Harry Potter

– HARRY POTTER! ACORDA! – a suave voz de Lily Evans foi o despertador de Harry naquela manhã.

O garoto moreno de olhos verdes deu um pulo da cama, caindo com um baque surdo no chão.

– Outch – Harry resmungou enquanto levantava e sentava na beira da cama, sentindo uma ardência no cotovelo esquerdo. – Oi para você também mãe – ele resmungou.

– Ninguém manda você não acordar com o despertador – ela disse e pôs as mãos na cintura. – Até o seu pai acorda com o barulho desse troço e você não – balançou a cabeça e seus longos cabelos ruivos esvoaçaram. – Vê se desça rápido, o café já está pronto – ela disse e saiu.

Lily Evans podia ainda ser muito nova para ter um filho com dezessete anos, mas ninguém podia contestar sua autoridade.

Harry, por sua vez, lançou um olhar melancólico para a cama.

Era segunda-feira, primeiro de setembro. Volta às aulas.

– Isso é tão triste – ele resmungou e saiu de perto da sua cama antes que voltasse a dormir.

Harry foi para o banheiro quase se arrastando, tomou um banho rápido, vestiu-se e desceu para tomar café.

Seus pais já estavam lá, ambos sentados em cada ponta da mesa.

Harry estranhou esse comportamento, afinal de contas os dois sempre sentavam lado à lado nas refeições.

Você só está delirando, ele pensou consigo mesmo antes de sentar e pegar uma torrada.

– Bom dia – Harry cumprimentou o pai que estava concentrado lendo o jornal.

James ergueu os olhos para ele e Harry notou que ele estava com a aparência bastante cansada.

– Hey – James cumprimentou e voltou a ler o jornal.

Harry estranhou o comportamento do pai. Normalmente James Potter nunca parava de falar quando estavam os três juntos.

– Vocês estão bem? – Harry perguntou depois que percebeu que nenhum dos dois parecia estar em um bom humor naquele dia.

– Estamos – os dois responderam em uníssono.

Harry estreitou os olhos.

– Hum – decidiu que seria melhor não comentar o quanto não acreditava nas palavras deles.

Harry saiu da mesa e pegou sua mochila antes de dar um ultimo suspiro e sair de casa como se estivesse indo em direção ao fim.

Não era como se não gostasse da escola. Ele gostava. E muito. A única coisa chata era ter de ir para as aulas chatas, ouvir coisas chatas ditas por professores mais chatos ainda.

Então talvez ele não gostasse da escola, mas sim do que ela lhe proporcionava.

Muitas pessoas costumavam compará-lo com seu padrinho Sirius Black que fora – nos tempos de escola – o ‘maior pegador que Hogwarts já teve’. Até encontrar Marlene e sossegar.

Bem, Harry ficava feliz por nenhuma ‘Marlene’ ter entrado em sua vida. Estava muito bem assim, livre.

– Hey – ele ouviu alguém chamá-lo e não precisou se virar para ver quem era.

– Rony – Harry cumprimentou o amigo.

Cabelos extremamente ruivos, sardas espalhadas pelo rosto, um sorriso completamente irônico. Rony parecia exatamente como da ultima vez que haviam se visto. Exceto pela altura.

– Caramba, você não para de crescer nunca? – Harry comentou enquanto os dois seguiam o caminho para Hogwarts que muito infelizmente ficava perto da casa de ambos.

– Eu me pergunto o mesmo todos os dias – Rony resmungou. – E ai, como vão os seus pais?

– Sei lá cara, eles estão estranhos – Harry franziu a testa.

– Vai ver a noite não foi muito boa para eles – Rony ergueu uma das sobrancelhas e Harry deu um tapa em suas costas.

– Ah, pelo amor de Deus, não me fale essas coisas se não vomito – Harry balançou a cabeça enquanto o outro ria.

– E isso diz o ‘senhor pegador’ – Rony disse e suspirou. – Cara, eu podia ter um milhão de anos de férias que não enjoaria.

– Ah, concordo – Harry disse.

Hogwarts era uma das escolas mais prestigiadas de Londres pelo ensino. E pelas garotas.

– Deus, é impressão minha ou a cada ano que passa as garotas ficam mais gos... – Rony começou a falar, mas foi interrompido por uma voz estridente e irritada:

– Vadias – Hermione disse enquanto ficava entre os dois e bufava fortemente quando duas garotas com saias minúsculas (as quais Harry ainda achava que podiam ser menores) passavam por eles dando sorrisinhos. – Blergh – Hermione fez uma careta. – Sério vocês precisam ter mais bom gosto garotos.

