Suicide escrita por Giovanna


Capítulo 1
Death


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! É uma short, inspirada em uma amiga. Beijos.



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A menina andava pelas ruas de Nova York acompanhada da melhor amiga. Ela carregava uma montanha de livros e a amiga ao seu lado carregava as coisas da menina sem saber o porquê de tudo aquilo. Ela suspirava de minuto em minuto. Provavelmente aquilo era a única saída para ela.

- Pra que tudo isso?

- Você vai saber, loira.

- É sério, Thalia. Por quê?

Thalia olhou para a amiga irritada, que a olhava seriamente. Aquele olhar dava medo em qualquer alma que estivesse por perto, mas Thalia não se deixava intimidar por aquilo. Logo atrás delas estavam caminhando dois meninos, que olhavam o olhar de uma para a outra e correram para separar a futura briga que se armaria entre as duas amigas.

- O que está acontecendo? – Di Ângelo perguntou.

- Sua querida amiga me fez ajuda-la pegar todos seus pertences que estavam dentro do armário na escola e não quer me dizer por quê.

- Como se eu devesse alguma coisa pra você, Annabeth.

- Eu mereço saber, não mereço? Ajudei-te até aqui. Fala logo, Thalia.

- Não é nada. Só vou arrumar as coisas.

- Ah claro. Você anda muito suspeita, sabia? Há quanto tempo que não saímos juntos? Você tá se matando, Thalia. Por que você vive fumando e bebendo? Por que vive naquela droga de bar naquelas drogas de musicas que te desvalorizam e não contribuem nada? Eu sinto falta da minha amiga, sabia?

- Sinto muito se eu não posso voltar a ser o que era antes. E eu não vou ficar aqui no meio da rua discutindo com você. Se não queria me ajudar era só ter avisado, eu me virava.

- Para, Thalia.

- Estou parada no momento, Jackson.

- Então pare em todos os sentidos.

- Quer saber? Segura – A menina jogou os livros no braço de Percy e mexeu na bolsa, a procura de um pacote que guardava ali. Sua busca foi concluída quando achou um pacote de cigarro e o acendeu e inspirou, sentindo toda a nicotina entrar em si, melhorando. Seus amigos, e todas as pessoas que passavam por ali, olhavam aquela cena assustados.

- O que é? Nunca viram ninguém fumando?

- Ver alguém fumar é diferente de ver minha amiga de quinze anos, fumar.

- Então se acostume.

- Dá pra parar com essa máscara superficial?

- Realmente. Devolve minhas coisas. Não vou perder meu tempo aqui, discutindo com vocês.

- Vocês dois, não devolvam.

- Quem é você para falar alguma coisa, Nico?

- Alguém. Não devolvam. Vamos leva-la e levar a coisas até a casa dela. Annabeth me dá aqui – Nico puxou as coisas da mão da amiga para levar. Revirou os olhos ao ver tudo aquilo.

- Não preciso de escolta particular.

- Pior que precisa. Vamos.

O caminho foi calmo. Thalia evitava olhar para os amigos, que estavam entretidos em uma conversa e, se não fosse pelas coisas que carregavam, nem notariam que a menina estava ali.

O fato era que ela estava se sentindo... Diferente. Mudara por dentro e essa mudança estava refletindo por fora também. Deixara os velhos hábitos para trás, mas uma marca, uma marca que tinha no menor dedo da mão direita não a deixava esquecer os deveres que tinha com a amizade com os três que estavam atrás dela: Na terceira série haviam combinado de nunca se esquecer do outro, mesmo que acontecessem as piores das tragédias como a morte. Furaram o ultimo dedo da mão direita e aquela marca nunca mais saiu.

A menina olhou para a marca e sentiu o coração pesar. Estava quebrando uma das principais leis que ela mesma fizera: Não se afastar dos amigos. Olhou para a marca novamente e para o braço coberto pela jaqueta, que desfrutava de longos e profundos cortes. Cortes feitos por ela mesma para descontar sua raiva, sua tristeza e suas mágoas.

Começara a fazer isso com nove anos, logo quando o pai morreu. No começo, não sabia muito bem como fazer. Começou com um pequeno corte na hora do jantar, sem querer, onde fora muito fundo e sangrara demais e ela sentiu prazer em ver aquilo. Depois foi se tornando frequente. Ninguém sabia daquilo, ninguém nunca vira. Cortava-se em todos os lugares: braços, pernas, barrigas. Certa vez já se cortou até no pescoço.

