A Esperança Dos Renegados escrita por Aldneo


Capítulo 2
PRÓLOGO: A amnésia de Ezequiel


Notas iniciais do capítulo

É só um prólogo que introduz a história... (era mesmo necessário escrever isso?...)



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Sem saber onde, sem saber quando, um jovem desperta de um sono inconsciente, cuja duração, ou mesmo o seu inicio lhe são desconhecidos. Ele se encontrava deitado, com o corpo dolorido. Tenta se levantar, ou pelo menos mover os braços, mas só o que consegue é aumentar a dor que sente. Ele abre os olhos, porém a luz os fazem arder, como se nunca tivesse enxergado na vida. “O que acontece?... onde estou...?”, ele se pergunta em sua mente. Ele tenta falar, mas o máximo que consegue é emitir uns gracejos incompreensíveis. Ele tenta novamente se mover, mas os mínimos movimentos da cabeça que consegue sentir que realiza, apenas fazem aumentar aquela dor que lhe dominara o corpo.

 

Neste instante, a fraca e embaçada visão que tinha do mundo ao seu redor, consegue perceber a aproximação de um vulto, que parecia ser um homem, mas sua visão estava tão debilitada que poderia ser qualquer coisa. Fosse o que fosse, se aproximou, lhe tocou suavemente sobre o peito e lhe disse com uma voz um tanto áspera, meio que temerosa, mas ainda sim gentil:

 

“Calma rapaz, não tente se levantar. Você passou por coisas ruins, vou fazer o que posso... mas tente relaxar...” Junto com estas palavras o jovem volta a adormecer e sua consciência, novamente, se perde na escuridão.

 

Por tempo indeterminado ele permanece assim. Poderia se ter passado horas, dias, semanas, embora para ele fora como um piscar de olhos, até que novamente ele começa a perceber que há um mundo ao seu redor. Ainda com a visão escura, ele começa a ouvir urros e gritos do que pareciam ser criaturas horríveis, tais sons tenebrosos pareciam envolvê-lo em um terrível pesadelo, embora seus ouvidos não conseguissem diferenciar a direção da qual vinham. Quando ele consegue abrir os olhos, tudo o que consegue é uma fraca visão noturna. A dor que sentia em todo seu corpo ainda estava lá, embora mais fraca, ou, talvez, apenas anestesiada devido a curiosidade em saber o que se passava ao seu redor e o que emitia os sons assustadores que ouvia em sua cercania. Porém, os poucos movimentos que consegue fazer com a cabeça só lhe permitem perceber uma fogueira em sua proximidade, por detrás dela, os sons das criaturas tenebrosas continuavam, agora acompanhados do tilintar de metal, e dos gritos de luta de um homem. O jovem se esforça um pouco mais, porém, com isto, ele sente sua consciência começar a se perder novamente. Antes de apagar, ele ainda ouve uma voz, mista de raiva e temor, ecoar por cima dos assustadores urros, acompanhando o tilintar de metal: “Para trás criaturas malditas! Não há nada para vocês aqui! Retornem ao inferno!” E junto com o urro horripilante de uma das supostas criaturas, a consciência dele volta a se perder.

 

Passa-se mais tempo, até que a consciência do jovem novamente retorne a ele. Desta vez ele sente seu corpo se locomovendo, ao mesmo tempo que ouve o som de algo sendo arrastado. Ele se percebe deitado em uma maca, que está sendo arrastada. Ao abrir os olhos ele se depara com um céu nublado, e mesmo a pouca luz solar que passava pelas grossas nuvens de tons acinzentados causam ardor em seus olhos. Ele tenda erguer a visão para ver o que o estaria puxando e vê as costas de um homem, puxando cordas por cima de seus ombros, as quais, ao que tudo indicava, estavam presas a maca em que ele se encontrava. Tentando falar, o jovem só consegue emitir uns fracos murmúrios, os quais conseguem ser ouvidos pelo homem que o puxava, porém quando este vira a cabeça para olhá-lo, a consciência novamente o deixa e sua visão torna a se apagar.

