Levantei e fui atrás dele. Não deixaria ele interpretar as coisas errado... ainda mais ele, que tinha uma enorme importância pra mim. O puxei pela mão.

– Josh, você entendeu errado, é que...

– Não Hayley, tudo bem. Você mal me conhece e não quer ninguém no seu pé e blablabla. Mas fica tranquila que eu vou ficar fora do seu caminho, ok ?

– CLARO QUE NÃO. Eu só não quero ser uma dor de cabeça pra você, desculpa se soou de um jeito errado.

– Você ainda não percebeu, não é mesmo ? – ele olhou pro chão.

– Não percebi o quê ?

– Hayley, o motivo de eu fazer todas essas coisas é bem simples... eu estou completamente ap... - parou de falar – deixa quieto, você tem que perceber isso sozinha.

– Perceber o quê ? Eu não tenho ideia do que você tá falando.

– Não mesmo, Hayley ? Para pra pensar no que a gente tem feito nesses ultimos dias. No que eu te falei sobre eu ser um cara com valores e não ficar com uma pessoa que eu não conheço.

– Então, é por isso que a gente fez o acordo, não é ?

– Não Hayley, você entendeu tudo errado. Aquele acordo foi uma porcaria, é torturante isso.

– Mas você concordou e...

– Tudo bem, deixa. Algum dia você vai perceber, espero – me interrompeu – agora se você não se importa eu já vou te levar pra casa. Eu quero ir pra minha e pensar um pouco.

– Tudo bem.

Apenas concordei e fui caminhando com ele em direção à moto. Nenhuma palavra nesse trecho que a gente caminhou, o que era completamente estranho. Eu realmente achava que não sabia sobre o que Josh estava falando, e aquilo me preocupava.

Josh subiu na moto e me entregou o capacete. Coloquei e em seguida subi na moto também. Ele começou a acelerar em direção à saida do local.

*****

Já estávamos bem pertinho da minha casa. Nenhuma palavra foi falada durante o caminho, o que era um péssimo sinal, Josh sempre fazia alguma palhaçada ou falava comigo, mesmo pilotando.

Quando chegamos, eu desci da moto e tirei o capacete, coloquei ele em cima do banco na expectativa de que Josh me levaria até a porta como sempre faz. Mas pra minha surpresa, ele simplesmente falou “Tchau Hayley” bem seco e saiu acelerando. É, eu fiquei no vácuo.

Fui caminhando em direção à porta e logo entrei em casa, fui direto pra sala. Não tinha ninguém lá, que ótimo (sente a ironia) agora que não tinha ninguém pra ocupar minha cabeça eu ficaria o tempo todo pensando nele e na burrada que eu fiz à pouco.

Tentei pensar mas a única coisa que passava pela minha cabeça não tinha sentido algum pra mim. Não era possível ele estar apaixonado por mim assim tão rápido. Ainda mais um garoto como o Josh, tão inteligente, com opinião própria... tão seguro de si. Mas quando eu parava pra pensar, eu percebia que eu era do mesmo jeito que ele, só que ele conseguiu me mudar em pouquíssimo tempo. Será que ele sentia o mesmo ? Aliás, eu nem sei o que eu estou sentindo.

Meus pensamentos foram interrompidos quando a Dak entrou em casa.

– Amiga, o que aconteceu ? Você chegou cedo.

Tentei resumir.

– Chad, Josh, eu, briga. Falei que podia me defender sozinha e agora Josh pensa que eu não gosto dele.

– Mas também né, Hayles ? O cara tá lá, te defendendo lindamente e você fala que pode se defender sozinha ? Ele vai pensar que ele é um inútil e que você gosta do Chad, né ?

– Mas não foi nesse sentido que eu quis dizer, eu só não queria que ele ficasse toda hora preocupado comigo, tem tantas coisas que são tão mais valiosas do que eu...

– Mas você já parou pra pensar que pra ele pode não haver “tantas coisas mais valiosas do que você” ?

– Como assim ?

– Hayley, eu conheço Joshua Neil Farro praticamente a minha vida inteira e NUNCA o vi fazendo com uma garota o que faz com você. No mínimo você significa muito pra ele.

– É, ele veio com um papo de que eu não gostava dele do mesmo jeito que ele de mim, e disse que eu tinha que percaber alguma coisa sozinha.

– E você percebeu ? - ela ficou com olhar de expectativa.

– Bem, eu não sei exatamente... é só, ah, não sei Dakotah.

– Mas você é uma ANTA mesmo hein, Hayley. Óbvio que o cara tá apaixonado por você.

Olhei pro chão.

– Mas assim, tão rápido ? Um cara como ele ?

– Eu não posso te dar certeza de nada, Hayley mas que é beeeem provável, é. E você está apaixonada por ele também que eu sei, você não me engana.

Eu ri sarcásticamente.

– Você fala como se me conhecesse a tanto tempo.

– Não sei, mas é como se você já tivesse pertencido à esse lugar. Seu coração é muito familiar pra mim.

– É, pra mim também... o seu e o do Josh, principalmente – mudei de assunto – mas hein, o que era toda aquela taradisse com o Taylor ?

– Ah Hayles, é o que eu te falei, eu sou apaixonada por ele à muito tempo.

– É, mas eu vi uma mão super boba lá hein.

– Completamente natural isso – ela disse corada.

– Aham, sei... você me incentiva tanto com o Josh e blablabla. Mas expor seus sentimentos pro Taylor de jeito algum né ?

– No meu caso é diferente, Hayles. Eu acho que o Taylor gosta de outra garota... já o Josh não gosta de ninguém que eu saiba.

– Achar não é ter certeza hein, você tem que ver isso ae.

