Jovens Americanos escrita por LaisaMiranda


Capítulo 2
Capítulo 2 - Experiência Masculina




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Pov JAKE

O primeiro dia na Academia Rawley até que foi divertido. Ninguém notou que eu era uma garota ou pelo menos ninguém que eu tenha percebido.


A única coisa chata disso tudo era ter que estudar com os garotos, porque a conversa deles só ficava numa coisa; mulheres, carros e futebol, e escutar isso o dia todo era um saco, mas eu como um bom cara tive que concordar com o que eles diziam, rir e fazer piadas e brincadeiras nas horas mais inapropriadas. Porém, tirando essa parte inoportuna eu estava me acostumando bem a ficar nesse lugar e até estava indo bem nesse lance de ser um garoto, era um pouco mais fácil do que eu estava imaginando.


No momento, estavamos na aula do Sr. Finn. Quer dizer estavamos esperando por ele, próximos ao lago de Rawley.


Eu estava encostada sobre um corrimão, sozinha, do lado direito, enquanto os garotos estavam um pouco mais à frente, de perto da água. Então um garoto se aproximou e ficou do meu lado. Eu não disse nada, fingi que não o vi.


– É uma moto legal - disse ele, e rapidamente o olhei. Como ele sabia da minha moto? Tentei me controlar e esperei que ele terminasse, queria ver até onde ele iria com essa conversa - Sabe, os alunos não estão autorizados a terem motos.


Eu relaxei, ele não parecia nem um pouco assustador e não havia sinais de que ele estava prestes a me dedurar.


– É, os alunos não estão autorizados a fazer várias coisas - tentei fazer a voz mais grossa que pude. Ele não pareceu perceber - Mas isso nunca me deteu - disse, tentando acabar com o assunto.


– Continue se exibindo por ai, e garanto que vai se ferrar - eu entendi o que ele quis dizer com isso. Alguém com certeza me ferraria se tivesse a oportunidade.


Fiquei quieta, esperando, para ver o que mais ele tinha para dizer.


– A menos que você tenha um aliado. Alguém com altos contatos. Alguém que gostaria de usar a moto de vez em quando.


Tentei não rir. É claro que o que ele queria era dar uma volta, ou mais, na minha moto, mas não pude. Ao invés disso o observei e não pude deixar de notar que ele era bonito. Moreno dos olhos azuis, o tipo de homem que mais me chamava a atenção.


– Eu sou como um cofre suiço. Sei guardar um segredo.


Enquanto ele falava lembrei-me de que ele era o filho do reitor. Hamilton Fleming. Parei de olhar para ele como uma garota normal faria e prestei a atenção no que ele dizia.


– Pode? - perguntei, mas ele não respondeu.


O Sr. Finn chegou, um pouco atrasado, e se dirigiu a todos os alunos que estavam ali presentes.



Pov HAMILTON

Eu estava molhado. Quer dizer, completamente encharcado.


O professor Finn nos fez remar de barco até o meio do lago, para nos fazer voltar nadando depois. Isso é o que eu chamo de aula diferente. Tudo bem que estava calor, mas não era pra tanto.


Depois que consegui tomar um banho quente e me vestir de novo, sai do meu quarto a procura do dormitório do tal de Jake Pratt; o garoto da moto. Queria saber onde ele havia escondido a moto e se iria me emprestar algum dia desses.


Não foi tão dificil de encontrar o quarto. Tendo um pai como reitor, tenho os meus privilégios e descobri em que quarto ele estava rapidamente.


Cheguei no segundo andar e preocurei o quarto de número cinquenta e quatro. A porta estava aberta então não fiz questão de bater.


– Hey! - foi a primeira coisa que veio na minha cabeça para chamar a atenção dele. Jake estava sentado de frente para o notebook, bem concentrado.



Pov JAKE

Eu estava concentrada em conseguir saber, qual era a senha da pasta onde minha mãe guardava os e-mails salvos dela, quando alguém me interrompeu. Olhei para o lado e vi Hamilton Fleming, o garoto gato, e enxerido, de mais cedo.


– Sinta-se livre para bater antes de entrar - disse. Não com arrogância, mas eu estava ocupada e quando estou fazendo esse tipo de coisa, prefiro não ser interrompida.


– Desculpa - disse ele, um pouco envergonhado. Acho que ele não esperava essa ignorância.


