In Love With My Guitar escrita por Roli Cruz


Capítulo 4
Capítulo 4 – Well, Shake it up, Baby Now!




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– Ah, vamos lá, Hanna! Não está brava comigo só porque eu ganhei a aposta e você não vai poder mais falar nada, né? – O garoto de cabelos escuros e olhos azuis, fitava a irmã mais velha do baixista. Que tinha virado a cara para ele.

– Não, mas eu vou ficar se você continuar a jogar na cara! – Ela disse com raiva, ainda não olhando para ele. Estava concentrada demais tentando fazer suas anotações de filosofia.

– Não estou jogando na cara! Só estou te lembrando que... – Ela o olhava com faíscas nos olhos - Tá, tá bom, eu vou calar minha boca...! – Disse Leo, virando para ir embora.

– Aleluia! – Ela disse, provocando-o.

– Você me odeia tanto assim? – Ele não a olhava, não queria ver sua expressão. Estava de costas. Os dois se conheciam desde crianças, sempre brigaram e o tempo não mudou isso.

– Porque está me perguntando isso? – Ela o olhava com uma sobrancelha levantada, “Desde quando esse moleque se interessa por meus sentimentos? E se eu disser que sim, que o odeio?” Ela pensava. “Aí você estaria mentindo” Esse pensamento saiu de sua mente com a mesma rapidez que chegou. “Esse garoto está me enchendo tanto o saco, que já estou começando a pensar idiotices!” Encarou seus livros, levemente corada. Por sorte, ele não viu.

Leo começou a se distanciar do quarto, mas parou quando Hanna o chamou de volta.

– Que foi, sentiu minha falta? – Ele dava seu sorrisinho metido.

– Eu não ouvi sua resposta. Porque me perguntou se eu te odeio? – Ela dizia, ignorando a gracinha que ele tinha feito.

– Não tem resposta. Por isso você não ouviu. Aliás, quem me deve uma resposta é você. Você me odeia tanto assim?

Ela abaixou a cabeça para se focalizar nos estudos novamente.

– Calma. Um dia você vai saber.

Por alguns minutos, ele ficou ali, observando-a. Até que o chamaram lá do porão.

Hoje eles teriam a grande chance de tocar ao vivo em um lugar com platéia e tudo. O Fire Burning era um bar de ponta de esquina. Ele era famoso pelas pessoas que costumavam freqüenta-lo, como jogadores de futebol em tempo de jogo ou, de vez em quando, algum artista famoso.

Quando Leo desceu as escadas, começou a rir, Samuel estava cantando animadamente enquanto Richard o acompanhava com o baixo. Não era uma das melhores coisas que eles já fizeram, mas estava muito engraçado. Imagine um cara alto, moreno, com um piercing na sobrancelha e dreads no cabelo, cantando Like a Vigin em um porão, com um baixo acompanhando.

Yara ria descontroladamente, seus longos cabelos loiros estavam emaranhados e ela estava vermelha.

Like a virgin – Samuel viu Leo e começou a ir perto do amigo - Ooh, ooh Like a virgin – Leo riu ainda mais. Samuel agora dançava na frente dele, era hilário ver aquele cara forte imitando a Madonna com sua voz rouca - Feels so good inside, when you hold me, and your heart beats, and you love me. Oh, oh, oh, oh, oh, oh, oh, oh, oh.

Quando finalmente acabaram, Leo e Yara explodiram em aplausos enquanto Samuel, convencido, pegava no pulso de Richard e se curvava. Agradecendo.

Depois do show particular do baterista, a banda ensaiou um pouco o repertório de meia-hora que iriam usar à noite. Enquanto Yara pesava no figurino que iriam usar, afinal, boa impressão era essencial.

Depois de algum tempo, todos subiram para se arrumar. A garota loira fazia questão de bater de hora em hora na porta dos meninos para ter a certeza definitiva que eles estavam seguindo seus conselhos.

Depois de uma hora, todos estavam prontos. Yara com cabelo todo enrolado. Usando uma saia de pregas, uma regata branca com um colete preto por cima. Richard e Samuel com calça jeans preta e camisetas, Só que Samuel tinha arrumado – mais ou menos – seus dreads, e Richard estava com uma touca vermelha.

Leo, como tinha que se destacar por ser o cantor, usava uma camiseta preta e uma jaqueta branca por cima, com jeans folgados e sua velha Becky, que era azul, dando contraste.

Todos mostravam sorrisos que iam de orelha a orelha. Chamaram um táxi e quando eram oito horas da noite, estavam todos na porta do bar.

Não viram Charles. Ninguém veio falar com eles. Acomodaram-se em uma mesa perto do palco. Uma garota cantava com um violão acústico em cima do palco. Tinha uma bela voz e não parecia ter mais que vinte anos. Quando percebeu que Leo assistia sua apresentação, sorriu e encarou aqueles olhos azuis até acabar a música.

A canção falava de uma caipira que tinha deixado a pequena cidade para se aventurar no mundo. Provavelmente falava dela mesma. Quando a música acabou, ela deu uma piscadela na direção do garoto, o que não passou despercebido pelo baixista, que bateu o cotovelo nas costelas dele, provocando.

