que deveriam estar no meio daquele tumultuo.

- Oi Ryan. – Pete disse acenando para mim com um sorriso enorme no rosto, pelo jeito ele aproveitou bem as férias com o novo namorado, huh? – Chegaram quando? – Perguntou.

- Ah, a gente chegou ontem de manhã, mas eu dormi até agora. – Respondi sério ainda me esticando para procurar os outros no meio daquela multidão de alunos.

- Hm... Está procurando o Brendon? – Perguntou sorrindo maliciosamente. Eu nunca pensei que Pete Wentz fosse me perguntar uma coisa dessas ainda mais com essa cara, as coisas estão mudando e isso é muito bom. – Ele está ali, ó. – Disse apontando para o gramado do pátio, logo avistei um ser sentado debaixo da árvore olhando para o nada.

- Obrigado, foi bom te ver. E... Você e o Patrick formam um lindo casal! – Falei me afastando do Wentz para ir em direção á Brendon que assim que notou minha aproximação sorriu e deu umas batidinhas na grama para que eu sentasse ao seu lado. – E ai? Dormiu muito? – Perguntei.

- Dormi de ontem á hoje. – Respondeu risonho. – E você?

- Eu também. – Respondi sua pergunta e depois disso ficamos em silêncio apenas observando as pessoas andando apressadas de um lado á outro.

- Hey! – Frank gritou segurando a mão de Gerard, para variar. – Faz tempo que chegaram? – Perguntou se ajoelhando perto de nós.

- Não faz muito não. – Respondi, e percebi que Brendon continuava olhando para o nada, brisando para ser mais preciso.

- Brendon anda muito pensativo esses dias, não acha? – Gerard perguntou estalando os dedos na frente do rosto de Brendon despertando-o da brisa. - Ta viajando é? – Perguntou arqueando uma das sobrancelhas.

- Não... Ah! O que eu perdi? – Brendon arregalou os olhos, confuso.

- Nada, só a noção. – Gerard disse dando uma risada leve. – Você ouviu o que disse?

- Eu não falei nada. – Disse dando os ombros de levantando da grama. – Vocês estão ouvindo coisas.

- Não... Você disse R... – Gerard ia terminar de falar quando Brendon tapou sua boca com a mão e o mais velho dos Way riu tirando a mão de Brendon da frente. – Tudo bem. – Esse Gerard adora zoar com as pessoas.

- Ryan, eu disse alguma coisa? – Perguntou arregalando os olhos.

- Pff... Não, ele estava querendo te zoar. – Expliquei revirando os olhos.

Subimos para a sala de aula, lá não conseguimos achar Ray e Mikey misteriosamente sumiu também, ficamos sabendo porque a inspetora foi até a nossa sala perguntar por ele, isso é estranho, não? A aula continuou normalmente depois de alguns comentários de Gerard sobre o repentino sumiço de Ray e Mikey, os professores se apresentaram e explicaram como seriam as aulas durante o resto do ano letivo. A aula parecia correr bem, até que Brendon decidiu fazer uma brincadeirinha com a professora de matemática a qual já conhecíamos desde o ano anterior e acabamos na diretoria.

- Está certo, vocês todos estão liberados, mas da próxima vez, façam o favor de não jogarem salgadinhos na professora. – O diretor disse nos encarando por cima dos óculos.

- Sim senhor. – Dissemos juntos e nos retiramos o mais rápido possível daquela sala.

Ficamos uns segundos nos encarando até cairmos na risada depois daquela bronca não tinha como não rir. Acho que somos o único grupo de estudantes que depois de sair da sala do diretor ri como se tudo não passasse de uma piada, geralmente as pessoas saem xingando o pobre senhor de velho rabugento e idiota.

- Tudo bem, mas aquele cara tava azarando o meu Gerard e eu não gostei disso. – Frank disse apertando o braço do maior com força.

- O quê? – Gerard perguntou assustado arregalando os olhos. – Você também, Frank, fica achando que todo mundo ta me azarando. – Balançou a cabeça negativamente.

- Isso é só para você ver que eu to de olho, viu? – O baixinho disse colocando os dedos próximos aos olhos e apontando para Gerard em seguida, o maior apenas riu. – Vamos embora logo, porque eu acho que vai começar a chover, olha o céu como está cinza. – Frank disse apontando para cima.

- Eu vou pegar um livro no armário e depois eu vou, podem ir vocês. – Brendon disse.

- Eu espero você. - Falei.