Eu sorri para ele, não sei por que.


– Então - começou ele de novo - Encontrou um lugar para enconder sua moto? - ele se encostou na porta e cruzou os braços.


Percebi que Hamilton estava mesmo afim de andar na minha moto. Eu sorri de novo.


– Bem, depois de seis escolas você aprende a lidar com esse tipo de coisa - respondi com a voz grossa.


– Seus pais se mudam muito?


– Não!


– Então, por quê muda tanto de escola?


Ele estava mesmo interessado na minha vida?


– Esperando que alguém perceba - respondi, e não era mentira.


A verdadeira razão de eu estar fazendo isso era para chamar a atenção da minha mãe ausente.


– Eles não sabem? - ele pareceu surpreso.


– Não! - respondi como um homem - Entro no e-mail da minha mãe, mando uma carta em seu nome e o advogado manda a grana para onde eu quero. As maravilhas da Era Digital.



Pov HAMILTON

Escutei o que ele disse sem ter a noção da porpoção do que aquilo significava. Se eu estava entendendo bem ele não era só um pirado por ter trazido a moto para cá, mas também era um gênio da internet. Ou como alguns dizem: um hacker.


– Então, foi assim que você pegou um quarto individual? - perguntei. Estava afim de saber como ele havia conseguido isso.


– "Pegou um quarto individual?" - ele repitiu a minha pergunta como se eu tivesse perguntado algo retardado - Você deveria ver o que acontece quando eu invado o banco de dados do seu pai.


Essa me pegou de surpresa. Banco de dados do meu pai? Eu não sabia quem era esse cara, mais sabia que tinha muito o que aprender com ele.


– E não sei onde você escondeu sua moto, mais sei de um lugar seguro para guardá-la.



Pov JAKE

Eu não sabia se era seguro confiar minha moto a um cara que eu tinha acabado de conhecer, mais o lugar que eu tinha colocado a moto era muito arriscado, então não tive opções a não ser segui-lo para onde ele estava indo.


Hamilton não calou a boca o caminho inteiro, desde onde eu havia escondido a moto até onde ele me levara para esconde-la em maior segurança. Ele era um cara legal apesar de falar muito.


– O problema é que há uma total falta de comunicação entre caras e garotas - disse ele, enquanto estavamos no terraço - Quando uma garota diz: "Eu realmente gosto de você". Significa: "Eu estou pronta para um compromisso com você"


Ele dizia essa coisas com tanta certeza que dava vontade de rir, mas por outro lado eu achava fofo o jeito como ele pensava que estava certo.


– Mas quando um cara diz: "Eu realmente gosto de você" - continuou ele - Significa: "Eu quero transar com você".


Depois dessa eu não consegui segurar a risada. Finalmente disse:


– Bem, soa como se você tivesse muita experiência nessa área.


Eu me apoiei no muro que ficava abaixo da minha cintura e olhei para a vista na minha frente. A Academia Rawley era realmente muito bonita. Dali eu conseguia ver os prédios, as árvores e o grande lago - onde fui obrigada a nadar mais cedo. Mas quando voltei toda minha atenção para Hamilton, deparei com uma coisa que eu não estava muito afim de ver.


– O que você está fazendo? - perguntei atormentada. Mas é claro que eu sabia o quê ele estava fazendo.


Me virei rapidamente para frente.


– Tenho que mijar - respondeu ele normalmente, como se dissesse que iria alí e voltaria rapido. Mas não! Ele estava urinando. Aqui? Perguntei-me. É claro, os homens fazem esse tipo de coisa quando não tem um banheiro próximo.


Halmiton continuou falando e eu realmente tentei prestar a atenção no que ele dizia e não no que ele estava fazendo.


– Veja, quando um garota diz: "O que você vai fazer nesse fim de semana". Significa: "Quero que você saia comigo ao invez dos seus amigos". Já quando os caras perguntam: "O que você vai fazer nesse fim de semana". Significa: "Eu quero transar com você"

Era muito engraçado esse jeito de pensar de Hamilton. Imagina se ele soubesse que estava falando tudo isso para uma garota? Olhei para ele novamente, e ele havia parado de urinar.


– Mas também quando uma garota diz: "Eu preciso saber onde esse relacionamento está indo". O que ela quer dizer é: "Estou totalmente apaixonada e espero que você também". Quando caras dizem: "Eu preciso saber onde esse relacionamento está indo" o que querem dizer é...


