The Coldest Christmas Eve escrita por Leh-chan


Capítulo 2
DIA 23 - Ressaca, Visitas e Problemas


Notas iniciais do capítulo

"Provavelmente repeti isso porque estava com medo de te perder.
Estando perto, eu tentei me livrar dos dias que não pude esquecer.
Você segurou minha mão sem perguntar nada..."



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:: DIA 23 – Ressaca, Visitas e Problemas ::


[R
uki’s POV]

           Dia 23 de Dezembro. Não dormi nem por cinco minutos, e comecei a achar essa tentativa inútil. Conseguira, porém, me acalmar consideravelmente. Meus sentimentos eram confusos, e eu realmente não sabia o que, exatamente, eu queria (ou devia) fazer com Akira naquele momento. Só sabia que... Eu não devia tê-lo ofendido. E daí que ele vai pra casa da mocréia? Acho que confio nele, ele não me trairia... De fato, não me trairia; não com ela. Eu sabia disso, sempre estive consciente. Por que então fiz todo aquele escândalo? Talvez eu devesse a ele um pedido de desculpas ou qualquer coisa... Mas ele me chamou de infantil, e isso também não foi legal da parte dele. Quer dizer... É meu jeito, não é proposital! Ele não ficaria feliz se eu ficasse o chamando de birrento, também.

           Já eram mais de nove horas da manhã e eu continuava deitado no sofá, agarrado ao enorme casaco fofinho com o qual ele estava vestido na noite passada, inalando o perfume que senti tanta falta... Por mim ficaria assim o resto do dia... Ou da semana, talvez. Com sorte perderia as comemorações de fim de ano. Mais uma vez, bateu uma leve tristeza. Se Reita tivesse saído comigo ontem, provavelmente voltaríamos pra casa tarde e ele passaria a noite pra dormir aqui. E agora estaríamos acordando... E...

           Um barulho interrompeu meus devaneios, acho que por sorte. Alguém batia com muita força na porta, cheguei a pensar que ela fosse cair. Não queria ver ninguém... Mas então os golpes aumentaram em velocidade e intensidade, e pude ouvir uma voz grossa gritando “EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ AÍ TAKANORI, ABRE ESSA PORTA!”.

           Reconheci a voz rapidamente: era Kouyou. O que o fazia bater tão desesperadamente?  Em todo caso, diante de sua persistência e de uns bons quinze minutos, abri.

           Ele deve ter notado meus olhos vermelhos ou qualquer coisa do tipo, pois sem mais explicações, pulou em cima de mim e abraçou-me com força, afagando meus cabelos. Não posso negar a surpresa que senti com aquilo, passei apenas os braços em volta de sua cintura (lugar onde pude alcançar sob tais circunstâncias) e apressei-me em perguntar se ele estava bem. A resposta me surpreendeu.

           – ‘Tô sim, mas... E você Taka, ‘tá bem? – E dizendo isso, me apertou mais ainda.

           – Ahan, por que a pergunta, Kou?

           – Eu soube de ontem.... – Então o silêncio reinou. Por instantes ficamos abraçados, e eu sugeri que entrássemos, pois já estávamos atraindo alguns olhares curiosos. Ele aceitou e me soltou meio incerto, assim pudemos entrar. Convidei-o a sentar no sofá, ele aceitou de bom grado. Sentei-me ao seu lado, e antes mesmo que eu pudesse começar a falar, ele desembestou:

           – Encontrei Reita na rua. Estava completamente bêbado, provavelmente nem voltou pra casa. – Essa revelação fez meus lábios se entreabrirem num suspiro surpreso. – Ele estava péssimo. Bem, bêbado do jeito que estava, não se importou em ceder algumas informações... Logo imaginei que você também não estaria nada bem. Vim correndo pra cá...

           – Hm, você está enganado. ‘Tô completamente bem. Sério. – Confirmei ao vê-lo olhar pra mim inquisitorialmente.

           – Não, não, nada bem. Nada está bem.

           – Como ele está? – Interrompi-o.

