The price of evil... escrita por Laís


Capítulo 3
And your future's a fuckin' disaster.


Notas iniciais do capítulo

Só queria agradecer a Nah_Lautner, sério, muito obrigada mesmo!
É isso, beijos.



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Eu precisava falar com Simon, mas não tinha o seu número nem o número da confeitaria. E as coisas só melhoram. Estava em uma sala que parecia o lugar onde levavam as crianças com problemas psicológicos para lhe contarem alguma coisa do tipo “seus pais morreram e agora você vai para algum orfanato mofar até aparecer alguém que queira te adotar”. Não era o meu caso. Tinha terminado o colegial ano passado, comecei a estudar cedo por capricho da minha avó, mas o que ela não sabia é que eu fugia facilmente das câmeras, muros e monitores da minha escola, então não seria tão difícil fugir daquele lugar. Analisei a sala ao meu redor, tinha uma janela em um canto um pouco alto, subi em uma mesa e vi que não tinha ninguém no jardim que havia do lado de fora, só um muro fácil de pular. Nossa, será que eles não eram acostumados a receber adolescentes um pouco inteligentes?

Já estava indo em direção a confeitaria sem nenhuma dificuldade. Ninguém correndo atrás de mim, carros policiais com as sirenes ligadas. Nada. Chegando lá encontrei Simon, Sr Mack e a ruiva sem graça.

-Oi gente, a problemática sem teto voltou. –Sorri com vergonha.

-Olha a garota rebelde do cabelo azul? –Sr Mack provavelmente não havia percebido isso da última vez por que meu cabelo estava preso.

-Isso mesmo. –Lancei um olhar para Simon. Que retribuiu com um sorriso. – Então gente, eu preciso pedir uma coisinha.

-Pode falar. –Dessa vez foi Simon que respondeu.

-Será que eu posso ficar aqui por um tempo?

Eles me olharam, mas a única que pareceu surpresa era Isabelle e eu senti o ódio no olhar dela. Gostei da ideia de estar irritando aquela vadia.

-Mas é claro, é sempre bem vinda, lembra? –Sr Mack respondeu, eu gostava especialmente daquele senhor ranzinza e simpático ao mesmo tempo.

-Posso ficar no quartinho nos fundos do corredor e ajudar na confeitaria...

-É claro que não, pode muito bem ficar lá em casa.

-Não, não precisa, não quero incomodar, de jeito nenhum, vou ficar no quartinho.

-Não será um incomodo. –Simon respondeu com um sorriso feliz até demais. Foi impossível não ficar animada com essa ideia. Vi Isabelle se contorcer de raiva pelo canto do olho.

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Já havia se passado uma semana, Matt não havia tocado no assunto de abandonar a banda e eu estava namorando a Michelle.  Como essa palavra soava estranha. Namorando. Ela praticamente me obrigou a pedir para namorar sério. E agora eu estava me arrumando para outra turnê.

Despedi-me da minha namorada que estava indo viajar a trabalho também e fui me encontrar com os meninos na casa do Matt.

-Ei minha putinha, que saudades. – Johnny foi o primeiro que eu encontrei na frente da casa me esperando, fazia um tempo que eu não falava com nenhum deles e realmente estava com saudades.

-Claro, agora você usa coleirinha. –Ele me olhou gargalhando e eu não respondi.

-Cadê o gordo e o grandão?

–Lá dentro discutindo com o poderoso chefão, acho que aconteceu alguma coisa. –Entrei na casa e logo ouvi Matt estressado gritando.

-Ei, ei. O que tá acontecendo aqui? –Perguntei.

- Temos um problema. O baterista que ele –apontou para o poderoso chefão- tinha contratado pra banda desistiu, disse que alguém da família tava morrendo e ele o demitiu.  –Zacky respondeu.

-Bela hora pra alguém morrer. –Ouvi Matt resmungar.

-E agora?  -Perguntei.

-Agora vocês vão entrar naquele ônibus e vão viajar pra primeira cidade que é perto daqui e quando chegarem lá haverá um baterista esperando por vocês. –A voz do chefão era rígida e não deu espaço para mais discussão.

-Tem certeza disso? Matt perguntou.

 -Confiem em mim.

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Já fazia uma semana que eu estava dormindo no quarto do Simon enquanto ele dormia na sala. Passava as tardes trabalhando na confeitaria, o que irritou bastante Isabelle. Estava cada vez mais próxima do Sr Mack e as coisas pareciam no lugar sem contar que eu ainda era uma fugitiva da polícia. Eles ainda não sabiam disso, não sabiam nem mesmo meu nome e não perguntavam mais.

Amanhã a noite era o do show do Avenged Sevenfold e eu ia com Simon. Ele tinha ido pegar umas roupas na minha casa, eu não tinha coragem de ir lá. Tudo andava muito tranquilo. E era estranho. Parecia que a qualquer momento alguma coisa ia estragar tudo.

Eu estava na confeitaria quando vi um cara de terno entrar. Vernet. Como ele tinha me encontrado? Tinha que sair daqui. Fiquei escondida atrás do balcão quando percebi que ele parou pra conversar com Isabelle.

