Era incrível, mas era verdade. Eu podia sentir sua respiração acelerada.

            Estava tentando lembrar o que tinha acontecido até aquela hora. Tinha chamado Helena até o meu apartamento novo, no quarto andar. Eu me peguei pensando na morte dos meus pais depois de meses. Aos poucos estava superando, mas era difícil. A primeira pessoa que passou pela minha cabeça era Helena, com seu sorriso contagiante, a alegria que inspirava e o olhar bondoso.

            Por incrível que parecia, ela atendera o meu pedido. Chegou e me abraçou forte, tanto que eu acreditei que o seu perfume ficou em mim.

            Helen insistiu que eu tomasse um banho enquanto ela desenhava na sala. Desenhar era sua paixão. Ela insistiu que um banho bem quente ajudaria e escolheu a roupa que eu ia vestir. De certa forma, comecei a me sentir melhor.

            Especialmente, Helena estava linda aquela noite. Usava uma calça jeans que valorizava suas curvas, o que eu não pude deixar de notar. Estava com sua blusa de pêlo e um cachecol vermelho caminhando com seu salto alto. Com certeza, tinha vindo caminhando.

            Helena também trouxera uns filmes. Disse que íamos assistir a noite inteira, até que eu dormisse. Depois ela dormiria no quarto de hóspedes.

            Pedimos uma pizza no final do primeiro filme. Ela se sentou na poltrona enquanto eu estava no sofá. Comemos na cozinha, atrapalhando o segundo filme. Ela me fez rir durante todo o tempo. Realmente, Helena era incrível.

            Diferentemente de mim. Eu a amava, tinha certeza.

            Agora tínhamos decidido fazer pipoca doce, como se fosse sobremesa mas, quando Helena foi até o sofá, tropeçou no tapete, me levando junto e derrubando a pipoca.

            E agora lá estávamos nós, olho no olho. Eu não tinha certeza do que ia acontecer. Fechei os meus olhos, sussurrando.

            — Helena...

            A única coisa que eu sabia, de olhos fechados era a linha do horizonte, a janela ao nosso lado, a lua acima dela e os carros abaixo, na rua.

            Helen se moveu mais para perto e eu prendi a minha respiração. Acariciei seus lábios com os meus próprios, minha mão percorreu do seu braço até sua cintura, enquanto a outra acariciava seu rosto.

            Me aproximei e meus lábios tocaram os dela, fazendo uma onde de calor percorrer meu corpo. Era a coisa mais deliciosa que eu experimentava em 21 anos. Ela retribuiu o beijo e nós teríamos ficado assim a noite inteira se ela não se afastasse.

            — Cristian — ela disse —, eu te amo.

            — Eu também te amo, Helena — respondi. — Eu também.

            Beijei-a novamente. Tinha certeza que meus lábios estavam urgentes.

            — Muito bem — ela disse, quando paramos, sorrindo. Foi até meu quarto e voltou com um cobertor. — Vamos parar de ficar longe, não?

            Ela tocou o sofá, me convidando a sentar. Sentei esticando as pernas, tirei minha jaqueta enquanto era tirava o cachecol e o casaco. Ela sentou no meu colo, também esticando a perna. Seu corpo no meu. Soltou o filme. Cobriu-nos com o cobertor.

            — Depois limpamos a bagunça. — Helena sorriu e me beijou. Ficamos assim até perder o fôlego e recomeçamos o filme.

            Acordei na outra manhã. Helena não estava nos meus braços, mas tinha arrumado tudo.

            — Bom dia, dorminhoco. — Ouvi sua voz, vindo detrás de mim. Beijei-a. Não tinha sido um sonho.