- Ah, valeu. Tchau para vocês. – Brendon disse acenando para os dois que se afastaram, assim fomos para o armário de Brendon. – Pronto, peguei o livro. – Falou tirando um livro de ciências.

- Agente nem tem lição de casa, para que você quer pegar o livro de ciências? – Perguntei estranhando, pois nem aula de ciências teve naquele dia.

- Ér... Bem... É que eu to querendo dar uma lida, na matéria sabe? – Falou pausadamente e eu apenas fiz um gesto de concordância com a cabeça.

Chegamos na porta da escola para sair e ouvimos um forte trovão e depois vimos um raio no céu.

- Para melhorar a situação vai chover mesmo. – Falei ainda assustado com o som do trovão. Dito e feito! Grossas gotas de chuva começaram a cair rapidamente a chuva ia aumentando. – Pronto, agora ferrou. - Cruzei os braços e senti alguém me puxando para fora da escola.

- Acho melhor irmos antes que piore. – Brendon disse rindo da minha cara de susto. – Vamos ficar só um pouco encharcados e sua mãe vai nos matar. – Disse rindo mais um pouco.

- Me matar, você quis dizer. – Corrigi.

- Me matar também, por que eu disse para ela que não iria deixar você se meter em encrenca. – Disse balançando a cabeça negativamente. – Tsc... Tsc... Tsc... Acho que eu estou sendo um amigo muito mau.

- Agora você é o meu guarda? É isso? – Parei de andar e fiquei parado na frente dele esperando uma resposta. – Eu não sabia que me fazer jogar salgadinhos no professor era evitar me meter em encrencas. – Falei rindo debochado.

- Mas foi muito divertido! – Exclamou colocando a mão na cintura. – Eu só não posso deixar você se machucar, acabar deixando você parar na delegacia, não posso deixar ninguém zoar você...

- Por que não pode deixar ninguém me zoar? – Perguntei olhando-o confuso. – Ah é! Você já me zoa demais!

- Cala a boca, só eu posso te zoar, seu besta. – Disse me dando um empurrãozinho. – Mas que você não sabe cozinhar, é um graveto e meio desastrado você é!

- O quêê? – Olhei-o bravo fazendo um bico.

- Você adora fazer essas carinhas de bravo, mas isso não me assusta, eu acho isso fofo. – Disse. Ele acha isso fofo? Será que ele nunca se olhou no espelho?

- Sério? – Falei. Ele deu um passo para frente se aproximando mais de mim.

- Ta bem, ta bem, eu sou suspeito...  – Falou rindo baixo e aproximando mais nossos rostos. Fiquei ali estático sem mexer um músculo, ele tava fazendo aquilo de novo.  – E eu quero falar uma coisa.

- O q-que? – Gaguejei olhando-o com os olhos arregalados e com o coração quase pulando para fora.

- Ér... – Assim que ele ia falar um trovão seguido de um raio muito forte me fez quase cair para trás devido ao susto. – Acho melhor irmos para casa, antes que você fique doente e sua mãe nos mate.

- Ce-certo. – Gaguejei mais uma vez e saímos correndo em pela chuva parecendo realmente dois completos malucos, paramos na frente da minha casa. – Entra... – Falei abrindo a porta.

- Não, eu acho melhor eu ir para casa e... – Puxei-o para dentro de casa antes que ele terminasse a frase. – Se bem que você manda em mim e Grace ficaria uma fera se me visse assim. – Disse e eu ri.

- Garotos! Eu já estava ficando preocupada. – Minha mãe disse se levantando do sofá e se aproximando de nós. – Mas o que é isso? Vocês estão encharcados! – Falou nos olhando incrédula. – Subam já e se sequem! Ninguém aqui quer pegar um resfriado. E Brendon, querido, não pedi para tomar conta desse garotinho irresponsável? – Minha mãe colocou a mão na cintura e Brendon riu balançando a cabeça negativamente.

- MANHÊ! Ele é mais irresponsável que eu, pode acreditar. – Falei subindo as escadas e ouvi risadas vindas de trás de mim. Entramos no quarto e eu procurei alguma roupa para emprestar para Brendon e uma roupa para mim, enquanto eu espirrava muito.

- Nossa! Agora vai ter que tomar remédio, porque ta dodói, o Ryan ta dodói. – Brendon disse fazendo voz infantil, eu não pude deixar de rir, peguei uma roupa e joguei nele. – Ryan ta dodói e estressado comigo!

