A Esperança Dos Renegados escrita por Aldneo


Capítulo 39
CAPÍTULO XVII: A caçada dos reencontros




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A negra criatura aproximava as mandíbulas escancaradas na direção de Alan, que permanecia caído inconsciente no chão da caverna. Porém, quando estava prestes a desferir a mordida, o infectado fareja o ar em torno do homem, parecendo reconhecer algo. Porém, antes que pudesse perceber qualquer coisa, sua cabeça é atravessada por um disparo, e, enquanto a criatura caia ao chão, se via, na entrada da caverna, Deborah empunhando sua submetralhadora.

— “É, parece que você não deu sorte amigo”, ela comenta, como se falasse com a criatura, enquanto adentrava a caverna. Ela se volta para Alan, caído no chão, o reconhece e comenta: - “E nem você... Mas vejamos se você carrega algo útil...”, ela, então, se põe a verificar a mochila dele em busca de algo de valor. A primeira coisa que ela encontra é uma seringa com uma dose de vacina. Ela percebe que ele ainda respirava, volta-se por alguns instantes para a criatura que acabara de matar, e pensa consigo mesma: “Dizem que só o que evita o ataque de um infectado é se ele identificar que pessoa já está infectada...” Ela então empunha a seringa e a aplica em Alan, cujo corpo reage com alguns espasmos e contrações. Deborah se levanta e deixa o local, enquanto estava saindo da caverna, ela ainda se volta a trás e diz consigo mesma: - “Bem, vamos testar a sua sorte...”

A garota segue seu caminho, avançando por aquele cenário ressequido, pisando o que parecia ter sido o leito de algum rio, mas que agora era terra ressecada e coberta de rachaduras. Grandes rochas e troncos secos e mortos se amontoavam no que um dia teria sido as margens, e o calor tornava-se cada vez mais abrasador, chegando a turvar o ar na área. Após algum tempo caminhando sob estas condições, o cansaço e o esforço começam a sufocá-la. Porém, é neste momento que seus sentidos são despertados. Ela logo percebe algo se movendo pelos arredores. E parecia ser bem mais de um. Ela leva a mão por sobre sua arma; embora ainda a mantendo no coldre. Ela estava preparada. Não demora muito para uma matilha de cães infectados surgirem e avançarem contra ela.

Ela saca a arma velozmente e se põe a disparar contra aquelas bestas, que embora não fossem muito resistentes, eram bem ágeis, e seu número conseguia confundir. Enquanto fazia alguns disparos intercalados, Deborah também corria pela área, para garantir uma distância segura dos animais. Ela acaba por se aproximando de um rochedo, por cima do qual, sem que ela percebesse, um dos cães se preparava para lhe atacar. Enquanto ela se distraía com alguns dos outros cães que corriam ao seu derredor, o que estava sobre a rocha salta contra ela, quando ela o percebe, a criatura já está no ar com as mandíbulas abertas em sua direção. Ela se volta para o cão infernal, se preparando para ser atingida. Entretanto, naquele instante, ouve-se um disparo pesado, o animal é atingido em pleno ar, seus sangue espirra em várias direções e seu corpo caí no chão, rolando, já sem vida. Os poucos cães que ainda restavam da matilha acabam se assustando, alguns deles já feridos pelos disparos da garota, e acabam recuando. Ela se volta na direção em que viera o tiro e se depara com um jovem empunhando uma espingarda de cano duplo, da qual ainda saia um pouco de fumaça pelo recente disparo; ao abaixar a arma, se revela a já conhecida face de Ezequiel.

— “Nossa... É bom te ver...” - ela lhe diz - “E agora você está com uma arma bem maior hein...”

Os dois se saúdam, ao que a garota logo lhe pergunta o que ele estaria fazendo ali. - “estou procurando Alan... Me disseram que ele havia vindo nesta direção, me deram esta arma e me mandaram para cá... Embora eu ainda ache que me mandaram, um tanto, por falta de opção...”, ele responde, tentando disfarçar um certo nervosismo. - “Nossa, garoto... Essa é a segunda vez que te encontro e nas duas você estava atrás deste cara... Tô começando a me achar muito podre...”, ela comenta de forma zombadora, virando as costas para Ezequiel, que tenta formular alguma resposta. Porém, antes que saísse algo, a garota continua: - “Não se incomode em responder. Para sua sorte eu o vi a algum tempo, não está a muito longe daqui...”. Diante do comentário, o rapaz estranha: - “Vocês dois se encontraram por aqui? Mas, da última vez, vocês...”, ao que ela logo corta a sua fala: - “Ah tá, não se preocupe com isso, não... Acho que, pelo que eu entendi, nós nos acertamos... Eu acho...”

