Cadeau escrita por L Ganoza
Notas iniciais do capítulo
FELIZ NATAL, DEARS!
Capítulo: 1/?
Status: 2/?
Cadeau
by L. Ganoza
to Querido Leitor
Ficlet I – Natal
Ele odiava a palavra e alguma parte dele morrera lentamente quando fora obrigado a usá-la. Ali, no meio da cozinha estreita, avental florido e lambuzado, o canto dos lábios cobertos por farinha e um coque mal feito começando a despencar, ela era a personificação de algo adorável.
E ele não gostava de coisas adoráveis.
Afastou-se da porta, os pés calmos indo em direção à namorada e ao caos encarnado que se tornara a cozinha. O forno estava aberto e cheirava a queimado, o balcão era uma mistura de potes, panelas e travessas sujas.
Ergueu uma sobrancelha encarando-a em busca de uma explicação para o estado do apartamento deles. Os lábios femininos se partiram enquanto ela usava as mãos enluvadas para estender-lhe uma forma coberta com pequenos pedaços de alguma coisa.
Era algo similar a um biscoito integral, ele diria - a textura levemente empedrada. A parte de baixo bem como duas das pontas estavam mais escuras – queimadas, nas palavras dele – que o resto. Ele conseguia distinguir três pontas maiores e duas menores, uma destas menos angulosa, quase arredondada. Havia algumas linhas trêmulas brancas que pareciam feitas de açúcar e algumas gotas riscadas.
Ele não fazia idéia do que era aquilo.
Olhou da coisa em direção aos olhos brilhantes e verdes da namorada. Ela tinha um sorriso estranho, quase como se tivesse aberto a boca enquanto pegava ar e houvesse sido congelada desse jeito. Dentes à mostra, olhos expectantes, o peito erguido e a respiração parada.
- É um biscoito de gengibre – ela preencheu a pergunta não feita.
Os olhos, escuros, dele pousaram mais uma vez sobre o biscoito de gengibre antes de ele retornar a fitá-la, sabendo já o que ela queria: que ele experimentasse.
Partiu os lábios, tomando uma dentada que fez a massa do biscoito estilhaçar sob seus dedos. Sabia que teria de comê-lo todo, mais valia fazê-lo de forma rápida. Os pedacinhos marrons quebraram-se enquanto ele fingia tentar segurá-los, a expressão de expectativa de volta à face dela.
- Ficou bom? – ela perguntou.
Ele grunhiu internamente, já esperando por algo do gênero. Olhou para ela por um, dois, três segundos. Os dentes brancos mordendo o lábio inferior, as mãos agarrando-se à toalha de mesa, o ar inspirado e os verdes – malditos olhos verdes! – quase chorosos de tão brilhantes.
Oh, droga.
- Hm – respondeu, vendo toda a cena anterior se dissolver em uma namorada risonha que se preparava para embrulhar uma fornalha de cinqüenta biscoitinhos. Ela já murmurava algo sobre como as aparências não importavam desde que o interior fosse bom, o gosto – e deu uma risadinha que ele classificava como dengosa.
Era melhor afastá-la da cozinha durante a Páscoa.
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Nota da Autora:
Talvez não faça sentido, mas este é um conjunto capitulado de ficlets.
É, nem eu mesma entendo direito.
A do Ano-Novo já está pronta, mas eu não tenho certeza de qual data comemorativa devo fazer a seguir. Sugestões?
See ya.