– Não, também como eu já disse, tem a questão da amizade e... AH, PARA DE MUDAR DE ASSUNTO, tudo isso é só pra não falar do Josh e assumir que você está completamente louca por ele.

Ok, ela estava certa, não tinha resposta.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, quando Dakotah me olhou com cara de dúvida.

– Tá esperando o que pra ir falar com ele ?

– Falar ? Mas falar o quê ?

– Que talvez você tenha percebido o que ele quis dizer, sei lá. Vocês precisam discutir essas coisas Hay.

– Não sei se eu devo, eu não tenho certeza...

– Você nunca irá saber se não for.

– Ok, tudo bem, você me convenceu. Mas se eu quebrar a cara você vai ter que estar aqui pra me segurar.

– Sempre – ela sorriu.

– Então ok, eu vou...

Levantei bem devagar e caminhei até a porta. Quase não consegui sair de casa... chegar lá sem avisar era complatamente ruim e desnecessário, mas eu também não ligaria pra Josh, essas coisas tem que se resolver diretamente e pessoalmente.

Fui a pé mesmo, durante o caminho pude avistar Taylor andando rapidamente na direção contrária, quando o gritei.

– Tay ?

– Ah Hayles, graças a Deus. Onde fica a sua casa ? A Dakotah está lá, não está ? Ela esqueceu o celular comigo.

– É, é aquela ali – apontei pra minha casa.

– Muito obrigada Hayles, e não se preocupe, não vou fica lá durante muito tempo...eu acho. Quer dizer, não, não vou ficar lá muito tempo.

– Aham, tudo bem. Fique lá o tempo que quiser, minha mãe não volta pra casa essa noite e eu acho que vou demorar um pouquinho. Só usem camisinha, tá ? - ri alto.

Ele corou.

– Que isso Hayley, eu não faria nada disso na sua casa e...

– Eu sei, só estou brincando, agora deixa eu ir. Beijão.

Ri com que eu tinha acabado de falar, e também, claro, da reação do Taylor. Eu sei que eles tinham um imenso respeito por mim, mas não desperdiçaria a oportunidade de fazer uma piadinha, pelo menos assim me deixava menos nervosa, sei lá.

Continuei caminhando quando do nada dá um trovão. Ótimo. Caminhando no escuro, de madrugada, sozinha e prestes a chover. Eu sou uma louca mesmo, uma louca talvez, apaixonada. Como assim, eu referia à mim mesma quando falei apaixonada ? É, isso não tá acontecendo.

Preferi acelerar os passos pra conseguir chegar antes da chuva.

*****

Cheguei até a frente da casa. As luzes lá de dentro estavam ligadas, então obviamente tinha pessoas acordadas lá, o que tornava essa situação um pouquinho menos constrangedora. Fiquei olhando a casa por um tempo até que tomei coragem de ir até a porta e apertar a campainha. Alguém gritou PERAÍ (pela voz parecia Josh) então eu fiquei esperando em torno de dois minutos até que o próprio atendeu a porta. Seus olhos se arregalaram.

– Hayley ? O que faz aqui a essa hora ? Tá tudo bem ?

Eu travei. Fiquei simplesmente olhando lá pra cara dele igual uma perfeita tonta... eu não sabia exatamente o que falar pra ele. Ia soar muito ridículo se eu fosse direta demais. Não sei quanto tempo eu fiquei lá, parada, até que eu acordei quando senti uma gota d'água caindo no meu rosto. Estava chovendo.

– Vem Hayles, sai da chuva – Josh disse abrindo a porta pra eu entrar.

– Não, vou ficar aqui mesmo. O que eu tenho pra falar pra você é pouco, e rápido.

Josh saiu e ficou na chuva comigo.

– Eu acho que agora eu pude entender o que você quis me dizer hoje mais cedo e...

Josh me interrompeu me tomando em um beijo. Era calmo, sem desespero e completamente romântico. O toque dos seus lábios ficava perfeito junto com as gotas da chuva... eu estava me sentindo completamente perdida. Mas isso era ótimo.

Fomos interrompidos pela falta de ar. Josh não me soltou, ficou olhando diretamente nos meus olhos e depois me deu um abraço super apertado. Continuavamos abraçados quando ele começou a falar suavemente no meu ouvido.

– Só me faz um favor, esquece esse acordo idiota. Nunca vai dar certo. Eu não me vejo longe de você, simplesmente não consigo – me deu um beijo no pescoço depois que falou isso, o que me arrepiou, muito.

– Já esqueci.

É, eu já tinha pressentido que esse acordo nunca daria certo mesmo, então dane-se.

O puxei pra mais um beijo. Dessa vez um pouco mais urgente que o anterior, mas nada muito desesperado. E a chuva, ah, a chuva só tornava aquele momento melhor... eu nem ligava se eu voltaria ensopada pra casa, só estava concentrada naquele beijo. Fomos parando entre selinhos até que Josh começou a descer a boca pro meu pescoço. Eu fiquei muito alterada com aquilo, então achei melhor parar antes que eu já não tivesse mais controle sobre os meus atos.

– Josh, para com isso – disse num fio de voz.

Ele continuou.

– A gente tá no meio da rua.

O desprendi de mim. Ele me olhou com uma carinha triste, mas começou a falar em seguida.

– Bem, você finalmente percebeu sobre o que eu estava falando mais cedo ?

– A-acho que sim.

– Então você não vai ficar brava comigo e nem me desprezar se eu te fizer um pedido meio constrangedor ?

– Claro que não.

Ele sorriu, olhou nos meus olhos e acariciou meu rosto.

– Hayles, quer namo...

- JOSHZINHO, quem é que tá aí que você está demorando tanto ?

Essa voz saiu de dentro da casa de Josh, quando eu olhei, era Jenna DE CAMISOLA, batendo o pé e encostada na porta.