– Nah, elas podem ser o que quiserem, mas eu ainda as acho gostosas – Rony concluiu seu comentário obviamente tentando irritar Hermione.

Hermione fez uma careta, como se tivesse engolido algo realmente amargo, e abriu a boca para responder.

– Sim, porque são só garotas desse tipo que você pode conseguir – ela disse sorrindo vitoriosa. Rony parecia ter levado um tapa forte no rosto, mas não respondeu. – Mas, então, Harry como estão seus pais?

– Eles não tiveram uma boa noite – Rony falou antes que Harry pudesse responder.

– Quê? – Hermione o encarou e voltou a olhar para Harry logo em seguida. – Aconteceu alguma coisa essa noite?

Os olhares de Harry e Rony se encontraram e nenhum dos dois conseguiu controlar as risadas.

– Hey, do que vocês estão rindo? – Hermione não havia entendido a maldade dos dois.

– Nada, nada – Harry disse e pôs um braço por cima dos ombros da garota. – Todos esses anos convivendo com a gente e você ainda não aprendeu?

E era verdade, Hermione era amiga dos dois desde o primeiro ano em Hogwarts. A princípio ela não passava de uma nerd chata, até que ela os salvou de uma detenção. Desde então os três eram inseparáveis – ou quase, levando em conta as brigas entre ela e Rony, que ultimamente vinham aumentando bastante.

– Vocês dois não prestam – ela disse e se afastou dos dois, indo em direção à Gina, irmã mais nova de Rony, que estava por perto.

– Ah, acho que concordo com ela – Harry disse e Rony apenas bufou.

– Cara, ela me irrita – o ruivo passou a mão pelos cabelos.

– Sei.

Ginevra Weasley

Gina ouvia a nova música de sua banda favorita à todo volume em seu MP3. Se Molly visse, com certeza diria que os ouvidos dela estourariam, mas qual era a graça de ouvir música baixinha?

Alguém tocou em seu ombro e ela virou para ver quem era. Hermione. E parecia mais irritada do que nunca.

– Hey – Hermione cumprimentou.

– O que o Rony te fez dessa vez? – Gina perguntou, sabendo que Rony era uma das pessoas mais prováveis a irritar Hermione.

– Ah, não foi ele – Hermione disse e sentou ao seu lado. – Foram os dois – balançou a cabeça. – Ainda não entendo porque sou amiga deles.

– Eu também não entendo – Gina concordou e depois sorriu.

As aulas – chatas – da manhã passaram rapidamente para o contentamento de todos.

Gina nem percebeu, mas quando foi ver estava fazendo o caminho de casa. Sozinha. Porque quase sempre estava sozinha.

Não que se importasse muito, afinal de contas gostava da solidão.

Novamente pôs os fones no ouvido e apertou o play. A música começou a tocar e foi como se uma luz multicolorida aparecesse na frente dos olhos dela.

– Eu não acredito – Gina comentou baixinho enquanto se aproximava do grande banner milagroso à sua frente.

– Legal não é? – Uma voz fria e arrastada interrompeu o momento de Gina e ela virou completamente irritada, para o garoto.

– O que você quer Malfoy? – Gina perguntou erguendo uma sobrancelha.

– Eu? Não quero nada, especialmente quando vem de você – ele disse e sorriu ironicamente. – apenas vi o que estava olhando – indicou o grande cartaz. – Mas eu não acho que você tenha dinheiro para isso – disse e deu as costas, deixando-a sozinha.

– SEU GRANDE FILHO DE UMA MAL COMIDA! – Gina gritou e teria jogado uma pedra na cabeça platinada do garoto não fosse uma (maldita) velhinha que ficou em sua frente, impedindo-a de mirar.

Novamente Gina olhou para o grande cartaz, mas desta vez com um peso no coração.

O pior nem era ouvir as bobagens de Malfoy, afinal já estava acostumada. Não, o pior era saber que ele estava certo.

SHOW DA BANDA PARAMORE

DIA 25 DE SETEMBRO

ESTÁDIO DE WEMBLEY

GARANTA JÁ O SEU INGRESSO

– Ah não, eu vou ir nesse show ou não me chamo Gina Weasley – ela comentou consigo mesma antes de continuar o caminho para casa.

Ela não sabia como, mas daria um jeito para ir.