- B-Brendon, eu... me desculpa, sinto muito mesmo cara, nunca imaginei que isso podia acontecer, olha se voce quiser eu te dou outra coisa...  Dallon gaguejava suas desculpas, parecia completamente desconcertado. - Tudo bem, não precisa me dar nada. Sério. Agora já foi - Falei, com enorme dificuldade em manter minhas palavras calmas -  Então, bem, adeus pra voces, eu preciso dormir, estou um pouco cansado , depois de tanto ensaio, e voces tambem devem estar, então, já vou indo.  Acenei brevemente para todos, e me retirei, enquanto entrava no carro, ouvi Dallon gritar suas desculpas para quantos quisessem ouvi-lo. E bati a porta do carro com força, como que para descontar um pouco da minha raiva, que ameaçava eclodir a qualquer momento. Sei que devem ter notado que fiquei chateado com o incidente, eles sabem que odeio que mexam nas minhas coisas sem eu saber, mas se eu ficasse lá para tentar disfarçar, poderia ter me metido em confusão com Dallon. Chegando em casa, descobri que Sarah havia ligado, e eu , mais uma vez , havia esquecido o celular. Foram cinco ligações, devia ser alguma coisa importante, talvez sobre o casamento, afinal, agora faltavam 5 dias. Me arrumei para dormir, e ajustei o despertador para as 6 horas da manha, pretendia fazer uma caminhada matinal no Central Park, para refrescar as ideias. Nesse momento, Ryan estava com seus olhos fixos em mim, e chorava. Não me dei ao trabalho de levantar para falar com ele, e como previsto ele desapareceu. Adormeci quase instantaneamente. Eram 4 da manha aproximadamente, e eu estava sem sono. Acordara e estava contemplando o teto de meu quarto. Pensei  em me levantar, comer alguma coisa, ligar a tv, mas por algum motivo que desconheço, mantive-me imóvel, incapaz de fazer qualquer movimento, foi estranho, uma das sensaçoes mais estranhas que sentira durante toda minha vida. Alguem estava me observando. Ryan viera, e dessa vez foi mais que uma imagem, mais que uma banal aparição. Ele sentou-se no lado vago da cama, o lugar que normalmente Sarah ocupava. - Não resisti, vim te fazer uma visita meu bebê. Será que eu estava ficando louco? Isso não pode estar acontecendo. - Ryan? - perguntei hesitante. - Sim Brendon, sou eu. Você não achou que eu tivesse te esquecido achou? - Eu... bem... na verdade tento não pensar em voce. Tem sido mais facil fingir que voce não existe. Ryan parecia chocado com minhas palavras. - Fingir que eu não existo? Brendon, você é e sempre foi a coisa mais importante da minha vida. Sem voce, não existe razão pra viver. A única coisa que me faz bem é pensar em voce, pensar naqueles dias que passamos juntos, e voce vem me dizer que me esqueceu, como você acha que me sinto? Tendo que ver o homem que amo prestes a se casar. E não minta pra mim, eu sei que voce não a ama! - Mas do que voce está falando? Céus Ryan, cale a boca! CALE SUA MALDITA BOCA! - Quando me dei conta estava gritando a plenos pulmoes - VOCE NAO PODE VIR AQUI EM CASA DESSE JEITO, E ME DIZER QUE NAO AMO MINHA MULHER, VOCE NAO PODE RYAN, VAI EMBORA E NUNCA MAIS QUERO QUE VOLTE. SAÍ! ENTENDEU BEM? SUMA! E começei a soluçar, me estatelei no frio chao do quarto, não conseguia parar de chorar, não conseguia, e Ryan já havia desaparecido. Como fui grosso com ele, agora corria o risco de nunca mais vê-lo novamente. Não sei porque gritei aquelas coisas para ele. Na manha seguinte, ao som do despertador, a primeira coisa que tive certeza de ver com clareza foi meu par de tenis converse vermelho deixado a esmo na beira da cama, na noite passada. Eu adormecera na chão, e as memorias do que havia acontecido estavam vívidas em minha mente. Uma sensação de remorso se infiltrava em meu peito. A única coisa que me confortava era saber que aquilo não foi real, Ryan não estivera ali de verdade. Troquei de roupa rapidamente, escovei meus dentes, coloquei meu tenis de caminhada, e desci as escadas, já aproveitando para me aquecer. Ao abrir a porta , recebi o gélido ar da manha em meu rosto, a fustigar meus cabelos. E saí correndo, alternando entre caminhada e corrida. Uma hora depois, já bastante cansado e pingando suor, percebi que a caminhada foi realmente uma boa ideia, estava me sentindo muito melhor.  Assim que cheguei em casa, tomei uma ducha, e ainda estava de toalha quando meu celular tocou. Era Jon. Não pude imaginar o motivo da ligação, mas me animei um pouco. - Oi Brendon, aqui é Jon, se lembra de mim certo? - E deu uma risada, que saudades dessa risada - Sei que faz tempo que não nos falamos, e então, como vai? - Olá Jon, é realmente fazem semanas que não no falamos, eu estou muito bem - menti - E voce, ainda tem alguns gatos? - Brinquei. Jon soltou uma gargalhada divertida e demorada e exclamou - Sempre! Agora tenho 7, mas a Lila está grávida, entao em breve terei mais.  - E fez uma pausa - E então, como seu casamento se aproxima, e eu soube atraves do Spencer que Sarah está com a mãe, pensei que talvez voce quisesse aproveitar seus últimos dias de solteiro, e organizei uma pequena confraternização só para homens aqui em minha chacara. E nao aceito não como resposta. - Jon, Jon, isso está me parecendo um despedida de solteiro! Estou certo? - Pode ser - E deu uma risada que confirmou tudo - Mas então voce vem? Todos vão estar lá, e estamos contando com você! - Ah, tudo bem, eu vou. - Achei desfeita recusar, e não pude deixar de pensar que seria uma chance de rever Ryan. - Okay, então, não precisa trazer nada, as bebidas e todos o resto é por minha conta, alias a ideia foi minha. Vai ser amanhã, a partir das oito, e vê se não se atrasa! - Jon conhecia minha falta de pontualidade. - Certo Jon, não me atrasarei, e guarde alguns gatos para fazermos o churrasco amanha - dei uma risada. - Ah sim, já providenciei montes deles. - E deu mais uma de suas longas gargalhadas, rindo de uma piada a muito esquecida - Entao é isso Brendon, te espero amanha, abraços. - Abraços Jon, até amanha! - E desligamos.