Eu sabia o que ele estava prestes a dizer...


"Eu quero transar com você" - dissemos os dois ao mesmo tempo.


Hamilton ficou surpreso com o meu raciocínio na lógica em que ele pensava que tinha.


– Certo - falou ele, me olhando nos olhos, me fazendo perceber que estavamos bem próximos.


– É, certo - respondi, sem ter noção do que realmente eu estava falando.


O que aconteceu a seguir foi a segunda maior loucura depois de inventar de me vestir de homem. Foi tão rápido que eu só notei que fiz quando estava fazendo.


Eu não sei o que deu na minha cabeça para me aproximar desse jeito de Hamilton e ainda por cima lhe dar um beijo, mesmo sendo em poucos segundos como havia sido. Eu era um cara agora, não deveria fazer esse tipo de coisa.


Me afastei rapidamente e a única coisa que consegui fazer, foi me desculpar. Precisava sair dalí.


– Oh Deus! Desculpa - descupei-me mais também queria rir, ainda não acreditava que havia feito isso - Desculpa, cara. Deus! Foi mal! Desculpa.


Fui me afastando de costas antes que ele resolvesse me encher de porrada. Mas Hamilton estava imovel, simplesmente não havia nenhuma reação em seu rosto. Ele limpou a boca com a costa da mão e me olhou sem entender nada. Eu fui embora antes que ele resolvesse se mexer.



Pov HAMILTON

Isso não aconteceu! Eu repetia isso em minha cabeça compulsivamente. Não aconteceu! Não aconteceu!


Mas eu sabia que havia acontecido, e pior ainda, eu não fiz nada. Um cara me beijou e eu não fiz nada!


Eu estava andando pelo longo corredor de Rawley, tão rápido que não queria que ninguém me visse. Estava a caminho do quarto cinquênta e quatro no segundo andar. Eu não sabia porque estava indo pra lá. Eu deveria ficar longe de Jake, mas precisava saber o por quê dele ter feito isso.


Ao chegar perto do dormitório eu abri a porta, e sem ao menos bater na porta antes, entrei. Quando vi já estava gritando e Jake gritava junto comigo.


– Escuta, eu quero dizer que... - começei e vi Jake levantando da cama as preças, tentando se explicar.


– Não é o que você pensa - disse ele já na minha frente.


– Eu não sei de onde você vem...


– Eu posso explicar!


– Não! Não explique!


De repente eu não queria mais explicações, fiquei com medo do que ele poderia dizer. Achei melhor não ouvir.


– Apenas... - começou Jake.


– Não!


– Vamos esquecer...


– É - concordei - Vamos apenas...


– Esquecer isso - ele terminou minha frase.


–É, vamos fazer isso.


Uma pausa. Ninguém falou mais nada. Ficamos apenas nos olhando.


– Amigos? - perguntou Jake, estendendo a mão. Eu a olhei.


– É. Amigos - eu peguei a mão dele e a sacudi - Sem mais perguntas.


Continuamos sacudindo as mãos e eu percebi que já era tempo demais, então soltei-a.


Outra pausa. Para cortar o gelo eu lhe dei um soco no ombro e sai andando de costas.


– Você é o cara - eu disse. O que eu estava fazendo? Meu Deus. Eu tinha que sair dalí.


– Ok. Eu sou o cara - resposdeu ele.


Depois não consegui mais ouvir nada, pois já estava fora do quarto.


Andei pelo corredor, onde havia vários estudantes conversando na porta de seus dormitórios, mas só o que conseguia pensar era nessa droga de beijo. O que estava acontecendo comigo? Por quê eu só pensava nisso? Eu deveria estar com raiva. Mas eu estava, não estava?


Enquanto andava deparei com os dois garotos, Scout e Will - os garotos de mais cedo - e percebi que já estava no terceiro andar. Eles acenaram para mim da porta de seus dormitórios. Eu acenei de volta, mas não consegui parar para conversar, precisava ficar sozinho, pensar em tudo que acontecera.


– Ah meu Deus. Eu acho que sou gay - disse pra mim mesmo, um pouco confuso.



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Notas finais do capítulo

Espero que continueem lendoo , garantoo que vale mto apenaa.