A Esperança Dos Renegados escrita por Aldneo


Capítulo 7
CAPÍTULO V: O caminho até a porta




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No centro da cidade em ruínas, uma paisagem dominada por velhos prédios abandonados e em escombros, quatro homens caminham juntos por uma larga avenida, repleta de velhos veículos abandonados e parcialmente oxidados. Os quatro caminham sem se importar com o céu nublado acima deles, nem com o som de trovões distantes, que preludiavam uma tempestade. Eles calçavam botas de estilo militar, e usavam grossos sobretudos de coloração cinza, com capuzes cobrindo suas cabeças, cada um andava carregando um rifle Kalashnikov. Eles seguem em direção a uma praça, ao final da avenida. A praça estava completamente seca, e os únicos indícios de que um dia houveram plantas ali eram os troncos ressecados de árvores mortas. No centro da praça se erguia uma grande e ostentosa catedral de estilo neogótico que, como todos as demais construções das cercanias, estava em estado de conservação bem deteriorado.

Os quatro atravessam a praça, diversos dos ladrilhos que montavam formas geométricas no chão, muitos deles soltos, se partiam ao serem pisados pelos homens. O quarteto seguia em linha reta à entrada da catedral, de cada lado deles, conduzindo na direção do edifício, havia um canteiro com o que restara uma linha de arvores, provavelmente palmeiras, embora só o que se via ali eram os seus troncos secos, alguns caídos. Eles se aproximam das grandes portas de madeira e se colocam dois a cada lado da mesma. Eles empunham seus rifles, um deles carrega o lança-granadas que tem acoplado ao cano de sua arma, eles se encaram, como se combinassem algo e esperassem o momento certo. Um deles, do lado direito da porta, dá um sinal com cabeça, ao que o que havia carregado o lança-granadas, que estava do outro oposto, rapidamente se coloca de frente para ela e com um forte chute a arromba, o interior da catedral estava escuro, porém podia-se ver que estava repleto de “infectados”, os quais, imediata e instintivamente, se voltam para as portas abertas, escancarando as enormes bocas e gritando, se preparando para atacar. Porém, o invasor dispara com o lança-granadas na direção deles, a qual detona ao atingir o chão, abatendo as criaturas mais próximas, lançando-as a uma certa distância. Após isto, outras criaturas avançam contra o ele, o qual retrocede alguns passos, dando espaço para que outros dois entrem no prédio. Com os rifles empunhados, estes disparam contra as criaturas. Ambos descarregam suas armas em torrentes de tiros contra os monstros, um deles empunha a arma mais ou menos na altura do abdômen, em posição convencional, o outro a segura mais a altura dos ombros, um esforço para mirar com mais atenção, manejando-a horizontalmente. Quando a munição de seus cartuchos se esgotam, eles abrem caminho para os outros dois homens, que adentram disparando, enquanto os primeiros, retrocedendo, recarregam. Aquele que havia de inicio disparado a granada, também ataca descarregando a arma em uma torrente de tiros, enquanto o outro, usava a arma com mais cautela, mirando em uma criatura, atirando até abatê-la, depois mirava em outra; e assim seguia abatendo as mais próximas uma a uma.

O ataque seguia, adentrando a catedral. As criaturas pareciam surgir de todas as partes, algumas corriam na direção dos atacantes pelo corredor central, outras saltavam sobre eles a partir dos bancos, sendo que algumas delas eram atingidas pelos tiros em pleno ar, despencando sobre os bancos de madeira já apodrecida pelo tempo, partindo-os com o impacto. Os gritos e urros ecoavam pelo salão da catedral, tornando-os ainda mais assustadores.

Após “limparem” o átrio principal da igreja, os quatro seguem até o altar, onde se encontrava uma porta que os conduziria aos corredores internos da construção. Os corredores mal iluminados e em avançada deterioração estavam repletos de moveis velhos (armários, cadeiras, candelabros...), além de cerâmicas e imagens de santos e santas derrubados pelo chão. Nas paredes ainda se viam pendurados crucifixos e quadros com imagens de Jesus, da virgem Maria e de anjos, embora estivessem cobertos de poeira e já bem despotados, um mal cheiro, que parecia uma mescla de mofo e carniça, impregnava o ar. Adentrando aqueles corredores, eles avançam cautelosos, enquanto um silêncio perturbador dominava aquele ambiente penumbroso, onde praticamente toda a iluminação provinha das lanternas acopladas aos canos de seus fuzis.