           – Melhor. Levei-o para minha casa e deixei-o tomando um banho gelado depois de preparar um café bem forte. Sabe, ele parecia realmente arrependido pelo que te disse. – E aquilo me atingiu como um pedregulho vindo de Marte direto pro meio da minha testa. Não via como ele poderia estar arrependido por me dizer aquilo, ainda mais visto que, no fundo, eu sabia que era verdade, e foi por isso que doeu tanto.

           – Hum... Melhor assim. Acho que ele vai pegar o vôo hoje, sabe, com você cuidando dele, ficará bom. – Uruha olhou para mim. Na verdade, não exatamente para mim: sua visão estava opaca, parecia não focalizar nada em específico. Decerto, pensava em algo profundamente interessante, pois demorou um tempo para responder, com um sobressalto ao notar que ficou muito tempo daquela forma.

           – Em todo caso... Não vai deixar isso estragar seu Natal, não é? Quero dizer, não...

           – Não vou à festa. – O interrompi novamente. – Segurar vela não é minha atividade preferida. – Essas palavras pareceram atingi-lo. Fiz inconsciente, mas sabia que ele e Aoi estavam passando por maus momentos em sua relação, e Kai e Miyavi ainda não haviam assumido que tinham um caso, apesar de ser completamente óbvio.

           O silêncio pairou por mais um bom tempo, em que ambos ficamos encarando nossos pés, o que, aliás, me fez notar que eu precisava comprar meias novas, mas isso não vem ao caso. Muito tempo depois, o que me pareceu uma eternidade, Kou voltou a quebrar o silêncio:

           – Você sabe que não é bem assim. Eu não sei o que vai acontecer daqui em diante e... – Ele parecia estranhamente frágil naquele momento. Comovente, não? – E bem, eu... Acho que... Seria legal, se você fosse, sabe... Eu não posso ficar muito tempo perto do Yuu sem que... Coisas aconteçam, entende? Ficaria feliz se você estivesse lá comigo, Taka... Mas entendo se não quiser. – Pronto. Esse loiro idiota realmente sabe conseguir o que quer. O que eu poderia dizer diante daquilo?

           – Tudo bem... Acho que não tem problema eu ir...

           – JUUUUURA? – Seus olhos cintilavam quando ele avançou para cima de mim, como uma criança que consegue convencer o pai a lhe dar um aumento na mesada. Eu apenas pude sorrir levemente e confirmar com a cabeça.

           – Sim...

           – Promete que não vai mais ficar aí deprimidinho, então, que eu tenho que voltar pra casa para... Hm, você sabe... – O jeito que evitou citar Akira não me deixou confortável, mas procurei não demonstrar.

           – Prometo.

           – Certo, então... – Foi se levantando lentamente. – Eu só tenho que convencer mais três de comparecer a festa! – E sorriu, triunfante. Isso quer dizer que ninguém tinha aceitado? – Sabe como é... Todo mundo ‘tá com problemas, né... Mas quem sabe as luzes mágicas do Natal não resolvam tudo isso? – Lá vem ele com histórias estranhas do Natal. Eu mereço, eu juro que mereço...

           Mal tive tempo de responder e ele já estava indo para a porta, acenando. Como havia prometido, não podia ficar deprimido. Não sou de quebrar promessas... Quando se promete algo, deve-se cumprir, não importa o que aconteça. Logo, tive que ocupar minha mente, e fiquei pensando no que Uruha dissera.

Sabe como é... Todo mundo ta com problemas, né...”


            Eu e Akira obviamente não estávamos em nosso melhor dia. Kai e Miyavi estavam com dificuldades de aceitar a situação deles... E Aoi e Uruha estavam meio indiferentes entre si, apesar de continuar namorando, e eu sinceramente acho que Kouyou ocultou algo de mim. Todos esses problemas ligados ao amor. Talvez a única coisa que eu tinha a fazer era, realmente, esperar que as ‘luzes mágicas do Natal’ tivessem um bom efeito sobre meus colegas; não queria vê-los com problemas. E, no caso de as luzes não resolverem, a gente sempre pode recorrer a uma boa dose de Vodka, claro...


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Notas finais do capítulo

N/A: Bem, espero que tenham gostado do capítulo, e espero que o Natal de vocês tenha sido bom.

Para essa fic acabar, só falta mais um capitulozinho. O que será que vai acontecer? Tchan, tchan, tchan, tchaaaaan~ q