Novamente, o tempo que este “sono” domina o jovem é indeterminável, mas ele retorna. Desta vez se percebe deitado em um ambiente mais rochoso, talvez uma fenda em alguma montanha, ou quem sabe até mesmo uma caverna. Ele percebe ao seu lado, fosse sentado ou ajoelhado, o homem que antes o estava arrastando. Este, ao perceber que ele estava consciente, lhe diz com voz calma: “Não tente se levantar... tente relaxar... Este lugar horrível já ceifou almas demais, oxalá eu consiga salvar a sua...” O jovem suspira e consegue relaxar um pouco ao perceber que o estranho, pelo menos ao que parecia, queria ajudá-lo.

 

O homem se inclina para o lado e apanha algo que a primeira vista parecia ser uma arma, o que faz com que o jovem se perturbe. Porém, o homem põe a suposta arma em seu próprio pescoço e aperta o gatilho. Nisto o jovem percebe que se tratara na verdade de uma espécie de seringa modificada, do tipo que se usa para injetar remédios e vacinas. O homem demonstra sentir muita dor ao se injetar seja lá o que fosse o conteúdo da seringa e parece levar alguns instantes, inclinado e com a respiração ofegante, até se recuperar. Após se recuperar, ele recarrega a seringa e diz ao jovem, com um certo tom de preocupação: “Isto não vai fazer com que você melhore... mas vai impedir que piore... Não quero iludi-lo, então se prepare, porque vai doer muito...” A seringa é então colocada no pescoço do jovem, o gatilho é pressionado e se lhe injeta seu conteúdo, o jovem sente uma dor indescritível, tal injeção parecia fazer todos os músculos de seu corpo se contraírem ao mesmo tempo, seus dentes se cerram, ele tenta gritar, o coração dispara, seus olhos se fecham, ele sente como se algo se espalhasse em seu interior e enquanto se espalhava o queimava por dentro. A dor aumenta a um nível insuportável até que sua mente se desliga e ele retorna ao estado de inconsciência.

 

Mais um tempo se passa. O jovem acorda novamente, no interior do que parecia ser uma barraca. Ele se sente melhor, embora ainda bem dolorido. Com esforço ele consegue se levantar e se pôr sentado. Os olhos arder, ele se sente zonzo, um zumbido nos ouvidos lhe incomoda e aumenta a dor de cabeça, e até respirar mostra-se algo difícil para ele, mas, ao que parecia, ele já estava bem melhor. Ele se olha e percebe braços, pernas e parte do tórax cobertos de curativos, muitos manchados com sangue. Com muito esforço ele se levanta e, mais se arrastando do que andando, segue para fora da barraca. Ao sair, o luz do sol, que acabara de sair no horizonte, lhe cega a vista. Enquanto ele tenta recuperar-se, ouve a voz do homem que lhe ajudara anteriormente:

 

“Então, você decidiu por se juntar aos vivos de vez... Realmente, Deus sorriu para você garoto.” O jovem consegue recuperar a visão e vê o homem a sua frente, ao que parecia, arrumando as coisas e desfazendo o acampamento. O jovem também olha ao redor e observa estar numa espécie de campina, cuja vegetação estava completamente seca, um terreno plano onde apenas despontavam algumas poucas árvores mortas e rochas aqui e ali.

 

Enquanto o homem arrumava as coisas, ele novamente pega a seringa em forma de pistola, a carrega e injeta em seu pescoço. “Maldição...”, o homem murmura consigo mesmo, enquanto parece sentir os efeitos da injeção. Ao se recuperar ele se volta para o jovem e diz: “Pelo menos não desperdicei as doses que lhe dei... Não entenda mal, tenho pouco disto e está ficando mais difícil conseguir... Tome, é melhor tomar mais uma.” O homem recarrega a pistola e a passa ao jovem, que ao pegá-la o questiona sobre o que seria aquilo, ao que lhe é respondido: “Isto é a vacina, é o que nos impede de se tornar aquilo.” Ao falar isto o homem indica com a cabeça para algo atrás do jovem, que, ao se virar, se depara com um corpo de uma criatura que parecia humana, porém extremamente deformada, estirado contra uma grande rocha e completamente ensanguentada. Ao ver aquilo (e acredite “aquilo” é a melhor palavra em qualquer idioma para se descrever tal visão) o jovem se assusta, e, com um grito, acaba se desequilibrando para trás, caindo de costas no chão.


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