Frente a frente com o inimigo

“Cinco segundos pra explosão! Foi bom conhecer vocês!”, Elizabeth sacou outra placa em meio ao desespero geral.

Quatro.

Três.

Dois.

Um.

Kagura, nesse instante, pensou rápido e, com toda a sua força sobre-humana, jogou a bomba-relógio o mais alto que pôde. A bomba ganhou velocidade para chegar à estratosfera e, uma fração de segundo depois, explodiu como fogos de artifício. Com isso, o grupo respirou mais aliviado.

Mas esse alívio não durou muito.

– Não nega o sangue mesmo, hein, Kagura-chan?

“Quem é ele?”, Elizabeth perguntou por uma placa.

Shinpachi ficou apavorado. Sabia o tamanho da encrenca que vinha por aí. E não era pouca. Kamui estava ali, sorridente como sempre e aplaudindo o feito de Kagura. O garoto de óculos sabia muito bem da força do jovem Yato e, pra piorar a situação, este não aparecera sozinho. Ao lado do rapaz ruivo e de aparência inocentemente simpática, estava um homem alto e de cabelos longos, que trajava uma capa escura – e disfarçava a ausência de um braço.

Ali estavam juntos, como sempre, Kamui e Abuto.

E fora Abuto quem conseguira despertar o “monstro interior” de Kagura – fato que apenas Shinpachi presenciara em Yoshiwara. E que o deixara aterrorizado. Não só a ele, como à própria Kagura, que lutava contra o temperamento bestial típico de seu clã, escondido por trás daquela fachada de “menininha” de língua afiada.

Elizabeth sacou outra placa: “Insisto: Quem são eles?”

– O ruivo é o Kamui, irmão da Kagura. – Shinpachi respondeu. – O companheiro dele se chama Abuto. Eles são tão ou mais fortes que a Kagura.

“Tenso...”, a criatura respondeu com mais uma placa.

– Isso significa que eles são perigosos, não é? – Kondo perguntou.

– Comandante, eles trabalham para o Harusame. – Yamazaki afirmou. – O tal de Kamui é aliado do líder do Kiheitai, Takasugi Shinsuke. Isso já é informação suficiente para sabermos da periculosidade desses dois.

Kondo e Yamazaki já correram ao ataque, desembainhando suas katanas e não dando tempo de Shinpachi adverti-los sobre o verdadeiro perigo ao qual estavam se expondo. O espião se encarregou de atacar Kamui, enquanto o comandante do Shinsengumi ia pra cima de Abuto.

Mas logo sentiram que não eram páreo para os Yato. Abuto, com apenas um golpe de seu guarda-chuva, conseguiu se livrar de Kondo facilmente. Ignorando o físico robusto de seu adversário, fez com que ele colidisse com força contra a parede oposta e ficasse fora de combate.

Yamazaki aproximou-se de Kamui, cuja expressão facial denotava completo sadismo. Desferiu um potente soco contra o espião e já ia apontar o seu guarda-chuva para disparar contra ele.

Mas, acabou sendo impedido, pois dispararam contra ele primeiro, dando tempo para que Yamazaki corresse dali.

– Kagura-chan?

– Não me chame assim. – ela respondeu ao irmão.

– Você está perdendo tempo ficando aqui em meio a gente tão fraca.

– Eu gosto daqui.

– E só por isso vai se conter em uma luta? Pra não machucar seus amigos fracos, como aquele “quatro-olhos”, por exemplo?

Com uma velocidade assombrosa, Kamui conseguiu aproximar-se de Shinpachi. Este não conseguiu se mover, por conta do pavor. Afinal, ele era só um garoto “normal” ali. Acabou sendo golpeado impiedosamente no rosto pelo Yato e foi parar longe. Antes que fosse desferido mais um golpe, Kagura acertou um potente chute no estômago de seu irmão, descontando a revolta por ele ter golpeado seu amigo e companheiro de Yorozuya.

– Deixa o “quatro-olhos” fora disso, Kamui. – ela disse apontando o guarda-chuva para ele.

– Tudo bem, maninha. – Kamui concordou sorridente.

O olhar sério da garota, dirigido a Kondo, Shinpachi, Elizabeth e Yamazaki foi o sinal para que entendessem que a coisa ali iria “pegar fogo”. Decidiram sair do local, com Yamazaki amparando o Shimura, que ainda não estava refeito do golpe tomado.

“Se cuida, Líder!”, Elizabeth disse com mais uma de suas costumeiras placas.

Abuto não ousou deter os demais. Preferiu ficar onde estava, apenas para ver um duelo entre irmãos.

*

– Takasugi, pare de se esconder! – Katsura vociferou. – Apareça!

– Esquece, Zura... – Gintoki disse. – Com todo esse escândalo nosso, ele já deve ter fugido.

– Não é Zura, é Katsura. Talvez não tenha fugido.

– Também, o culpado de tudo é você, Yorozuya. – Hijikata alfinetou. – Além de encrenqueiro e linguarudo, você é escandaloso e acabou com todo o “elemento-surpresa” que tínhamos!

– Ei, ei, quem começou a gritar foi você! Se você não abrisse essa sua matraca e gritasse na hora que tropecei, eu não precisaria ter gritado pra você parar de gritar!

– Desde quando gritar para alguém parar de gritar funciona? Só se for lá na sua terra!

– Você já tá me tirando do sério, aberração da maionese!

– Aberração é você! Uma grande aberração do açúcar!

Gintoki e Hijikata já estavam prontos para se engalfinhar em mais uma briga, quando só tiveram tempo de ver mais duas kunais indo para suas testas. Mas, desta vez, não caíram para trás. Permaneceram na mesma posição de defesa, com os braços à frente do rosto, apesar de as kunais estarem grudadas na testa.

Nisso, caiu a ficha de ambos, que tiraram as kunais de suas testas. Elas tinham ventosas e apenas haviam grudado. Eram inofensivas.

– Vocês deviam ter visto a cara que fizeram antes de serem atingidos pelas kunais. – Okita não perdoou.

– Ora, seu...! – os dois já queriam a cabeça do capitão da 1ª divisão do Shinsengumi.

– Um deles deveria ter ido com os outros ao QG do Shinsengumi. – Tsukuyo disse.

– Começo a concordar. – Katsura concordou.

– Pra quê...? – Okita disse sorridente. – A briga entre o Hijikata-san e o Chefe Yorozuya é tão divertida...

– Cabeça-dura como sempre, hein, Gintoki...?

Junto com Gintoki, o restante do quinteto dirigiu seus olhares para de onde vinha a voz que falara com o Yorozuya. Outro quinteto acabava de entrar em cena. Kijima Matako, Bansai Kawakami, Takechi Henpeita, Yamada Naru e...

– Takasugi Shinsuke... Que surpresa! – o albino ironizou. – Pensei que você iria fugir feito um covarde...