Os dois voltam pelo caminho que Deborah havia feito, retornando a caverna onde ela havia deixado Alan. Após mais algum tempo se arrastando naquela paisagem seca e sob aquele calor sufocante, eles se veem diante da entrada da caverna. - “Acho melhor você entrar primeiro... Por precaução, sabe.”, a garota diz, dando pequenos empurrões, com uma das mãos, no ombro de Ezequiel. Ele entra na caverna, olha pelas proximidades da entrada, porém não encontra ninguém ali; a não ser o cadáver do infectado morto por Deborah mais cedo, o qual já estava sendo convertido em refeição por alguns pequenos artrópodes. Após observar bem o local, ele sai, dando o informe negativo a sua companheira. - “Bem, ele já deve ter se recuperado e deve ter saído por aí, mas não deve estar longe.”, ela responde. Ezequiel tenta questionar o que queria dizer “já deve ter melhorado”, porém ela apenas disfarça e o convida para iniciarem a busca pelos arredores. Deborah estava certa, Alan não estava muito longe dali, mas não era apenas ele que rondava as redondezas. Oculto a um certa distancia, Alan estava seguindo dois Assassinos: Tainã e um ajudante, enviados por Al-Naum para investigar o furto aos Cavaleiros, que conseguira encontrar as pistas que os levaram até Deborah. Embora se ocultando entre pedras e se mantendo a distância, ainda conseguira se manter próximo o bastante para ouvir as conversas dos dois e se inteirar de sua missão. Percebendo do que se tratara, e pensando que poderia haver alguma ligação entre isso e as revelações que Samaria lhe fizera, ele decide também ir atrás da garota, afastando-se dos dois, tomando cuidado para não ser visto. Ignorantes deste perigo adicional, os dois jovens também vagavam pela área, buscando Alan.

Não demoraria muito, algo em torno de uma hora, para os Assassinos encontrarem seu alvo. Deborah, juntamente com Ezequiel, estava cruzando uma clareira. O extremo mormaço os fazia avançar muito lentamente, com a garota insistindo para que eles parassem um tempo para descansar. Os dois homens estavam acima deles, sobre uma formação rochosa, a uns 100 metros de distância, e conseguiam não ser vistos.

— “Me passa o .308” - Tainã diz ao seu companheiro; este apanha o fuzil de precisão e o entrega a ele, dizendo: - “Mas Al-Naum a quer viva.” Prontamente, Tainã responde, enquanto engatilhava a arma pela culatra: - “Al-Naum quer que ela diga o que roubou e onde está. Ela só precisa ser capaz de falar, as pernas não são necessárias para isso. Além do mais, isso é só para debilitar. Só preciso acertá-la de raspão, feri-la, impedir ela de correr e fugir.” Ele se posiciona por sobre a rocha, faz alguns cálculos de cabeça enquanto ajusta a mira telescópica e empunha a arma com firmeza, mirando calmamente. O forte som do disparo ecoa por todo aquele local. Deborah sente o impacto em sua coxa direita, e este a joga violentamente do chão, sangue jorra da corte tingindo a terra de vermelho enquanto a garota grita desesperadamente de dor. Tainã exulta por seu acerto, abre a culatra da arma, liberando o enorme cartucho vazio do projétil disparado, lançando-o em uma parábola pelo ar, e re-engatilha a arma. Ele se volta novamente para a clareira: - “Agora é só acabar com aquele imbecil que está com ela, para que não a ajude.” Ele volta empunhar a arma e começa a mirar. Seu ajudante tenta chamar sua atenção para algo, mas Tainã simplesmente o ignora, concentrando-se na mira. O que o ajudante queria lhe indicar era Alan, que corria com todas as forças na direção dos jovens.

No mesmo instante que Tainã conseguira colocar a mira encima da cabeça de Ezequiel, Alan o alcança. Segurando algo numa das mãos, ele puxa Ezequiel para trás de si e se põe a frente dos dois. Ouve-se o segundo disparo ecoando pelo local. Porém o projetil parece ser detido por uma espécie de “parede invisível” diante de Alan e é desviado para a esquerda deles. Ezequiel, tentando entender o que estava ocorrendo solta um “O quê?!”, porém Alan apenas esbraveja um “Pega ela e vamos sair logo daqui!”, o que é prontamente atendido.

Sobre as rochas, Tainã se põe em pé, engatilha novamente sua arma e volta a disparar, porém o tiro é novamente desviado pela “barreira invisível” diante de Alan. Nisto Ezequiel conseguiu levantar Deborah do chão, que ainda gemia e murmurava muito de dor, e os três começam a deixar o local apressadamente. Tainã volta disparar mais duas vezes, ambas sem êxito, até que o pente de sua arma se esvaziara. Nisto, seu companheiro empunha um fuzil de assalto e começa a também disparar na direção deles, ao ver isso, Tainã prontamente lhe acerta uma forte coronhada, quase derrubando-o ao chão e repreendendo-o: - “Você está louco, pode acabar matando-a!”, ao que lhe é respondido: - “Mas eles estão fugindo!”. Nisto, Tainã, friamente responde:

— “Não, não estão. Ela está ferida e não vai conseguir correr. Além disso, está sangrando e precisando de curativos. Eles vão ter que parar para tratá-la. Há algumas construções aqui perto. Se tiverem o mínimo de inteligência, irão para lá, é onde tem melhores chances de se esconder e escapar... Mas nós não vamos deixar isto acontecer.”


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