Sarah

Eu queria sair de lá, não sabia onde eu estava direito, mas eu sabia que estava em um lugar seguro. Fiquei com uma vontade de sair de lá e explorar aquele lugar, mas tinha um garoto que queria falar comigo. Seria o Nico? Não sei, o que me resta é esperar.

Alguns minutos depois, que pareceram horas, um garoto atravessou a porta. Pela minha infelicidade não era o Nico. Ele devia ser um pouco mais velho que eu. Tinha cabelos e olhos castanhos e veio andando até mim com bastante tranqüilidade. Eu não o conhecia, e não faço a menor idéia do que ele quer conversar.

–Oi – ele disse se sentando na cama ao lado da minha.

Levantei e sentei de frente para ele.

–Oi – eu disse desconfiada – Quem seria você?

–Meu nome é Leonardo Valdez, mas me chame de Leo. – ele disse sorrindo.

–Sou Sarah – eu disse.

–Eu sei.

–Eu não estou entendendo nada. – eu disse tímida.

–Desculpe – ele disse – Me deixe explicar: Eu estava andando pelo acampamento, quando eu vi você e Michel entrando no acampamento, daí você desmaiou e eu te levei para a enfermaria. Eu fiquei vindo até aqui esses três dias, para ver se você já tinha acordado.

–Então você me salvou?

–Só te trouxe até a enfermaria – ele disse dando ombro – Nada de mais. Só que eu nunca tinha feito isso, por isso vim até aqui esses dias, vai que eu não fiz a coisa certa?

–Por que não trazer uma pessoa a enfermaria não seria a coisa certa? – eu perguntei rindo.

–Sei lá, só tive a impressão que você dependia de mim, queria ter certeza que você estava boa.

–Estou sim – eu disse sorrindo – Obrigada, por tudo. Por se preocupar comigo, ter gasto seu tempo vindo até aqui, por ter me levado até a enfermaria...

–Não se preocupe. Só saiba que a partir de hoje eu vou te proteger, sinto que tenho que fazer isso.

Sorri tímida, aquilo tinha me feito lembrar no Nico, ele disse a mesma coisa e agora eu não faço a menor idéia de onde ele esteja.

–Quantos anos você tem? – eu perguntei mudando de assunto.

–15 anos – ele disse. Por que eu sempre sou mais nova? – e você?

–14. Quase 15! – eu o informei.

–Quando é seu aniversario?

–16 de setembro. Que dia é hoje? – eu perguntei.

–Está quase chegando! Hoje é dia 9 de setembro.

Isso me fez sorrir.

–Quem é seu pai ou mãe? – eu perguntei, estava realmente curiosa.

–Meu pai é Hefesto. – ele disse com orgulho.

–Legal...

–Bom – ele disse saindo da cama – Acho que você já pode sair daqui. Você consegue?

–Sim!

Estava realmente desesperada para sair de lá. Pulei da cama e fiquei satisfeita por sentir os pés no chão.

–Vem Sarah – ele disse – Vamos conhecer o acampamento.

Leo me mostrou o acampamento inteiro, e eu o achei lindo. Ele me explicava tudo com os mínimos detalhes, como se estivesse decorado o que tinha que falar. Explicava-me sobre todas as suas aventuras. Deduzi que todo meio sangue já viveu sua aventura, menos eu.

Quando estávamos na área dos chalés algo me chamou a atenção. Bem no canto, tinha um chalé todo preto. Senti uma tristeza e saudade me invadirem. Eu tinha certeza que aquele era o chalé de Hades.

–Podemos ver aquele chalé? – eu perguntei.

–Ah! O chalé de Hades! Claro! – Leo disse.

Conforme chegávamos mais perto dele, pior eu ficava. Estava sentindo falta de todo aquele preto, de toda aquela escuridão. Entrei dentro do chalé, estava vazio.

Lá dentro tinha duas camas, um banheiro e um armário. Sentei na cama, eu podia sentir que Nico já estivera aqui. Dentro do armário tinha uma camiseta pequena preta e um monte de cartas, não sei do que são.

–Por enquanto não tem nenhum filho de Hades aqui. – Leo disse, e eu lembrei que ele estava lá.

–Mas já teve? – eu perguntei.

–Sim, teve dois. – Leo disse – Eu não conheci nenhum dos dois. Os dois eram irmãos mesmos, só que a garota morreu e o garoto foi morar com o pai, eu acho.

–Hum... – eu disse.

–Que tal eu te apresentar aos meus amigos? – ele disse.

–Claro!

Saímos do chalé de Hades, o que foi difícil para mim. Leo me levou até um lugar que tinha uma fogueira, no momento apagada, no centro. Tinha algumas pessoas conversando. Leo me levou até eles.

–Oi gente! – Leo disse.

–Oi – todos disseram juntos.

–Quero que conheçam uma pessoa. – Leo disse.

–Finalmente arranjou uma namorada! – um menino disse – Esqueceu a Quione?

–Cala a boca! – Leo disse rindo – É só uma amiga, e eu nunca senti nada pela Quione, só a achei bonita!

–Sei... – o mesmo menino disse.

–Ela é a Sarah – Leo disse ignorando o amigo – Indeterminada. Chegou no acampamento a três dias, mas estava desmaiada.

–Incrível como todos que chagam aqui desmaiam... – um outro garoto disse, e era a segunda vez que eu ouvia aquilo.

–Bom – Leo continuou – A historia dela é meio complicada, nem eu entendi direito, depois ela mesma conta.

Concordei com a cabeça.

–Sarah – Leo disse – Esses são: Jason, Annabeth, Percy, Piper, Grover e o Michel você já conhece.

–Oi – eu disse tímida.

–Oi – todos disseram juntos.

–Jason é filho de Zeus, Annabeth filha de Athena, Percy de Poseidon, Piper de Afrodite e o Grover e o Michel são sátiros. – Leo completou.

–Senta aí – Percy disse.

Sentei-me ao lado de Leo.

–Só uma amiga, né? – Jason disse rindo.

Leo rolou os olhos.

–Não liga para ele. – Leo sussurrou.

–Já estão de segredinhos? – Jason disse.

–Sabe – eu disse – Quem irrita tanto assim alguém está apaixonado.

Todos riram.

–Não é verdade – Jason disse.

–Se você acha que Leo está apaixonado quer dizer que você já sentiu.

Jason ficou com uma cara seria, mas depois começou a rir junto com os outros.

–Gostei de você – Jason disse e eu sorri.

–Conte sua historia – Percy disse.

–Fui prisioneira do Mundo Inferior – eu disse.

–Ah sim! – ele disse – Ouvi falar de você.

–Como? – eu perguntei.

–Todos os deuses estão te procurando, e muitos desconfiavam que você estivesse no Mundo Inferior. Mas, você conheceu Nico?

Meu coração parou por um momento.

–O conhece? – eu sussurrei.

–Sim! Ele é um dos meus melhores amigos! – Percy disse.

–Conheço. – eu disse.

–Acho que você precisa desabafar. – Annabeth disse.

–Não, obrigada. – eu disse.

–Conte sua historia. – ela implorou.

Respirei fundo e comecei a contar toda a minha historia, desde o momento em que um cão infernal me atacou. Todos me olhavam em silencio como se fossem crianças. Ficavam aflitos em qualquer momento.

Contei a historia sem medo, com todos os detalhes e sem passar nada, menos os quase beijos como Nico. Contando tudo aquilo finalmente descobri que eu tinha vivido uma aventura.