-Eu posso saber o que significa isso? – Gritei o mais alto que pude. Eu não podia acreditar que Dimitri, o meu Dimitri estava se agarrando com aquela...aquela vaca! Já não bastava a Vacasha, agora há a Vacarilyn também! Eu estava com vontade de sufocar aquela loura lentamente até ela morrer e depois dar umas belas palmadas no Dimitri, como uma criancinha que aprontou demais.

-Rooza, minha florr mais lindaaa do mundooo!!Vocêêê veiooo!! – Dimitri pareceu feliz. Feliz de mais para mim. Ele estava puxando as palavras...Ah, ele estava bêbado. Nunca pensei em ver o Deus super-certinho Dimitri bêbado..Com certeza, não é uma coisa boa. Ele estava pálido, com um sorriso alegre demais e os olhos imensos. Olhei para Marilyn, e ela estava sorrindo para mim como se tivesse acabado de ganhar na loteria, e eu fosse sua única concorrente.

- Ah, desculpa, querida! Ele estava muito bêbado quando eu cheguei e já foi me agarrando, sabe? – Falou Marilyn, com falso sorriso e falsa compaixão. Eu queria socá-la até não poder mais.

Já estava partindo para cima dela, quando Dimitri caiu em cima de mim –literalmente- e vomitou no vestido de Marylin. Ah, ela ia demorar para limpar isso. Dimitri até ganhava alguns pontos em desculpa.

-Rose, o que foi? Eu ouvi você gritar e ent...- Lissa se interrompeu quando viu a cena. Marylin sentada no chão com o vestido amassado, o cabelo bagunçado e com vômito no vestido, Dimitri caído no chão com um sorriso bobo e eu com uma cara que podia fazer até o melhor guardião sair correndo. – Oh, Rose, sinto muito! Venha cá, vamos tirá-lo daqui! – Como sempre, Lissa estava sendo o mais doce possível.

Deixei que Christian me puxasse até uma praça da corte, enquanto Marilyn ficava caída no chão.

- Rose, levarei Dimitri até a clínica para descansar um pouco. Vocês podem se falar amanhã, certo?- Christian estava tentando ser legal. Estranhei, mas afirmei com a cabeça.

Logo depois que eles saíram, Lissa começou a falar.

-Rose, me desculpe MESMO! Eu nunca teria os convidado para essa festa se eu soubesse o que teria acontecido! Nunca me passou pela cabeça que Dimitri faria isso...Me desculpa, sério!-

- Lissa, nem precisa se desculpar..Eu quero ficar sozinha um pouco, ok? Amanhã...nós conversamos...certo? – Eu soei bem aérea, mas estava com a mente bem longe dali. Virei as costas sem nem esperar uma resposta e saí correndo e chorando até o meu quarto, onde a única coisa que fiz foi cair na cama e chorar até dormir.

***

Merda. Por que sempre que eu e Dimitri estamos alcançando a perfeição de um relacionamento tem que vir uma vadia e estragar tudo? Já eram 8 da manhã, e fui encontrar Dimitri. Ele ainda estava na clínica médica, então foi fácil achá-lo.

Cheguei lá e ele já estava acordado, virado para as janelas sem nem piscar e chorando..chorando muito. Até que me viu.

-Roza, me desculpa! Eu perdi o controle...Estava bêbado...Nem liguei quando Marilyn me agarrou...Eu juro, juro que não foi intencional..-

-Dimitri, na mesma manhã você prometeu. Prometeu que ficaríamos juntos para sempre, prometeu que nunca me deixaria. Como vou confiar em você assim? – Eu estava muito, muito brava, mas não queria discutir com ele.

-Roza. Rose. Por favor. Me dê outra chance. Por favor. Eu prometo que não irei errar contigo novamente. Nem que eu precise ficar trancado em uma cela a minha vida inteira, eu não falharei mais contigo.

-Dimitri...Eu não quero te perdoar...Mas eu não posso.. – Respirei fundo - Ok, te darei outra chance. Mas eu preciso ficar um tempo sozinha.

Estava quase saindo da clínica quando lembrei o aviso de Hans.

-Ah, Dimitri, Hans convocará os guardiões para uma reunião a fim de esclarecer as propostas de defesa. Lissa estará lá também. Será às 7 da noite.

-Certo, obrigado, Roza.

Saí de lá mais leve, mas ainda estava com um peso no coração. O que aconteceria a partir dali? Fiquei passeando pela corte o quanto pude, até que encontrei Adrian.

- Hey, pequena dhampir! Ouvi o que aconteceu ontem à noite! Sinto muito, eu juro! Não teria dado a festa se soubesse que você ia sofrer tanto por ela..

-Adrian, está tudo bem... Nem se preocupe... Enfim, novidades?