-Oi, filha. –Disse ele enquanto Isabelle saia do caixa para lhe dar um abraço.

Filha? Quanta sorte. Eu não podia acreditar no que tava escutando. Mais cedo ou mais tarde Isabelle ia descobrir quem eu era e é claro, Vernet descobriria por alguma “denúncia anônima” onde eu estava me escondendo. Ótimo.

Ele dirigiu um olhar rápido pra mim e eu parei de tentar entender a conversa e derrubei a bandeja de sonhos que estava na minha mão. Ele cerrou os olhos e veio em minha direção. Abaixei-me rapidamente pra pegar os doces.

-Garota? Qual o seu nome? –Ele estava debruçado sobre o balcão tentando me enxergar. –Eu não te conheço de algum lugar?

-Acho que não. –Respondi de cabeça baixa e andei apressada para a porta dos fundos.

Legal. Agora eu não iria mais para o Juizado. Iria direto pra cadeia.

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A viagem foi calma. Os meninos pareciam ter esquecido o problema com o baterista. Implicamos com o Johnny, jogamos videogames, bebemos e passamos a maior parte do tempo dormindo.

Em breve estaríamos preparados para o primeiro show.

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 O outro dia foi completamente normal. Isabelle me encarava com um olhar diferente. Será que ela sabia de alguma coisa? É só coisa da minha cabeça, preciso ficar calma.

Estava fechando a confeitaria quando Isabelle me puxou pelo braço.

-Oi, Clarissa Wooden Brown. Ou você prefere que eu a chame de assassina?  Como você consegue dormir sabendo que matou a própria mãe? – Senti a diversão nos olhos dela. Puxei meu braço com força.

-Do que você tá falando, vadiazinha?

-Cuidado, agora que eu sei de tudo, não falta muito tempo pra me livrar de você. Divirta-se no show. –E foi andando.

É claro, alguns caras de terno apareceriam no meio da noite pra me buscar. Mas não seria tão fácil assim. E ninguém me faria perder esse show.

Subi e fui me arrumar, coloquei um short rasgado que não parecia diferente dos outros que eu sempre usava, minha camisa do Avenged, all star e soltei meu cabelo. Por algum motivo resolvi pegar minha mochila e colocar algumas roupas lá dentro, talvez eu não pudesse voltar. Sai do quarto, Simon estava me esperando. Abracei o Sr Mack, pensei se voltaria a vê-lo e o que ele pensaria de mim quando descobrisse a verdade. Controlei o impulso de chorar e fui embora.

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Já estávamos na concentração para o show e a porra do baterista ainda não tinha aparecido.

-Cara, cadê o baterista? –Matt gritava ao telefone – Cadê a droga do baterista? Não! Como quer que a gente faça um show sem baterista?

Não tinha muita gente quando eu cheguei.

-Pequena você tá bem? –Simon sempre me chamava de pequena, talvez por que não soubesse nome.

-Tá tudo bem sim. Obrigada por se preocupar.

Ele me lançou um olhar que eu não consegui decodificar. De repente senti uma das suas mãos e minha cintura e a outra na minha nuca. E me beijou. Doce e levemente.

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Resolvi sair dali e ver o que tinha de bom lá por fora. Nada demais, nem tinha tanta gente, o show só seria daqui algumas horas. Ouvi algumas garotas gritando meu nome, dei alguns autógrafos, até que uma louca pulou no meu pescoço e me beijou. Achei aquilo engraçado. Fugi pra uma área que não tinha quase ninguém, só um casal de agarrando. Me sentei no canto onde tinha uma escada e fiquei ali bebendo. Depois vi a garota que estava beijando o outro cara sair um pouco apressada e uns caras de terno chegando. Polícia?  Ah claro. Uma banda de rock vem pra cidade, mande todos os policiais, vai ter muita droga. Ri sozinho. O outro cara pareceu meio confuso e foi embora para a outra área.

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Droga, droga, droga. Eles estavam aqui. Pra onde eu ia? Porra, não vou perder esse show! E o que Simon estava pensando quando me beijou? Ele tinha namorada! Não pareciam namorados e ela era insuportável, mas era a namorada dele. Idiota, idiota, idiota.

Ouvi uns gritos.

-Nós vamos ter que cancelar o show! Não dá pra tocar sem baterista. –Eu conhecia essa voz, é claro que nunca tinha a escutado tão de perto, mas conhecia. – Já tem gente esperando pelo show. O que vamos fazer?

Espiei aquela cena. Matt Shadows gritava enquanto falava no celular, Johnny o fitava e Zacky Vengeance estava ao lado de uma caixa de pizza.

Será? Resolvi arriscar.

-Oi, desculpa, acabei escutando a conversa. Vocês estão sem baterista. Acho que posso ajudar.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo: Os meninos entraram no palco logo em seguida, fãs histéricas gritavam e ouvi o solo inicial de Nightmare. Ótima escolha pro início do show.
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Belos filhos da puta que eu tinha como amigos. Inventaram milhões de desculpas pra que eu tivesse que vir sozinho acompanhar a esquisita até a casa dela. Perfeito. Aliás, adorava aquela garota. Estava me dirigindo a porta da frente quando ela gritou.