Freddie caminha pela calçada.

Em sua mão esquerda, está seu celular, cujo visor mostra um SMS da sua amiga de infância, Carly Shay.

A Sam saiu correndo, alguma coisa aconteceu, vá atrás dela. Você sabe onde encontrá-la.

De fato, ele sabia. Era um dos segredos que ele tinha aprendido dela após começar a namorá-la, o seu canto aonde a adolescente ia quando ficava triste, uma clareira escondida no horto florestal da cidade, bem no meio das árvores.

Quase ninguém conhecia tal lugar, Sam o tinha achado em uma das suas matadas de aula.

O garoto se embrenha no meio das árvores, puxando pela memória como se fazia para chegar ali. Havia estado duas outras vezes lá, para namorar. Aliás, duas vezes em que ela o convencera a cabular aulas. Contando com esta, seriam três vezes, três vezes perdendo  aulas por causa da Sam.

Mas sempre valia a pena, e esta vez não era exceção.

Ele se aproxima sorrateiramente. Não tinha certeza de que a encontraria ali.

Freddie se oculta por trás de uma árvore e olha para a clareira. Ela estava lá, sentada no tronco de uma árvore, que havia caído há muitos anos. O garoto se sente extremamente tocado, a cena da ex-namorada chorando lhe corta o coração.

Sam cobre seu rosto com suas mãos enquanto chora copiosamente. Mesmo a vários metros de distância, Freddie conseguia ouvi-la soluçando.

Precisava fazer algo.

Silenciosamente Freddie se aproxima dela. Quando está  alguns metros de distância, dá passos mais ruidosos, para que fosse percebido e não assustasse a garota, que já estava fragilizada.

“Loira?”

“Vai embora! Eu quero ficar sozinha!” - ela fala rispidamente, ainda que a voz falhasse. Sequer olhou para o rapaz.

Ele não a responde, mas continua avançando e se senta no tronco, ao lado dela, mantendo alguns centímetros de distância. Sabia que Sam não gostava de contato quando estava chateada.

“Você chegou a mostrar ao Brad este lugar?”

Nenhuma resposta veio.

Após vários minutos, minutos que pareceram uma eternidade, ela finalmente responde, quase num sussuro:

“Não. Este lugar é só nosso. Espero que você não tenha trazido a Cat.”

“Não trouxe, não. Posso saber o que aconteceu?”

Sam olha para Freddie, que fica ainda mais chocado ao ver o estado da sua amiga, pois seus olhos estavam vermelhos; sua maquiagem estava borrada devido às lágrimas; seu belo rosto estava inchado.

“Eu... me arrependo tanto de ter terminado com você, Freddie... eu me iludi com algumas coisas que o Brad tinha e te perdi pra sempre...”

Freddie passa o braço em volta das costas dela, trazendo-a para perto de si. O calor do contato a reconforta.

“Não perdeu, não... eu sempre vou estar por perto quando você precisar... assim como você sempre esteve por mim. Agora, por favor... me diga o que aconteceu.”

Sam respira fundo, ainda soluçando.

“... Aquele maldito terminou comigo. Acho que ele queria só transar...”

O adolescente a fita, e o pensamento de Brad a tocando o faz se encher de ódio; entretanto, não podia transparecer tal sentimento à amiga.

“E até sobre isso...”

Ela corta o que estava falando. As palavras eram difíceis de se proferir.

Freddie continua olhando para ela, que sente começa a sentir confiança para falar algo que há muito estava preso em sua garganta.

“... Eu não sei... Aquela vez foi muito estranha, você sabe?” Freddie acena com a cabeça “Eu juro, Freddie... Eu não me lembro de ter bebido tanto assim pra apagar...”

Sam pausa por um longo período.

“Freddie...”

Ele não queria tocar em um assunto tão delicado, mas, como ela mesma levantara a questão, resolveu não interrompê-la.

“Sim, querida?”

“... Será que eu fui estuprada?”

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É intervalo.

Bradley Thomas Anderson, vulgo Brad para os jovens da Ridgeway, caminha pelos corredores, de olho no movimento dos alunos.

Cumprimentando um amigo aqui e outro acolá, de repente o rapaz loiro se depara, ao longe com a imagem de sua próxima vítima - Cat Valentine - sentada no banco externo ao lado de Carly Shay. Elas pareciam mais próximas nos últimos dias. Não havia sinal de Freddie.

O rapaz olha para as atitudes da ruiva. Olha para ele, mas, quando Brad a fita, vira o rosto, dando sorrisinhos.

Está no papo...

Sorrindo, Carly fala algo para Cat e a deixa. A ruiva permanece sentada, mexendo em seu celular.

Brad sente que era o momento para atacar.

Aproxima-se do banco e se senta nele, sem pestanejar.

“Posso?”

“Bom, você já está aí...”

Cat afirma com um sorriso nos lábios. Brad aproveita para se sentar mais próximo a ela.

“Eu tô sentindo que você está mais amistosa comigo...”

“Ih, ih, ih... impressão...”

Ele se arrisca a colocar sua mão em cima da dela. Cat não o repele.

“Aí... você não quer ir na minha casa hoje à tarde?”

“Eu estou com vontade de tomar uma vitamina lá do Costela.”

“Marcado. Pode deixar que eu pago.”

“Ih, ih... tá... depois da aula a gente se vê...”

A ruiva se levanta e sai andando pelo pátio. Brad olha para o bumbum dela, admirando seu sensual rebolado.

Um par de horas mais tarde, Brad e Cat saem juntos na motocicleta do rapaz, em direção ao Vitamina da Hora.

Os dois jovens efetuam seus pedidos e logo recebem suas vitaminas, que eles tomam em uma pequena mesa, própria para apenas duas pessoas. Durante os minutos, os dois se entreolham, em uma típica cena em que os dois demonstram interesse um pelo outro. Aproveitam também para conversar sobre assuntos leves.

Brad limpa a boca com um guardanapo. Poucos segundos depois, Cat passa seus dedos por entre as madeixas louras do rapaz.

“Tinha uma sujeirinha ali...”

Brad puxa Cat para si e lhe rouba um beijo.

“Aposto ue foi melhor que o Freddie...”

“Hum... talvez...”

Havia sido mais fácil do que Brad imaginara. Freddie devia ser um banana mesmo, para conseguir perder duas mulheres para ele em poucos meses...