Eles seguem caminhando lentamente. Vez e outra o tenebroso silêncio daqueles corredores era perturbado pelo som de trovões ecoando do lado de fora da catedral. O som de algo caindo, ao que parecia, apenas um pouco a frente deles, é ouvido. O homem que seguia a frente dos demais, que parecia ser o líder, faz um gesto com a mão, como se pedindo aos demais que parassem e aguardassem um pouco. Ele apura os ouvidos, porém não se ouve mais nada naqueles corredores. Os rifles são empunhados e a tensa caminhada continua.

“Tem certeza que tem um caminho por aqui?”, um dos homens questiona o líder do grupo, fazendo o seu sussurro quebrar o silêncio, “É só uma questão de encontrar...”, o homem responde tentando abrir uma das portas do corredor, que se encontrava trancada; porém antes dele terminar de responder, uma criatura estoura outra porta do corredor, e ataca com ferocidade o membro da equipe que seguia mais atrás do grupo. A criatura negra escancara as madíbulas emitindo um urro assustador, porém, em um reflexo, o homem consegue rechaçar o ataque, usando sua arma como escudo. Ele acerta a face da criatura com a coronha da arma, jogando-a um pouco para o lado. Rapidamente, a criatura se recupera e volta a atacar, porém homem lhe acerta uma segunda coronhada, atingindo-a em cheio no "rosto" com a soleira da coronha, fazendo-a se desequilibrar e dar alguns passos para trás. Isto dá ao homem tempo para empunhar a arma e disparar um tiro certeiro. O projetil atinge a criatura entre os olhos, fazendo espirrar um jorro de sangue enquanto o monstro é lançado para trás e ao chão.

Imediatamente após isto, diversas outras criaturas começam a surgir a partir do caminho aberto pela primeira, os homens passam a seguir em frente num passo mais acelerado, enquanto o que estava mais atrás, disparando contra os monstros, lhes mantêm uma certa vantagem. Porém, logo outra porta do corredor é estourada por criaturas, desta vez a frente dos homens. O líder do grupo começa a disparar nelas, derrubando-as ao chão, enquanto grita para os demais: “Achem abrigo!” Os outros dois membros da equipe arrombam uma porta próxima a eles, enquanto são protegidos pelo líder e pelo que estava mais atrás. Após abrirem a porta eles gritam aos companheiros: “Rápido entrem!”, ao que se escuta o homem que estava mais atrás gritar: “Munição!”, um de seus companheiros entende que ele estava sem munição e empunha seu rifle, atirando contra uma criatura que se aproximava dele. “Entra aqui, vai rápido!”, o que estava dando cobertura grita, após os outros adentrarem na sala recém-aberta, ele apanha uma granada incendiária em um de seus bolsos, se volta para as criaturas e diz: “Tomem um presente!”, puxa o pino e lança na direção delas. Ele corre para dentro da sala dizendo a seus companheiros para se protegerem, enquanto ele também se põe por detrás de um móvel. Quando uma das criaturas chega a porta da sala, a granada explode no corredor, engolindo-a, junto com as demais, em uma torrente de chamas.

Após a explosão, os quatro se reúnem na sala, do outro lado da porta, já que o corredor pelo qual entraram agora estava em chamas, e estas começavam a adentrar a sala. “Uma granada incendiária, Hans?! Quer matar as criaturas e a nós também?!” O líder do grupo censura a atitude do homem, que tenta se justificar, porém o líder não lhe dá tempo de falar, dizendo: “Não perca tempo tentando se desculpar, temos que achar uma saída daqui e rápido, antes que o fogo se espalhe mais para dentro ou a fumaça nos sufoque...”; nisto um dos outros homens, que parecia verificar a parede mais próxima, lhe pede a atenção dizendo: “Senhor, esta parte da parede tem um som oco, deve ser mais frágil ou estar mais avaliada que o restante, creio que possamos estourá-la.” A parede é estourada, e os homens chegam a um outro corredor, pelo qual avançam por alguns metros, até chegarem a uma intersecção de caminhos com uma escadaria que parecia conduzir a um andar inferior. Eles descem as escadas, até chegarem a uma sala diante de uma grande porta. O líder do grupo então exclama: “Ao que parece o acaso nos serviu de guia...” Um dos outros que estavam ali, que segurava e analisava um aparelho, que parecia uma espécie de medidor, informa: “Senhor, os níveis de contágio deste local quase ultrapassam os limites da escala.” Ao escutar tal informação, o líder do grupo contempla a porta e diz: “Senhores, estejam certos que encontramos nosso caminho, agora só nos falta encontrar um meio de atravessar a porta...”


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