E tudo isso por culpa da morte do pai, já que a menina era muito apegada a ele. Sua mãe não lhe dava atenção. Para ela, a filha era um erro que jamais deveria ter acontecido. Já Jason... Ah! Ele era o príncipe da mamãe, se não era o rei. Mas Thalia não tinha raiva do irmão, já que sabia que tudo aquilo não era nem em uma parcela culpa dele. E também era culpa do amigo logo atrás dela. Nico di Ângelo. Por mais que odiasse admitir, se apaixonara por ele. Mesmo sabendo que o menino não se apegava a garotas. Gostava da fama de “pegador” que tinha por mais que não fosse verdade.

Ela não era normal. Definitivamente não era. Era exatamente por isso que estavam levando todas as suas coisas para casa. Poderia estar sendo precipitada demais. Mas talvez aquilo fosse a única forma de fazer tudo aquilo melhorar.

- Quer ajuda para levar as coisas lá para cima?

- Não precisa. Obrigada. Deixem-nas aqui no canto. Eu pego-as mais tarde. Até porque minha mãe está lá babando o príncipe dela, vulgo Jason e acho que vai odiar a presença de vocês lá, até porque ela odeia tudo que é relacionado a mim – Suspirou.

- Boa sorte com a sua mãe.

- Vou precisar. Até amanhã. E... Obrigada.

- Somos seus amigos, lembra? – Percy levantou o dedo mindinho marcado.

- Exatamente. Qualquer coisa você sabe que pode me ligar – Annabeth piscou para a amiga, que assentiu e virou as costas, entrando na casa.

Caminhou em passos lentos até a porta, com esperanças que não chegasse até a porta. Abriu-a e encontrou o irmão e a mãe, que estavam sentados no sofá, olhando impacientes para a porta. Na verdade, a mulher estava impaciente. O menino observava a mãe com tédio.

- Por que demorou?

- Não lhe interessa.

- Pare de rebeldia.

- Não estou sendo rebelde. Com licença. Não vou almoçar hoje.

Subiu em disparada para o quarto, sem esperar a mãe. Sentou-se na cama e pegou a lamina que estava em uma caixa no guarda-roupa e a dirigiu para a perna. Ver o sangue saindo dali lhe acalmava.

Pegou uma garrafa que estava ali no mesmo lugar e a ingeriu quase inteira em um gole. Olhou pela janela e percebeu que uma chuva se formava, caindo das estrelas. Deu de ombros. Não continuaria ali para ver mais daquela chuva.

Olhou o pulso e suspirou. Sabia que um dia faria aquilo. Sempre soube. Mas não sabia que seria tão recente. Pressionou a lamina contra o pulso, na horizontal. Um leve filete de sangue saiu, já que não fora tão fundo.

Pegou um papel e uma caneta em cima de sua mesa e escreveu uma carta. Lágrimas caiam do seu rosto. Fechou o papel e escreveu na frente: Para Jason Grace, Annabeth Chase, Percy Jackson e Nico di Ângelo. Largou o papel ali em cima e voltou ao estado que estava.

- Que eu não esqueça o que perdi.

Fez o maior corte que já fizera no braço esquerdo. Cortou do final da mão até a junta do braço. E gritou. Sangue jorrava para todos os lugares, deixando-a fraca. Escutou o irmão entrando no quarto, preocupado, falando com ela. Mas ela já não conseguia responder uma só palavra, nem um som. Já estava perdendo a consciência e sentia que estava a um fio de vida. Sentiu o irmão lhe abraçando e tirando a lamina de sua mão. Olhou para cima da mesa e encontrou a carta.

Como se aquilo fosse sua despedida, sentiu-se como se fosse puxada. E naquele momento, morreu. Simplesmente. Fora mais fácil do que se imaginou. Todo o sofrimento de sete anos fora destruído em menos de cinco minutos. A verdade era que já estava morta há muito tempo. Mas ninguém percebeu. 


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Notas finais do capítulo

Caso não tenham entendido porque ela pegou os materiais e as coisas, foi para evitar de alguém ter que pegar para ela e essa pessoa sofrer.



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