- Para com isso e vai lá no banheiro se trocar vai. – Falei fazendo um gesto com a mão, ele me mostrou a língua e entrou no banheiro, eu me troquei no quarto mesmo. – Morreu no banheiro foi? – Perguntei batendo na porta do banheiro que logo foi aberta.

- Eu acho que eu ainda estou vivo. – Disse saindo do banheiro. – Só não sei quanto essas calças apertadas...

- Eu sempre disse para ele parar de usar essas calças, mas ele não me escuta. – Minha mãe disse subindo as escadas com um monte de toalhas no braço. – Vão descendo, eu fiz um café. E Brendon, espera um pouco aqui até a chuva acabar, depois disso o Ryan te leva para a sua casa. – Falou e Brendon balançou a cabeça positivamente.

Descemos e fomos à cozinha, tomamos café e ficamos conversando um pouco sobre alguma coisa até que o telefone da minha casa tocou e minha mãe foi atender.

- Sim, sim. Tudo bem senhor diretor, eu falarei com ele. Sou eu quem agradece boa tarde. – Minha mãe desligou e telefone e chegou na cozinha com uma cara que não era das sua melhores, indicava que eu estava prestes á levar uma bronca. – Primeiro dia de aula, Ryan, Brendon, Frank e Gerard jogando salgadinhos na professora de matemática.

Eu e Brendon nos entreolhamos e ficamos em silêncio terminando de tomar o café.

- Quem teve a idéia? – Perguntou colocando a mão na cintura.

- Eu, mãe. – Falei cabisbaixo.

- Não foi ele não, Tia Cindy, fui eu. – Brendon me interrompeu e minha mãe arregalou os olhos.

- Awwwwwwwwwn que fofo! – Disse apertando nossas bochechas. Senti minhas bochechas esquentarem na mesma hora. – Quero dizer, vocês se meteram em uma encrenca mocinhos. – Disse tentando parecer séria, nós não agüentamos e tivemos que rir. – Ah! Por favor, não façam isso, se não eu que tenho que ouvir bronca do diretor de vocês e vocês sabem que eu não suporto esse velho!

- Só você mesma, mãe. – Falei balançando a cabeça negativamente, eu acho que ela era a única mãe que faz palhaçada depois que recebe a notícia que o filho anda aprontando na escola.

- Vish, se o diretor ligou para cá, com certeza ligou lá em casa. – Falou arregalando os olhos. – Eu to ferrado.

- Relaxa, eu já ligo para ela e converso com ela. – Minha mãe voltou a pegar o telefone e discou um número, saindo da cozinha.

Eu e Brendon nos encaramos tipo aquelas pessoas que acabaram de cometer um crime, nos encaramos como cúmplices melhor dizendo.

- Somos uns criminosos. – Brendon disse.

- Eu sou só cúmplice. – Falei estreitando os olhos. Ele se debruçou sobre a mesa me encarando de perto. – O que você ta fazendo? – Perguntei assim que ele se aproximou mais de mim.

- Tem algum problema? – Sussurrou.

- Boa notici... – Minha mãe não terminou a frase e saiu da cozinha.

- Boa o que mããe? – Levantei da cadeira bruscamente e Brendon voltou a sentar em seu lugar.

- Er... A mãe do Brendon disse que estava tudo bem e que era coisa de meninos. – Falou meio sem-graça.

- A chuva já acabou, eu vou para casa. – Brendon se levantou rapidamente da mesa. – Obrigado, tia Cindy, até amanhã Ryro, eu te devolvo a sua roupa....

- Quer que eu te leve na sua casa, B? –Perguntei.

- Não,valeu, eu vou de boa, até. – Sai da cozinha e depois ouvi a porta da sala fechando.

Minha mãe me lançou um sorriso sínico e eu ri baixinho.

- Então o que foi aquilo? – Perguntou minha mãe enquanto tirava a mesa.

- Aquilo o quê? – Perguntei.

- Brendon ia te beijar ou era impressão minha?

- Impressão, mãe, só impressão. Vou ficar lá em cima. – Falei e subi para ficar no meu quarto um pouco.

Liguei o computador e logo apareceu uma mensagem do Facebook de Frank:

- Eeeh Levaram chuvinha?

Enviei uma de volta:

- Levamos, eu quase fiquei resfriado -.-

Desliguei o computador e deitei na cama, eu cai no sono , acho que a chuvinha acabou me dando um soninho. E para variar tive uns belos sonhos relembrando o que havia acontecido na chuva.