-Sei lá se irá gostar de alguma coisa, agora que você é mais chegada à rainha do que eu, mas haverá uma festa de casamento daqui a alguns dias aqui na corte. Será entre alguém da família Ozera com um Szelski. Sabe, comida e bebida grátis é sempre bom..Ainda que venha com um casamento.. – Ele estava sóbrio, pude perceber, e brincalhão.

-Ah Adrian, você nunca muda...

-Isso é mentira, pequena Dhampir. Eu mudei. Mudei por você, lembra? Larguei os cigarros por você, diminuí a bebida por você. Tudo por você.  Eu at.. – Interrompi-o, pois sabia onde isso ia acabar.

-Adrian, admiro muito seus esforços por ter melhorado por mim, mas dá pra parar com isso? Não tô para sentimentalismo hoje.

- Então quer dizer que me prefere frio? Ou então me acha mais sexy brincalhão? Por que eu sei umas brincadeiras bem legais que tenho certeza que você ia gostar! – Esse sim era o Adrian. Sempre com cantadas baratas para cima de mim.

-Adrian, relaxe.. Não estou interessada em brincar contigo... Tenho um encontro com os guardiões hoje para decidirmos o futuro plano de defesa da corte, e estou um pouco neurótica com isso.

- Hum – Suspirou – Eu havia esquecido os danos colaterais que vinham junto com um pouco de Rose. Acho que seria melhor trocar de remédio. – Dei um tapa nele.

-Adrian! Pára com isso! – Não conseguia mais falar, de tanto rir da cena. Adrian com um braço vermelho por causa do tapa, com cara de vergonha e um sorriso sexy. Só o Adrian para conseguir ficar assim.

-Ok, pequena dhampir! Você é que manda! Ahh, não está quase na hora da reunião? –

Olhei no relógio. Eram 6:00 da tarde.

-Obrigada mesmo, Adrian! Nos falamos outro dia! – Dei um abraço amigável nele e saí correndo.

Cheguei no meu quarto suada e sem fôlego. Tomei um banho e ia começar a me arrumar com as roupas formais dos guardiões quando tive um arrepio na espinha e um calafrio. Mau pressentimento? Por precaução, coloquei roupas mais confortáveis e duas estacas em minha jaqueta. Sempre era bom sair prevenida. Arrumei meu cabelo num coque para facilitar a visão, sem falar que eu ficava muito bonita e parecia mais séria assim.

***

-Silêncio, por favor!- Hans estava gritando. Lissa levantou de sua cadeira e pigarreou, o que bastou para todos ficarem quietos e começarmos a reunião.

-Boa noite guardiões! – Começou ela. – Estamos aqui hoje pois o guardião Croft repassou a mim e aos outros superiores seus planos de defesa. Devo admitir que fiquei encantada com alguns e outros tive vontade de passar reto. Mas tive paciência e li um por um. Apesar de ter entendido bem, gostaria que um por um de vocês me explicassem melhor suas ideias. Obrigada. –

Não estava prestando muita atenção às explicações, mas algumas me chamaram a atenção.

Um guardião chamado Alexandre Thomps sugeriu que convocássemos todos os Morois da corte e fizéssemos com que eles nos ajudassem em batalhas contra Strigois.

Outro guardião chamado Steve Klowkshi nos disse que estava tudo ótimo, e nada precisaria ser mudado.

Já estava chegado minha vez de falar quando tocou o sinal de emergência da Corte. Fomos preparados para tudo até a praça dos guardiões, onde havia muitos, talvez uns cinqüenta ou sessenta, tensos, com estacas nas mãos.

Ninguém ficava quieto, então era difícil entender o que havia acontecido. Consegui entender poucas palavras por ali, então me apressei em procurar alguém que soubesse. Para minha surpresa, Mikail Tanner, meu amigo, foi quem havia tocado o sinal.

-Rose,  ajude a fazer com que todos fiquem quietos, por favor! É uma emergência!-

Assoviei com dois dedos, alto o suficiente para toda a metade da corte em que estávamos ouvisse, e todos os guardiões ficaram quietos – oitenta ao total- .

-Atenção, pessoal! – Mikail estava nervoso - Foram identificados Strigois há um quilômetro daqui. Eles estão tentando quebrar as wards da corte. São cento e cinqüenta ao todo. Eles estão muito perto, então precisamos nos apressar. Estaremos convocando mais guardiões e Morois que queiram lutar, pondo-os em duplas e vamos atacar os Strigois antes que eles cheguem até aqui. –

Como se fosse possível, tudo estava mais silencioso ainda.

Strigois.

Strigois estavam quase invadindo a corte.

E Morois iam nos ajudar a detê-los.