– Ai, porque fez isso? – Dizia Leonardo, um tanto envergonhado.

– Ô garanhão, só não vai pegar todas de uma vez, viu? – Brincava Richard, maliciosamente.

– É cara. Ainda tem nós dois aqui! – Ria o baterista, entrando na brincadeira.

– Dá pra parar de brincadeira vocês três? Daqui a pouco é a gente ali naquele palco! – Yara falava irritada, olhando com cara feia. Samuel, ainda rindo, passou um braço pelo ombro dela dizendo:

– Dá pra se acalmar? – Disse, imitando a voz fina da menina.

Ela se desvencilhou do meio abraço, de cara feia.

– Palhaço... – Disse, olhando com raiva para o moreno na sua frente. Que respondeu com um “Também te amo”. Leo estava vendo a hora que Yara viraria um soco na cara do baterista... Seria bem merecido.

Um cara de estatura mediana subiu no palco, deu uma espiada em todos ali presentes e começou a dizer:

– Ótimo! Hoje esse bar está razoavelmente cheio. – O cara abriu um sorriso. O comentário só serviu para deixar Yara mais nervosa. – Devo agradecer à nossa pequena Camille... – Estendeu o braço na direção da garota, que minutos atrás, estava no palco, cantando. Ela sorriu de volta. Depois seu olhar encontrou com o de Leo, que ficou levemente corado. – Obrigado querida, pela apresentação. – O cara continuou – Bom, como vários de vocês sabem, eu sou o responsável por algumas descobertas musicais... – Não deu para a banda ouvir o resto, pois Leo falava baixo, mas animadamente:

– Ele deve ser o Charles! – Todos na mesa concordaram.

–... E assim sendo, chamo aqui ao palco a banda... CHRONO TIME! – E dizendo isso, ao som de aplausos, desceu do palco.

– Somos nós! Ai Meu Deus! – Yara, aflita, ia sendo empurrada até o palco por Richard e Samuel. Enquanto Leo, segurando sua Becky, ia na frente.

Subiram no palco. Leo ignorou a guitarra elétrica que estava no palco, colocando-a atrás da bateria e trocando os fios, para que Becky fosse conectada.

– Boa noite! Somos a Chrono Time e essa música se chama Down! – Leo apresentou. E abaixo de aplausos, deu início ao show:

– Backyard games were never the same. I couldn't keep my girl
but I kept your name…

O público, que antes estava quieto, agora dançava e se divertia. Enquanto Leo, Yara, Richard e Samuel sentiam uma sensação de felicidade, junto com ansiedade e adrenalina. Era maravilhoso. Os dedos do garoto mais velho pareciam saber exatamente que notas tocar, enquanto a boca cantava a canção e a mente vagava para cada rosto sorridente que se divertia.

Depois de três minutos, as últimas palavras:

– So down i'm lying on the ground,is this a disease or do you ever feel like me.

Quando a música acabou, os quatro vibravam de animação.

Leo deu um olhar cúmplice à Yara, que respondeu com um sorriso e um aceno afirmativo de cabeça, logo em seguida, ele foi até o microfone:

– Estou muito feliz por estar aqui, obrigado Charles! – Pausa para os aplausos – A próxima música, não é nossa, mas eu acredito que todos aqui conhecem.

Dito isso, Yara começou a tocar, logo em seguida, ouviu-se o garoto de olhos azuis:

– WELL, SHAKE IT UP, BABY NOW! – Todos ali começaram a dançar ao som de Beatles. O resto do repertório, – mais umas três ou quatro músicas – foi de autoria deles. Quando já estavam acabando a apresentação, Leo foi até a bateria. Enquanto fazia o solo final com o amigo, Samuel chamou a atenção do outro para uma figura perto do bar. Leo voltou à frente do palco, tentando ver melhor quem era. Ele sorriu. “Não acredito no que estou vendo!” Pensou. Acabado o solo, pegou o microfone, falando:

– Obrigado pela ótima recepção Fire Burning! – Aplausos – Agora, antes de sairmos, quero que conheçam o incrível, o esplêndido... Richard! No baixo! – Disse, apontando para o amigo, que acenava meio sem graça. – Na guitarra, a sínica e maravilhosa... – Leo teve que parar para abafar um riso – Yara! – Vários assobios e aplausos vindos do bar enquanto a loira sorria. – Na bateria, o palhaço! Samuel! – O moreno de dreads não perdeu a chance de fazer um minúsculo solo com a bateria. – E aqui na guitarra solo e vocais... – Mais assobios, agora vindo das garçonetes. Ele não deixou de dar um sorriso. – Eu sou Leonardo e agradeço muito por estar aqui hoje! – E dizendo isso, a banda apresentou uma última canção, chamada Tomorrow Never Comes, para depois saírem do palco.
Antes de sair, Richard olhou para a platéia, focalizou em um grupo de garotas que o olhava, foi até a frente e jogou sua touca para elas, que quase quebraram a mesa para tentar pegar.


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