Oni-sama escrita por Franiquito


Capítulo 1
Oneshot


Notas iniciais do capítulo

Então... hoje seria o aniversário do nosso Oni-sama... Eu não sei ao certo o que dizer sem me repetir. A falta que ele nos faz é enorme... Mas...
Eu espero que ele esteja bem onde quer que esteja. =]
Esta é minha última e singela homenagem a ele e ao encanto que ele tinha pela sua cultura.
Boa leitura!



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ONI-SAMA

A noite caía sobre a cidade de Tóquio, trazendo um ar mais frio para o início de dezembro. As pessoas preocupavam-se em voltar para o aconchego de suas casas, onde poderiam desfrutar de boa comida e ambiente agradável. Os metrôs percorriam lotados a cidade de uma ponta a outra, as estradas estavam apinhadas de gente e carros. As luzes dos postes incidiam sobre os transeuntes com um aspecto esbranquiçado, misturando-se com o colorido dos estabelecimentos comerciais do centro de Tóquio.

Alheio à movimentação que ocorria incessante do lado de fora da biblioteca, Isshi prosseguia com sua leitura sob o facho de luz amarelada da luminária sobre a mesa. A iluminação era suave, induzindo Isshi a curvar-se diante do livro para poder enxergar melhor. Ele estava naquele mesmo assento, naquela mesma posição, desde cedo, estudando algumas lendas antigas do Japão. Isshi havia descoberto aquele livro por acaso no meio da biblioteca onde passava seus dias trabalhando como historiador e agora simplesmente não conseguia desviar os olhos castanhos da leitura.

- Hitoshi-san?

Isshi ergueu os olhos por detrás das lentes de seus óculos de aros pretos. Ele procurava a dona da voz gentil. Era a bibliotecária, Akemi-san. A jovem mulher estava ao lado da porta da sala onde Isshi passara o dia, observando-o com uma expressão que ele não conseguia decifrar com precisão. Seu pequeno sorriso era encabulado, mas tinha algo de curioso ou divertido.

- Akemi-san – ele disse na sua voz grave e bonita, cumprimentando-a com um aceno de cabeça que fez seu pescoço estalar.

- Já está tarde, não tem mais ninguém aqui... – ela desviou o olhar para o relógio de pulso. O verde dos seus olhos era ressaltado pelos cabelos vermelhos longos – O senhor não acha melhor continuar amanhã?

- Estou atrapalhando-a, Akemi-san?

- Não, não... Não é isso... – ele notou um leve rubor no rosto miúdo da ocidental – Eu só acho que não será bom para o senhor ficar tanto tempo estudando desta maneira... A luz daqui também não favorece a leitura a essa hora.

Isshi abriu um sorriso gentil, arrumando a postura para sentir algum ponto de sua coluna estalar.

- Eu sinceramente não noto a passagem do tempo quando estou estudando.

Akemi-san fez uma cara de quem concordava com o que era dito, mas não gostava.

- Não nota o tempo passar, nem a fome chegar, nem as pessoas olhando... – ela se interrompeu, subitamente interessada no marco da porta.

Isshi olhou para o livro que tinha em mãos. Era um livro bastante grosso, de leitura nada fácil devido à quantidade de kanjis antigos que continha, muitos deles já em desuso. Ainda assim, Isshi conseguira devorar mais da metade do livro em uma única tarde. A história do Japão lhe interessava, a maneira como seu povo escrevia e como isso se modificara ao longo dos anos lhe fascinava. Cada nova lenda que ele descobria, ou cada nova versão de uma mesma história que ele encontrava era instigante e empolgante. Isshi podia perder todo o seu tempo no passado do Japão... E, apesar de tratar-se de tempos tão distantes, o historiador sentia como se os revivesse a cada novo dia, a cada minuto de estudo ao qual se dedicava.

- Estava aí fazia muito tempo, Akemi-san? – Isshi perguntou suavemente. Ela sacudiu a cabeça antes de respondê-lo.

- Não... não muito. Eu estava... apenas lhe observando. Gomen nasai.

- Me observando ler? Não é algo um tanto enfadonho? – ele abriu seu enorme sorriso inconfundível.

- Eu diria que é algo emocionante observar Hitoshi-san se dedicando ao que estuda. Eu enxergo perfeitamente que o senhor não está fazendo uma simples leitura... O senhor se concentra tanto na História que eu poderia jurar que se transporta para as lendas que pesquisa!

Akemi sorriu, acompanhando o nipônico. Ela sempre considerara a História do Japão algo interessante, mesmo antes de se instalar no país. Mas, desde que começara a trabalhar na maior biblioteca de Tóquio, ao lado de Hitoshi-san, Akemi descobrira um novo jeito de enxergar os fatos históricos. Hitoshi-san não os estudava, apenas... Ele ia muito além disso. Ele os compreendia de uma maneira única e encantadora, e amava cada segundo daquilo que construíra seu povo!

- Eu acho que Hitoshi-san me ensinou muito mais sobre o Japão do que todos os livros que eu já li e todas as aulas que já assisti.

Isshi sorriu novamente, dessa vez sem uma resposta imediata para a declaração de Akemi-san. O moreno desviou os olhos para o livro que ainda mantinha aberto entre seus braços e algo lhe chamou a atenção.

- Hum... olha só o que achei... – Isshi se debruçou mais uma vez sobre o livro. Ficou um bom tempo observando o texto, relendo várias vezes o mesmo trecho.

- Onegai shimasu, venha até aqui, Akemi-san.

Akemi-san prontamente obedeceu, pondo-se de pé ao lado do historiador. Ele puxou uma lupa e colocou-a sobre o livro.

- Conhece? – Isshi apontou um kanji bastante trabalhado, com tantos traços que alguns seriam quase impossíveis de ver sem o auxílio da lupa.

Akemi-san ponderou algumas vezes antes de finalmente responder: – Não... Não conheço este kanji. O que significa?

- Não faço a menor ideia! E também não sei como pronunciá-lo...

Isshi encarou a bibliotecária não com frustração, mas sim com um brilho de menino curioso nos olhos escuros. Ele estava fascinado.

- Posso convidá-la para juntar-se a mim nesta pesquisa?

A mulher surpreendeu-se, abrindo muito os belos olhos esverdeados.

- E-eu? Claro! Quero dizer... fico lisonjeada, Hitoshi-san!

Isshi aprovou a resposta com um meneio de cabeça. Sorrindo, ele transcreveu cuidadosamente o kanji para seu bloco de notas inseparável. Assim que terminou, Isshi fechou o livro, marcando a página, e ergueu-se.

- Então vamos?

- Vamos...?

- Pesquisar sobre o kanji desconhecido! O radical dele é bastante familiar, não acho que será tão difícil assim descobrir sua leitura. Mas o significado pode ser mais complicado...

Isshi já estava se retirando da sala enquanto expunha em voz alta seus pensamentos, mas Akemi-san não o acompanhou de imediato. Ela ficara extasiada apenas observando sua empolgação àquela hora da noite.

- Akemi-san?

- Ah, sim – ela pareceu ser despertada pela voz de Isshi – Vamos, Hitoshi-san. Mesmo que hoje seja o seu aniversário e o senhor devesse estar comemorando com seus amigos ao invés de estar estudando...

- Comemorar? Eu acabo de descobrir um kanji novo... É um presente dos Onis!


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Notas finais do capítulo

Te amaremos pra sempre, Oni-sama!



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